São Paulo – A revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea (BRPAe) da Polícia Militar, localizada no Bairro Mirim, em Praia Grande, litoral sul de São Paulo, foi entregue nesta quarta-feira (14), em uma solenidade que reuniu autoridades militares e civis.
Com a finalização das obras, o local está apto para receber mais uma aeronave e passa a oferecer melhores condições de trabalho aos 25 policiais que integram o efetivo da base, além dos reforços que o local costuma receber na Operação Verão. Um dos destaques foi o novo sistema de climatização do hangar.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Foram investidos cerca de R$ 1,9 milhão pela Prefeitura de Praia Grande e pelo governo do Estado (recursos do Fundo de Desenvolvimento Metropolitana), com acompanhamento técnico da Agência Metropolitana (Agem), depois de ser homologado pelo Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb).
O Fundo de Desenvolvimento Metropolitana também liberou recursos para a construção do heliponto em 2004 e para obras complementares na área da Base de Radiopatrulha, em 2005, quando foi inaugurada, com valores de R$ 977,6 e R$ 300 mil, respectivamente.
A base atende 22 municípios com o helicóptero Águia, desde a divisa com o Paraná até a divisa com o Litoral Norte de São Paulo. Com uma demanda maior voltada aos municípios da Baixada Santista, a revitalização reflete diretamente nos serviços prestados na região.
Entre os serviços realizados pela Prefeitura, com recursos do Fundo Metropolitano do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb), estão a reforma do sistema elétrico, do telhado e calhas, pintura interna total, instalação de toldo vinílico com estrutura em alumínio, construção de banheiros feminino e masculino e readequação das instalações de telefonia.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
A cobertura metálica foi completamente substituída, contemplando ainda a instalação de um novo sistema de iluminação e refrigeração das salas e do hangar. A área de pouso e decolagem ganhou iluminação de balizamento, foi instalada biruta com iluminação e feita pintura da demarcação no heliponto.
O comandante da Base de Praia Grande, major PM Adriani José de Souza, destacou que com as obras, o local passa a contar com mais capacidade e condições técnicas, inclusive de abrigar o helicóptero AW109 Grand New (Águia 32), além do helicóptero operacional Águia, que atua na região.
“É uma manhã histórica. Foram meses de trabalho árduo por parte das equipes da Prefeitura que resultou neste novo espaço, mais saudável e apropriado. Uma das principais vantagens é a diminuição de gastos com manutenção e a valorização de nossos homens”.
O comandante do Grupamento de Radiopatrulha Aérea – “João Negrão”, o coronel Paulo Luiz Scachetti Junior, também esteve presente na solenidade e elogiou o trabalho feito por meio de parceria. “É um exemplo que temos de seguir e além da melhoria do ambiente de trabalho, fortalece nossa capacidade operacional”.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
A aproximação de forças também foi destacada pelo prefeito Alberto Mourão ao lembrar do processo de busca por recursos tanto para a construção da base, em 2005, quanto no ano passado para a revitalização.
“Naquela época o empenho foi para conseguir uma área e Praia Grande ofereceu este espaço. Corríamos o risco de não ter a base regional caso não houvesse a cessão de um local. Para a revitalização, houve uma união de esforços dos nove municípios para a obtenção de recursos e é disso que precisamos: a junção e a sinergia dos setores público e privado em busca de um mesmo objetivo”.
O diretor executivo da Agem (Agência Metropolitana), Hélio Hamilton Vieira Junior, também esteve presente, assim como diversas autoridades militares e civis, como secretários municipais e representantes do Poder Legislativo, além de ex-integrantes e veteranos da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Estrutura
A Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande conta com mais de 8 mil metros quadrados, integrada por hangar e prédio administrativo, com 34 dependências. Na área externa, há um heliponto, spots para pouso de outros helicópteros, espaço para o caminhão de abastecimento e antena de comunicação de 20 metros de altura.
O hangar tem 660 metros quadrados. O local tem capacidade para abrigar até quatro helicópteros e conta com salas de manutenção, salas administrativas, sala de aula, refeitório, alojamentos, armazenamento de equipamentos operacionais, sala de rádio e espaço para treinamento.
A localização mais centralizada da sede, que fica próxima ao mar, facilita os deslocamentos para os sobrevôos em toda Baixada Santista com mais agilidade em toda região.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Hélio Vieira, diretor executivo da Agência Metropolitana (Agem).
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
BRPAe Praia Grande da PM inaugura novas instalações em Praia Grande. Foto: Agem.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Johnny Muga de Chiara.
Solenidade marca entrega da revitalização da Base de Radiopatrulha Aérea de Praia Grande. Foto: Prefeitura da Praia Grande.
BRPAe Praia Grande da PM inaugura novas instalações em Praia Grande. Foto: Agem.
BRPAe Praia Grande da PM inaugura novas instalações em Praia Grande. Foto: Agem.
Agem e Prefeitura de Praia Grande.
Fotos: Johnny Muga de Chiara.
Um recente trabalho de uma revista especializada em escalada esportiva na Espanha vem alertando os escaladores sobre o risco de se adquirir no mercado equipamentos metálicos não certificados.
Desta vez que roubou a cena foram os mosquetões importados da China, os quais, sem pedir licença, estão invadindo o mercado europeu com preços atraentes, colocando a vida dos esportistas em risco e confundindo os mais leigos no assunto.
Esse é um alerta que cabe não só aos escaladores esportistas, mas no caso da Aviação de Segurança Pública e Defesa Civil, as tripulações de modo geral, que devem atentar aos requisitos mínimos de especificações técnicas, antes de efetuar uma compra de materiais de uso coletivo ou individual para salvamento em altura.
O detalhe a ser observado por todos são as marcações obrigatórias que são gravadas nos mosquetões, atestando que ele foi submetido a uma avaliação de conformidade, que inclui teste de ruptura realizado por órgãos certificadores oficiais e legalmente reconhecidos.
