MARCELO LOBO SILVA
Blog Aviação em Floripa
No próximo dia 23 de agosto, a Aviação Naval da Marinha do Brasil estará completando um século de uma trajetória pautada pelo pioneirismo e repleta de fatos e personagens marcantes. Para celebrar a data, o Blog Aviação em Floripa produziu essa matéria especial, onde mostrou um pouco da sua história, das aeronaves utilizadas e dos Esquadrões e Organizações Militares ligadas a ela. Acima de tudo, é um tributo aos homens e mulheres que tanto no passado quanto no presente, voam e fazem voar as máquinas responsáveis por garantir do ar, a nossa soberania no mar. (Leia também: 100º Aniversário da Aviação Militar Paulista)
Os primórdios (1916-1941)
Eram decorridos quase dez anos que Alberto Santos Dumont havia alçado voo com seu 14 Bis no Campo de Bagatelle, em Paris, provando ao mundo que o sonho de voar por meios próprios e de maneira sustentada não era privilégio apenas dos pássaros. Na Europa, a Primeira Guerra Mundial estava em curso e o poder aéreo dava seus primeiros passos, mostrando aos estrategistas o valor do avião como arma de guerra. É neste cenário que em 23 de agosto de 1916, é criada a Escola de Aviação Naval (EAvN), situada na Ilha das Enxadas, na cidade do Rio de Janeiro.
Entretanto, pode-se dizer que o nascimento da Aviação Naval tem sua gênese cinco anos antes, através do interesse de visionários e entusiastas da aviação como o Primeiro-Tenente Jorge Henrique Möller.
Mesmo sem contar com Escolas de Aviação no Brasil, o jovem militar da Marinha seguiu para a Europa e obteve seu brevê (licença de voo) pela Escola de Pilotagem Farman, na França, em 29 de abril de 1911, tornando-se o primeiro aviador militar brasileiro.
Os passos seguintes seriam a implantação de uma Escola de Aviação em território brasileiro e a aquisição de aeronaves de instrução, porém, a falta de recursos e a eclosão da Primeira Guerra Mundial adiaram os planos dos responsáveis pela empreitada.
Com as fabricantes europeias envolvidas integralmente no fornecimento de aviões para as nações em guerra, o foco voltou-se para os Estados Unidos. Em maio de 1916 fechou-se negócio com a Curtiss e assim a Aviação Naval ganhava as suas primeiras aeronaves, três aerobotes de instrução Curtiss Modelo F.
No mesmo ano, mais precisamente em 24 de outubro, formou-se a primeira turma de Aviadores Navais. No ano seguinte, o acirramento das tensões com o Império Alemão, inclusive com o afundamento de navios mercantes brasileiros, levou o país a declarar guerra às nações que compunham a aliança formada pelos Impérios Alemão e Austro-Húngaro.
Como consequência, uma série de medidas foram tomadas em favor dos Países Aliados, incluindo o envio de pilotos para treinamento militar nos Estados Unidos e Inglaterra. Ao retornarem ao Brasil, esses oficiais trouxeram além do treinamento e da experiência adquirida, novos conceitos, técnicas e táticas de emprego, ajudando a difundir a importância do avião nas operações navais. O número de aeronaves também teve um acréscimo significativo, passando a Aviação Naval a contar com quase 30 aviões em serviço ativo.
As próximas duas décadas presenciaram a consolidação da Aviação Naval como um elemento fundamental para a Esquadra e para o desenvolvimento do país.
Prova disso, foram os chamados “raids aéreos”, voos de longa distância entre vários pontos do território nacional e até mesmo a outros locais da América do Sul, provando o papel do avião como ferramenta de integração e lançando a semente do Correio Aéreo da Esquadra e mais tarde, em 1934, do Correio Aéreo Naval.
Durante este período, tanto os aviões da Aviação Naval quanto seus pares da Aviação Militar, pertencente ao Exército, tomaram parte em apoio ao Governo, contra várias revoltas e movimentos de insurreição espalhados pelo território nacional, tais como a Revolução de 30 e a Revolta Constitucionalista de 1932, entre outros, marcando seu batismo de fogo através do emprego em missões de reconhecimento, escolta e de ataque contra posições em terra.
Com o aumento de aeronaves e a ampliação das tarefas ligadas à Aviação Naval, a Marinha viu a necessidade urgente de uma completa reestruturação do seu componente aéreo, a começar pelo seu outrora berço, a Escola de Aviação Naval, que foi realocada em área próxima, na Ponta do Galeão, na Ilha do Governador, em 1924.
