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Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas do Ceará completa 26 anos

Ceará – No dia 4 de julho, Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) completou 26 anos. A Unidade Aérea Pública é formada por mais de 200 profissionais e possui dez aeronaves. São nove helicópteros (um EC130 B4, dois AS350B2 esquilo, três Airbus EC135 e três EC145) e um avião modelo Cessna 210.

Só em 2021, já foram contabilizadas 893 horas voadas, em 899 missões. A unidade apoia ocorrências policiais, realiza resgates e transportes aeromédicos e nesse momento está sendo muito empenhada no transporte de vacinas contra a COVID-19.

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A unidade possui quatro bases, uma na Capital do Ceará, Aeroporto de Fortaleza, e outras três nas cidades de Quixadá, Juazeiro do Norte e Sobral. Há previsão de uma quinta base na cidade de Crateús, que permitirá uma cobertura ainda maior e um melhor tempo-resposta.

Primeira comandante

A capitão PMCE Lívia Marinho se tornou a primeira mulher comandante de aeronave da história da Ciopaer no dia 19 de novembro de 2020. Em um dia histórico, ela chegou ao hangar da coordenadoria pilotando a Fênix 03, sob os olhares de várias pessoas que foram ao local prestigiá-la.

Hoje, pouco mais de sete meses depois e em comemoração aos 26 anos da unidade, a oficial que atualmente se encontra lotada na base da Ciopaer em Sobral, profere palavras de empoderamento feminino. “Antes, a mulher pilotar uma aeronave poderia parecer algo distante. Mas hoje é algo possível. Eu estou aqui para provar que é sim possível e que podemos contribuir muito com a segurança pública do nosso Estado”, ressalta.

Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciopaer) completa 26 anos de operações áereas de segurança pública. Foto: Divulgação

Aeromédico

As missões aeromédicas acontecem por meio de uma parceria entre as secretarias da Segurança e da Saúde. As aeronaves da Ciopaer possuem a capacidade de transportar pacientes e dispõem de aparelhos médicos de última geração.

“Nós temos aeronaves biturbinas que permitem deslocamento para áreas de acesso remoto, e dentro disso, a gente realiza resgate com equipamento de uma UTI (unidade de terapia intensiva) aérea. Nós temos monitores, desfibriladores, a possibilidade de entubar pacientes e de fazer ventilação mecânica durante o transporte, com qualidade”, explica o médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Antônio Emílio.

Duas aeronaves possuem UTIs embarcadas e são utilizadas para diversos trajetos para o atendimento aeromédico no Estado. Outros dois modelos H135, embarcados com equipamentos portáteis/móveis, também estão habilitados para realizar o serviço que salva vidas e encurta o tempo de socorro do traslado entre hospitais no Ceará. Só neste ano de 2021, a unidade contabilizou 95 horas voadas para remoções aeromédicas e transportes inter-hospitalares.

Saiba como foi a participação dos helicópteros da Airbus na história do serviço aeromédico no mundo

No final da primavera de 1969, um menino chamado Björn Steiger passava o dia na piscina em sua cidade natal, Winnenden, Alemanha. No caminho para casa naquela tarde, ele é atropelado por um carro. A polícia local e a Cruz Vermelha são acionadas, mas leva quase uma hora para que uma ambulância cheguasse ao local. Björn Steiger morreu a caminho do hospital.

Esta história e muitos outras eram a realidade dos serviços de emergência médica da época. Seja sofrendo um ferimento no topo de uma montanha ou no meio de uma rodovia, a falta de um sistema de atendimento pré-hospitalar fez com que muitas vítimas não recebessem os cuidados de que precisavam com a rapidez necessária.

Na Europa e nos EUA, os chamados sistemas de Helicopter Emergency Medical Services (HEMS) amadureceram muito e em diversos países ao redor do mundo, como o Brasil, o serviço vem se consolidando. A maior vantagem é que os helicópteros podem chegar em um local, três a cinco vezes mais rápido do que uma ambulância e, às vezes, é a única maneira de acessar um local inóspito. Os pacientes recebem tratamento médico mais cedo e a chance de sobrevivência em casos críticos aumenta significativamente.

A frota global de helicópteros Alouette III acumulou mais de sete milhões de horas de voo, com muitos desses helicópteros ainda em serviço operacional.

HEMS para uso civil

A evacuação aeromédica começou sua história com aeronaves de asa fixa e foi nas guerras da Coréia e do Vietnã que o uso de helicópteros se tornou padrão para evacuação aeromédica (MEDEVAC). Com um impacto tão positivo, o HEMS logo foi introduzido na esfera civil.

Vários países abriram caminho na adoção do uso de helicópteros nessas operações. A Flight for Life tornou-se a primeira operadora HEMS civil dos Estados Unidos em 1972, com base no Hospital Central St. Anthony em Denver, Colorado.

A francesa Sécurité Civile começou missões de resgate em 1959, quando pela primeira vez resgatou um montanhista vítima de um ataque cardíaco no ponto de descanso mais alto do Monte Branco (e de fato o mais alto de toda a Europa), o refúgio Vallot, a 4.362 metros.

Na Alemanha, as autoridades tomaram a decisão de iniciar um período de teste com um helicóptero tripulado com um médico e um paramédico, a fim de encurtar o tempo de resposta aos acidentes, sendo pioneiro no conceito de levar o médico ao local do acidente. Esta abordagem forneceu cuidados primários dentro de 10-20 minutos após soar o alarme.

Em 1973, o primeiro helicóptero da DRF Luftrettung decolou: um Alouette III, construído pela Aérospatiale – empresa antecessora da Airbus Helicopters. (Crédito: DRF Luftrettung).

Helicópteros pioneiros

O Alouette III foi fundamental para o crescimento de HEMS e atividades de resgate de montanha em todo o mundo. Foi o helicóptero no qual a operadora suíça REGA, a austríaca ÖAMTC, a Flight for Life dos Estados Unidos, a Sécurité Civile da França e a DRF Luftrettung da Alemanha desenvolveram suas atividades.

Nas décadas seguintes, o Bo105 e o BK117, desenvolvidos no final dos anos 1970, foram alguns dos helicópteros de maior sucesso em HEMS. O design especial do Bo105, com recursos como piso plano da cabine, embarque traseiro e um rotor principal e de cauda altos, facilitou o embarque de pacientes e contribuiu para seu sucesso.

Quando a ADAC, clube automobilístico da Alemanha, montou sua primeira base HEMS permanente em Munique em 1970, um helicóptero Bo105, batizado de “Christoph 1”, foi usado para suas operações. O helicóptero foi desenvolvido pela empresa predecessora da Airbus Helicopters, MBB, e em estreita cooperação com a ADAC.

Hoje, 55% do total de 2.750 helicópteros que estão em operações HEMS em todo o mundo são helicópteros Airbus, dentre eles o H135 e o H145.

O pioneiro helicóptero Bo105 foi adquirido por mais de 300 operadores em todo o mundo, incluindo o serviço alemão de resgate aéreo ADAC.

HEMS modernos

Muitos modelos diferentes para atividades HEMS existem em todo o mundo. Em alguns países, as operações são administradas pelo governo, em outros são baseadas em organizações sem fins lucrativos, empresas privadas, ou uma combinação de ambos. O nível de cobertura também difere, dependendo da geografia, dos recursos financeiros e do nível de maturidade da organização no respectivo país.

O sistema HEMS na Europa hoje oferece cobertura em quase todos os países da União Europeia. A maioria das bases do HEMS trabalha com o princípio de intervenção rápida com equipes de emergência especializadas para atendimento primário.

Geralmente, há uma proporção de 1 a 1,5 helicópteros por um milhão de residentes, mas em áreas onde as populações estão espalhadas por regiões montanhosas ou fiordes, como na Áustria ou na Noruega, a proporção pode chegar a cinco helicópteros por um milhão de residentes.