Devemos partir do princípio que as tripulações que executam operações de salvamento com aeronaves possuem os melhores equipamentos do mercado. São certificações internacionais com base em padrões estabelecidos pela NFPA (National Fire Protection Association) no caso da linha americana ou pelos padrões das normas da Comunidade Européia no caso dos equipamentos comercializados na União Européia.
Sabe-se que a linha americana confere uma das mais famosas certificações para equipamentos de salvamento em altura, é a UL que atesta os padrões da NFPA 1983.
UL – Underwriters Laboratories é uma organização fundada em 1894 nos Estados Unidos da América que faz a certificação de produtos e sua segurança. O símbolo UL encontra-se em muitos produtos, inclusive nos equipamentos metálicos de salvamento em altura.
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É importante saber que na Europa existe uma legislação muito rigorosa sobre o assunto. Ela exige que qualquer material ou equipamento que tenha como intenção proteger pessoas em relação à uma queda, seja certificado tanto pelo projeto quanto pela continuidade da produção daquele material. Para materiais de escalada os fabricantes devem ser certificados pelo padrão europeu conhecido como padrão EN. Este padrão delineia os requerimentos de segurança e metodologia de testes para a maioria dos equipamentos de proteção pessoal para escalada.
O primeiro padrão reconhecido para equipamentos de escalada e montanhismo foi desenvolvido pela UIAA. Esse velho padrão foi a base para o mais recente padrão EN, que agora é um requerimento legal da União Europeia. O padrão moderno UIAA baseia-se no padrão EN atual, mas não é um requerimento legal. Em alguns campos o padrão UIAA atual possui requerimento adicional sobre o padrão EN.
Ser certificado por esses padrões significa que o material está de acordo com o requerimento básico de projeto e estrutura, mas não significa que seja inquebrável sob circunstâncias de uso em ambiente real de escalada e montanhismo. Um produto que carrega a estampa CE teve que passar pelos testes requeridos pelo padrão e que o fabricante possui um sistema adequado para monitorar a qualidade do produto final. O processo de monitoramento é tipicamente efetuado por procedimentos com certificação ISO 9001.
O problema em pauta surgiu depois que fabricantes chineses gravaram nos seus mosquetões uma marcação CE (China Export) muito similar ao da comunidade europeia, praticamente idêntica, de forma que um leigo não conseguiria identificar a diferença.
Perceba que as duas letras que formam a marcação tem a mesma fonte e tamanho. O detalhe que diferencia é apenas a distância, ou o espaço entre as duas letras. As letras que compões a marcação falsificada da China estão ligeiramente mais próximas uma da outra.
Alguns profissionais de um importante site especializado em escalada na Europa resolveram reunir todos os modelos de mosquetões chineses, que já haviam sido instalados em vias de escalada, e submetê-los aos mesmos testes de ruptura das certificadoras oficiais, e o resultado foi alarmante:
Nenhum equipamento resistiu aos padrões mínimos de carga de ruptura estipulados pelo órgão oficial europeu.
Portanto é fundamental que as tripulações estejam alerta para esse detalhe. Se esses equipamentos forem vistos pelo mercado latino americano, não devem e nem podem ser adquiridos. Antes da aquisição de novos equipamentos para as suas operações de salvamento não se engane! Equipamentos com certificação reconhecida!
No próximo artigo abordaremos os equipamentos vendidos no mercado brasileiro, com certificação nacional, suas características e peculiaridades.
Trataremos na segunda parte deste artigo sobre outro gênero de equipamentos metálicos, os DESCENSORES METÁLICOS, os quais se apresentam como fundamentais para a execução de uma técnica de descida por cordas, das mais treinadas pelas equipes de salvamento em altura na Aviação de Segurança Pública – o Rapel.
Devido às características da região em que cada equipe está situada, a demanda de salvamento pode exigir treinamento em número e qualidade acima do rotineiro. Por isso, é fundamental que os profissionais estejam abertos e habituados às novas técnicas de descida, com a utilização de novos equipamentos, que facilitem a operação e a tornem mais segura. Vale sempre lembrar que o cenário dessas operações exige sempre muita destreza e conhecimento dos riscos envolvidos.
Apresentamos a seguir os principais DESCENSORES METÁLICOS utilizados, tanto por profissionais da área esportiva, como da área de salvamento em altura:
OITO
Também chamado de Freio Oito, trata-se de um dos mais antigos e conhecidos mecanismos de frenagem. É um freio bastante difundido durante a formação de bombeiros militares e corporações especializadas. Sua função, como a de qualquer modo de frenagem, é diminuir o esforço que se faz ao descer pela corda. Isso é feito devido ao atrito que a corda faz com os orifícios (olhais) do oito.
Pode ser confeccionado em aço, alumínio ou duralumínio, além de possuir uma variedade muito grande de formatos e cores. Os mais usuais são o convencional e o de salvamento (com orelhas). Comparando-se os dois verificamos que o oito com orelhas tem melhor dissipação de calor, e suas orelhas não permitem a formação do nó “boca de lobo”, muito temido durante um rapel. Alguns modelos de oito com orelhas tem um orifício (ou olhal) central que permite que uma vítima seja conectada ao equipamento com segurança.
A técnica de passar a corda pelo equipamento é simples:
Vantagens: É um descensor muito versátil, de baixo custo, de uso simples e bastante durável. Desvantagens: Provoca torções excessivas na corda, dissipa mal o calor provocado pelo atrito, não permite a graduação do atrito, e sua instalação na corda exige que seja desconectado (ou desclipado), momentaneamente, do mosquetão.
Cuidados: Por se tratar de um equipamento metálico é necessário que sejam observados todos os cuidados citados em nosso último artigo. Contudo a inspeção visual minuciosa e diária é obrigatória, visto que, após várias descidas podem ocorrer desgastes visíveis na pintura e nas paredes do oito de duralumínio e de alumínio, os quais podem condenar a sua utilização. Não há como definir a sua vida útil, no entanto, é necessário que o profissional tenha controle de tempo de utilização. Por isso orientamos a substituição após 05 (cinco) anos de uso constante, ou, quando verificado o desgaste excessivo em suas paredes.
