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Carlos eduardo falconi

“Resgate Aeromédico: modelos público e privado” será tema de debate no dia 21 de abril, às 19h30

Na quarta-feira, dia 21 de abril, às 19h30, o Coronel André Madeiro, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros de Alagoas; o médico Maurício Goldbaum, presidente da Associação Brasileira de Operadores Aeromédicos (ABOA) e o Coronel Falconi, conselheiro da ABOA serão protagonistas de live sobre “Resgate Aeromédico: modelos público e privado“.

Eduardo Beni, editor do Portal Resgate Aeromédico será o moderador do debate sobre as operações de resgate aeromédico no Brasil, que também abordará a criação do Comitê Técnico pela ANAC para estudar o Transporte Aeromédico e a última diretriz interpretativa emitida pela ANAC falando sobre pouso de helicópteros privados em rodovias para realização de resgates.

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SORTEIO

Durante a live será sorteado um torniquete T-APH Tático da DESMODUS (Envios somente no Brasil).

Para participar do sorteio, você precisará fazer um comentário na foto (banner) da live no Instagram: https://www.instagram.com/p/CNvRLnjLWFD/

Inscreva-se no Canal do YouTube do Resgate Aeromédico e siga os Perfis da Desmodus e do Resgate Aeromédico no Instagram.

Grupamento Aéreo da PM é homenageado em evento que celebrou os 20 anos do Sistema Estadual de Transplantes

São Paulo – Nesta quarta-feira, 12, foi comemorado 20 anos de existência da Central de Transplantes e do Sistema Estadual de Transplantes, vinculados à Secretaria de Estado da Saúde. Em 20 anos de existência, o sistema computa um saldo de 101,3 mil doadores paulistas e 107.000 transplantes realizados, dos quais 29 mil de órgãos e 78 mil de córneas (consideradas como tecidos). No período foram registrados 10,5 mil doadores de órgãos e 90,8 mil doadores de córneas.

O Governador Geraldo Alckmin, participa da comemoração dos 20 anos da Central dos Transplantes do Estado de São Paulo no INCOR.DATA 12/07/2017. LOCAL: São Paulo/SP. FOTO: Diogo Moreira
O Governador Geraldo Alckmin, Cel PM Falconi, Cb PM Rocha, Secretário David Uip e Maj PM Med Ademir participam da comemoração dos 20 anos da Central dos Transplantes do Estado de São Paulo no INCOR. Foto: Diogo Moreira

“Aqui se faz um trabalho extraordinário. Isso envolve desde as famílias, que fazem a doação de órgãos de seus entes queridos, geralmente fruto de trauma, a equipe de captação, das terapias intensivas, a logística, os nossos heróis – os pilotos da Polícia Militar – até as equipes transplantadoras”, afirmou o governador Geraldo Alckmin. “É resultado de muito trabalho, dedicação e equipe”.

homenagem

Durante o evento houve um momento de agradecimentos e dentre os homenageados estava a Polícia Militar do Estado de São Paulo, representada pelo Grupamento de Radiopatrulha Aérea – “João Negrão”. O Grupamento faz parte do Sistema Estadual de Transplantes e foi agraciado com uma homenagem especial pela Secretaria de Saúde. O Cel PM Nivaldo Cesar Restivo, Comandante Geral da Polícia Militar, recebeu homenagem pelos excelentes trabalhos realizados pela PM no transporte de órgãos.

O Governador Geraldo Alckmin, participa da comemoração dos 20 anos da Central dos Transplantes do Estado de São Paulo no INCOR.DATA 12/07/2017. LOCAL: São Paulo/SP. FOTO: Diogo Moreira
Cel PM Falconi acompanhando a solenidade de comemoração dos 20 anos da Central dos Transplantes do Estado de São Paulo no INCOR. Foto: Diogo Moreira.

Os 25 helicópteros Águia e 01 avião King Air da Polícia Militar prestam auxílio no transporte das equipes de transplantadores, permitindo que os órgãos atravessem grandes distâncias, salvando milhares de vidas. O Grupamento possui, além da capital paulista, 10 Bases destacadas em todo o estado que auxiliam esse serviço, agilizando o transporte e salvamento de vidas.

O Cel PM Carlos Eduardo Falconi, Comandante do Grupamento Aéreo, o Maj PM Médico Ademir Euzébio Corrêa e o Cb PM Renato Rocha, enfermeiro do Grupamento Aéreo, receberam das mãos do governador Geraldo Alckmin e do Secretário de Saúde, David Uip, uma homenagem especial pelos excelentes serviços prestados em prol da vida.

O Governador Geraldo Alckmin, participa da comemoração dos 20 anos da Central dos Transplantes do Estado de São Paulo no INCOR.DATA 12/07/2017. LOCAL: São Paulo/SP. FOTO: Diogo Moreira
Comemoração dos 20 anos da Central dos Transplantes do Estado de São Paulo no INCOR. Foto: Diogo Moreira.

Panorama

Entre os 29 mil transplantes de órgãos feitos no Estado desde 1997, 3.558 beneficiaram pacientes que moravam em outros estados brasileiros e se registraram na lista de São Paulo. “Nós somos o 7º do mundo em transplante de coração e pulmão, e mais da metade dos transplante do Brasil é feito em São Paulo”, comemorou Alckmin.

Nessas duas décadas, a Central de Transplantes detectou aumento de 916% no número de doadores-cadáveres no Estado de São Paulo, que passou de 83 em 1997 para 844 no ano passado, um recorde da série histórica. Consequentemente, o número de procedimentos cresceu 890%, com 2.110 transplantes realizados em 2016, contra 213 em 1997.

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A implantação do sistema estadual, em julho de 1997, ajudou a tornar a regulação da distribuição de órgãos captados mais justa e transparente. O sistema informatizado da central, com base nos dados clínicos e exames dos doadores e na lista de espera, automaticamente gera uma relação dos receptores que estão nos primeiros lugares do cadastro e aptos a realizar o transplante. Com isso os médicos plantonistas entram em contato com as equipes médicas dos pacientes que aguardam pelo transplante para ofertar o órgão.

“Os 20 anos da Central de Transplantes coroam um trabalho bem sucedido que conseguiu aumentar expressivamente a doação de órgãos no Estado de São Paulo. Mas não podemos baixar a guarda. As doações ajudam a salvar vidas. Para aqueles que pretendem ser doadores, é fundamental que deixem esse desejo claro às suas famílias em vida, pois somente os familiares podem autorizar ou não a retirada dos órgãos”, diz David Uip, secretário de Estado da Saúde de São Paulo.

Campanha virtual

A partir de quarta-feira, 12 de julho, a Secretaria de Estado da Saúde promove uma campanha virtual para incentivar a doação de órgãos e sensibilizar pessoas de todas as faixas etárias para o impacto positivo dessa atitude. As hashtags são #DoeÓrgãos e #MultipliqueVidas.

Pela primeira vez, o Facebook da Secretaria terá uma capa animada e personalizada com a mensagem “Nem todo fim é um ponto final”, com o personagem “Homem de Lata”, do clássico Mágico de Oz.

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Além disso, um questionário para “testar” o conhecimento da população sobre doações e transplantes de órgãos será publicado pelo site Catraca Livre, colaborador da campanha.

Seja um doador!

Para saber mais acessehttp://www.resgateaeromedico.com.br/aeromedico/

Cel PM Falconi do GRPAe fala sobre “Resgate Aeromédico Público e Privado” no Simpósio Airbus

São Paulo – Nos dias 12 e 13 de junho a Helibras e a Airbus realizaram a primeira edição do Simpósio de Transporte Aeromédico. O encontro reuniu em São Paulo 104 profissionais que trabalham com atividades aeromédicas ou HEMS (Helicopter Emergency Medical Service), incluindo operadores dos segmentos civil, governamental, oil & gas, militar, autoridades e associações, como a ABAG.

Cel PM Carlos Eduardo Falconi, Comandante do GRPAe. Foto: Eduardo Alexandre Beni.
Cel PM Carlos Eduardo Falconi, Comandante do GRPAe. Foto: Eduardo Alexandre Beni.

O simpósio aconteceu no auditório da INFRAERO no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo e foram dois dias de palestras e demonstrações estáticas de aeronaves configuradas para essa missão. Foram 09 palestras sobre temas diversos e dois debates, todos relacionados com a atividade aeromédica no Brasil e na Europa. O evento teve o apoio da Mapfre, Indumed, Air Jet Taxi Aéreo.