Nos Estados Unidos, existem mais de 1.000 helicópteros HEMS transportando cerca de 400.000 pacientes anualmente. Os modelos HEMS variam, incluindo operadoras sem e com fins lucrativos que oferecem opções de sistemas baseados em hospitais, onde eles operam o programa, a modelos de fornecedores independentes e programas administrados pelo governo. Em 2016, 86,4% da população dos EUA estava coberta por um serviço aeromédico, em uma área de resposta de 15-20 minutos.

Lançado em 1982, o BK117 se tornou particularmente popular entre as operadoras dos Estados Unidos – incluindo o provedor de Helicopter Emergency Medical Services (HEMS), Boston MedFlight.

Mercados emergentes para HEMS

O interesse pelas operações HEMS cresceu nos mercados emergentes. Malásia e China, entre outros, iniciaram com sucesso suas primeiras atividades HEMS. Como os programas continuam a ser lançados em mercados emergentes ao redor do mundo, os desafios iniciais precisam ser superados.

Antes de os helicópteros serem introduzidos, as autoridades devem garantir que a infraestrutura esteja pronta, como ter pessoal qualificado disponível e informar a população sobre os procedimentos de emergência. Países como Índia, Brasil, México e Indonésia são candidatos potenciais para um forte desenvolvimento de HEMS nas próximas décadas.

No Brasil, o serviço aeromédico possui características próprias e há muito espaço para o seu desenvolvimento. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o transporte aeromédico (transporte inter-hospitalar) é realizado por cerca de 40 empresas de táxi-aéreo (RBAC 135). São empresas privadas que possuem autorização do Estado para realizarem o transporte aeromédico, mediante remuneração.

Já o resgate aeromédico ou resgate aéreo (atendimento pré-hospitalar) é uma atividade gratuita e realizada por operadores públicos e que seguem regulamentação específica (RBAC 90), como os Corpos de Bombeiros Militares, SAMU, Secretarias de Saúde, Polícias Militares, Polícias Civis, Polícia Rodoviária Federal e Secretarias de Segurança Pública. (saiba mais: Aeromédico do Brasil)

Águia da PM em aproximação na Av 23 de Maio para resgate de vítima de acidente de trânsito. O Cmt da Aeronave era o Cel Ref PM Luiz Alves Júnior. (saiba mais)

Melhorias futuras do HEMS

Uma série de inovações está em andamento para melhorar a segurança das missões HEMS. De sistemas de visão sintética a comunicações por satélite e algoritmos de inteligência artificial, todas essas tecnologias visam facilitar a carga de trabalho do piloto e melhorar a segurança operacional.

Plataformas de decolagem e pouso vertical (VTOL) estão sendo estudadas para o uso aeromédico e podem desempenhar um papel complementar no futuro das operações. As tecnologias e inovações para as operações aeromédicas são ilimitadas.

Esses equipamentos estão desenhando um futuro promissor para as operações que salvam vidas. (saiba mais sobre o eVTOL)

Paramédica conta como foi ingressar no serviço de ambulância aérea de Cornwall, no Reino Unido

Reino Unido – Louise Lamble ingressou como trainee (Paramédica em cuidados críticos) na Cornwall Air Ambulance no início de 2020. Antes de se mudar para Cornwall e assumir seu novo emprego, havia trabalhado como paramédica na London Ambulance Service.

Para ingressar no serviço, o candidato participa de processo de seleção, incluindo exames escritos, análise de cenários de emergência e testes de condicionamento físico. Em meio à atual situação de pandemia, Louise compartilhou seus pensamentos sobre como é se juntar ao serviço aeromédico e assumir um novo trabalho.

“Juntar-se às equipes de ambulâncias aéreas tem sido ótimo. Adoro trabalhar com a equipe e poder ajudar nossos pacientes. Meu primeiro voo foi realmente emocionante, além de ter ficado um pouso nervosa, pois eu nunca tinha voado de helicóptero antes. Ver a cidade do céu é realmente incrível, é um país tão bonito e estou começando a reconhecer os lugares”, disse Louise.

Louise Lamble paramédica conta como foi ingressar na Cornwall Air Ambulance, Reino Unido. Foto: Divulgação.

Como a mais nova recruta, Louise realiza mestrado em Cuidados Críticos pela Universidade de Plymouth. Além desse requisito operacional, Louise também realizou Treinamento de Membro da Tripulação Técnica (Technical Crew MemberTCM), que permite ocupar posição na cabine e ajudar inclusive na navegação.

“Foi um grande aprendizado até começar o serviço, pois sou nova nessa área. O treinamento em análise de cenários tem sido útil para eu aprender enquanto estamos na base. A Universidade de Plymouth oferece esse módulo como parte da formação em Cuidados Críticos. Combinar novas aprendizagens teóricas e práticas nos diversos cenários é bastante difícil às vezes, mas geralmente agradável!

“Agora, as coisas estão um pouco diferentes devido ao COVID-19. Estou trabalhando como parte de uma equipe a fim de obter experiência como TCM. Normalmente, eu me sento ao lado do piloto para que possamos sempre ter um paramédico qualificado em cuidados críticos na parte de trás do helicóptero com nossos pacientes. Analisamos as missões posteriormente, para que eu possa aprender com elas e melhorar. ”

Desde 1987, a Cornwall Air Ambulance já realizou 28.800 missões. Em 2019 foram 1.144 e as tripulações levam em média 12 minutos para chegar às pessoas que precisam de cuidados. Os custos de funcionamento da operadora aeromédica são financiados inteiramente através de doações.

  • Para saber sobre vagas na Cornwall Air Ambulance – CLIQUE AQUI.

A História do Mecânico de Aeronave

Ronaldo Barreto de Oliveira

Diferentemente da falta de consenso mundial sobre a definição do inventor do avião – já que alguns atribuem tal feito aos irmãos Wright [1], no ano de 1903, e outros acreditam que o pioneirismo foi de Alberto Santos Dumont [2], em 1906 –, definir, através de pesquisa científica, quem foi primeiro mecânico de manutenção aeronáutica é algo mais fácil de ser feito e com uma certa unanimidade.

Conforme pesquisas realizadas a associações de mecânicos de manutenção aeronáutica dos Estados Unidos da América (EUA), por meio da Internet, mormente à Aircraft Maintenance Technicians Association (AMTA) [3], corroborando outros achados na rede mundial, como nos sítios eletrônicos da General Aviation News (2013) [4], da Dom Magazine (2011) [5] e da National Aeronautics and Space Administration (2013) [6], o primeiro mecânico de manutenção aeronáutica da história foi Charles Edward Taylor.

O primeiro motor Wright Horizontal de 1903, construído por Charlie Taylor.
O primeiro motor Wright Horizontal de 1903, construído por Charlie Taylor.

Com fulcro nas fontes acima citadas, os irmãos Wright, Orville e Wilbur, tentavam, à época, colocar propulsão originada de um motor em seu Wright Glider [7], de modo a fazê-lo sair da classe de planador para a classe de avião motopropulsionado.

Todavia, com a relação exigida de potência e peso, não havia nada disponível nos EUA, e eles não encontraram qualquer fabricante que poderia ou quisesse fazer, talvez pelo empenho somente em uma unidade, não despertando interesse econômico e comercial em construir um motor com as especificações exigidas – menos de 200 (duzentas) libras de peso, que oferecesse entre 08 (oito) e 10 (dez) cavalos de potência. Foi quando consultaram Charles, que já os havia ajudado na construção de alguns componentes para o Wright Flyer [8].

Nascido em 24 de maio de 1868, Charles Edward Taylor terminou o ensino médio em Lincoln, a capital do estado norte-americano do Nebraska, onde também trabalhou como mecânico. Sua relação em comum com Orville e Wilbur Wright deve-se ao fato de que a família de sua noiva, Henrietta, conhecia os irmãos Wright.