Os voos de patrulhamento da costa durante a Primeira Guerra Mundial e os raids aéreos mostraram a necessidade de locais espalhados ao longo do litoral para servir como ponto de apoio. Assim foram ativados os Centros de Aviação Naval, inicialmente no Rio de Janeiro/RJ, em Santos/SP e Florianópolis/SC. Outro fato marcante foi a criação do Comando de Defesa Aérea do Litoral, na cidade do Rio de Janeiro/RJ, em 18 de novembro de 1922, mais tarde recebendo a denominação de Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM).
No início da década de 30, a Aviação Naval tem seu nome alterado para Corpo de Aviação da Marinha e uma nova distribuição territorial passou a ser planejada, compreendendo cinco setores: Norte, Nordeste, Centro, Sul e Sudoeste, com as respectivas sedes nas cidades de Belém/PA, Natal/RN, Rio de Janeiro/RJ, Florianópolis/SC e Ladário/MT.
Novas aeronaves também foram adquiridas nos Estados Unidos Unidos, Inglaterra e Itália, destacando-se os Fairey Gordon, Vought O2U-2A Corsair, Martin PM, Savoia-Marchetti SM-55, Boeing 256 e Waco CSO. Entretanto, em janeiro de 1941, é criado o Ministério da Aeronáutica e ficou decidido que a Aviação Naval (Marinha) e a Aviação Militar (Exército) seriam extintas e os meios aéreos e pessoal encampados pela nova arma aérea, denominada de Força Aérea Brasileira.
Encerra-se assim a primeira fase da Aviação Naval, porém, aqueles que lutaram pela sua implantação e consolidação, não abandonaram o legado deixado pelos seus antecessores, nem desistiram dos seus sonhos e da certeza da presença e importância de um componente aéreo próprio na projeção do poder naval, comprovado durante a Segunda Guerra Mundial, em inúmeras ações e batalhas. Passados pouco mais de dez anos, a necessidade latente e o aprimoramento de uma certa máquina voadora, viriam a equipar a Marinha com suas asas novamente.
O renascimento da Aviação Naval (1952-1965)
Durante o período em que permaneceu sem o seu componente aéreo, a Marinha nunca deixou de trabalhar para garantir o direito de voltar a operar suas próprias aeronaves. Conforme descrito no parágrafo anterior, a Segunda Guerra Mundial mostrou a importância da Aviação Naval como complemento e ampliação de poder dos meios navais.
As necessidades para a execução de tarefas próprias e inerentes à Marinha começaram a reverter essa situação e mesmo sem aeronaves, várias ações ganharam forma, sedimentando a base para seu retorno, entre elas, podemos citar a recriação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha em 1952, a implantação do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) em 1955 e do primeiro curso de Observador Aéreo Naval (OAN), especialidade criada para preparar Oficiais da Marinha para atuarem em aeronaves da FAB durante operações conjuntas.
Após a Segunda Guerra Mundial, o helicóptero desenvolveu-se rapidamente. A sua versatilidade de emprego e o fato de operar em pequenos espaços, fizeram dele um equipamento essencial em várias marinhas mundo afora.
Atenta aos avanços da aviação e buscando uma forma efetiva de reconquistar os meios aéreos, o curso de OAN foi direcionado especificamente para as asas rotativas, sendo parte dele cumprida no Brasil e outra nos Estados Unidos.
Mesmo com alguns atritos e enfrentando resistências, finalmente em 1956 é fechado o acordo para a compra do Navio Aeródromo HMS Vengeance (rebatizado de A-11 Minas Gerais) e logo em seguida, os primeiros helicópteros começaram a chegar, na forma dos britânicos Westland Widgeon e Whirlwind, além de alguns Bell 47 estadunidenses. A formação de pessoal para operá-los também seguia a pleno vapor, com turmas enviadas para cursos nos Estados Unidos e Inglaterra.
Em 1961 é ativada a primeira Unidade Aérea da Aviação Naval em sua nova fase, o Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), abrigando todas as aeronaves adquiridas e ainda operacionais.
Embora a Marinha tivesse intenções em iniciar também a aquisição e o emprego com aeronaves de asa fixa, estas permaneceram sob uso exclusivo da Força Aérea Brasileira, inclusive nas operações a bordo do NAeL Minas Gerais, gerando discussões entre as duas forças.