A sétima palestra do evento foi apresentada pelo Coronel PM Carlos Eduardo Falconi, Comandante do Grupamento de Radiopatrulha Aérea – “João Negrão” da Polícia Militar de São Paulo. O tema da palestra foi “Resgate Aeromédico Público & Resgate Aeromédico Privado.”

O site Resgate Aeromédico disponibiliza aos seus leitores o vídeo da sétima palestra. Essa apresentação aconteceu no segundo dia do Simpósio, realizada no dia 13/06.

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A Filmagem, Edição e Finalização dos Vídeos das palestras tiveram a produção do Site Resgate Aeromédico (Evoluigi) em parceria com a AC Produções Cinematográficas. 

Saiba mais:

102 anos da Aviação da Polícia Militar de São Paulo

Discurso do Coronel PM Carlos Eduardo Falconi, Comandante do GRPAe, na solenidade de 102 anos da Aviação da Polícia Militar de São Paulo ocorrida no dia 17 de dezembro de 2015.

Com a licença de todos, invocarei a seguir um pouco de nossa história, para mostrar que a vocação da atividade aérea nos é algo intrínseco e que vem desde os tempos pioneiros da Força Pública de São Paulo.

“Reverenciar a história é, antes de tudo, um ato de lealdade àqueles que nos deixaram um importante legado nos dias atuais. Não se compreende a atualidade e não se projeta o futuro sem entender o passado”. A lembrança de datas importantes que se transformam em datas festivas, como a de hoje, serve a este objetivo.

A Aviação da Polícia Militar do Estado de São Paulo, mais do que centenária, sempre esteve na vanguarda em suas conquistas e tem orgulho de ser a primeira instituição a ousar usar o mais leve que ar, inventado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, em 23 de outubro de 1906, na defesa da sociedade.

Na data de hoje comemoramos o centésimo segundo aniversário de um feito de grande importância. O dia 17 de Dezembro de 1913, ficou marcado pelo empreendedorismo e pioneirismo do então Presidente do Estado de São Paulo Francisco Rodrigues Alves que criou a Escola de Aviação da Força Pública e sua Esquadrilha de Aviação, apenas sete anos depois de Alberto Santos Dumont ter realizado o primeiro voo com o avião 14 BIS, fato que deu início a uma nova Era na prestação de serviços de Segurança Pública para a população paulista.

Foto: Johnny Muga De Chiara.

Com o advento da 1ª Guerra Mundial, a escola teve vida efêmera, pois além da deficiente infraestrutura para a manutenção das aeronaves, importação de peças e mobilização de civis e militares para a guerra, ficou impraticável qualquer atividade aérea executada pela Força Pública de São Paulo.

Com a passar dos anos, a Escola de Aviação da Força Pública foi diminuindo suas atividades, permanecendo no Campo de Marte os hangares ali construídos sem utilização, vindo a ressurgir somente no ano de 1924 com a revolução.

Desta feita, e mais uma vez, com o interesse de se recriar a aviação como Arma de Guerra, reorganiza-se a Força Pública do Estado de São Paulo e a Esquadrilha de Aviação, cuja destinação era o serviço de Segurança do Estado.

No ano de 1927 mais uma vez a coragem e o pioneirismo de integrantes da Força Pública marcam a história da aviação nacional e mundial, quando quatro brasileiros ousaram transpor o Oceano Atlântico, de Gênova, na Itália, até São Paulo, a bordo da aeronave batizada de “Jahú”, um hidroavião de origem italiana, que hoje repousa no museu da TAM. Um de seus tripulantes era o Tenente João Negrão, que hoje dá nome ao Grupamento de Radiopatrulha Aérea.

Em 18 de dezembro de 1930, entretanto, o Boletim da Inspetoria Geral nº 29 determinou que, em virtude de escapar à finalidade da Força Pública, e devendo ser a aviação um elemento do Exército, a mesma é novamente dissolvida, sendo todo seu material entregue ao Governo Federal. Em seguida, o Governo Provisório da República determina que as polícias estaduais não poderiam mais dispor nem de artilharia,  nem de aviação.

Quando da Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada em 9 de julho, São Paulo tinha parcos recursos para sustentar o movimento, recorrendo ao seu parque industrial e à força de vontade e criatividade do povo paulista, que desenvolveu uniformes, capacetes, munições, armamentos diversos e instrumentos de guerra psicológica, como as famosas “matracas” que imitavam o barulho de metralhadoras e causavam grande pânico às tropas governistas.

Contando com poucos aliados, os Constitucionalistas paulistas, por terem sido privados de sua artilharia e aviação, confiscados pelo Governo Provisório após a Revolução de 1930, viram-se em inferioridade, principalmente com relação à aviação.

Foto: Johnny Muga De Chiara.

Assim, em 15 de julho de 1932, através do Decreto nº 5.590, o Governador do Estado de São Paulo, Doutor Pedro de Toledo, por aclamação do povo paulista, do Exército Nacional e da Força Pública, considerando ser indispensável prover a Força Pública do Estado de São Paulo de todas as armas necessárias para a consecução dos fins do movimento revolucionário constitucionalista, recria a aviação com a denominação de Grupo Misto de Aviação da Força Pública, chamada com o prefixo operacional de “Gaviões de Penacho” e que ficou conhecida como “Aviação Constitucionalista”. Seus emblemas eram duas listras negras estreitas com uma larga branca ao centro, pintadas nas asas e na fuselagem.

Foram utilizados pela primeira vez no dia 20 de setembro de 1932, quando atacaram o Campo de Aviação de Mogi-Mirim, destruindo cinco dos setes aparelhos governistas ali estacionados.

Quatro dias depois, três aviões decolaram de São Paulo e atacaram o navio cruzador “Rio Grande do Sul”, que bloqueava a Baía de Santos, dando-se neste evento as primeiras vítimas da aviação em combate, o Capitão da FPSP José Angelo Gomes Ribeiro, piloto, e o Tenente da FPSP Mário Machado Bittencourt, observador, quando seu avião fora abatido por baterias antiaéreas do navio.

Em 13 de julho ocorreu o primeiro bombardeio aéreo contra uma cidade brasileira, Cachoeira Paulista, realizado por aviões governistas, causando grande pânico na população e, logo a seguir, foi a vez de outras cidades como Campinas, São José do Barreiro, Cunha, Buri, Cubatão, Itapira e Pedreira.

No dia 29 de julho foi a vez da cidade de São Paulo ser bombardeada, quando aviões governistas, apelidados pelos paulistas de “vermelinhos”, atacaram o Campo de Marte, coração da Aviação dos Gaviões de Penacho, a Aviação Constitucionalista. Como algumas bombas caíram fora da área do aeroporto, houve mortos e feridos entre a população civil, o que aumentou ainda mais a revolta do povo paulista contra a tropa governista.

Ao tomar conhecimento dos ataques, Alberto Santos Dumont, o Pai da Aviação, que se encontrava na Baixada Santista, já com problemas de saúde, comunicou a um amigo que estava muito consternado de ver seu invento sendo usado para causar morte e destruição entre irmãos brasileiros, transformando-se numa maldita arma de guerra, levando-o ao suicídio no dia 23 de julho, no Hotel La Plage, na cidade do Guarujá, o que veio a gerar enorme constrangimento tanto para os Governistas, como para os Constitucionalistas.

A Revolução Constitucionalista de 1932, que vitimou 634 combatentes constitucionalistas, foi o maior movimento armado brasileiro, nossa maior guerra civil. Durou 85 dias, com a tropa constitucionalista lutando heroicamente com seu efetivo total de apenas 36.207 combatentes, contra mais de 120.000 combatentes governistas.

Com o fim da Revolução Constitucionalista de 1932, o Grupo Misto de Aviação da Força Pública foi extinto, em 08 de outubro daquele ano, tendo seu material arrolado e entregue ao Grupo de Aviação do Exército Nacional.Neste momento da história, encerra-se o período da Aviação da Força Pública, deixando no Campo de Marte, onde hoje é área do Parque de Material da Aeronáutica, próximo aos portões da Av. Santos Dumont, apenas os alicerces dos dois hangares que à época abrigavam aqueles pioneiros, suas aeronaves, sua coragem e seus sonhos.

Percebe-se, assim, que pioneirismo, inovação, criatividade, ousadia, abnegação e coragem são qualidades que sempre marcaram a história do grandioso Estado de São Paulo.

Mais de cinco décadas depois, após vencer inúmeras barreiras políticas e burocráticas, em 15 de agosto de 1984, ocorre o ressurgimento da Aviação Militar Paulista, agora da Polícia Militar do Estado de São Paulo, com apenas um helicóptero, tendo em vista a necessidade de conter distúrbios civis e vários eventos de quebra da ordem pública.