Em 1901, os irmãos Wright precisavam de alguém de confiança para assumir a sua loja de bicicletas, Cycle Company Wright, enquanto eles se dedicavam a testes com protótipos de aviões e planadores, tarefa que foi direcionada para Charles.

Com essa proximidade, além dos serviços da loja de bicicletas, Charles foi imerso também nos trabalhos que, utilizando a prática de tentativa e erro, tinham o propósito de construção de uma máquina voadora de madeira e tecido.

Charles, apesar de já haver construído algumas peças para os irmãos Wright, passou a enfrentar o seu grande desafio, que foi a construção de um motor.

Utilizando o espaço físico e as ferramentas da loja de bicicletas, tornos, furadeira, esmeril, ferramentas manuais e um bloco de alumínio, em seis semanas, tempo julgado surpreendente para as tecnologias, materiais e ferramentas disponíveis, Charles Edward Taylor construiu um motor de quatro cilindros, que produzia 12 (doze) HP a 1.000 (mil) rpm [9][10], pesava 180 (cento e oitenta) libras e era refrigerado à água, que foi o primeiro motor aeronáutico da história. Sua relação peso / potência era o estado da arte à época.

Figura 2 - Charles Edward Taylor (1868-1956). Fonte: General Aviation News (2013) .Charles Edward Taylor foi chamado de herói desconhecido da Aviação, por ter sido o primeiro mecânico de aeronaves que construiu e manteve os primeiros motores aeronáuticos.

Nos cinco anos subsequentes, com a ajuda de Charles, os irmãos Wright melhoraram os seus projetos de aeronaves e motores. Charles chegou a ser chamado de o outro irmão Wright, trabalhando em diversos outros projetos.

Charles criou uma profissão que é pouco reconhecida pelo público em geral. Milhares de homens vêm, ao longo dos anos, seguindo os passos de Charles como mecânicos de aeronaves, tanto na aviação militar como na aviação civil, carregando um fardo bastante pesado, que é manter as aeronaves transportando milhares de pessoas diariamente e com total segurança de voo.

Quando é observada uma aeronave voando, deve-se recordar e enaltecer os inúmeros homens e mulheres que estão por trás de seu projeto, de sua produção e, sobretudo, de sua manutenção.

Charles continuou a trabalhar até 1944, quando se aposentou devido a problemas de saúde. Em 1945, sofreu um ataque cardíaco que o incapacitou de continuar trabalhando, vindo a falecer em janeiro de 1956.

Charles está enterrado em um santuário da história da aviação, em Burbank, Califórnia, nos EUA, e foi incluído no Hall da Fama Nacional da Aviação em 1965.

Nos EUA, desde 2008, quando aprovada uma resolução do Congresso Americano, no dia 24 de maio, data de nascimento de Charles Edward Taylor, é celebrado o Dia do Técnico de Manutenção de Aviação. Além disso, foi também instituído o Prêmio Charles Taylor, que reconhece as realizações dos mecânicos de manutenção.

O prêmio Charles Taylor foi homologado pela FAA em homenagem ao primeiro mecânico de aviação, sendo requisito para a premiação ter dedicado 50 (cinquenta) anos à manutenção aeronáutica. Ao agraciado, junto com uma placa comemorativa, as suas honras são registradas em um livro.

Cumpre notar que, com o crescimento da indústria aeronáutica, cresceram também as necessidades de mais mecânicos, e agora com qualificações diversificadas. Anteriormente, alguns mecânicos tinham habilidades para trabalhar em toda a aeronave, o que acontecia até pela menor complexidade dos equipamentos, porém, com o passar dos tempos, os sistemas das aeronaves, principalmente o eletrônico, passaram a requerer mecânicos mais especializados.

Atualmente, com a introdução de sistemas de última geração embarcados, de navegação, hidráulico, de superalimentação de motor, entre outros, exige-se praticamente um especialista para cada área.

Figura 3 - Banner publicitário referente ao Dia do Técnico de Manutenção de Aviação. Fonte: Professional Aviation Maintenance Association (2013) .


Autor: Ronaldo Barreto de Oliveira é Major da Polícia Militar de São Paulo, Comandante de Aeronave e Instrutor de Voo do Comando de Aviação – “João Negrão”.


[1] Os irmãos Orville Wright (1871-1948) e Wilbur Wright (1867-1912) construíram, em 1903, o avião Flyer1, reconhecido pela Federation Aeronautique Internationale (FAI) como o primeiro aparelho voador controlado, mais pesado que o ar (WIKIPÉDIA, 2013a). Informação disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Irmaos_Wright>. Acesso em: 10 dez. 2013.
[2]Alberto Santos Dumont (1873-1932), aeronauta, esportista e inventor brasileiro, construiu e voou com os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Também foi o primeiro a decolar um avião (14 Bis) impulsionado por um motor a gasolina, em 23 de outubro de 1906 (WIKIPÉDIA, 2013c). Informação disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Santos_Dumont>. Acesso em: 10 dez. 2013.
[3]Associação de Técnicos de Manutenção de Aeronaves. Informação disponível em <http://www.amtausa.com/>. Acesso em: 17 set. 2013.
[4]Informação disponível em:<www.generalaviationnews.com>. Acesso em: 10dez. 2013.
[5]Informação disponível em:<www.dommagazine.com/article/charles-e-taylor>. Acesso em: 10dez. 2013.
[6]Informação disponível em:<http://wright.nasa.gov/airplane/eng03>. Acesso em: 10dez. 2013.
[7] Planador projetado pelos irmãos Wright. O que diferencia um planador de um avião é que aquele não possui motor, sendo que o seu voo se dá devido ao seu perfil aerodinâmico associado às correntes atmosféricas.
[8] Avião projetado pelos irmãos Wright.
[9] HP = Hourse Power. É uma unidade de potência, anglo-saxônica, comumente utilizada para classificar motores de combustão interna.
[10] rpm = rotações por minuto.

Grupamento Aéreo: história e evolução da aviação pública paranaense

O emprego de aeronaves na Guerra do Contestado (1912 a 1916) e a convivência com os pioneiros da Aviação Militar do Exército Brasileiro, dentre eles o Tenente Ricardo Kirk, aguçou no efetivo da Polícia Militar do Paraná (PMPR) o desejo de adquirir seus próprios aeroplanos.

Em 1916 Santos Dumont veio ao Paraná e visitou Foz do Iguaçu, Guarapuava, Ponta Grossa e Curitiba; tendo sido recebido pelo Presidente do Estado.

Surgiu então, na Sociedade Beneficente e Recreativa dos Oficiais Inferiores,[1] atual Sociedade Beneficente dos Subtenentes e Sargentos (SBSS), a ideia de abrir uma subscrição para a coleta de donativos para a compra de um avião.

No início de 1917 a proposta foi endereçada ao Comandante-geral do Regimento de Segurança (PMPR), que deu o “Concordo”, e encaminhada ao Presidente do Estado, Affonso Alves de Camargo, que deu o “Autorizo”.

Em abril do mesmo ano foi formada uma Comissão de Sargentos, constituída pelo Sargento Ajudante Estácio dos Santos, e os Primeiros Sargentos: João Mateck, Oscar de Barros, João Dohms, Laurindo Olegário Dias, Orestes Fernandes dos Santos e Higino Perotti, para o recolhimento das doações. Todo valor arrecadado passou a ser publicado nas Ordens do Dia da Corporação; e em janeiro de 1918 já se havia obtido a quantia de Dezoito Contos de Réis, o suficiente para a compra de uma aeronave.

Na época os jornais informavam que o aviador Elígio Benini, no Rio de Janeiro, oferecia um aeroplano à venda. Foi então designado o Sargento Perotti (especialista mecânico) para viajar até o Rio, e verificar as condições da compra e do aparelho. A oficialização da aquisição entretanto, foi feita pessoalmente pelo próprio Comandante-geral, Coronel Fabriciano do Rego Barros.