Alguns exemplares de aviões de instrução Pilatus P.3 e North American T-28 chegaram a ser comprados e até mesmo um avião de projeto próprio chamado de Fragata, chegou à fase de protótipo, entretanto, com o objetivo de interromper os constantes desentendimentos entre FAB e Marinha, em 1965, o Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco determinou que à Marinha caberia apenas a operação de helicópteros.
As aeronaves de asa fixa passaram para o inventário da FAB, que as operariam a bordo do Minas Gerais e, em contrapartida, a FAB repassou seus helicópteros navais para a Marinha. Esta situação de divisão de responsabilidades e de operação permaneceu inalterada nas próximas três décadas.
Rotores em ação sobre o mar (1965-1998)
Neste período, também chamado de Terceira Fase da Aviação Naval, novos meios aéreos foram incorporados e novas Unidades Aéreas foram criadas, tornando a Aviação Naval da Marinha do Brasil, uma das mais respeitadas e capazes do planeta.
Em 1966 é ativada a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), localizada no município de mesmo nome, situado no norte do Estado do Rio de Janeiro, passando a concentrar toda a estrutura de instrução e operacional da Aviação Naval.
Durante este tempo a força se profissionalizou, incorporou novas tecnologias, participou de inúmeros exercícios e operações em conjunto com a Esquadra e com Marinhas amigas, adquiriu experiência e pacientemente aguardou pelo retorno de seu antigo anseio, perdido desde 1941.
A Aviação Naval hoje (1998-atual)
Finalmente em 1998, o Presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um decreto permitindo que a Aviação Naval voltasse a operar suas próprias aeronaves de asa fixa.
Prevendo tal possibilidade e em busca no mercado de um avião capaz de operar embarcado, a Marinha fechou acordo para a compra de um lote de 23 jatos de ataque McDonnell Douglas A-4KU, tornando-se o primeiro avião operacional da Aviação Naval desde sua extinção, em 1941. Com este fato histórico e marcante, tem início a Quarta e atual fase da Aviação Naval.
Com a missão de assegurar o apoio aéreo adequado ás Operações Navais, a fim de contribuir para a condição de pleno e pronto emprego do Poder Naval onde e quando for necessário, a Aviação Naval Brasileira hoje conta, além das Organizações Militares Administrativas e de Apoio, com nove Esquadrões Operacionais sendo três Distritais. Conheça abaixo mais detalhes desta estrutura:
Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM)
A Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), com sede na cidade do Rio de Janeiro/RJ, foi criada pelo Decreto n° 15.847, de 18 de Novembro de 1922, com a denominação de Comando da Defesa Aérea do Litoral, tendo recebido a denominação atual pelo Decreto n° 16.237, de 5 de Dezembro de 1923.
Foi posteriormente reorganizada pela Lei n° 1.658, de 4 de Agosto de 1952 e suas atividades foram inicialmente regulamentadas pelo Decreto n° 36.327, de 15 de Outubro de 1954. Tem como missão principal, realizar as atividades normativas, técnicas e gerenciais relacionadas com a Aviação Naval.
Força Aeronaval (ForAerNav)
A história da Força Aeronaval confunde-se com a própria Aviação Naval, uma vez que é ela que congrega o braço operacional, composto pelas Unidades Aéreas e pelas Organizações Militares que as apóiam.
Tem como missão, proporcionar o apoio aéreo adequado aos Comandos Operativos no desempenho de suas tarefas, a fim de contribuir para a realização de operações navais e operações terrestres de caráter naval. Para cumpri-la, conta com as seguintes Organizações Administrativas e de Apoio:
Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA)
Criada em 1966 e localizada na cidade de São Pedro da Aldeia, Estado do Rio de Janeiro, a BAeNSPA é a única Base Aérea Naval da Marinha do Brasil.
Tem como missão, realizar as atividades administrativas, científicas, técnicas, industriais e tecnológicas relacionadas à manutenção de aeronaves, equipamentos e componentes de aviação, controle do tráfego aéreo e prover apoio às Organizações Militares do Complexo Aeronaval, na área de logística e às atividades aéreas, a fim de contribuir para a pronta resposta dos meios aéreos destinados ao emprego nas tarefas do Poder Naval.
Dentre as suas inúmeras tarefas, destacam-se, o provimento de todas as facilidades às Unidades Aéreas e ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN); a execução dos serviços de manutenção e reparos de 2º e 3º escalões nas aeronaves e equipamentos de aviação da Marinha do Brasil; a prestação de apoio aos funcionários civis e militares lotados no Complexo Aeronaval, inclusive seus dependentes, quanto ao pagamento, rancho, assistência social, jurídica, religiosa, médica e de saúde.