Por ter várias desvantagens, há uma tendência em outros países de que seja progressivamente abandonado. No entanto, no Brasil é intensamente utilizado. No meio esportivo indica-se que o freio Oito seja utilizado para descidas não superiores a 25 metros em função das torções na corda, muito embora, sabemos que as equipes de salvamento realizam rapel, com o freio oito, em altura muito superior, justamente pela falta de cultura de utilização de equipamentos alternativos.
STOP / DRESLER
O dresler é um descensor autoblocante mais complexo, concebido originalmente para atividades de espeleologia. É composto por duas polias onde passa a corda sem ser torcida. Seu sistema de freio exige menos força de seu operador e pode ser travado com muita facilidade.
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São vários os modelos e fabricantes. Há um modelo conhecido como STOP, o qual possui uma alavanca vermelha, onde o operador pressiona para descer e basta soltar a alavanca para que o mecanismo trave, cessando assim a descida. É importante salientar que a parada do STOP pode não ser imediata, podendo haver um ligeiro deslizamento, em função de alguns fatores como o diâmetro da corda e os desgastes do próprio mecanismo.
É um excelente equipamento que pode ser utilizado no lugar do oito, pois sua grande vantagem é a de diminuir os danos na corda, já que não provoca torções, além de liberar as duas mãos do operador após o travamento do mecanismo.
Normalmente é utilizado para descidas mais rápidas devido ao seu desenho, pois não torce, nem esquenta a corda. Indica-se para cordas com diâmetro entre 9 e 12 milímetros. Sua vida útil depende diretamente das condições e do ambiente em que é empregado. Sugerimos a sua substituição após 05 (cinco) anos de uso ou de armazenamento. Seus cuidados são os mesmos citados anteriormente para os demais equipamentos metálicos.
No meio esportivo utiliza-se o STOP para descidas entre 50 e 100 metros de altura. Possui certificação européia: CE – EN 341 Classe “A”.
RACK
Também conhecido como “freio de barras” é um descensor linear metálico com duas longas barras transversais e com 4 ou 5 barretes móveis em alumínio maciço ou aço inox, onde o atrito com a corda é feito através dos diversos “degraus da escadinha” do rack. Muito utilizado para atividades de espeleologia e em grandes abismos. Vários são os fabricantes e modelos.
Sua principal vantagem é de não torcer a corda, não necessitar ser desclipado da ancoragem para a passagem da corda, dissipando melhor o calor e permitindo a graduação do atrito da corda ao freio durante sua utilização (à medida que são aumentados ou diminuídos os barretes), ou seja, suas barras podem ser removidas ou adicionadas mesmo em plena utilização, a fim de aumentar ou diminuir o atrito.
Sua desvantagem é a de não liberar as mãos do operador para outras tarefas durante o salvamento, além de possuir um custo elevado. Mas trata-se de um equipamento moderno que é indicado para descidas acima de 100 metros de altura. Indica-se a sua utilização para cordas entre 9 e 13 milímetros.
ID
O ID é um descensor ou aparelho de segurança autoblocante para corda simples, para descer em corda e dar segurança a uma pessoa, com função antipânico.
O seu sistema autoblocante é formado pelo princípio mecânico de “came pivotante”, que aperta a corda e trava o utilizador se a alavanca do aparelho não for acionada. Possui também uma alavanca antipânico: blocagem do I’D® se o usuário aciona com força a alavanca.
Possui uma placa móvel com pastilha de segurança, oferecendo as seguintes vantagens:
– risco de perda do aparelho limitado,
– instalação rápida da corda no aparelho,
– eficácia durante a passagem de fracionamentos,
– mordente antierro, para evitar um acidente devido a uma má montagem da corda no aparelho.
Sua desvantagem é o custo elevado.
Para uma utilização confortável do ID, durante uma descida, deve-se acionar simplesmente a alavanca, e o ajuste da velocidade de descida se faz apertando, mais ou menos, a ponta livre da corda com a mão.
O modelo D20L é indicado para cordas entre 11,5 e 13 milímetros.
GRIGRI
É um descensor utilizado basicamente na área esportiva, que automaticamente freia uma queda, através de um sistema de alavancas, em seu interior. O aparelho é clipado à cadeirinha através do mosquetão, e a corda é passada por dentro do aparelho, se quiser descer basta pressionar a alavanca do grigri, se você soltar a alavanca o dispositivo automaticamente trava o sistema e você não desce, é muito interessante para o caso de se querer parar na descida para tirar fotos ou curtir o visual.
Sua utilização é exclusiva para cordas de diâmetro entre 10 a 11 milímetros. É fabricado na França pela PETZL e tem certificação europeia CE.
ATC (Air Traffic Control)
É um descensor multiuso bastante utilizado também na área esportiva, que serve para rapel e segurança em escaladas. Exige cordas dinâmicas entre 10 e 11 milímetros. Os tipos mais conhecidos são o ATC original, conhecido como ATC; o ATC XP que possui um desenho diferente, com “dentes” que aumentam o poder de frenagem e o ATC GUIDE que, além dos dentes, possui um anel metálico usado para fazer ancoragens nas paradas.
Ideal para descidas de até 50 metros de altura. Trabalha como as placas e como os tubos Lowe, quando uma laçada da corda é enfiada pelo equipamento e clipada ao mosquetão, sendo a segurança dada pela quantidade de atrito com a corda que é criada por esse sistema. Custa um pouco mais que o oito, mas tem a vantagem de diminuir a torção da corda, podendo prolongar a vida útil desta.
Para fazer o transpasse do ATC, em primeiro lugar, deve-se dobrar a corda e fazer uma ponta dupla de aproximadamente 20 cm; em seguida deve-se passar a ponta dupla por um dos olhos do ATC; prender a alça do ATC juntamente com a alça da corda do mosquetão e por último trava-se o mosquetão.