Batismo da aeronave

Em 6 de janeiro de 1918 o avião chegou a Curitiba, e em 1 de fevereiro foi testado o funcionamento de seu motor; tendo sido realizado um pequeno voo de cinco minutos para teste, e às escondidas, para não estragar a festa de batismo.

O batizado do aeroplano foi realizado em 17 de fevereiro, pela Sra. Etelvina Rebello de Camargo, Primeira Dama do Estado, que em homenagem à iniciativa dos Oficiais Inferiores, deu à aeronave a denominação de Sargento. Em seguida foi fixa à sua lateral uma faixa com a designação, e sob os acordes da Banda de Música, o piloto Luiz Bergmann decolou e lançou mensagens de agradecimento à população.

Primeiros pilotos e a segunda aeronave 

Como prêmio pela iniciativa, o Comandante-geral escolheu dois sargentos para realizarem o curso de pilotagem na Escola de Aviação Naval da Marinha Brasileira; tendo sido escolhido o Primeiro Sargento Higino Perotti, do 1° Batalhão de Caçadores, e o Segundo Sargento Miguel Balbino Blasi, do Companhia de Bombeiros Pontoneiros, ambos da Força Militar do Paraná (PMPR).

A Marinha procurava estimular o interesse pela aviação, e em 1919, na cerimônia de formatura desses sargentos, o Almirante Gustavo Antônio Garnier pessoalmente lhes entregou o certificado de conclusão do curso, e como incentivo fez a doação de mais uma aeronave para a Corporação.

Escola Paranaense de Aviação

Como a compra do aparelho se deu pelo apoio de toda comunidade, o então Comandante-geral decidiu que os benefícios dessa aquisição deveriam se estender a todos. E ainda em 1918 reuniu-se com o Comando do Exército no Paraná, para juntos criarem uma escola de aviação com o objetivo de promover o ensino da aviação militar.

Em 24 de março de 1918 foi oficialmente criada a Escola Paranaense de Aviação. O primeiro Conselho Administrativo foi composto pelo Tenente-coronel Benjamim Augusto Lage da Força Militar do Estado (Presidente); Major Félix Merlo do Exército Brasileiro; Capitão Braúlio Virmond de Lima do Tiro Rio Branco (Tiro de Guerra); Doutor Ildefonso de Assumpção (civil); Capitão João Alexandre Busse da FM; e o piloto Luiz Bergmann (Diretor-Instrutor).

A primeira Sede Administrativa foi no quartel da Companhia de Bombeiros Pontoneiros; e o hangar e a pista de pouso e decolagem eram no atual bairro do Portão. Em seu primeiro curso foram inscritos os Capitães Waldemar Kost e João Alexandre Busse; os Sargentos João Dohms, José Scheleder e Tancredo Martins de Oliveira; e o civil Sr. Geraldo Zanicotti.

Em 5 de julho de 1927 um incêndio destruiu as aeronaves. E após a Revolução de 1930 as Forças Militares dos Estados, atuais Polícias Militares Estaduais, ficaram proibidas de possuírem aviação.

Em 9 de janeiro de 1932 foi criado o Aeroclube do Paraná.

Aeronaves da Escola Paranaense de Aviação:

• Morane-Borel I – Sargento
Monoplano biplace (em tandem) com comando único;
Motor Gnome – 7 cilindros e 80 HP;
Comprimento – 8,35 m;
Envergadura – 11,65 m.

• Morane-Borel II
Monoplano biplace (em tandem) com comando duplo;[4]
Motor Luct – 9 cilindros e 120 HP;
Peso vazio – 270 kg;
Autonomia – 4 horas;
Comprimento – 8,35 m;
Envergadura – 11,65 m.

CAER – Centro de Operações Aéreas

Em 2002 foi criado no Paraná o Centro de Operações Aéreas (CAER), diretamente subordinado à Secretaria de Segurança Pública, conjuntamente constituído por efetivo da Polícia Militar e Polícia Civil.

O CAER tinha por finalidade a execução de operações aéreas policiais e de resgate, de acordo com as missões institucionais da Polícia Militar e Polícia Civil do Estado do Paraná; podendo ainda atuar na Defesa Civil, quando determinado pelo Governador do Estado.

Estrutura administrativa

• Coordenação;
• Sub-coordenação;
• Divisão de operações e instrução;
• Divisão de segurança de voo;

A função de Chefe da Divisão de Segurança de voo cabia ao membro do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER), preferencialmente credenciado como Oficial de Segurança de Voo (OSV) ou Agente de Segurança de Voo (ASV).

• Divisão de apoio administrativo e financeiro;
• Divisão de manutenção e suprimentos;
• Divisão de comunicação social;
• Conselho operacional de voo.

Com a missão de avaliar o desempenho das equipes de voo, o planejamento das atividades aéreas e a doutrina do Grupo.

Aeronaves do CAER

Foram adquiridos dois helicópteros Bell 206L4 Jet Ranger, devido permitirem transportar sete pessoas. Dessa forma podia ser usado pelo Corpo de Bombeiros no resgate de feridos pelo SIATE ou, eventualmente, no transporte de uma equipe de operações especiais. As aeronaves foram designadas como: Gralha 1 e Gralha 2, em homenagem à gralha-azul, ave símbolo do Estado do Paraná.

Em 2002 as Gralhas foram pintadas na cor cinza. Entretanto, devido ao baixo contraste apresentado, foram repintadas em 2003, na cor laranja com listras pretas.

Em junho de 2003 o CAER foi dissolvido. A PMPR ainda tentou realocar as aeronaves e propôs a constituição de um Esquadrão Aéreo (ESAer). Entretanto o projeto não foi aceito e as aeronaves (locadas) devolvidas. Em 2005 foi oficializada a extinção da CAER.

Serviço Aeropolicial

Desde 1992 a Seção de Transporte Aéreo já operava com dois helicópteros Bell 206 B3 (Falcão I e Falcão II). Essas aeronaves foram adquiridas para uso do governo estadual, mas também atuavam em atividades de segurança pública. Mesmo durante a existência do CAER esses helicópteros permaneceram independentes, empregados basicamente no acompanhamento a ocorrências policiais e transporte de guarda-vidas na temporada de veraneio (Operação Verão).

Em 2009 foi adquirido mais um helicóptero (Helibrás EC 130 B4) para operar nas mesmas condições dos outros dois aparelhos; além de servir também para transporte de feridos pelo SIATE, pois a sua configuração possui mais conforto e espaço.

Em junho de 2010 foi instituído o Serviço Aeropolicial, subordinado ao Chefe da Casa Militar. A missão do Serviço Aeropolicial era, além de dar apoio ao governo federal, estadual e municípios, realizar ações de defesa civil, operações policiais, resgates, buscas e salvamentos terrestres e aquáticos, e atendimento pré-hospitalar (SIATE).

Grupamento Aeropolicial – Resgate Aéreo

Brasão GRAER ParanáEm outubro de 2010 o Serviço Aeropolicial foi transformado em Grupamento Aeropolicial – Resgate Aéreo (GRAER) e passou a subordinar-se ao Subcomandante-geral da Polícia Militar do Paraná. O GRAER está sediado em Curitiba, no Hangar 23 do Aeroporto do Bacacheri, mas o Comandante-geral da PMPR está autorizado a também criar bases operacionais no interior do Estado. Com a criação do GRAER, passaram para sua responsabilidade as aeronaves de asas rotativas pertencentes ao STA, com suas respectivas tripulações militares.

Missão do GRAER

• A missão do GRAER é o apoio aéreo no policiamento ostensivo, no socorrimento público, nas ações de defesa civil, nas ações e operações policiais militares e bombeiros militares, no apoio a órgãos federais, estaduais e municipais em todo território nacional, em missões de segurança pública e/ou de defesa civil, no transporte de autoridades e em todas as demais ações de preservação da ordem pública, conforme diretrizes do Comandante-geral.