Tendo sido a primeira polícia brasileira a instituir o uso de aeronaves na defesa da sociedade, desde 1913, há mais de três décadas a moderna aviação, sempre contou com a compreensão e apoio dos governantes e com a parceria de empresas nacionais e estrangeiras, que acreditaram, desde o início, na capacidade dos policiais militares e na importância deste serviço para as grandes cidades do nosso Estado.

A nova fase da Aviação da Polícia Militar, tendo completado este ano seus 31 anos, cresceu, de maneira que nos dias de hoje, possui uma das maiores frotas de aviação de segurança pública do mundo, com um total de 27 helicópteros e 4 aviões, com vários projetos de crescimento nas áreas de gestão operacional e administrativa.

Foto: Johnny Muga De Chiara.

Com sua sede no Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo, após longo processo de desconcentração operacional, conta hoje com 10 Bases destacadas, de modo que mais de 85% da população paulista está a menos de 15 minutos de uma das aeronaves da Polícia Militar.

Sedimentou-se, no início deste ano, o serviço aeromédico nas Regiões Administrativas de Campinas e de São José dos Campos, graças à aquisição de duas novas aeronaves, reforçando-se a parceria de longa data entre a Polícia Militar e a Secretaria da Saúde, agora também integrando a este serviço os órgãos de atendimento a urgências regionais, iniciando-se a expansão deste excepcional serviço, já existente na Capital e Região Metropolitana de São Paulo, também ao interior.

Incorporar-se-á amanhã, definitivamente, uma aeronave biturbina adquirida através de convênio com a Secretaria do Meio Ambiente, para a fiscalização das Áreas de Proteção Ambientais Marinhas, mostrando a vocação da Polícia Militar para a integração com os mais diversos órgãos e sua capacidade de enfrentar novos desafios que venham a melhorar a vida dos cidadãos paulistas.

Graças à capacidade técnica e dedicação de nossos pilotos, tripulantes, mecânicos, médicos, enfermeiros e pessoal de apoio, são mais de 31 anos de serviço dedicados exclusivamente à causa pública, cujo aprimoramento contínuo e entusiasmo de seu efetivo, possibilitam retribuir a todos os cidadãos o carinho e admiração que têm pelos “águias”, como são conhecidos.

Ao longo desses anos, muitas foram as dificuldades, que somente contribuíram para forjar e fortalecer o caráter da Aviação da Polícia Militar e para ensinar a superar com galhardia os obstáculos. Maiores foram, entretanto, as vitórias e realizações, fontes de estímulo para que esta aviação possa continuar a bem servir esse povo trabalhador e ordeiro, como é a vocação de nossa gente.

O apoio que vem do céu, o voo da vida, é uma rotina diária, ferramenta que dá segurança e esperança, tanto para o cidadão, como para os policiais, quando a situação se mostra crítica.

Com mais de 115 mil horas voadas, realizou até a data de ontem mais de 253 mil missões em apoio a todas as atividades da Polícia Militar, atuando em todo o Estado. Deste total executou mais de 26 mil ocorrências aeromédicas, salvando mais de 6 mil pessoas.

É hoje, portanto, imprescindível no combate à criminalidade e no salvamento de vidas, totalmente focada na Defesa da Vida, na Preservação do Patrimônio e no Respeito aos Direitos Humanos, sempre respeitando o juramento máximo da Instituição, que é defender a sociedade nem que seja com o sacrifício da própria vida.

Conta hoje com um efetivo de apenas 450 profissionais em todo o Estado, incluindo pilotos, médicos, enfermeiros, tripulantes, mecânicos, pessoal técnico e administrativo, responsáveis por gerir uma frota de 31 aeronaves e 13 hangares, contando com este que passaremos a assumir em breve, os quais, através de processos inovadores e com a constante busca de quebra de paradigmas, possibilitam a utilização de um número mínimo de pessoas envolvidas na atividade administrativa, vez que a vocação de todos foi, é, e sempre será a atividade operacional.

Reafirmo a missão da Aviação da Polícia Militar em executar operações aéreas de segurança pública, objetivando preservar a vida, proteger o patrimônio e minimizar o sofrimento humano, potencializando todas as atividades da Polícia Militar, constantemente compromissados com a segurança de voo e com o aprimoramento profissional e tecnológico.

Não posso deixar de mostrar a todos os desafios que demandarão novos esforços na busca do “estado da arte” dos serviços decorrentes das atuais demandas que se mostram presentes.

A primeira delas é a expansão planejada, dentro de critérios técnicos, de nossas operações no interior do Estado, incluindo estudos para a expansão do serviço aeromédico, que já se iniciou e que demandará necessariamente a aquisição de novas aeronaves e equipamentos, formação de profissionais da saúde e especialização na atividade aérea, bem como a readequação da atual Resolução Conjunta com a Secretaria da Saúde, que já está em fase adiantada de elaboração.

Foto: Johnny Muga De Chiara.

A Aviação da Polícia Militar conta hoje com dois centros de manutenção e uma Escola de Aviação, devidamente homologados de acordo com as normas da Agência Nacional de Aviação Civil e busca a sedimentação do Centro de Treinamento com a incorporação de um Simulador de Voo que está em fase final de produção, que foi doado à Polícia Militar.

A Aviação da Polícia Militar busca também a modernização do sistema “olho de águia”, com o objetivo de expandir a tecnologia para todas as bases operacionais, permitindo que o cidadão paulista tenha cada vez mais o uso da melhor tecnologia no combate à criminalidade e no suporte à vida.

Da mesma forma, busca inovar no treinamento de suas tripulações com o uso cada vez mais intenso da tecnologia de simuladores e de programas de treinamento operacional específicos, sempre focado no aperfeiçoamento e uso das melhores práticas de segurança operacional.

Na área de gestão financeira tem como meta a busca de novas formas de aumentar a disponibilidade da frota com o menor custo possível, com estudos já avançados de novas formas contratuais e em novos processos de controle com uso de tecnologia da informação.

Possui também o foco na integração com as demais organizações de segurança pública, incentivando a cooperação entre os entes federativos e colaborando na formação, treinamento e aperfeiçoamento de aeronavegantes nas áreas de segurança de voo, manutenção aeronáutica, operações aéreas e treinamento teórico e prático de voo.

Foto: Johnny Muga De Chiara.Sabemos da importância que temos no apoio a todas as modalidades de policiamento da Polícia Militar e de fazer parte do enorme esforço na redução dos índices criminais. Hoje a Polícia Militar se orgulha de ser a maior instituição policial do Brasil, uma das maiores do mundo, e de, com sua diuturna atuação, ser responsável por índices que orgulham a população paulista, enfim, uma instituição grandiosa, à altura da pujança do nosso Estado.

E aqui, pedindo licença ao meu irmão, o Coronel Luis Henrique Falconi, que em seu discurso no centésimo décimo aniversário da Caixa Beneficente da Polícia Militar, relembrou que essa atuação positiva, que faz com que o Estado de São Paulo atinja índices criminais só vivenciados em países desenvolvidos, tem também seu lado negativo, citando oratória do nosso querido Secretário Adjunto da SSP, Dr. Magino, por ocasião da cerimônia de entrega da Medalha Brigadeiro Tobias, a mais alta horaria da nossa querida Corporação:

“A medalha Brigadeiro Tobias é uma medalha tingida com sangue de heróis da Polícia Militar… a melhor do Brasil e das Américas, que está a oito meses seguidos derrubando índices criminais, fazendo com que São Paulo seja o único Estado da Federação a possuir índices de homicídios abaixo de 10 por 100 mil habitantes… sem os índices de São Paulo, o Brasil explodiria. A PM merece a atenção da autoridade pública, mas não encontra a mesma atenção dos meios de comunicação, pois o erro vira estigma. A imagem da PM é irrepreensível e a PM não encontra limites para garantir a segurança da população. Mas isto tem um preço, a morte de policiais militares”.

Assim, Dr. Magino, agradeço, mais uma vez, em nome da PM, seu reconhecimento, que tenho a certeza é também compartilhado por nosso Secretário da Segurança, Dr. Alexandre de Moraes, e reafirmo nosso compromisso de sempre estar com nossas aeronaves, em todos os rincões do Estado, na defesa de nossos cidadãos e no apoio incondicional à nossa tropa.

Sabemos que a aviação é uma atividade dispendiosa em custos e investimentos, entretanto a pergunta que se faz sempre é: quanto custa uma vida salva?