PLACA STICHT
É outro mecanismo de frenagem utilizado na área esportiva para cordas dinâmicas com diâmetro entre 8 e 11 milímetros. Possui 1 ou 2 aberturas por onde a laçada da corda é passada, e esta fica presa ao mosquetão. Pode possuir uma mola, que tem a função de manter a placa a certa distância do mosquetão. Pode ser usado no rapel, mas o seu uso inicial foi para dar segurança nas escaladas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para finalizar este artigo é importante salientar que todos os profissionais de salvamento devem estar prontos para as mudanças, com a utilização de novos equipamentos e técnicas mais seguras. A busca pelo conhecimento e as pesquisas devem fazer parte da rotina de treinamentos.
Fato notório nas atividades esportivas, onde escaladores e demais montanhistas profissionais tornam-se fonte de informações preciosas ao nosso convívio. Não devemos ignorá-los, pois várias técnicas utilizadas atualmente vieram do meio esportivo. Sempre há um meio mais seguro e simples de se executar uma descida pela corda.
Reflita…
Bons voos e boas escaladas!!
Referências:
– MAS – Manual de Salvamento em Altura;
– MTB 26 – Manuais Técnicos do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
– Catálogo Petzl;
– Catálogo Black Diamond;
– www.gp.pro.br (Grupo Petrus);
– Catálogo Camp;
– Catálogo Kailash, e
– Catálogo Kong.
O autor é comandante de aeronave do GRPAe/SP e especialista em salvamento em altura.
Conforme informado em nossos primeiros artigos, é muito importante que o profissional da Aviação de Segurança Pública conheça profundamente os conceitos fundamentais, para a correta e mais adequada forma de utilização dos seus equipamentos, os quais são parte integrante na operação de salvamento. E aqui trataremos sobre os equipamentos metálicos, mais especificamente os CONECTORES METÁLICOS.
São vários os modelos e marcas de conectores, que atendem às normas e especificações para salvamento existentes no mercado, como veremos mais adiante. Entre os equipamentos metálicos mais utilizados destacamos o MOSQUETÃO. Abaixo vemos um mosquetão delta de aço simétrico, com suas partes principais.
1: Eixo longitudinal; 2: Eixo transversal; 3: Trava de rosca; 4: Gatilho; 5: Dorso ou Espinha; 6: Nariz ou Bloqueio; 7: Dobradiça.
Este é um dos equipamentos metálicos mais utilizados em operações de salvamento e trata-se de um anel metálico ou presilha que possui múltiplas aplicações. O mosquetão é utilizado nas ancoragens (dentro e fora da aeronave). Usado como elemento de união entre a cadeirinha e o equipamento de freio (ou descensor), qualquer que seja, como conector entre as cordas e o equipamento que transporta a vítima (maca cesto, maca de montanha ou similar), etc.
1. MODELOS DE MOSQUETÃO
O tipo, o formato e o material variam de acordo com a destinação e uso. Da mesma forma a sua fabricação é feita em diversos materiais como aço carbono, alumínio, aço inox, dentre outros. Existem mosquetões com trava de rosca e com trava automática, além daqueles que não possuem travas, no entanto, são utilizados nas atividades esportivas, como a escalada.
Quando utilizado dentro da aeronave, o ideal é que sejam mosquetões com trava automática, em função da vibração existente, evitando que a rosca se abra involuntariamente. A abertura de um mosquetão é o espaço livre que resulta do deslocamento do gatilho para a colocação da corda ou outros mosquetões e equipamentos. Quanto maior o espaço aberto, maior a facilidade para o uso. O ideal é que tenham abertura mínima de 20 milímetros.
1. Mosquetão de alumínio; 2. Mosquetão delta de aço assimétrico; 3. Mosquetão com trava automática; 4. Mosquetão oval; 5. Mosquetão sem trava (uso esportivo)
É importante destacar também um outro tipo de conector metálico: a MALHA RÁPIDA, também conhecida como “quick link”, que é um elo metálico com uma porca sextavada que rosqueia ambas as extremidades do anel, fechando-o, com a característica de suportar esforços em quaisquer direções.
É importante salientar que, independente do modelo, os mosquetões são desenhados para suportar carga unidirecional ao longo do dorso, no eixo longitudinal e com a trava fechada, conforme a figura abaixo.
Direção das forças que podem incindir sobre o mosquetão
2. NORMAS E CERTIFICAÇÕES
As Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) existentes versam sobre equipamentos de proteção individual e proteção contra quedas, sob o enfoque da segurança do trabalho, cuja fabricação, em conformidade com essas normas, é indicada pelo Certificado de Aprovação (CA). Embora atendam suficientemente aos ambientes de trabalho, como os da construção civil e da indústria, não contemplam atividades esportivas ou de salvamento, para as quais são consideradas inadequadas, razão pela qual valemo-nos de normas internacionais de consenso para especificação e aquisição de equipamentos.
2.1. National Fire Protection Association
A National Fire Protection Association (NFPA) é uma associação, independente, sediada em Massachussets – EUA, destinada a promover a segurança contra incêndio e outras emergências. Dentre diversas normas, a NFPA – 1983, Standard on Fire Service Safety Rope and Systems Components, revisada em 2001, versa sobre equipamentos de salvamento em altura utilizados por bombeiros e equipes de salvamento.
Esta norma estabelece a classificação de equipamentos de uso pessoal e de uso geral (para duas pessoas, também chamadas “cargas de resgate”).
A NFPA não certifica equipamentos; a certificação é realizada por laboratórios de teste independentes e idôneos, como o Underwrites Laboratories (UL), ou o Safety Equipament Institute (SEI).
Com base neste item orientamos que os mosquetões utilizados pela maioria das equipes de salvamento, na Aviação de Segurança Pública, estejam de acordo com esta norma e portanto devam ter essas informações gravadas no dorso do equipamento em baixo relevo.
2.2. União Internacional de Associações de Alpinismo
A União Internacional de Associações de Alpinismo (UIAA), sediada em Genebra – Suíça, estabelece normas para os equipamentos e a segurança dos montanhistas (de uso esportivo). A norma UIAA 121 trata especificamente desse assunto, com base numa norma européia, descrita a seguir.