• As atribuições, estrutura, competências e responsabilidades orgânicas e funcionais do GRAER, bem como as normas de operação, segurança, formação e treinamento de pessoal especializado, serão previstas em regulamento próprio, aprovado pelo Comandante-geral, mediante proposta do Comandante do GRAER, observadas as disposições do decreto de sua criação.

• Todos os assuntos relativos à aquisição, locação, manutenção e assessoramento a respeito de aeronaves de asas rotativas no âmbito da Polícia Militar, serão de competência da Polícia Militar do Paraná, com o assessoramento do Comandante do GRAER.

• Outras aeronaves, a critério do Chefe do Poder Executivo, poderão integrar o GRAER, para missões estabelecidas no decreto de criação (do GRAER).

Fonte: PMPR

Transporte aeromédico: evolução e história

Douglas Ferrari

Balões iniciam transporte de feridos

Na mitologia grega Ícaro ganha asas e estabelece o sonho do homem em voar. Em 21 de novembro de 1783 Pilatre de Rozier and the Marques d’ Arlandes após experimento com balão de setembro de 1783 com animas realizado por Montgolfier, fizeram o primeiro vôo na altitude de 3000 pés por 20 minutos e percorrendo distância de 8 km na França. Iniciava importante passo onde a conquista do céu, na liberdade de voar, projetava a humanidade sobrepondo seus limites.

Em 24 de setembro de 1852 Henri Giffard acopla motor de 3 HP na velocidade de 27 km/hora do hipódromo de Paris a cidade, iniciando a era dos dirigíveis.

A fisiologia da altitude era desconhecida e logo viriam os sintomas das baixas pressões atmosféricas. A necessidade do transporte militar e feridos foi surgindo, onde na guerra Franco Prussiana em 1855 foi amplamente utilizada a remoção e resgate Aeromédico.

Feridos eram transportados de forma rudimentar para Hospitais de campanha, já se observando as vantagens ganhas em tempo e segurança, porém eram transportes realizados com ausência ou limitações de profissionais de saúde, principalmente médicos.

Tropas alemãs inflando um balão de observação em 1940.
Tropas alemãs inflando um balão de observação em 1940.
Balão utilizado na Guerra Franco-Prussiana ( 1870 - 1871 ): Forças Napoleônicas.Praça de St. Pierre.
Balão utilizado na Guerra Franco-Prussiana (1870 – 1871): Forças Napoleônicas.Praça de St. Pierre.

Paul Bert: Médico Fisiologista e “Pai da Fisiologia da Altitude”

O primeiro médico fisiologista dedicado a fisiologia da altitude foi Paul Bert, que através de câmara hipobárica, analisou os efeitos da baixa pressão em humanos e animais sobretudo no sistema Respiratório e Cardiovascular.

Bert demonstrou que o homem não estava adaptado ao ambiente aéreo e estava sujeito a hipóxia, hipotermia, mal estar intermitente e efeitos deletérios do oxigeno e nitrogênio. Mas a aviação foi desenvolvendo e dezembro de 1903, Orville e Wilbur Wright, os irmãos Wright, fazem o primeiro voo controlado de um avião “com motor”, percorrendo 852 pés com o modelo Flyer nos EUA, porém Santos Dumont efetua em outubro de 1906 o primeiro voo homologado da história no avião 14 BIS de 50 CV, estaria definitivamente inventado o avião.

As aeronaves evoluíam, porém os limites da biologia humana impunham estudos, 90% das mortes dos pilotos eram atribuídas a despreparo e consequência da fisiologia do voo. Surgia a Medicina Aeroespacial objetivando o estudo da fisiologia do voo, contribuindo nos equipamentos e roupas para pilotos e tripulações.

Na I Guerra Mundial iniciava os primeiros modelos de aeronaves para transporte aeromédico. Eram rudimentares, despressurizadas, com sistema de rede de oxigênio suplementar, em monomotores de velocidade média de 150 km/hora e os feridos encontravam-se em compartimentos a frente do piloto. Já no contexto da Guerra Franco-Prussiana, Henri Dunan inconformado com a crueldade da guerra cria a Cruz Vermelha internacional.

Paul Bert (1833-1886), francês, médico fisiologista.
Paul Bert (1833-1886), francês, médico fisiologista.
Médico e fisiologista Paul Bert (1833 - 1866 ), estudos dos efeitos fisiológicos da baixa pressão atmosférica ( experimento com Câmara Hipobárica )
Médico e fisiologista Paul Bert (1833 – 1866), estudos dos efeitos fisiológicos da baixa pressão atmosférica (experimento com Câmara Hipobárica)

Cruz Vermelha Internacional e equipe de saúde

Conferência de Genebra na Suíça que entre muitas medidas estabelece que a equipe de saúde em seus capacetes e braceletes, ambulâncias e aeronaves receberiam o símbolo oficial da Cruz em tom avermelhado para identificação do atendimento e transporte de feridos.

Após a I Guerra, o sistema de remoção aérea foi desenvolvendo porém com limitações de custos e pessoal treinado. Aeronaves amplas com médicos e enfermeiros, maior conhecimento da fisiologia do voo e aeroportos homologados, já permitiam o transporte mais adequado e rápido.

A II Grande Guerra novamente impulsiona a necessidade de transporte rápido de feridos, alemães e americanos adaptam aeronaves militares de transporte para “ambulâncias aéreas” com macas apropriadas, sistema de aspiração e oxigênio, equipamentos de ventilação não invasiva com máscaras, medicações e com presença dos profissionais de saúde para atendimento. O transporte aéreo organizado para Hospitais militares de retaguarda permitia ampliar a remoção de vários pacientes ao mesmo tempo em aviões amplos como o americano DC – Douglas.

Avião utilizado na 2a. Guerra Mundial para remoção de feridos.
Avião utilizado na 2a. Guerra Mundial para remoção de feridos.
Junker JU.52/3M ambulância. Sistema do Serviço de Saúde Alemã, Remoção aérea na II Grande Guerra.
Junker JU.52/3M ambulância. Sistema do Serviço de Saúde Alemã, Remoção aérea na II Grande Guerra.
França, 1917. Transporte Aéreo rudimentar na I Guerra Mundial.
França, 1917. Transporte Aéreo rudimentar na I Guerra Mundial.

O Helicóptero

Em 1907, Loius Breget elabora a teoria da asa rotativa, entre vários experimentos somente em 1935 finaliza o protótipo com rotor duplo, porém a concepção atual dada ao helicóptero com rotor central e de cauda foi elaborada em 1939 através Igor Sikorsky, o modelo VS 300 voou 1 hora, 32 minutos e 26 segundos.

O helicóptero, do grego Helix ( helicóide) e Pteron (asa) , logo estaria inserido como aeronave de transporte aeromédico em virtude da sua configuração versátil, não necessitando de pistas e efetuando pouso vertical.

Os primeiros aparelhos equipados para resgate de feridos já surgiram na II Guerra, porém foi na Guerra da Coréia em 1955 que sua utilização foi empregada onde helicópteros de pequeno porte monopilotado apresentavam macas fechadas no esqui protetor.

O transporte era rudimentar, em baixa altitude, sem equipe de vigilância durante o voo e já demonstrava a necessidade do piloto em conhecer procedimentos básicos de primeiros atendimento.

Em 1962 a Guerra do Vietnam inicia, em terreno acidentado, floresta fechada e graves epidemias, tornou o helicóptero a melhor opção para deslocamento militar e de feridos. O mais utilizado foi H1, em geral com dois pilotos, contava com maca interna, equipe de auxiliar ou enfermeiro e médico para sobretudo efetuar resgate de feridos em missões com pouca segurança e sujeita a artilharia inimiga.