Ainda emprestando parte da oratória de meu irmão:

“temos a certeza de que os resultados hoje alcançados pela nossa Polícia Militar em defesa da sociedade se devem aos investimentos que o Estado tem feito a favor da modernização de nossas atividades, e isso é inegável. Mas a polícia não se faz apenas de bons investimentos em equipamentos e instalações mais modernas e de tecnologias avançadas, mas de homens e mulheres que cumprem seu dever e constituem o maior valor de nossa organização”.

Assim, agradeço a todos os que colaboraram e colaboram para o fortalecimento da Aviação da Polícia Militar, especialmente ao nosso Governador Dr Geraldo Alkimin, que sempre incentivou e apoiou nossas atividades, através da atuação de seu Secretariado, em especial do Dr. Alexandre de Moraes, nosso Secretário da Segurança, que desde o começo facilitou e entendeu os enormes desafios de nossa Aviação.

Agradeço especialmente, por confiar a mim o Comando da Aviação da PM, meu maior sonho, ao Cel Ricardo Gambaroni, nosso Comandante Geral, que hoje faz história como o primeiro piloto a assumir o maior cargo da Polícia Militar, com quem tive imenso orgulho de ter ladeado várias ocorrências a bordo dos águias e de ter dividido várias alegrias e angústias fora das aeronaves. Obrigado meu amigo e meu irmão de armas!

Agradeço de todo o coração a todos os integrantes desta Unidade, dos quais tenho imenso orgulho, e sem os quais nada do que foi conquistado seria possível e a quem rendo minhas mais sinceras homenagens. Vocês são a verdadeira alma e os verdadeiros heróis da Aviação da Polícia Militar.

Agradeço também à Marinha do Brasil, ao Exército Brasileiro, e à Força Aérea Brasileira, pelo apoio técnico e preparo dos nossos profissionais, nas mais diversas áreas.

Foto: Johnny Muga De Chiara.

À vocês parceiros das empresas que nos dão suporte técnico para nossa operação, fornecendo equipamentos e serviços, nosso agradecimento. Sem parceria não há como fazer as coisas acontecerem. Contem sempre com nosso apoio.

Não poderia deixar de reverenciar os comandantes que nos precederam, cujos exemplos foram e sempre serão fonte de inspiração para alçarmos voos cada vez mais altos e seguros. Hoje tenho orgulho em afirmar que meus alunos superaram o mestre! É isso que nos faz mais fortes e possibilita nosso crescimento pessoal e profissional. Em cada um de nossos aeronavegantes, incluindo este comandante, tenham a certeza de que há sempre algo a ser lembrado de suas experiências e ensinamentos. Não foram, não são e nunca serão esquecidos, nossos eternos comandantes e instrutores!

Aos nossos familiares que, inúmeras vezes se viram privados de nossas presenças e com os corações apertados a cada decolagem sem destino certo e com uma missão que colocava nossas vidas em risco. Nosso mais profundo agradecimento. Vocês são o verdadeiro motivo de querermos voltar para casa hígidos e íntegros.

Agradeço, em especial, ao nosso Criador por tudo o que nos tem proporcionado: a vida, a saúde, a inspiração e a oportunidade que me dá em comandar esta gloriosa Unidade da Polícia Militar, onde sirvo, entre idas e vindas, há mais de 25 anos.

Aqui posso, junto com meus companheiros, ser instrumento de Deus para levar esperança onde ela já se foi, usando da criatividade, ousadia e inventividade de Santos Dumont para realizar seu sonho de usar seu invento para o bem comum, tendo como legado a coragem, iniciativa e ideais de nossos constitucionalistas de 1932, e desempenhando a vocação principal da Aviação da Polícia Militar: voar para servir!

Foto: Johnny Muga De Chiara.

Fotos: Johnny Muga De Chiara.

Cel PM Falconi assume o comando dos Águias de São Paulo

Desde o dia 20 de janeiro de 2015 o Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo passou a ser comandado pelo Coronel PM Carlos Eduardo Falconi.

Ele assumiu no lugar do Cel PM Gambaroni, atual comandante-geral da PM de São Paulo. O Cel PM Falconi ingressou na Polícia Militar em 1983 e no Grupamento Aéreo em 1991, quando iniciou todos os cursos para se tornar piloto dos helicópteros águia da PM de São Paulo. Dentre todos os pilotos da história do Grupamento Aéreo, Falconi é o Águia 17.

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Falconi é da terceira geração de pilotos do Grupamento Aéreo e pilota os esquilos AS350 e o EC135. Possui 6.500 horas de voo, sendo 1.200 horas realizadas em voo de manutenção. Na aviação, para ser piloto de manutenção requer treinamento especializado e muita proficiência técnica.  Na sua trajetória de piloto foram nada mais nada menos que 25.000 pousos e decolagens. É também instrutor de voo e checador credenciado pela ANAC.

A Polícia Militar de São Paulo atualmente possui a maior frota de aeronaves do Brasil na atividade de segurança pública, contando com 26 helicópteros e um avião King Air B200GT, sendo que, 23 helicópteros atuam diretamente na atividade de policiamento, salvamento e resgate aeromédico, 2 helicópteros são utilizados para instrução e formação de pilotos e um helicóptero biturbina para transporte de dignitários.

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O GRPAe possui 10 Bases destacadas, localizadas nas cidades de Campinas, São José dos Campos, Bauru, Praia Grande,  Ribeirão Preto, Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Sorocaba, Piracicaba e Araçatuba. As Bases estão sediadas na área de um Comando de Policiamento do Interior, responsável pelo emprego operacional e cada Base conta com um Águia, sendo que os demais ficam baseados na Base de São Paulo, Capital.

A Polícia Militar de São Paulo iniciou projeto para inclusão do resgate aeromédico nas Bases do interior. Além da Base de São Paulo, a Base de Campinas já realiza esta atividade e vem alcançando excelentes resultados em prol do cidadão. A Polícia Militar possui vários projetos na área de tecnologia e inteligência e o GRPAe está inserido nesse processo, buscando a excelência em suas atividades.

Como curiosidade, o Cel Falconi possui artigos publicados no site Piloto Policial e são alguns dos mais visitados pelos leitores, confira:

1) Calculando distâncias e direções utilizando Coordenadas Geográficas – 142 mil acessos.
2) Navegação Aérea – Como converter Coordenadas Geográficas – 64 mil acessos.
3) Como calcular a precisão de uma Coordenada Geográfica – 22 mil acessos.
4) Heliópolis – O voo à beira dos limites – 6 mil acessos.

Heliópolis – O voo à beira dos limites

CARLOS EDUARDO FALCONI

Resumo: Analisa a atuação de helicópteros do Grupamento de Radiopatrulha Área da Polícia Militar do Estado de São Paulo no incêndio na favela denominada Heliópolis, na Capital do Estado em 1996.

Palavras-chave: Uso de helicóptero, fogo, salvamento e operação resgate.

ASSUMINDO O SERVIÇO

Manhã do dia 17 de junho de 1996. Era um dia nublado que, por volta das 06:30 horas, mal acabara de nascer. Como rotineiramente fazemos, naquele dia cheguei ao nosso hangar no Campo de Marte, vesti meu macacão de voo e respectivos acessórios e me dirigi até minha aeronave, a fim de fazer o pré-voo1. Como sempre, as aeronaves já estavam devidamente inspecionadas pelos mecânicos de serviço e prontas para a operação daquele dia, que aparentava ser mais um dia normal, sem grandes diferenças dos anteriores.

Estava escalado como Comandante de Aeronave2 da equipe “A”3, motivo pelo qual fazia o pré-vôo do Águia Seis, preparando-o para a execução do vôo de trânsito4. O Tenente Peixoto, Comandante de Operações e meu segundo piloto, procedia o briefing5 ao tripulante e passageiros não habilitados, no caso, um oficial do Comando de Policiamento de Trânsito e um engenheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET, da Prefeitura do Município de São Paulo.

Neste ínterim, o Capitão Monte Oliva, Comandante da Aeronave da Equipe “B”, fazia o pré-vôo do Águia Dois, enquanto o Tenente Médico Galetti e o Sargento Enfermeiro Pimentel checavam todos os kits de emergência e equipamentos médicos da aeronave. O Tenente Beni estava na sala de rádio, nossa Central de Comunicações, pois fora chamado pelo Tenente Joseval, chefe da equipe de tripulantes operacionais, para acompanhar o desenrolar de uma ocorrência com possível existência de vítimas em um prédio em chamas na favela Heliópolis, zona sul da cidade de São Paulo.