2.2.1. Norma Européia – EN
Existem outras normas que tratam de equipamentos para atividades em altura, como as EN (Normas Européias), especificamente a EN 12275 de 1998, cuja fabricação nessa conformidade, é indicada por um número e pela chancela CE, que significa estar “conforme especificações”.
É importante salientar que os mosquetões sem informações gravadas em seu dorso não devem ser utilizados. Há reproduções em alumínio de baixa qualidade, com uso somente como chaveiros ou para pendurar coisas nas mochilas.
3. VIDA ÚTIL DO MOSQUETÃO
Vida útil é o tempo que o equipamento leva para perder suas características mecânicas, sem desgaste, ou seja, sem uso. Não existe, por exemplo, nenhum estudo científico, conhecido, sobre a vida útil dos mosquetões de alumínio (Al 7075), porém já tivemos casos de mosquetões com mais de 10 anos de uso, que mantinham suas características e romperam acima da carga estimada. Para os mosquetões de aço aconselhamos que, em condições normais de uso, sejam substituídos a cada 05 (cinco) anos, visto que sua utilização é constante em treinamentos, além da exposição às condições adversas quando em uso nas operações reais de salvamento.
4. RESISTÊNCIA DOS MOSQUETÕES
4.1. Nas atividades de salvamento: segundo a norma NFPA 1983, a carga de uma pessoa é de 300 lbs (135kg) e a carga de resgate equivale a 600 lbs (270 kg), estes valores levam em conta o peso estimado de uma pessoa padrão mais os equipamentos de segurança. Esta norma prevê mosquetões de uso geral em aço, com resistência nominal de 4.000 Kgf, como o da figura abaixo.
4.2. Nas atividades esportivas: A norma EN12275 diz que a resistência é descrita em QuiloNewton (KN) ou DecaNewton (daN): 1 KN corresponde a 100 Kgf ou 100 Kg.
Há uma classificação, na norma européia, para cada tipo de mosquetão, conforme abaixo:
– B (basic): para uso normal;
– D (directional): uso com fitas expressas; – X (oval) uso múltiplo: escalada, espeleologia; – H (HMS ou pêra): para fazer segurança, para uso com nós (belaying);
– K (klettersteig ou “Via ferrata”): para auto-segurança na via de escalada; tem trava automática e abertura mínima de 21mm (todos os outros tipos têm abertura de 15mm);
– Q (quick link): mosquetão para segurança extra, uso em espeleologia, malha rápida (maillon rapide).
Mosquetões de uso esportivo (de alumínio, por exemplo) também podem ser utilizados nas operações de salvamento, no entanto, em condições de menor esforço ou carga, como em ancoragens auxiliares, auto-seguros ou linhas de segurança.
Uma das principais características a ser observada, a resistência do mosquetão deve estar inscrita no corpo do equipamento. As resistências são classificadas por tipo de mosquetão, conforme a norma EN12275, da seguinte forma:
Resistência longitudinal com o mosquetão fechado:
– X: 18 kN;
– K, Q: 25 kN;
– Outros tipos: 20 kN.
Resistência transversal com o mosquetão fechado:
– B, H, K, X: 7 kN;
– Q: 10 kN;
– D: não se aplica.
Resistência longitudinal com o mosquetão aberto:
– K: 8 kN;
– B, D: 7 kN;
– H: 6 kN;
– X: 5 kN;
– Q: não se aplica.
O mosquetão tipo K possui as seguintes exigências adicionais:
– abertura mínima de 21mm;
– resistência a pressão lateral (em torção) de 8 kN.
Assim, os valores médios para um mosquetão particular podem, por exemplo, ser de 22 kN, 8 kN e 10 kN (resistência longitudinal fechado, resistência transversal fechado e resistência longitudinal com o gatilho aberto, respectivamente).
5. CUIDADOS ESPECIAIS
Apesar de o mosquetão ser muito resistente, deve-se ter um cuidado muito grande com ele. Nunca deixe um mosquetão na areia, pois ele pode ficar difícil de abrir. Outro cuidado, e talvez o mais importante que deve-se tomar, é de não deixá-lo cair no chão. Se o seu mosquetão cair de uma altura de mais de 2 metros no chão, é aconselhável que você aposente-o.
Acontece que, ao cair, podem surgir microfissuras em sua estrutura, tornando-o perigoso. Então, não hesite em aposentá-lo. Afinal, a sua vida está em jogo. É difícil estabelecer se uma queda gerou algum dano estrutural no mosquetão. Para comprovar sua resistência, seria necessário um ensaio destrutivo – o que não serviria de nada! Ou um ensaio semelhante a um raio X para a identificação de microfissuras, porém o custo superaria o valor do mosquetão.
Quando o seu mosquetão sofrer uma pequena queda, faça uma inspeção minuciosa a procura de alguma marca profunda gerada pela queda, se for uma grande queda em uma superfície rígida, descarte-o. O mais importante é que se utilize o bom senso. Quando estamos lidando com a nossa segurança e a de outras pessoas não pode existir dúvida. Se não existir plena confiança no seu mosquetão, é melhor utilizá-lo em outra função que não envolva vidas de pessoas ou animais, como içamento de carga, por exemplo.
6. RECOMENDAÇÕES GERAIS
Mantenha seus mosquetões limpos e para os utilizados em atividades esportivas, mantenha-os sem arestas que possam danificar a corda. Para remover esta aresta use lixa grana 220-400, se isto não adiantar, destrua o mosquetão. Não guarde mosquetões esportivos danificados, você poderá usa-lo por engano e sofrer algum acidente durante a escalada. Sempre limpe e lubrifique os mosquetões após o contato com água salgada ou maresia.