A Guerra do Vietnã demonstrou a necessidade de treinamento para equipes de saúde específicas, dando início a era da asa rotativa e UTI aéreas. Já nessa época, o médico e engenheiro aeronauta Forrest Bird inventa o mais importante ventilador pulmonar invasivo pressórico designado BIRD Mark7 para utilização em UTIs militares e aeronaves de resgate.

Louis Breget, modelo de 1907 com assento central e quatro hélices rotativas.
Louis Breget, modelo de 1907 com assento central e quatro hélices rotativas.
Louis Breget, modelo de 1907 com assento central e quatro hélices rotativas.
Louis Breget, modelo de 1907 com assento central e quatro hélices rotativas.
Igor Sikorsky testando seu primeiro modelo de helicóptero.
Igor Sikorsky testando seu primeiro modelo de helicóptero.
1939, Igor Sikorsky em seu primeiro vôo no VS 300, inventor do helicóptero no modelo atual.
1939, Igor Sikorsky em seu primeiro vôo no VS 300, inventor do helicóptero no modelo atual.
1950 - Guerra da Coréia - Ferido sendo carregado para ser transportado por helicóptero.
1950 – Guerra da Coréia – Ferido sendo carregado para ser transportado por helicóptero.
Coréia - Transferência de ferido transportado pelo helicóptero para uma ambulância.
Coréia – Transferência de ferido transportado pelo helicóptero para uma ambulância.
Coréia - Modelo de helicóptero com maca lateral externa.
Coréia – Modelo de helicóptero com maca lateral externa.
Guerra da Coréia ( 1948 - 1953 ) - Início do transporte Aeromédico através de asa rotativa
Guerra da Coréia ( 1948 – 1953 ) – Início do transporte Aeromédico através de asa rotativa
Vietnã ( 1964 - 1975 ). O Transporte em helicópteros foi amplamente utilizado, surgem as primeiras ambulâncias aéreas equipadas nos padrões atuais.
Vietnã ( 1964 – 1975 ). O Transporte em helicópteros foi amplamente utilizado, surgem as primeiras ambulâncias aéreas equipadas nos padrões atuais.

Apogeu da Remoção Aérea

Na década de 80 inicia o apogeu do transporte aeromédico. Aeronaves rápidas como jatos, tornaram-se verdadeiras UTIs Aéreas, com ventiladores pulmonares específicos, desfibriladores, Bombas de Infusão apropriadas, medicações, monitores cardíacos e principalmente equipe aeromédica treinada. Velocidades de 27 km/hora alcançam 900 km/hora, em cabines pressurizadas, ambiente confortável para paciente e equipe, com normas internacionais rígidas, proporcionando rapidez e segurança.

Novos desafios virão. A medicina não tem fronteiras. Infelizmente o transporte aeromédico ainda serve parcela da população, seja por motivos culturais, financeiros ou mesmo centros avançados que dispensam a necessidade do transporte aéreo. Custos como da aeronave, hangaragem, manutenção, combustível, seguro, equipe treinada, equipamentos médicos dificultam a ampliação da utilização deste fundamental recurso destinado ao paciente grave.

Cabe agora ao ser humano trazer a tecnologia para seu bem estar, trazer os avanços da ciência da engenharia e da medicina para seu próprio uso, transformar e democratizar conquistas humanas para o bem, sem dúvida o transporte aeromédico reflete esta filosofia, da superação em salvar vidas humanas que não possui preço.

Remoção Atual em Helicópetro: Equipe multiprofissional, equipamentos compondo UTI aérea. Segurança e Rapidez.
Remoção Atual em Helicóptero: Equipe multiprofissional, equipamentos compondo UTI aérea. Segurança e Rapidez.

Fonte: www.medicinaintensivista.com.br

Autor: Douglas Ferrari, Médico Intensivista, professor universitário, Mestre e Doutor em Terapia Intensiva. Idealiza o conceito interdisciplinar e amplo no tratamento do paciente crítico. Dedica-se integralmente a publicações científicas e a especialidade. Educador, coordena os Centros Formadores de Especialistas em Terapia Intensiva. É Presidente-Fundador da SOBRATI, editor da Revista Intensiva, Presidente do IBRATI  ( Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva ).

Conheça a história do Batalhão de Aviação da Brigada Militar do RS

Blog POA SPOTTER

A semente de uma Brigada Militar Aérea foi plantada em 06/08/1915, quando o Comandante-Geral da época, Coronel Emílio Massot, com uma visão futurista, propôs ao então Presidente do Estado, Borges de Medeiros, a criação de uma escola de aviação.

O ofício anexava um estudo detalhado, com análises claras e fundamentadas, sobre características de um bom campo de aviação, suas instalações, serviços de apoio, socorros e comunicações.

Ainda continha comentários sobre os aviões de instrução, sua aquisição e a respectiva estimativa de preços, além da sugestão de um currículo escolar, indicando assuntos teóricos e prevendo exercícios práticos. O projeto, porém, foi recusado pelo Presidente do Estado, que o considerou assunto de alçada do Governo Federal e do Ministério da Guerra.

Oito anos depois, em virtude do Governo do Estado encontrar-se convulsionado pelo movimento revolucionário de Assis Brasil, o Coronel Massot viu uma nova oportunidade para introduzir a aviação na Brigada Militar, sendo então regulamentado, através do Decreto Estadual Nr. 3161, de 28 de Maio de 1923, o Serviço de Aviação da Brigada Militar.

O DESENVOLVIMENTO

Localizado no terreno do Porto de Veterinária na Várzea do Gravataí, cercanias de Porto Alegre (atual Aeroporto Internacional Senador Salgado Filho), o Serviço de Aviação começou a funcionar com uma pista de 600 metros de comprimento e dois hangares (um fixo e um desmontável), instalações para alojamento e pessoal, oficinas e serviços burocráticos. Noêmio Ferraz, ex-sargento-aviador do Exército, da turma de 1921, foi contratado paras as missões de voo e Osório Oliveira Antunes, para as funções de observador aéreo, sendo a ambos atribuído o posto de Alferes.

O primeiros aviões vieram da Argentina. Eram dois Breguet 14 usados, com motor de 300HP, adquiridos pelo Governo Estadual, através da Secretaria de Obras Públicas e receberam a identificação de BM-1 e BM-2.

Em 30 de Maio de 1923, ocorreram, de forma pioneira, os primeiros voos de experiência sobre Porto Alegre e proximidades. Estavam equipados com metralhadoras, fuzis e lançadores de bombas, à semelhança dos aeroplanos utilizados na Primeira Guerra Mundial.

As metralhadoras foram posteriormente retiradas, pois se destinavam apenas a combates aéreos. Quanto as bombas, construídas pela própria Brigada, só produziam efeito moral e destinavam-se a espantar as montarias, provocando estouro da cavalhada, deixando as tropas inimigas confusas e a pé na perseguição dos animais.

As missões deste serviço de aviação eram e observação, reconhecimento e informação dos movimentos das tropas do Estado, iniciando sobre as cidades de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Alfredo Chaves (hoje Veranópolis), ao Norte. Também foram efetuadas missões sobre Cachoeira do Sul, São Sepé, Caçapava do Sul e Encruzilhada do Sul, ao oeste. No sul foram efetuadas missões sobre Camaquã e Pelotas, sendo percorridas distâncias superiores a 200 Km.

A INTERRUPÇÃO DOS SERVIÇOS

Em 09 de Agosto de 1923, o BM-1 decolou da Várzea do Gravataí, numa de suas missões de observação, com Ferraz e Osório. No regresso, quando em sobrevoo da Várzea do Piquerí (atualmente Passa Três), o avião incendiou-se, obrigando o piloto a efetuar uma aterragem de emergência.

O Alferes-aviador Noêmio Ferraz, mesmo sofrendo a ação do fogo, com muita perícia, conseguiu efetuar um pouso forçado junto a um morro, sendo arremessado para fora do aparelho, salvando-se milagrosamente. O mesmo não aconteceu com seu companheiro, o Alferes-observador Osório, que pereceu queimado por entre os destroços.