O APOIO DA IMPRENSA

A informação foi passada pelo Comandante Luchesi 6, piloto da aeronave da Rede Globo, a qual fazia seu rotineiro voo de reportagem para aquela emissora de televisão, juntamente com a repórter Eleonora Paschoal e o repórter cinematográfico Edson Silva. Disse que, no local, havia várias vítimas e o fogo era muito intenso, sendo que até aquele momento não havia nenhuma viatura do Corpo de Bombeiros e o trânsito estava muito complicado na região. Notou-se que o mesmo estava muito emocionado ao passar as informações.

O ALARME É ACIONADO

Prontamente, às 07:20 horas, foi acionado o alarme, fazendo soar duas vezes a sirene, indicando que se tratava de ocorrência de resgate, quando decolou o Águia Dois, cerca de um minuto depois.

Tendo em vista a possibilidade de o Águia Seis ser utilizado em apoio a essa ocorrência, uma vez que havia informações não confirmadas de vítimas no teto do prédio em chamas, solicitei ao Tenente Peixoto que acompanhasse a fonia do Águia Dois, na sala de rádio, orientando os mecânicos na preparação do material que poderia ser usado para o potencial salvamento, adiando o vôo de trânsito.

Para mim, esse foi um momento de ansiedade, uma vez que passou em meus pensamentos que as únicas vezes em que helicópteros foram usados no Brasil em incêndios em edificações elevadas foram nas tragédias dos edifícios Andraus e Joelma. Comecei a pensar, apesar de nada confirmado ainda, como fazer para tirar as pessoas de cima de um prédio com os meios e técnicas que dispúnhamos. Não sabia a real extensão das chamas nem qual seria a reação da aeronave nessa situação. Nada escrito existia, nem ainda existe, sobre este tipo de emprego do helicóptero. O que eu tinha de informação eram apenas especulações e suposições. Afinal, naquela época o Grupamento de Radiopatrulha Aérea nem sequer estava nos planos da Corporação.

Finalmente, por volta das 07:27 horas, veio a confirmação, seis minutos após a decolagem do Águia Dois. Informaram que nossa decolagem deveria ser o mais rápido possível, uma vez que havia mais de vinte pessoas na última laje do prédio em chamas, sem a menor possibilidade de descerem com o auxílio dos bombeiros, já que era impossível o acesso ao local, devido ao fato de o fogo ser muito intenso.

Sobre a situação, esclareceu o Tenente Beni, pelo rádio:

“Ao chegarmos ao local, já havia várias viaturas do Corpo de Bombeiros, e a aeronave da Rede Globo filmando tudo. O Capitão Monte Oliva aproximou-se da laje do prédio, que estava com muita fumaça, quando então vimos várias pessoas sobre ele. Com a nossa aproximação, a fumaça dispersou e as vítimas conseguiram respirar. O Cap Monte Oliva verificou que o AB7 estava jogando água no segundo andar (o prédio tinha cinco andares), pois não viram as pessoas no teto, devido a fumaça. Imediatamente acionei o COBOM8 e solicitei que jogassem água no teto, pois havia várias vítimas, cerca de vinte. Em fração de segundos, o fluxo da água foi desviado e percebi que, pelo menos naquele momento, as vítimas estavam salvas, pois não agüentariam mais nem um minuto. Elas foram de encontro à água e se molharam desesperadamente, enquanto que, do chão, saía muita fumaça devido à vaporização pela alta caloria. Não sei quanto tempo elas agüentam. Venham logo com tudo o que puderem para fazer o salvamento, pois não podemos sair daqui.”

Conforme as orientações do Tenente Joseval, nosso mais experiente tripulante operacional, mandei instalar o material para o Rapel9 / McGuire10 e colocar o Cesto11 dentro da aeronave.

Chegando ao local, analisaríamos a situação e decidiríamos quais os meios e métodos seriam utilizados.

O APOIO CHEGA

Decolamos por volta das 07:35 horas, e quatro minutos após estávamos no local do sinistro. No caminho solicitei às aeronaves da imprensa que se afastassem do local para facilitar nossa operação e não haver a menor possibilidade de se criar uma situação de falta de segurança devido à proximidade com as mesmas, o que fizeram prontamente, desejando-nos boa sorte.

A cena presenciada é indescritível. De longe se via uma enorme nuvem de fumaça, tão densa que chegou realmente a preocupar. Chegando mais perto, avistamos o Águia Dois fazendo um voo pairado próximo ao canto superior esquerdo do edifício em chamas, mantendo-se cerca de dez metros das labaredas. As chamas saíam por todos os cantos do edifício e, no último pavimento, quase que “abraçavam” o prédio.

O prédio ficava num dos cantos da enorme favela. Tinha cinco andares e seu esqueleto de concreto parecia muito frágil naquele momento. Paredes só se viam algumas, de madeira e papelão, colocadas pelos “moradores”, uma vez que tudo já tinha sido consumido pelo fogo. Do segundo andar para cima, tudo era só concreto e ferros retorcidos no meio do fogo e fumaça intensos.

Próximo ao canto superior esquerdo, onde estava o Águia Dois, avistamos as pessoas aflitas, desesperadas, tentando se molhar na pouca água que o Corpo de Bombeiros conseguia jogar. Eram mais de vinte seres humanos. O Capitão Monte Oliva não podia sair dali, uma vez que, por acaso, verificou que a proximidade da aeronave afastava o fogo daquele lado. Por esse motivo, todas as pessoas se juntaram ali. Caso ele saísse, o fogo imediatamente atingiria aquelas pessoas. No entanto, minha aproximação ficaria muito restrita, pois a laje era pequena e nossas aeronaves correriam o risco de colidirem.

Pela fonia, o Capitão Monte Oliva me informou:

“Falconi, não posso sair daqui, porque o fogo está sendo mantido afastado devido à ação do vento do rotor12. Se eu me afastar daqui, certamente o fogo vai atingir as pessoas e elas vão acabar morrendo queimadas. Vá depressa, pois não sei quanto tempo poderemos ficar nesse pairado13, pois a aeronave está muito instável!”

Vimos várias crianças, e me lembro de ter visto uma senhora grávida, em estágio bem avançado. Essa senhora tentou saltar de lá de cima, mas um senhor a segurou. Todos pulavam como se estivessem proibidos de pisar no chão, o qual fervia de tal modo que a água jogada pelos bombeiros mal tocava o piso e já se evaporava, gerando muita fumaça.

Disse o Tenente Beni, após operação:

“Um momento que não esqueço foi quando uma mulher tentou pular. O Tenente Galetti (médico) gritava e gesticulava compulsiva e desesperadamente para alguém segurá-la. O Capitão Monte Oliva aproximou ainda mais a aeronave quando, então, a mulher foi segura por um homem e estava salva”.

Lembro que naquele momento cheguei a pensar que não seria possível fazer mais nada. Perguntei ao Capitão Monte Oliva, piloto muito mais experiente, como estava se comportando a aeronave naquele calor. Ele disse:

“Falconi, o helicóptero está bastante instável e exigindo bastante a potência do motor. Estou com o NG14 entre 97 e 98%. Acho que é melhor você usar o McGuire.”

Porém, decidi tentar antes uma aproximação com a aeronave, como se estivesse com o Cesto, com o objetivo de testar sua reação, uma vez que este equipamento é mais fácil de operar, mais rápido para instalar e é capaz de retirar mais pessoas ao mesmo tempo, se comparado com o McGuire.

Infelizmente, não foi possível. Constatei que o calor era muito intenso e, na distância necessária para colocar o Cesto no topo do prédio (cerca de seis metros), corríamos o risco de as chamas atingirem a aeronave, com conseqüências desastrosas.

Nesse mesmo momento,informou o Tenente Beni pelo rádio:

“Peixoto, não sei de que maneira, mas um bombeiro conseguiu chegar no topo do prédio. Ele está  tentando acalmar as pessoas e está conseguindo controlar a situação.”