6.1. Limpeza
Limpe o gatilho na região articulada, soprando o pó e a sujeira. Se uma limpeza adicional for requerida, lave o gatilho em água quente com detergente neutro. Enxágüe bem e lubrifique a articulação com pó de grafite ou WD-40. Retire o excesso de lubrificante, lembrando que o uso do pó de grafite, ou outro lubrificante seco, conserva a limpeza por mais tempo, impedindo o acumulo de sujeira. Mantenha todos os mosquetões longe de umidade ou maresia, equipamentos ou roupas úmidas e também agentes químicos.
6.2. Inspeção
Ao inspecionar o mosquetão, observe toda sua estrutura procurando detectar deformidades, amassamentos ou trincas. Observe ainda o alinhamento entre o bloqueio e o dorso do mosquetão e a tensão da mola da dobradiça. Cheque seus mosquetões regularmente e tenha certeza de que o gatilho abre e fecha apropriadamente. Se o gatilho não funciona apropriadamente, ou está torto, separe e descarte-o.
7. EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO
A seguir, a fim de exemplificar o presente trabalho, tem-se, abaixo, mosquetões e malhas rápidas em algumas de suas utilizações para um dos modelos de aeronave, configurada para salvamento:
Na próxima parte deste artigo trataremos sobre outros equipamentos metálicos de salvamento em altura. Aguardem…
Bons Voos ou escaladas!
Referências:
– MAS (Manual de Salvamento em Altura);
– Coletânea de Manuais Técnicos – MTB26-Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
– Arquivo Wikipedia;
– Arquivos da BRPAe Praia Grande-GRPAe São Paulo;
– Catálogos Black Diamond;
– Catálogo Edelweiss;
– Catálogo Climb High.
O autor é Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo, comandante de aeronave do GRPAe/SP e especialista em salvamento em altura.
Conforme informado na primeira parte deste artigo, trataremos agora sobre outros conceitos fundamentais para a correta e mais adequada forma de utilização das CORDAS DE SALVAMENTO.
Como sabemos, nas Corporações de Bombeiros Militares, Forças Policiais, Aviação de Segurança Pública e Forças Armadas, quando se trata de salvamento, são adquiridas as cordas semi-estáticas, com tecnologia Kernmantle, diâmetro de 12 ou 12.5 milímetros e carga de ruptura mínima de 4.000 kg.
A VIDA ÚTIL DAS CORDAS
A vida útil de uma corda não pode ser definida ou preestabelecida pelo tempo de uso. A sua duração depende de uma grande quantidade de variáveis, incluindo o cuidado individual, a freqüência de uso, os tipos de equipamentos utilizados, a velocidade de descida em rapel, a abrasão física, o clima, o tipo e intensidade de carga que é submetida, a degradação química, a exposição aos raios ultravioletas, entre outros.
Qualquer corda é vulnerável às forças destrutivas e pode apresentar falhas após ter sido descuidada ou submetida a condições extremas como cargas de impacto ou bordas afiadas (cantos vivos). A corda deve ser aposentada quando apresentar cortes, quando a abrasão tenha causado um desgaste significativo na capa, após uma queda forte (fator de queda maior que 0.25 em corda estática), quando existir suspeita de contaminação por agentes químicos ou em qualquer outra situação em que existam dúvidas a respeito.
Se todos os cuidados forem adotados, os usuários das cordas devem utilizar, como parâmetro, uma vida útil de 5(cinco anos) para “aposentar” (descartar) uma corda de salvamento. Existem corporações que adotam tempo inferior a quatro anos. O mais importante é estar consciente que essa vida útil sempre dependerá das variáveis acima apresentadas.
CUIDADOS COM AS CORDAS
As cordas são construídas para suportarem grandes cargas de tração, entretanto, são sensíveis a corpos e superfícies abrasivas ou cortantes, a produtos químicos e aos raios solares.
Modelo de bolsa para acondicionamento das cordas
É muito importante que se mantenha um registro da corda, pois não existe maneira não destrutiva de saber se a corda está boa ou não. Depende somente do responsável pelo uso conhecer sua corda e saber a quais esforços a mesma foi submetida. Nunca empreste sua corda; é aconselhável manter um registro com sua história.
Dessa forma os profissionais de salvamento em altura devem adotar os seguintes cuidados:
Evite superfícies abrasivas, não pise, não arraste e nem permita que a corda fique em contato com cantos vivos desprotegidos. Para tanto é essencial que sejam utilizados protetores de cordas específicos, vendidos no mercado, fabricados em borracha, couro ou pvc ;
Evite contato com graxa, solventes, combustíveis, produtos químicos de uma forma geral, pois os agentes químicos são os piores inimigos da corda. Gasolina, óleo, ácido de bateria, benzendo, tetracloreto de carbono e fenol (aquele dos limpadores com cheiro de pinho) podem debilitar e destruir a poliamida. Além disso, o concreto também possui alguns elementos destrutivos, por isso a corda não deve ser armazenada em piso de cimento;
Evite que a corda fique pressionada (“mordida”);
Não deixe a corda sob tensão por um período prolongado, nem tampouco a utilize para rebocar um carro ou para qualquer outro uso, senão aquele para o qual foi destinada;
Se houver necessidade de lavar a corda, utilize sabão neutro sem agentes químicos, nunca detergentes. Deixe-a secar ao ar livre, à sombra, em voltas frouxas, jamais ao sol, pois os raios ultravioletas danificam suas fibras.
Mantenha a corda limpa: as cordas também não devem ser armazenadas no chão, já que a sujeira pode danificá-las. Pequenas partículas de terra podem introduzir-se entre as fibras e na seqüência, quando for requerida a tensão à corda, podem cortar as fibras causando desgaste na capa e na alma. Pisar na corda com botas ou calçados sujos acelera e muito este processo.
Ao acondicionar a corda, dê preferência pelo acondicionamento em sacolas ou bolsas específicas, as quais têm diversas vantagens como proporcionar proteção à corda, facilidade de acondicionamento (bastando acomodar a corda no interior da sacola ou bolsa, sem qualquer cuidado especial), comodidade de transporte, além da garantia de que, uma vez lançada a sacola, não haverá risco de formação de cocas ou nós acidentais.