Os voos passaram a ser realizados pelo BM-2. Já desgastado, começou a apresentar panes constantes. Foram em vão as tentativas de aquisição de novas aeronaves, sendo que, na impossibilidade de se cumprir as missões com o BM-2, o serviço foi extinto.

Então no dia 02 de Janeiro de 1924, o Coronel Massot, assinou o ato de término do serviço com a seguinte explicação: “dada a construção antiga dos aeroplanos adquiridos e por consequência já muito usados, não logrando êxito no novel serviço”.

A aviação do Estado teve uma curta duração e uma equipe pequena, mas numa época em que a maior segurança de voo era o retorno das aeronaves ao seu campo de pouso, o exemplo de Ferraz e Osório foi grande e ficou perene, pelo desprendimento e pela coragem que, pioneiramente nos pagos gaúchos, elevaram ainda mais o valor da aviação, que a visão acurada do Coronel Massot soubera divisar nos primórdios dos serviços aéreos.

RENASCE O SERVIÇO AÉREO

Após 66 anos do pioneirismo da Aviação Brigadiana, o Governo do Rio Grande do Sul, atento à necessidade de modernização da sua Polícia Militar e buscando o aprimoramento dos serviços prestados à sociedade riograndense, criou em 22 de Setembro de 1989 o Grupamento de Polícia Militar Aéreo (GPMA), localizado no mesmo local, onde, em 1923, ocorreu o pioneiro voo do BM-1 durante a invernada da cavalaria brigadiana, junto a várzea do Gravataí, ontem Aeroporto São João e hoje transformado no Aeroporto Internacional Salgado Filho (SBPA/POA).

A novidade na época da criação do GPMA, foi a aquisição de novas e modernas aeronaves como três motoplanadores Ximango para patrulhamento e um helicóptero MD-500E.

As missões executadas exigem muita habilidade e perícia dos pilotos pois realizam missões que podem ser simples como o transporte de autoridades e logística, ou mais complexas como missões de salvamento e resgate em áreas de difícil acesso, patrulhamento urbano muitas vezes voando abaixo dos limites de altitude e velocidade.

Utilizando o código-rádio “GUAPO”, referência ao nome anterior da Unidade (Grupamento Aéreo de Policiamento Ostensivo) mais o número da aeronave em uso. Os códigos “GUAPO-01” e “GUAPO-02”, não são usados em homenagem aos heróis do passado que voaram as primeiras aeronaves da corporação.

Em 2004 o Batalhão passou a descentralizar suas operações criando bases operacionais:

1) Base Aeropolicial Metropolitana (BAM – 1° Esquadrão de Aviação) – Porto Alegre.
2) Base Aeropolicial da Fronteira (BAF – 2° Esquadrão de Aviação) – Uruguaiana.
3) Base Aeropolicial da Serra (BAS – 3° Esquadrão de Aviação) – Caxias do Sul.
4) Base Aeropolicial Central (BAC – 4° Esquadrão de Aviação) – Santa Maria.
5) Base de Transporte (BT – 1° Esquadrão de Transporte) – Porto Alegre.

Ao visitar as instalações em Porto Alegre percebe-se que este hangar não abriga apenas simples militares, mas especialistas empenhados e dedicados, que nestes quase 23 anos e com mais de 23.000 horas de voo prezam pela segurança de voo e padronizaram procedimentos operacionais em busca da excelência.

Eles a muito perceberam que o militar moderno tem que estar capacitado não apenas para a missão policial e sim para missões de salvamento e resgate, primeiros socorros, atendimento pré-hospitalar, remoção e transporte de feridos. É visível um lado humanitário extremamente desenvolvido.

As aeronaves e tripulações empregadas nas missões são definidas de acordo com o local, tipo de missão, tempo de ação resposta, condições meteorológicas e outras questões a critério do chefe de equipe ou pelo chefe da Seção de Operações. Fazem parte da rotina operacional da unidade as equipes de serviço é constituída pelas tripulações de voo (pilotos e tripulantes operacionais), por um efetivo de operadores de pista, mecânicos, motoristas e guardas do aquartelamento.

A atividade aérea na segurança pública, constituí-se em uma ferramenta veloz, moderna e atuante a disposição dos órgãos de segurança pública pois, proporciona eficiente atendimento e um apoio eficaz, tanto para sociedade, como para as diversas especialidades da Brigada Militar.

As tripulações dos Esquadrões de Aviação e do Esquadrão de Transporte baseados em Porto Alegre e nas demais bases pelo estado, decolam diariamente em missões de apoio aéreo as unidades de policiamento e de bombeiros constituindo-se o “apoio que vem do céu”.

CENTRO DE FORMAÇÃO AEROPOLICIAL (CFAer)

Localizado no Aeroporto da Brigada Militar, em Capão da Canoa, foi criado em 25 de abril de 2005. Tem por função a formação e especialização dos policiais militares na área de policiamento aéreo, bem como o desenvolvimento de programas de incentivo e qualificação técnico-profissional da atividade aeropolicial na corporação.

Possui os seguintes cursos homologados pela Autoridade Aeronáutica Brasileira:

1) Piloto Privado Avião e Helicóptero – Teórico e Prático
2) Piloto Comercial/IFR Avião – Teórico e Prático
3) Piloto Comercial de Helicóptero – Teórico e Prático
4) Instrutor de Voo de Avião e Helicóptero – Teórico e Prático
5) Adaptação ao Helicóptero Esquilo – Teórico e Prático
6) Adaptação ao Helicóptero Schweiser – Teórico e Prático
7) Alem da formação completa para pilotos, o CFAer oferece os seguintes cursos especiais:
8) Curso de Gestão de Unidade Operacional (CGUAPO)
9) Curso de Tripulante Técnico Operacinal
10) Curso de Segurança de Voo

Desde a sua instalação o CFAer já formou mais de 310 profissionais entre gestores, pilotos, instrutores de voo e tripulantes operacionais. Em 2008 instalou um simulador de voo de fabricação americana, para voos por instrumentos simulando voos noturnos ou em condições meteorológicas adversas.

GERENCIAMENTO DA SEGURANÇA OPERACIONAL

Visando assegurar a atividade operacional a níveis aceitáveis de segurança foi implementado o Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO), de acordo com padrões nacionais e internacionais considerando os seguintes aspectos em sua gestão:

1) Gestão de risco.
2) Seção de segurança operacional.
3) Trabalho em equipe.
4) Manual de gerenciamento da segurança operacional (MSGO).
5) Manutenção.
6) Planejamento das operações.
7) Procedimento operacional padrão (POP).
8) Política de segurança operacional.
9) Programa de relato para aviação civil (PRAC).
10) Consciência situacional.
11) Treinamento.
12) Eventos de conscientização.
13) Eventos promocionais.
14) Comissão de segurança operacional (CSO).
15) Programa F.O.D.
16) Auditoria de segurança operacional.

AERONAVES BASEADAS EM PORTO ALEGRE:

Texto e Fotos: Poa Spotter. Contato: [email protected].

História da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 3

O Paraquedismo na Força Pública do Estado de São Paulo

O artigo anterior focalizou a quarta etapa da história de nossa aviação, existindo um grande compasso de espera para a etapa seguinte, a quinta, pois, com a derrota de São Paulo, perdemos, como já foi descrito, o Campo de Marte e os Quartéis de Itapetininga e do Glicério, como presas de guerra.

Com o decorrer dos anos, o Governo Federal devolveu a São Paulo os dois quartéis, continuando de posse de grande área do Campo de Marte, ocupado, nos dias de hoje, pelo Parque da Aeronáutica, do 4º Comando Aéreo da Força Aérea Brasileira.

ForcaPublicaSP

Uma pergunta, talvez, o leitor queira fazer: Como e por que a Força Pública possuía um Núcleo de Paraquedistas?