O USO DO McGUIRE PARA O SALVAMENTO

Pousei, então, em um prédio em frente ao que estava em chamas, para proceder a instalação dos cabos e preparar a aeronave para o McGuire. Tripulavam a aeronave o Tenente Joseval e o Sargento Adão. Solicitei ao Tenente Joseval que fosse embarcado, devido a sua experiência. Precisaríamos, portanto, de mais um tripulante para ser levado no McGuire com o Sargento Adão. Imediatamente, por solicitação do Tenente Peixoto, o Sargento Januário (do Corpo de Bombeiros) se apresentou para a arriscada missão. Nesse momento o Tenente Peixoto me falou:

“Falconi, pedi a um Sargento do Corpo de Bombeiros que fizesse o McGuire juntamente com o Sargento Adão. Ele nunca atuou em uma missão real, mas já o orientei sobre como proceder. O Adão está um pouco nervoso, mas disse que vai enfrentar a situação. Todos já foram orientados também pelo Joseval, e está tudo pronto para decolarmos.”
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Técnica do “McGuire” para condução dos tripulantes ao prédio de Heliópolis

Era a primeira vez que uma missão desse tipo seria realizada. A mesma consistia em içar os dois sargentos por meio de cabos conectados à parte interna da aeronave e colocá-los em cima do prédio. Cada qual iria com um cinto extra para conectar, com segurança, mais duas pessoas, repetindo-se a operação até tirarmos todos do prédio. Os cabos escolhidos foram os de cinqüenta metros, uma vez que permitiria realizar um vôo pairado de longa duração, exigindo o máximo de potência da aeronave, devendo mantê-la o mais distante possível do fogo e da fumaça.

Lembro do momento da decolagem do playground daquele prédio, cerca de dez minutos após (07:50 horas). A aeronave subia, subia e o cabo parecia não ter fim. As pás passavam muito próximas ao edifício. Finalmente, o cabo esticou e o Tenente Joseval deu “livre deslocamento”. Iniciei deslocamento à frente.

A teoria foi muito boa e o procedimento adotado, já treinado em outras situações sem a presença de fogo, foi o correto. No entanto, foi muito difícil a condução da aeronave até o local. O ar em torno do edifício era muito rarefeito e turbulento, devido ao calor. A visibilidade era muito prejudicada devido à fumaça, restringindo muito o uso de pontos de referência para fazer o pairado. Fiquei muito preocupado com aquelas vítimas e com a segurança da operação.

Após fazer a perna base 15, já na aproximação final para a colocação dos tripulantes no teto do edifício, iniciou-se um pêndulo 16 longitudinal e depois circular, motivo pelo qual tive que arremeter 17 e fazer novo circuito, uma vez que a situação não permitia mais ganhar velocidade. Novamente ocorreu o pêndulo e novo circuito foi necessário. Comecei a ficar impaciente, pois não conseguia tirar o pêndulo, mesmo com toda a calma passada pelos tenentes Joseval e Peixoto. O ar estava muito turbulento e quente, e os parâmetros da aeronave chegavam a todos os limites operacionais. Suava bastante, e a responsabilidade que imputei a mim aumentou, afinal aquelas pessoas estavam dependendo de nós.

Na terceira tentativa, finalmente, conseguimos colocar os tripulantes no teto do edifício.

A fumaça, por várias vezes, tirava minha visibilidade e, constantemente, tinha que mudar meus pontos de referência. O calor era, mesmo naquela altura, insuportável. Os parâmetros ficaram mais próximos ainda dos limites.

O Tenente Joseval passava a todo instante as informações necessárias: “aeronave à frente”, “aeronave à esquerda” etc., até que, em determinado momento, disse que os dois tripulantes estavam ancorados 18 as duas primeiras vítimas, ambas crianças.

Disse, depois, o Sargento Adão:

“Tenente, nunca estive numa situação tão difícil. Ao mesmo tempo que queria salvar aquelas pessoas, via que poderia morrer se o senhor cometesse alguma falha. As pessoas viram em nós sua tábua de salvação. Todos queriam ser os primeiros a serem socorridos e tive até de agir com energia, dizendo que a prioridade eram as crianças, depois mulheres e homens adultos. Houve até uma certa confusão, mas tudo acabou correndo bem. Selecionei as duas crianças menores e que estavam aparentemente piores. Coloquei umas delas em meus braços ancorada ao meu equipamento, o mesmo fazendo o Sargento Januário. Quando dei o sinal ao Tenente Joseval para abandonarmos o local, o senhor não imagina o alívio que senti, apesar de saber que deveria estar lá novamente para tirar as outras vítimas.”

Depois de ancoradas as crianças, o Tenente Joseval, finalmente, após “horas de ansiedade”, as quais duraram exatamente cinco minutos, deu “livre, aeronave para cima” e “livre deslocamento”. Durante aqueles cinco minutos, cheguei a pensar em abortar a missão, pois estava muito crítica, mas algo superior me acalmava. Pensei nos tripulantes que estavam arriscando suas vidas, sabendo que um pequeno erro em minha ação nos comandos e qualquer vacilo em superar aquelas dificuldades poderiam causar uma tragédia.

Nesse meio tempo, devido à ação do vento das duas aeronaves e à chegada de uma viatura do Corpo de bombeiros com uma escada alta o suficiente para jogar água no prédio, é que foi possível também àquele bombeiro, devidamente equipado com capa, capacete, bota e proteção respiratória, chegar ao topo, pelo o qual passou a coordenar a seqüência das pessoas que seriam socorridas pelos helicópteros.

O USO DO CESTO PARA O SALVAMENTO

Enquanto desembarcávamos as duas primeiras vítimas no estacionamento do prédio em frente, a fim de serem atendidas pelo pessoal do Resgate, o Capitão Monte Oliva saiu do local para pegar o Cesto que havíamos deixado no playground do mesmo edifício. Essa parte nós não vimos, porém ele me disse depois:

“Você não imagina com que aflição eu estava enquanto vocês não chegavam. Eu estava vendo as vítimas pulando feito pipocas na frigideira e não podia fazer nada. Até tentei aproximar a aeronave no teto, mas foi impossível. Vi então que não poderia sair mais dali, pois o pairado provocou o afastamento do fogo que abraçava a laje. Quando vi as dificuldades enfrentadas por você ao fazer o salvamento com o McGuire, achei que várias pessoas morreriam. Porém, o fogo foi diminuindo aos poucos com a chegada de mais água e a ação do vento do seu helicóptero. Então, para ganhar tempo, resolvi instalar o Cesto e tentar resgatar algumas vítimas, enquanto você fazia a operação com o McGuire.”
Tripulação: Cap Monte Oliva (Cmt), Ten Beni (co-piloto - lançador) e Sgt Pimental (enfermeito - cesto)
Tripulação: Cap Monte Oliva (Cmt), Ten Beni (co-piloto – lançador) e Sgt Pimental (enfermeito – cesto)

Verifiquei então que o mesmo já estava em aproximação final para o topo do prédio, com o Cesto. Não entendi muito bem como o faria, uma vez que ele não tinha nenhum tripulante a bordo para fazer o lançamento, afinal tripulavam a aeronave, além dele, o segundo piloto, o oficial médico e o sargento enfermeiro. Depois o Tenente Beni me explicou:

“Resolvemos pousar no playground e instalar o Cesto. O Capitão Monte Oliva me perguntou se eu seria capaz de fazer o lançamento e eu, claro, disse que sim. O Sargento Pimentel, prontamente se ofereceu para ir no Cesto. Fizemos a instalação, um pequeno briefing e decolamos. Só depois fui ver como a situação era difícil. Fiquei deitado no piso da aeronave, e a sensação foi muito estranha, pois nunca tinha feito aquilo antes, apesar de ter participado, como segundo piloto, em várias situações e saber perfeitamente como proceder. No entanto, a situação assim o exigiu. Vi que a responsabilidade foi transferida toda para mim no que dizia respeito à orientação da aeronave, à vida do Sargento Pimentel e à vida das vítimas colocadas no Cesto.”

Disse depois o Sargento Pimentel:

“Nunca estive numa operação com Cesto, nem dentro dele. Mas a confiança que temos em Deus e na perícia dos pilotos, me deixou tranqüilo. Só não esperava que o Cesto, apesar de não pendular, girasse tanto. Achei que ia cair do topo do edifício na hora que desci do Cesto, pois eu estava muito tonto. Cheguei até a tropeçar. Ao colocar o pé na laje, minhas botas foram encobertas pela água fervente; foi quando senti a real situação daquelas pessoas. Colocamos mais três pessoas no Cesto, as que estavam piores, de acordo com minha avaliação de enfermeiro, entre elas a senhora grávida que quis se jogar de lá de cima. Percebi, então, que vários bombeiros já estavam conseguindo chegar ao teto e começaram a evacuá-las pela escada, protegidas pela água lançada pelo caminhão de bombeiros. Dei, então, o sinal ao Tenente Beni para decolarmos.”

Como os bombeiros já haviam conseguido chegar à laje e começavam a retirar as vítimas, uma vez que o fogo já havia baixado, o Capitão Monte Oliva resolveu pousar e suspender a operação de Cesto com seu helicóptero. O risco já não mais compensava, e a situação já estava sob controle dos bombeiros, apesar de ainda muito intenso o fogo. Continuou, então, com o apoio da equipe médica, na remoção dos feridos.