A BAeNSPA também é um órgão de execução e fiscalização do Serviço Militar e ainda dispõe de um aeródromo militar que, por força da legislação em vigor, funciona como alternativa para o tráfego da área do Rio de Janeiro.
Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN)
O Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) está localizado nas dependências da BAeNSPA e foi criado pelo Decreto nº 37.398, de 27 de maio de 1955.
Sua missão é ministrar cursos de Especialização, Subespecialização e Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais e Praças, bem como adestrar o pessoal para a operação dos meios aéreos da Marinha, a fim de capacitá-los para o desempenho das atividades relacionadas com as operações aeronavais a bordo e em terra.
Em dezembro de 2009, teve seu nome alterado para Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira.
Centro de Intendência da Marinha em São Pedro da Aldeia (CeIMSPA)
Originário do Depósito Secundário da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, criado em maio de 1966, para estocagem e fornecimento de material de diversas categorias (principalmente sobressalentes de aviação), o então Depósito Naval de São Pedro da Aldeia (DepNavSPA) foi instituído pela Portaria nº 0285, de maio de 1995 e ativado em 14 de dezembro do mesmo ano.
A alteração de denominação do DepNavSPA para Centro de Intendência da Marinha em São Pedro da Aldeia (CeIMSPA) ocorreu por meio da Portaria nº 121/MB, de 11 de abril de 2011, passando a ter o propósito de contribuir para a prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais, sediados ou em trânsito, bem como dos estabelecimentos de terra apoiados.
Sob o lema: “ABASTECER E APOIAR EM QUALQUER MOMENTO E LUGAR”, o CeIMSPA desempenha papel importante no provimento da logística necessária à condução das atividades das Organizações Militares situadas no Complexo Aeronaval de São Pedro da Aldeia, sejam elas operativas ou administrativas.
Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia (PNSPA)
A Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia, PNSPA foi criada pela Portaria Ministerial nº 117, de 28 de abril de 1999 e ativada em 27/01/2000 e tem a missão de Prover o atendimento de saúde, nas ações de medicina operativa e pericial, a fim de contribuir para a eficácia do Sistema de Saúde da Marinha, na área de abrangência do Comando da Força Aeronaval.
Passamos agora a mostrar aos nossos leitores, a atual estrutura operacional da Força Aeronaval, composta pelos cinco Esquadrões de asas rotativas e um de asa fixa, todos tendo como sede a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), além dos três Esquadrões Distritais, também equipados com helicópteros e subordinados administrativamente aos Quinto, Sexto e Nono Distritos Navais (DN), respectivamente localizados em Rio Grande/RS, Ladário/MS e Manaus/AM.
Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1)
Primeira Unidade Aérea operacional da Marinha do Brasil, foi criado em 1961 e, desde a sua ativação, vem participando de quase todas as operações aeronavais e situações que exigem a atuação de helicópteros da Marinha.
Tem como missão, prover meios aéreos em apoio às unidades de superfície e de tropa e às demais Organizações Militares da MB, a fim de contribuir para o cumprimento de suas missões operativas e atividades administrativas.
A sua primeira sede foi na cidade do Rio de Janeiro, nas antigas instalações do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval. Em 1965 transferiu-se para a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), onde está atualmente.
Inicialmente o Esquadrão utilizou os helicópteros Westland Whirlwind (S-55) que pertenceram ao Destacamento de Helicópteros do NAeL Minas Gerais e dois Widgeon, empregando depois o Westland Wasp, Fairchild Hiller e Bell Jet Ranger.
Dispõe atualmente de helicópteros Esquilo Monomotor (UH-12) e Esquilo Bi-Turbina (UH-13), para emprego em missões de Ligação e Observação, Esclarecimento, Lançamento de Pára-quedistas e de Mergulhadores de Combate, Transporte de Tropa, Serviços Hidrográficos, Guarda de aeronaves no NAe São Paulo, Busca e Salvamento (SAR), Missões Humanitárias, Apoio às atividades na Antártica e muitas outras, razão pela qual seu lema traz a expressão em latim “IN OMNIA PARATUS”, ou seja, “Preparado para Tudo”.
Segundo Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2)
O Segundo Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), também conhecido como Esquadrão Pegasus, foi criado pelo Decreto nº 93.274, em 18 de setembro de 1986 e ativado em 25 de fevereiro de 1988, com sede na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA) e tem a missão de aprestar os meios para o cumprimento das tarefas que lhe são inerentes no âmbito das Operações Navais, a fim de contribuir para o preparo e aplicação do Poder Naval.