COMO INSPECIONAR UMA CORDA
As cordas de salvamento devem ser inspecionadas previamente em todas as situações em que houver necessidade de seu emprego.
A inspeção deve ser visual em toda a sua extensão, observando os seguintes aspectos:
Qualquer irregularidade, caroço, emagrecimento da alma, encurtamento ou inconsistência;
Sinais de corte e abrasão, queimadura, traços de produtos químicos ou em que os fios da capa estejam desfiados (felpudos);
O ângulo formado pela corda realizando um semi-círculo com as mãos, devendo haver uma certa resistência e um raio constante em toda sua extensão;
Se há falcaça (acabamento das extremidades), se a capa encontra-se acumulada em algum dos chicotes ou se a alma saiu da capa.
Nos próximos artigos trataremos sobre outros equipamentos de salvamento em altura. Aguardem…
Referências
MAS (Manual de Salvamento em Altura) Coletânea de Manuais Técnicos – MTB26-Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo; Catálogos New England Catálogos PMI Catálogo Roca Catálogo Sterling Revista NUS, Barcelona, Espanha, 1993 Vertical Caving, Meredith e Martinez, Lyon Equipment, UK Catálogo Black Diamond Catálogo Edelweiss Catálogo Beal Catálogo Climb High Catálogo REI.
O autor é Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo, comandante de aeronave do GRPAe/SP e especialista em salvamento em altura.
Nas operações de salvamento com aeronaves da Aviação de Segurança Pública, há muito com que nos preocupar quanto aos equipamentos utilizados, a origem, especificações, certificações, utilização e cuidados diários.
Não é fato isolado quando se priorizam a técnica ao equipamento. São treinamentos sucessivos, repetidas vezes, em alguns casos exaustivamente, a fim de que o tripulante e o piloto estejam completamente seguros de todos os detalhes que envolvem o salvamento e possam realizá-lo, minimizando os riscos.
Em se tratando de salvamento em altura, através do helicóptero, os cuidados devem ser redobrados quanto às CORDAS DE SALVAMENTO.
Operação de salvamento terrestre realizado pelo GRPAe em Cubatão/SP – 2009, utilizado a técnica do “Mac Guire” com exfiltração pelo gancho.
Trataremos neste artigo dos conceitos fundamentais sobre as cordas, principalmente daquelas utilizadas pelos aeronavegantes da Aviação de Segurança Pública, pois elas são o meio para cumprir a missão de salvamento.
As cordas representam o elemento básico do salvamento em altura, tanto que encontramos diversas literaturas internacionais que utilizam a expressão “resgate com cordas” (rope rescue). Na maior parte das vezes, a corda representa única via de acesso do tripulante à vítima ou a única ligação deste a um local seguro, razão pela qual merece atenção e cuidados especiais.
A matéria-prima e a forma como elas são construídas podem variar bastante, mas é o tipo de aplicação que definirá qual modelo é mais adequado em nossas operações.
1. A MATÉRIA-PRIMA DAS CORDAS
As cordas podem ser feitas de fibras naturais (algodão, juta, cânhamo, sisal, entre outras) ou fibras sintéticas.
Até os anos quarenta utilizavam-se fibras naturais, principalmente de cânhamo como a da figura acima a esquerda. A partir de 1950 começaram a adotar, para a fabricação das cordas, fibras sintéticas como a da figura acima a direita. Graças a utilização destes materiais tem sido possível desenvolver e aperfeiçoar, com objetivo de ampliar a gama de utilizações e a segurança, cordas dotadas de uma estrutura diferenciada, definindo assim, um modelo de fabricação que todas as indústrias respeitam.
Devido às características das fibras naturais, como a baixa resistência mecânica, sensibilidade a fungos, mofo, pouca uniformidade de qualidade e a relação desfavorável entre peso, volume e resistência, apenas cordas de fibras sintéticas devem ser utilizadas em operações de salvamento.
Dentre as fibras sintéticas, destacamos:
Poliolefinas (polipropileno e polietileno): são fibras que não absorvem água e são empregadas quando a propriedade de flutuar é importante, como por exemplo, no salvamento aquático. Porém, estas fibras se degradam rapidamente com a luz solar e, devido a sua baixa resistência à abrasão, pequena resistência a suportar choques e baixo ponto de fusão, são contra-indicadas para operações de salvamento em altura (proibidas para trabalhos sob carga).
Poliéster: as fibras de poliéster têm alta resistência quando úmidas, ponto de fusão em torno de 250ºC, boa resistência à abrasão, aos raios ultravioletas e a ácidos e outros produtos químicos, entretanto, não suportam forças de impacto ou cargas contínuas tão bem quanto as fibras de poliamida. São utilizadas em salvamento, misturadas com poliamida.
Kevlar: é uma fibra desenvolvida pela Dupont™, resistente a altas temperaturas e extremadamente forte, porém é muito susceptível a abrasão tanto interna quanto externa (as fibras são tão rígidas que se cortam entre si). Além disso, como não pode absorver impactos e quebrar-se quando dobrada, não deve ser usada em operações de salvamento.
Poliamida (nylon): o nylon do tipo 6.6 possui boa resistência à abrasão, em torno de 10% mais resistente à tração do que o poliéster, mas perde de 10 a 15% de sua resistência quando úmido, recuperando-a ao secar. Excelente resistência a forças de impacto. Esta é a fibra mais indicada para cordas de salvamento em altura.
2. COMO SÃO FABRICADAS AS CORDAS DE SALVAMENTO
Para a construção de uma corda, as fibras podem ser torcidas, trançadas ou dispostas sob a forma de capa e alma. As cordas destinadas a serviços de salvamento possuem capa e alma. A alma da corda é confeccionada por milhares de fibras e é responsável por cerca de 80% da resistência da corda. A capa recobre a alma, protegendo-a contra a abrasão e outros agentes agressivos, responde pelos 20% restantes da resistência da corda.
2.1 Tecnologia Kernmantle
As cordas de construção Kernmantle apresentam diversos tipos de alma e de capa. A alma da corda é confeccionada por milhares de fibras de nylon torcidas juntas, formando cordões. Estes cordões são torcidos em direções opostas, metade à direita e metade à esquerda, para que a corda seja neutra, isto é, não torça quando submetida a esforço.