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Retirada de vítimas com o uso do cesto

Enquanto o Capitão Monte Oliva fazia o salvamento com o Cesto, fiquei no pairado observando e avaliando a situação, quando o Tenente Peixoto, que já foi do Corpo de Bombeiros, notou que o combate ao incêndio estava prejudicado, pois os bombeiros não tinham acesso à parte dos fundos da favela, para onde o fogo se propagava. O vento estava levando as labaredas para os barracos próximos e ao outro prédio em construção, também invadido e não evacuado.

Que fique claro que isso não foi uma falha dos bombeiros, uma vez que a favela tem muitas ruelas estreitas e a distância da rua mais próxima, pela qual seria possível terem acesso as viaturas de bombeiros, era muito grande.

Também nos foi comunicado que a água das viaturas AT19 estava acabando e os hidrantes mais próximos, existentes no local, não estavam funcionando, o que aconteceu, provavelmente, devido ao fato de o local ter sido invadido, e as obras não terem sido concluídas. Tentaram coletar água do prédio em frente, mas a vazão era insuficiente.

O USO DO BAMBI BUCKET PARA DEBELAR AS CHAMAS

Apesar de já não haver vidas humanas potencialmente em risco, a não ser no caso de as chamas atingirem o outro prédio, decidi me deslocar com o Águia Seis ao Campo de Marte para instalar o Bambi Bucket20.

O Águia Cinco, tendo como Comandante o Tenente Henrique, como segundo piloto o Tenente Gaspar e Tripulante Operacional o Sargento Minozzi, já tinha decolado com equipamentos de salvamento Rapel / McGuire e Cesto para apoiar, se necessário. Eles compunham a Equipe “C”. Enquanto eu me deslocava para apanhar o Bambi Bucket, o Tenente Henrique começou a procurar algum manancial próximo ao local do incêndio que permitisse a coleta rápida de água.

As aeronaves da imprensa, que não perdiam nenhum detalhe, se prontificaram a também procurar, no entanto, quem acabou encontrando foi a própria tripulação do Águia Cinco. Tratava-se de um reservatório da SABESP próximo a divisa com Diadema. O Tenente Gaspar plotou o local através do GPS 21 e passou as coordenadas para nós, no Águia Seis.

Sugeri, então, que o Águia Cinco também retornasse a base para pegar outro Bambi Bucket para auxiliar nos lançamentos, diminuindo, assim, os intervalos entre os mesmos.

Chegando ao campo de Marte, solicitei a torre aproximação direta para o pátio do hangar da Policia Militar, procedimento não rotineiro. A torre marte imediatamente autorizou, uma vez que foi informada da emergência.

Os mecânicos já estavam a postos, com Bambi Bucket para 100% (580 litros), uma vez que estava com apenas 30% de combustível e o peso permitido. Depois de dois minutos devido a presteza dos mecânicos, o mesmo já estava instalado. Solicitei a torre decolagem imediata com carga externa (o Bambi) e, após autorizado, retornamos ao local,  chegando lá por volta das 08:40 horas.

Cerca de dez min depois, o Águia Cinco decolou com o Bambi Bucket a 70% (cerca de 410 litros), visto o mesmo estar com limitação de peso, pois estava com cerca de 50% de combustível.

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Lançamento de água utilizado o equipamento “bumbi bucket” no incêndio de Heliópolis

Encontrei, sem problemas, o local para abastecimento do Bambi Bucket graças às coordenadas geográficas fornecidas anteriormente. Efetuamos cinco lançamentos cada um, alternadamente, acabando por extinguir, quase que totalmente, o fogo e afastando de vez o perigo de o mesmo atingir as circunvizinhanças.

Enquanto fazíamos a extinção do fogo, o Águia Dois retornou à sua missão inicial de fazer o socorro de vitimas que aguardavam para serem removidas ao hospital Heliópolis, com os cuidados de nossa equipe médica.

O BOM FILHO À CASA TORNA

Retornamos todos ao campo de marte, a tempo de ver os comentários das varias emissoras de televisão, cujos jornalistas não se cansavam de tecer elogios a atuação de nossa corporação.

A operação foi divulgada ao vivo nas principais emissoras televisivas do território nacional e para todo mundo através da CNN e diversas outras empresas internacionais.

Em momento algum tivemos expoentes de atuação, executando todas as ações de maneira coordenada, não se desperdiçando um segundo sequer de tempo. Tudo funcionou como um relógio: enquanto uma aeronave fazia uma coisa, a outra fazia outra, todos se comunicando e se entendendo perfeitamente. Pela primeira vez, numa única operação, foram tão diversificadas as técnicas e meios para o combate a um incêndio em edificações elevadas, além dos convencionais.

UMA OPERAÇÃO DE RISCO

Existe um risco real do emprego da aeronave próximo ao fogo ou em ambientes próximos devido a vários motivos técnicos 22. Angustiava-me saber que a única solução seria arremeter o mais rápido possível, a fim de salvar minha tripulação embarcada e não causar estragos maiores. No caso de Heliópolis, se isso acontecesse, teríamos que primeiro cortar os cabos ou alijar o cesto, para depois arremeter, sendo este o principal risco que correram os tripulantes, verdadeiros Heróis.

Com relação às cenas presenciadas por mim e por todos os que participaram da operação, as mesmas nunca mais serão esquecidas, cenas que mostraram momentos de verdadeiro horror e angustia, por não se ter certeza do que e como fazer para controlar a situação. Sempre vou lembrar aquelas crianças chorando, daquelas pessoas gritando e gesticulando para nós, aquela senhora que tentou pular e foi salva por aquele homem que, muito calmo, a segurou. Lembro-me de todos saltitando de tão quente o chão e de um senhor que ficou o tempo todo agachado, até ser retirado por um bombeiro, enquanto o outro helicóptero ficava no pairado no meio do fogo e da fumaça. Coisas que só vemos em filmes.

Nada foi tão emocionante e gratificante quanto a retirada das primeiras vitimas, após todas as tentativas frustradas de aproximação com pendulo. Achei que não iria conseguir, mas depois de pousar, aquela tremedeira nas pernas acabou e pude respirar aliviado ao ver que tudo dera certo. Naquele momento, tivemos que ultrapassar vários limites dos helicópteros e principalmente pessoais, o que fizemos com absoluto sucesso. Tão apreensiva foi a operação realizada com McGuire, a operação de lançamento de água com Bambi Bucket, normalmente tensa, chegou a ser até uma atividade “agradável”.

OS HERÓIS

Gostaria de referenciar e agradecer aqui a atuação dos Sargentos Adão e Januário (do Corpo de Bombeiros), que ficaram no McGuire, salvando as primeiras vitimas e do Sargento Pimentel, que desceu no cesto, salvando mais três vitimas. Esses profissionais são os verdadeiros Heróis que arriscaram suas vidas, uma vez que, pelo bem daquelas pessoas, se expuseram às chamas, enfrentaram o risco particular das operações de cesto e McGuire sem hesitar e se submeteram ficar à mercê dos comandantes das aeronaves, os quais pouco poderiam fazer caso as mesmas perdessem a sustentação, a não ser alijá-los.

UM DEPOIMENTO

No dia seguinte ao ocorrido, a equipe de reportagem da Rede Globo compareceu a nossa sede, no campo de marte, somente para nos agradecer e cumprimentar pela atuação. Recebi pessoalmente a equipe quando a repórter Eleonora Paschoal deu o seguinte depoimento:

“Vocês são demais! Estávamos fazendo um sobrevôo sobre o Osasco Plaza Shopping, onde, aliás, vocês tiveram uma brilhante atuação, fazendo umas tomadas para verificar se estavam fazendo alguma obra no local, com as imagens ao vivo. Ao terminarmos,o Luchesi perguntou para onde iríamos e, não sei o motivo, pedi para irmos para a zona sul, ver a favela da vila prudente. Quando lá chegamos fomos afastando a aeronave para melhorar o ângulo das tomadas. Em determinado momento o repórter cinematográfico Edson Silva avistou, na direção do Ipiranga, uma fumaça muito grande e resolvemos verificar o que era. Qual nossa surpresa quando, mais próximo do local, na favela Heliópolis, avistamos um fogo imenso. Solicitei a central da emissora para colocarmos as imagens ao vivo no ar, a fim de que alguém, bombeiros, policiamento, CET, Grupamento Aéreo, etc. as visse e tomasse as melhores providencias. Enquanto isso, o Luchesi tentava fazer contato pela fonia aeronáutica com o Solo Águia23, quando solicitou que mandassem imediatamente uma aeronave para o local e acionassem o Corpo de Bombeiros, que até o momento, não havia conseguido chegar. O Transito estava complicado demais. Depois de Termos conseguido o contato com vocês, chegando mais perto,  avistamos aquelas pessoas correndo de um lado para o outro. A impressão que eu tinha é de que podíamos pegá-los  com a mão, mas era mera ilusão. Emocionei-me muito nesse momento, e é uma cena que nunca mais vou esquecer. Senti-me totalmente impotente ante a situação e achei que as vitimas iriam morrer, pois ninguém chegava ao local. Havia um civil com uma mangueira de jardim, do edifício em frente, jogando água e varias pessoas gesticulando e gritando desesperadas.
O Edson Silva chegou até a dizer que não poderia mostrar ao vivo aquelas imagens de terror, mais era preciso, pois poderíamos ajudar em alguma coisa no planejamento da operação de salvamento.
Quando a emissora colocou no ar nossas imagens, já estávamos lá há cerca de quinze minutos. Ninguém chegava, e comecei a entrar em desespero. Foram minutos que pareceram eternos até vocês chegarem, quase junto com uma viatura do Corpo de Bombeiros. Ficamos torcendo muito e, no meio aquela situação confusa, não entendi muito bem o que seria feito, quando vi que o helicóptero de vocês se colocou próximo ao fogo, afastando as labaredas do teto, como se fosse um enorme ventilador. Achei isso sensacional, uma idéia magnífica. Menos de cinco minutos depois chegou o outro helicóptero e se aproximou mais ainda do teto, no meio do fogo e da fumaça, de tal modo que não podíamos nem vê-los direito de onde estávamos. E o resto você já sabe, pois estava lá.
Minha sensação de impotência ia aos poucos desaparecendo à medida que vocês atuavam. Tudo era perfeitamente coordenado, como se vocês tivessem ensaiado aquilo. Ficamos sabendo que nada semelhante no mundo havia sido feito anteriormente. Ficamos maravilhados com a atuação de vocês e dos bombeiros. O tempo todo vocês nos passavam informações da situação, através do Luchesi, as quais transmitíamos ao vivo para a televisão. Fiquei muito gratificada por isso, pois de impotente ante a situação passei a me sentir útil novamente. A maior recompensa foi ver, no final, que ninguém havia morrido pelo fogo, a não ser aquelas crianças intoxicadas que não saíram a tempo do prédio.
O trabalho de vocês foi fantástico. Já havia visto vocês operarem todos aqueles equipamentos isoladamente em outras ocasiões. A criatividade, a sensibilidade, a rapidez nas decisões acertadas me deixou extasiada. A troca de informações entre vocês e as aeronaves da imprensa foi bárbara.
Vocês são realmente heróis, pois não é qualquer um que teria a coragem de fazer o que fizeram. Sempre que precisarem contem com a gente, e que Deus os proteja!”

O ENSINAMENTO

Dentre os vários ensinamentos que certamente assimilei naquele fatídico dia, um deles é que nada é absolutamente verdadeiro, a não ser que se prove na prática. Nunca sabemos realmente quais são nossos limites, apesar de sempre respeitá-los.

Acabamos, todos, cravando na história de nossa gloriosa Corporação mais uma página de um relevante serviço prestado à comunidade paulista, que serviu de exemplo ao Brasil e ao mundo. Certamente, sem a presença Divina, nada poderíamos ter feito.

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NOTAS

1. Inspeção realizada em aeronave, por mecânicos e pilotos, antes do vôo.
2. Funções a bordo dos helicópteros do GRPAe: Comandante da Aeronave (primeiro piloto). Comandante de Operações (segundo piloto) e Tripulantes Operacionais (observadores, mecânicos, médicos e enfermeiros).
3. As equipes são divididas de acordo com as missões: “A” atende o policiamento aéreo (apoio em ocorrências, trânsito, rodoviária, buscas etc.), “B” atende o resgate (missões aeromédicas) e “C” atua complementarmente.
4. Vôo diário realizado nos períodos matutino e vespertino, nos horários de rush, objetivando melhorar a fluidez do tráfego, através do fornecimento de informações.
5. Instruções e recomendações transmitidas aos tripulantes e passageiros antes de qualquer voo ou missão.
6. Cel Res PM Sérgio Luchesi, ex-comandante do Grupamento de Radiopatrulha Área.
7. Viatura de grande porte equipada com tanque de capacidade aproximada de 4.000 litros de água e uma bomba d’água acoplada ao motor.
8. Centro de Operações do Bombeiro.
9. Técnica utilizada para as descidas controladas de homens em locais de difícil acesso, partindo de uma plataforma fixa (no caso o helicóptero no vôo pairado), onde são utilizados cabos e dispositivos ou esquemas para a frenagem durante a descida.
10. Técnica que leva o nome do sargento americano que a idealizou. Consiste no transporte de pessoas ancoradas na extremidade de cabos, normalmente tripulantes especializados, possibilitando aos mesmos ter acesso às vítimas para resgatá-las do local isolado.
11. Equipamento desenvolvido no GRPAe, idealizado a partir de um filme americano, que consiste numa gaiola de náilon com dois aros de alumínio que, quando suspensa, tem a forma cônica. Conectada ao gancho do helicóptero, permite o transporte de até quatro pessoas com segurança.
12. Disco formado pelo movimento circular das pás do helicóptero.
13. Vôo estacionário sobre um determinado ponto, tomando por base referências (horizontais, verticais e laterais) em relação ao solo.
14. Abreviatura utilizada para indicar o Regime do Gerador de Gases no grupo turbo motor (turbina), proporcional à potência a ele exigida.
15. Uma das frases do circuito de tráfego durante o procedimento de pouso, que é composto de perna do vento (quando a aeronave está se deslocando a favor do vento), perna base (curva de 180º mantendo ângulo constante, após a perna de vento) e aproximação final (quando a aeronave se coloca contra o vento para pouso).
16. Oscilação da carga colocada externamente à aeronave, podendo ser longitudinal, lateral e circular. O último é o mais perigoso por ser o mais difícil de ser revertido, devendo o piloto arremeter ou ganhar velocidade, nessa situação.
17. Abandonar a operação de aproximação.
18. Ato de conectar o equipamento de salvamento da vítima ao equipamento do Tripulante Operacional.
19. Viatura de grande porte, equipada com tanque de capacidade aproximada de 8.000 litros de água, cuja função principal é o transporte de água para o local do sinistro.
20. Equipamento canadense desenvolvido para combate a incêndios, consiste num cesto de náilon conectado ao gancho do helicóptero. Através desta técnica, coleta-se água e, através de acionamento elétrico feito pelo piloto, alija-a sobre o fogo.
21. Global Positioning System (Sistema de Posicionamento no Globo), aparelho navegador/localizador que usa satélites existentes na órbita terrestre para dar informações de latitude/longitude (coordenadas geográficas).
22. O ar fica turbulento devido às correntes ascendentes que existem no local: fica também rarefeito, diminuindo a sustentação e consequentemente exigindo maior potência do motor. A sustentação diminui, uma vez que é diretamente proporcional à massa de ar existente e à velocidade da superfície aerodinâmica. Como a tendência da aeronave é se deslocar para o local mais quente (que tem menor resistência ao movimento), no caso de aeronave começar a descer, o piloto aplica instintivamente o coletivo aumentando a potência. Com isso o ângulo de ataque das pás aumenta e ocorre o fenômeno do “stol de ponta de pá”, que é a perda de sustentação, pois a mesma faz com que a camada de ar que passa por ela se desloque a partir da extremidade do disco do rotor. Resumindo, quanto mais potência se aplica, mais sustentação se perde.
23. Nome operacional da Sala de Rádio do Grupamento de Radiopatrulha Aérea.
O autor atualmente é Coronel da Reserva da PMESP, Piloto de Helicóptero do Grupamento de Radiopatrulha Aérea. Formado em Eletrotécnica pela Escola Técnica Federal de São Paulo, em Direito pela Universidade Mackenzie e em Análise de Sistemas pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo.

Como calcular a precisão de uma Coordenada Geográfica

20

CARLOS EDUARDO FALCONI
Coronel da Polícia Militar de São Paulo

INTRODUÇÃO

É importante que todo piloto saiba a precisão necessária ao seu planejamento, a fim de escolher o tipo correto de notação das coordenadas geográficas. Veremos a seguir alguns conceitos básicos para se definir esta precisão.

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