O Esquadrão HU-2 desde sua criação utiliza os helicópteros Eurocopter UH-14 Super Puma e Cougar, estando capacitado para as mais diversas missões, principalmente o Transporte de cargas e de tropa, Esclarecimento Aéreo, Lançamento de Pára-quedistas e de Mergulhadores de Combate, Guarda de aeronaves no NAe São Paulo, Busca e Salvamento (SAR), Evacuação Aeromédica (EVAM) e Transporte VIP.
Sua versatilidade, força, robustez e segurança originaram o apelido de Pegasus, o cavalo alado da mitologia, sendo adotado como símbolo do Esquadrão HU-2.
Como parte do Programa H-XBR, a Marinha do Brasil recebeu no final de 2010 o primeiro Helibras (Eurocopter) EC725 Super Cougar.
Equipados com dois motores Turbomeca Makila 2A1 com 2.415 shp de potência cada, torretas FLIR (Forward Looking Infra-Red) e modernos sistemas de navegação, os EC725 receberam a designação UH-15 e UH-15A mas mantiveram o nome Super Cougar, devendo substituir gradativamente os UH-14 Cougar e Super Puma.
Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1)
O Esquadrão HI-1 foi criado pelo Aviso nº 0284, de 22 de fevereiro de 1961 e ativado em 27 de junho de 1962. Sua missão principal é realizar a parte prática de voo do Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Oficiais, a fim de complementar o ensino teórico ministrado no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN) na formação de Oficiais Aviadores Navais.
No início, o HI-1 contava com apenas dois helicópteros Bell 47 e seis Hughes 200, adquiridos nos Estados Unidos, estando subordinado ao CIAAN, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1961 o HI-1 foi transferido para a cidade de São Pedro da Aldeia, deixando de ser subordinado àquele Centro de Instrução, que ficou responsável apenas pela formação acadêmica dos aviadores.
Em 1963 o HI-1 começou a receber os helicópteros Hughes 269A para substituir na instrução de voo os antigos Bell 47 e Hughes 200.
Em 1974 começaram a chegar os Bell 206B Jet Ranger II, mais modernos e apropriados para a realização de manobras primárias de instrução de voo em aeronaves de asas rotativas.
Fiel ao lema “NÓS ENSINAMOS AOS HOMENS O QUE DEUS LEGOU APENAS AOS PÁSSAROS”, o Esquadrão Garça, como também é conhecido, além de Oficiais da Marinha do Brasil, já brevetou dezenas de oficiais de outras Marinhas do continente sul-americano e também do Exército Brasileiro, sendo responsável pela formação da primeira turma de aviadores do EB em 22 de maio de 1987, além de preparar o seu pessoal para a manutenção de suas aeronaves.
O HI-1 emprega atualmente os helicópteros Bell Jet Ranger III (IH-6B), aeronave extremamente versátil, podendo ser armada com metralhadoras e foguetes e também utilizar um gancho para transporte de carga externa e um guincho para recolher ou arriar pequenas cargas.
Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (HA-1)
O Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque Antissubmarino foi criado no dia 15 de maio de 1978, pelo decreto nº 81.660 e ativado em 17 de janeiro de 1979, com a missão de prover os meios aéreos do sistema de armas das Fragatas classe Niterói, a fim de ampliar as possibilidades dos sensores de bordo, assim como a capacidade de reação destes navios.
Ao Esquadrão Lince, como também é chamado, cabe as missões de Esclarecimento, Acompanhamento e Ataque a alvos de superfície, Designação de alvos além do horizonte (OTHT), Ataques vetorados a alvos submarinos e ações de guerra eletrônica.
As aeronaves do Esquadrão HA-1 podem ser empregadas ainda em várias tarefas secundárias, tais como: Evacuação Aeromédica, Busca e Salvamento (SAR), Missões Humanitárias, Transporte de tropa, Levantamento fotográfico, Espotagem de tiro de superfície, Recolhimento de drones aéreos e torpedos, Apoio à varredura e caça de minas e Operações Especiais.
Inicialmente equipado com nove aeronaves Westland Lynx (SAH-11), em 1995, a Marinha do Brasil substituiu as antigas aeronaves pelo modelo Westland AH-11A Super Lynx, muito mais capaz.