A capa, geralmente colorida, é que proporciona a maioria das características de manuseio. Com referência a construção da capa, quanto maior for seu número de fios, maior será sua resistência a abrasão.
3. RESISTÊNCIA
Ao avaliar uma boa corda, um leigo pode imaginar que o único critério a ser considerado é a resistência para suportar cargas, porém sabemos que o fato de suportar grandes pesos não garante a integridade daquele que depende dela para realizar sua missão.
É necessário lembrar primeiramente que o corpo de uma pessoa em movimento, especialmente em queda livre, pode gerar uma força equivalente a centenas de quilos sobre um sistema que irá suportá-lo, e, portanto, não se pode ingenuamente considerar apenas o peso de uma pessoa para avaliar a resistência de uma corda.
Uma base utilizada como referência para avaliar a exigência de resistência de uma corda, por exemplo, se fundamenta nos padrões que são utilizados em determinados sistemas mecânicos, que usam como fator de segurança a resistência equivalente a cinco vezes a maior carga esperada em sua operação, ou seja, utiliza-se o fator 5:1. Isso dá uma boa margem de segurança, evitando acidentes que podem gerar prejuízos e até mesmo colocar vidas humanas em risco. Contudo esse fator não é adequado quando se trata de operações de salvamento, onde vidas humanas dependem da resistência das cordas
Para a segurança de bombeiros, socorristas, tripulantes e policiais o referido fator deve ser maior, já que estamos prevendo solicitações dinâmicas (corpos em queda) podendo ultrapassar a relação de 15:1, ou seja, ter uma resistência mínima quinze vezes maior que a carga esperada sobre o sistema.
Se adotarmos 100 kg como valor de referência para o peso de uma pessoa, e quisermos adotar o fator 15:1, uma corda nova terá que ter uma resistência mínima à ruptura de 1.500 kg. Mas como existem outros fatores envolvidos na dinâmica da detenção de uma queda e nas características das cordas, internacionalmente o valor mínimo é de 2.000 kg.
Operação de salvamento terrestre realizado pelo GRPAe em Cubatão/SP – 2009. Tripulante e vítima ancorados nas cordas, utilizando a técnica de “Mac Guire” com exfiltração pelo gancho.
Os americanos, através da N.F.P.A. (National Fire Protection Association), determinaram como carga de resgate o valor de 600 lbsf ou aproximadamente 270 kg, que considera dois homens pesados mais equipamentos. Como adotam um fator de segurança de 15:1, a norma americana 1983 da N.F.P.A. exige para as cordas de resgate (uso geral) uma resistência mínima a ruptura de 9.000 lbsf ou aproximadamente 40 kN (4.000 kg).
4. ABSORÇÃO DE IMPACTOS
Estar preso a uma corda de grande resistência não significa segurança para o tripulante. Imagine uma pessoa praticando “Bang-Jumping” (salto com cordas amarradas aos pés), utilizando cabos de aço no lugar de cabos elásticos. No momento em que o cabo de aço esticar e detiver abruptamente a queda da pessoa, o choque irá todo para o corpo dela provocando traumas internos muito sérios ou até mesmo desmembramentos de partes do corpo.
Portanto, além de resistente, a corda tem que ser capaz de amortecer o impacto da queda e preservar o corpo do tripulante. As cordas absorvem o impacto de uma queda com a elasticidade, funcionando como um colchão macio, desacelerando a queda gradativamente, mesmo que em uma fração de segundos.
Internacionalmente, as cordas de segurança são divididas em dois grupos básicos: dinâmicas e estáticas.
As cordas dinâmicas são construídas para oferecer uma maior elasticidade, projetadas especificamente para deter quedas de pessoas. Elas são mais populares no meio esportivo, por serem utilizadas há décadas na escalada esportiva. As cordas dinâmicas, dependendo do diâmetro e do fabricante, oferecem de 7% a 10% de elasticidade (teste de alongamento com uma carga de 80 kg). No limite da ruptura, elas podem chegar a 75% de alongamento (padrão N.F.P.A.).
As cordas estáticas devem ser chamadas mais apropriadamente de semi-estáticas, pois também oferecem elasticidade, mas com uma média de 3% de alongamento. Estas são as cordas mais utilizadas nas operações de salvamento com helicópteros, pois a principal fibra é a Poliamida (náilon), cujas características são a resistência à tração, resistência a choques e um ponto de fusão em torno de 250 °C (poliamida 6,6).
As melhores cordas semi-estáticas (pouco elásticas) utilizam alma (fibras internas) de poliamida e a capa (trama externa) de poliéster, que oferece uma alta resistência mecânica mesmo quando molhada, boa resistência a abrasão e razoável resistência a agentes químicos.
Corda estática (observe a alma com os fios em paralelo) e Corda dinâmica (observe a alma com os fios trançados)
São por essas questões que as principais unidades de salvamento, nas Corporações de Bombeiros Militares, Forças Policiais, Aviação de Segurança Pública e Forças Armadas adquirem as cordas semi-estáticas, com tecnologia Kernmantle, diâmetro de 12 ou 12.5 milímetros e carga de ruptura mínima de 4.000 kg.
No próximo artigo trataremos dos cuidados com as cordas de salvamento, inspeção diária, diâmetro, cores e detalhes sobre sua vida útil. Aguardem…
Referências:
MAS (Manual de Salvamento em Altura), Coletânea de Manuais Técnicos – MTB26-Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
Catálogos New England;
Catálogos PMI;
Catálogo Roca;
Catálogo Sterling;
Revista NUS, Barcelona, Espanha, 1993;
Vertical Caving, Meredith e Martinez, Lyon Equipment, UK;
Catálogo Black Diamond;
Catálogo Edelweiss;
Catálogo Beal;
Catálogo Climb High, e
Catálogo REI.
O autor é oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo e especialista em salvamento em altura.