Nove aeronaves novas de fábrica foram adquiridas, recebendo as matrículas N-4001 a N-4009 e as cinco remanescentes do lote inicial foram convertidas ao novo padrão (N-4010 a N-4014).
Com a chegada do novo vetor, a missão do Esquadrão foi ampliada para atender a todos os meios de superfície com plataforma de pouso da Esquadra. Em função disso e também pela versatilidade demonstrada pela aeronave ao longo de vários anos de operação, o Esquadrão Lince, em 20 de agosto de 1997, teve o seu leque de missões ampliado e alterada a sua denominação para Primeiro Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque. O lema da Unidade Aérea vem da frase em latim “INVENERE HOSTEM ET DELERE”, que significa, “Detectar o inimigo e destruí-lo”.
Primeiro Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino (HS-1)
O Primeiro Esquadrão de Helicópteros Antissubmarino foi criado através do Decreto nº 55.627 de 26 de janeiro de 1965, o mesmo que restringiu à Marinha a utilização apenas de aeronaves de asas rotativas.
Inicialmente alocado na Base Aérea de Santa Cruz/RJ, o HS-1 foi posteriormente transferido para a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA).
As primeiras aeronaves do HS-1 foram quatro helicópteros Sikorsky SH-34J Sea Horse, que pertenciam ao Segundo Esquadrão do Primeiro Grupo de Aviação Embarcado (2º/1º GAE) da FAB.
No dia 28 de abril de 1970, a Marinha recebeu quatro Sikorsky SH-3D Sea King, anteriormente utilizados pela U.S. Navy e matriculados como N-3007, N-3008, N-3009 e N-3010, passando a operar no NAeL Minas Gerais no mesmo ano.
Nos anos seguintes, chegaram o N-3011 e o N-3012. Em 1984, a Marinha recebeu mais quatro Sea King fabricados pela empresa italiana Agusta, os quais foram denominados SH-3A, recebendo as matrículas N-3013, N-3014, N-3015 e N-3016. Em 15 de janeiro de 1987, os SH-3D remanescentes do lote original foram enviados para a Itália e modernizados pela Agusta, retornando ao HS-1 em maio de 1988.
Essas aeronaves receberam melhoramentos que possibilitaram o uso de mísseis AM-39 Exocet e passaram a ser designadas SH-3A. Em 13 de maio de 1996, a Marinha recebeu mais seis aeronaves Sikorsky SH-3 Sea King, também ex-U.S. NAVY. Portavam as matrículas N-3017, N-3018, N-3019, N-3029, N-3030 e N-3031 e passaram a ser denominadas SH-3B.
Para substituir os veteranos Sea King, então com mais de 40 anos de excelentes serviços prestados, em 2012 a Marinha recebeu os dois primeiros helicópteros Sikorsky S-70B Seahawk, novos de fábrica e denominados MH-16 Seahawk.
Com a incorporação ao HS-1 no dia 23 de agosto, os SH-3A e SH-3B começaram a ser desativados. O MH-16 Seahawk operado pelo HS-1 é uma versão do MH-60R da U.S. NAVY, modificada para realizar tarefas de detecção, localização, acompanhamento, identificação e ataque a alvos de superfície (ASuW) e submarinos (ASW).
Também realiza tarefas secundárias, tais como: Evacuação Aeromédica (EVAM), Busca e Salvamento (SAR), Transporte aéreo logístico, Lançamento de Pára-quedistas, Infiltração e Exfiltração de Fuzileiros Navais e Mergulhadores de Combate. Seus equipamentos de missão, aviônicos e sensores são de última geração e podem ser armados com Metralhadoras Laterais, Torpedos Anti-Submarino e Mísseis Anti-Navio.
A ingrata missão do Esquadrão, prover os meios necessários para detectar, localizar, acompanhar e atacar submarinos e alvos de superfície, a fim de contribuir para a proteção de nossas Forças Navais (muitas vezes comparada com a tarefa de procurar uma agulha num palheiro), está estampada no lema da Unidade Aérea: “AD ASTRA PER ASPERA”, uma expressão em latim que significa “É árduo o caminho para as estrelas”.
Primeiro Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1)
O Primeiro Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque foi criado em 02 de outubro de 1998, sendo a primeira Unidade Aérea da Marinha do Brasil a operar aeronaves para a interceptação de alvos aéreos e ataque a alvos na superfície.
Para acomodar as aeronaves, pessoal e toda a estrutura relacionada à operação do jato, a Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA) ganhou novos hangares e instalações.
A missão do Esquadrão Falcão, como é conhecido, é executar a defesa aérea da Força Naval e garantir a superioridade aérea necessária à aplicação do Poder Naval onde e quando este se fizer necessário.
O Esquadrão VF-1 está equipado com os famosos e veteranos jatos de ataque McDonnell Douglas A-4KU e TA-4KU Skyhawk, designados na Marinha do Brasil como AF-1 e AF-1A Falcão. Um lote de vinte e três aeronaves foi comprado do Kuwait em 1998, sendo vinte monopostos e três bipostos. As aeronaves chegaram ao Brasil no dia 05 de setembro do mesmo ano.
Uma parte dos aviões está sendo modernizada pela Embraer, recebendo modernos radares ELTA 2032, HUD (Head Up Display), painel de instrumentos com dois CMFD (Color Multi-Function Display), HOTAS (Hand On Throttle and Stick), computadores de bordo para cálculos de navegação e balística, OBOGS (On Board Oxygen Generation System), novos sistemas de geração de energia, novos rádios com sistema data-link, RWR (Radar Warning Receiver) e sistemas inerciais, além de completa revisão nos motores e sistemas associados.
O programa prevê a revitalização e a modernização de doze aeronaves, sendo nove AF-1 monopostos e três AF-1A bipostos. A primeira aeronave, designada como AF-1B, foi entregue no dia 26 de maio de 2015.
Terceiro Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-3)
O 3º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, também chamado de Esquadrão Tucano, foi criado pela Portaria Ministerial nº 0054 de 31 de janeiro de 1994 e ativado no dia 14 de abril do mesmo ano, tendo suas origens no Destacamento Aéreo Embarcado da Flotilha do Amazonas (DAE-FlotAM), criado em 1979, na cidade de Manaus/AM.
A Unidade Aérea iniciou suas atividades operando com helicópteros Bell UH-6 Jet Ranger II e atualmente emprega em suas missões, o Helibras UH-12 Esquilo.
O Esquadrão Tucano apóia prioritariamente os navios da Flotilha do Amazonas, participando de operações ribeirinhas e patrulhas fluviais, realizando missões de Busca e Salvamento (SAR), Esclarecimento visual, Transporte de tropa, Evacuação Aeromédica (EVAM), Ligação e Observação, Apoio logístico, Apoio às Operações Especiais, Reconhecimento armado e Ataque aéreo.
Sua missão é prover meios aéreos em apoio às unidades de superfície e de tropa e às demais Organizações Militares da Marinha do Brasil, a fim de contribuir para a aplicação do Poder Naval na área do Comando do Nono Distrito Naval (9º DN) e seu lema é: “SOBRE RIO, SELVA E MAR… TUCANO!”.
Quarto Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-4)
O 4º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, Esquadrão Gavião, foi criado pela Portaria Ministerial nº 0292 de 16 de maio de 1995, tendo suas origens no Primeiro Destacamento Aéreo Embarcado (DAE) situado na Base Fluvial de Ladário, nas margens do Rio Paraguai, no Mato Grosso do Sul.
O Esquadrão Gavião utiliza os helicópteros UH-12 Esquilo, apoiando prioritariamente os navios da Flotilha de Mato Grosso e o Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário (GptFNLa), participando de operações ribeirinhas e patrulhas fluviais, realizando missões de Busca e Salvamento (SAR), Esclarecimento visual, Transporte de tropa, Evacuação Aeromédica (EVAM), Ligação e Observação, Apoio Logístico, Apoio às Operações Especiais, Reconhecimento armado e Ataque aéreo.
Sua missão é prover os meios aéreos em apoio às unidades de superfície e de tropa e, secundariamente às demais Organizações Militares da Marinha, a fim de contribuir para aplicação do Poder Naval na área de atuação do Comando do Sexto Distrito Naval (6º DN) e seu lema é: “GAVIÃO, AS ASAS DA MARINHA NO PANTANAL”.
Quinto Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-5)
O 5º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-5), também chamado de Esquadrão Albatroz, foi ativado no dia 25 de junho de 1998, nas antigas instalações da Base de Aviação Naval do Rio Grande, na Ilha do Terrapleno de Leste na Lagoa dos Patos, Rio Grande do Sul.
O Esquadrão Albatroz utiliza os helicópteros Helibras UH-12 Esquilo fabricados no Brasil, realizando operações ribeirinhas e patrulhas fluviais, realizando missões de Busca e Salvamento (SAR), Esclarecimento visual, Transporte de tropa, Evacuação Aeromédica (EVAM), Ligação e Observação, Apoio logístico, Apoio às operações especiais, Reconhecimento armado e Ataque aéreo.
Sua missão é prover os meios aéreos em apoio às unidades de superfície e de tropa e, secundariamente às demais Organizações Militares da Marinha, a fim de contribuir para aplicação do Poder Naval na área de atuação do Comando do Quinto Distrito Naval (5º DN) e seu lema é: “ALBATROZ, AS ASAS DA MARINHA NO SUL”.
O futuro
Para ser capaz de cumprir com eficiência as suas missões constitucionais e manter-se atualizada frente aos constantes avanços da moderna guerra aérea e naval, uma arena que está sempre no limiar do desenvolvimento tecnológico, a Aviação Naval brasileira, assim como os outros setores ligados à Defesa Nacional, passa por um cenário orçamentário extremamente adverso. Sendo assim, vem procurando otimizar recursos, priorizando a ponta de lança, capitaneada pela formação, treinamento e aquisição e/ou modernização de seus vetores.
A incorporação dos novos MH-16 SeaHawk pelo Esquadrão HS-1 e Super Cougar pelo Esquadrão HU-2, além da modernização dos AF-1/AF-1A pertencentes ao Esquadrão VF-1, certamente elevarão a sua capacidade operacional. Em breve os veteranos UH-12/UH-13 Esquilo, que formam a linha de frente dos Esquadrões de Emprego Geral, assim como as aeronaves Jet Ranger utilizadas na instrução dos futuros Aviadores Navais precisarão ser substituídas por vetores mais modernos. A aquisição dos oito Grumman C-1 Trader dos estoques da U.S. Navy e a sua adaptação para as versões de Alerta Aéreo Antecipado (AEW), Reabastecimento em Voo (REVO) e Emprego Geral Embarcado (COD) trarão novas capacidades à Aviação Naval.
No campo dos projetos e demandas futuras, vislumbra-se para os anos vindouros a reentrada em serviço plena do NAe São Paulo ou de outro Navio Aeródromo e o desenvolvimento de uma versão naval do caça sueco multifuncional Saab Gripen (escolhido para equipar nas próximas décadas a linha de frente das Unidades de Combate da Força Aérea Brasileira), além de outros programas não diretamente ligados à Aviação Naval, mas de fundamental importância para a Marinha do Brasil. Os planos são muitos, porém, o horizonte é nebuloso. A distância entre o que se quer e o que se pode fazer é imensa e, muitas vezes, projetos têm que ser adiados ou mesmo cancelados por imposições diversas.
Certo mesmo é que, independente das adversidades, os integrantes da Aviação Naval brasileira seguirão honrando as tradições e o legado deixado por aqueles que lutaram para que a Marinha do Brasil não perdesse suas asas. Da mesma forma, suas aeronaves continuarão a cruzar os céus diuturnamente, carregando sobre as asas o lendário e glorioso cocar circular com as cores nacionais, na defesa e salvaguarda da nossa soberania sobre terras e mares. Ao olharmos para trás e percorrermos todo o caminho trilhado até os dias atuais, notamos que os valores de dedicação, orgulho e acima de tudo, de amor à Pátria, permaneceram imutáveis, dando a certeza de que o futuro, apesar de desconhecido, será promissor. Mas isso é uma história a ser contada nos próximos cem anos.
Agradecimentos: Gostaríamos de agradecer à Assessoria de Comunicação Social do Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav), em especial, à 1Ten (RM2-T) KARLA NATAL de Souza Ellis Ferreira e ao 2SG-AV-EV Adriano Condosval SARDINHA, pelo envio de informações, contatos, fotos e arquivos de imagens dos brasões e emblemas das Organizações Militares.
Da mesma forma, à 1Ten (RM2-T) CAROLINA Tavares de Oliveira RIBEIRO e ao SO-GR MARCELO Santos, da Divisão de Divulgação do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Marinha (SIPAAerM) pelo envio do arquivo de imagem contendo o brasão da Diretoria de Aeronáutica da Marinha. Sem esse apoio, a realização desta matéria não teria sido possível.
Sobre o autor: Marcelo Lobo da Silva, 47 anos, editor e fotógrafo do Blog Aviação em Floripa e Membro Honorário da Força Aérea Brasileira. Website criado em 2010 com o objetivo de mostrar as Aviações Comercial e Militar e Civil, através de uma ótica diferenciada, aliando fotos com textos informativos e acessíveis, de forma a trazer o máximo de informações possíveis sobre os temas abordados.
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