Resposta: Em 1950, um civil de nome Wolfrado Rodrigues, diplomado pela Escola de Paraquedismo de São Paulo, procurou, no 7º Batalhão de Caçadores de Sorocaba, o oficial de dia, dando a ideia da fundação de um grupo de paraquedistas naquele batalhão.

Tomadas, por termo, todas as informações do referido senhor, mandou o comandante o processo para a devida apreciação da Diretoria Geral de Instrução, no qual a ideia foi bem acolhida, resolvendo o Cel. Diretor propor ao Comandante Geral a sua aprovação, formando-se, pois, o Núcleo de Paraquedismo, não em Sorocaba e sim na própria capital.

Colaborou e muito, o Ten. Milton Cyríaco de Carvalho, do Quartel General, conseguindo formar já a primeira turma, pela Escola de Paraquedismo Civil de São Paulo, situada no Campo de Marte, no ano seguinte, constituindo a quinta etapa, desta brilhante história.

Outro oficial que deu muito impulso foi o Cap. Adauto Fernandes de Andrade que, na época, servia no gabinete do Dr. Erlindo Salzano, vice-governador do Estado. Sendo também o Dr. Salzano um oficial do nosso Corpo Médico, o entusiasmo de ambos conseguiu do Dr. Adhemar de Barros (Diretor da Aerovias Brasil) todo o apoio moral e material, autorizando que os alunos se utilizassem de seus aviões e de DC-3 da Vasp, determinando, ainda, a compra de 20 paraquedas modernos para a Corporação.

As aulas teóricas eram dadas na Escola de Paraquedismo Civil do Estado, no Campo de Marte e, na parte prática, para a obtenção do brevê eram obrigatórios cinco saltos.

Várias publicações nos Boletins Gerais do Quartel General autorizaram os referidos saltos; por curiosidade transcrevemos um deles:

Núcleo de paraquedista – execução de salto: (Bol. Geral nº 97, de 5/5 e Reg. nº 82, de 11/5) – Foi público que no dia 26/04/1953, em Porto Ferreira, neste Estado, os alunos executaram os 4º e o 5º saltos de paraquedas usando os automáticos, os elementos matriculados no Curso de Paraquedista da Força Pública, tendo dirigido os saltos, o Cap. Adauto Fernandes de Andrade.

O entusiasmo aos poucos foi arrefecendo, faltando verbas para a compra de novos e modernos equipamentos mas, um ponto do seu roteiro glorioso, é bom que o leitor se delicie com o artigo abaixo, extraído do livro: Clarinadas da Tabatinguera, no qual é relatada a história do…

Capitão Djanir Caldas – duas loucuras

A tragédia do avião President da Pan American

Era o dia 29 de abril de 1952, quando o mais moderno avião de passageiros do mundo, da Pan American denominado President, sobrevoava de madrugada a selva amazônica, com 60 criaturas humanas, entre tripulantes e passageiros.

Ali estavam brasileiros, norte-americanos, paraguaios, argentinos, homens e mulheres, adolescentes e crianças unidos pelo destino, para escreverem a mais trágica página que a aviação tinha registrado em plagas sul-americanas, até aquela data.

Seriam 4 horas e tudo ia bem a bordo do quadrimotor. As comunicações com a torre procediam-se normalmente e, quando o rádio silenciou, foi para sempre, levando para a incomensurável profundeza da selva, dezenas de almas.

Não havia dúvidas para as autoridades brasileiras e norte-americanas, que sobrevoaram o local, sul do Estado do Pará, de ser humanamente impossível haver sobreviventes, bem como ser impraticável o salto de paraquedas. Este pensamento foi, posteriormente, superado pela coragem de 14 paulistas, 7 da então Força Pública e 7 do Clube de Paraquedistas Civis.

Cerca das 15h, do dia 7 de maio, um DC-3, da Aerovias Brasil, cedido pelo grande político Dr. Adhemar de Barros, levantou voo do Campo de Marte, deixando os ceus nublados de São Paulo, pousando em Porto Nacional, para a sublime missão. Comandava os paraquedistas da Força Pública, o Cap. Djanir Caldas, sendo sua missão apenas de oficial de ligação com as autoridades (havia oficiais superiores nossos e da Aeronáutica), no entanto, nesse dia 7, apresentou-se ao Cel. Ex. Ribamar de Miranda, seu Comandante e o diálogo se fez:

– Senhor Coronel, eu vou saltar com os meus soldados.

– O senhor é paraquedista capitão?

– Não senhor. Nunca vi um paraquedas.

– Então, o senhor não pode saltar.

– Senhor Coronel, não posso deixar que meus soldados saltem na floresta virgem e fiquem sozinhos, sem um oficial presente. Isso nunca aconteceu na história da Força Pública.

– Mas é uma temeridade Capitão Djanir, não posso e não devo dar essa permissão.

– Então, senhor Coronel, eu me licencio da Corporação e saltarei como civil voluntário e serei o único responsável pelo que me acontecer. Firmarei um documento nesse sentido.

 Este último argumento foi aceito pelo Cel. Ribamar, pois não foi possível demovê-lo de sua obstinada intenção.

No dia 11, o DC-3 sobrevoou o local exato do salto, baixou a 300 metros, reduzindo a velocidade. Os paraquedistas expiaram pela janela e viram aquele oceano verde estender-se ao infinito e quase certo que tiveram medo. Treme carcaça…

Talvez, naqueles segundos, tenham vindo à lembrança as estórias terríveis da Amazônia: índios bravios e antropófagos, feras descomunais, formigas gigantes, árvores e insetos carnívoros, areias movediças… mas, ali estavam, com as consciências voltadas com o dever a cumprir, e uma força inabalável os impulsionava para o salto naquele inferno verde – a força misteriosa da solidariedade humana.

Djanir contou-me, na ocasião:

“Que alguns soldados já haviam saltado e quando se abriu a porta do DC-3, para que eu saltasse, senti um vento forte no meu rosto, que ficou insensível, como se estivesse anestesiado. Num relance fiz o sinal da cruz, pensei carinhosamente em minha esposa, esperando nosso segundo filho, na minha filhinha querida e me projetei no espaço; toquei emocionado o chão paraense com alguns arranhões e a alma sôfrega. Em pouco tempo, reunimo-nos para o trabalho penoso de construir um heliponto. Fizemos mais, limpamos o terreno em grande extensão, o que permitiu também o pouso de aviões pequenos. Tudo isso, fizemos com nossos facões, nossos músculos e nossa força moral e espiritual”.

A repercussão do feito heróico ultrapassou nossas fronteiras, os jornais americanos projetando o salto dos nossos 14 paraquedistas, destacando a loucura divina do Cap. Djanir Caldas, que recebeu, com todos os seus companheiros, as condecorações e medalhas, ressaltando a nobreza da solidariedade humana.

O Governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, decretou a promoção de todos os militares ao posto imediato por ato de bravura. Rápida foi a promoção dos 7 praças paraquedistas, providência cumprida pelo Comandante Geral da Força Pública. Mas, a promoção de oficial era competência do governador. O processo demorou demais e, quando tudo estava nos conformes, o Governador era Jânio Quadros que, enfurecido pela projeção política do seu adversário Adhemar de Barros, ordenou a presença de Djanir em seu gabinete.

Bem com a vida, despreocupado, Djanir rumou aos Campos Elíseos e, qual não foi sua surpresa desagradável quando Jânio, desvairado, com o dedo em riste, vociferou contra ele, em tom ameaçador. Djanir, imperturbável, quedou-se em silêncio, até que Jânio findasse aquele extenso palavreado estúpido e desenfreado.

Calmo, com a postura espartana, revidou enfaticamente ao Governador:

– Vossa Excelência não está me ofendendo. Vossa Excelência está ofendendo a minha Corporação, a farda honrada da Força Pública. Como oficial, não admito tal ofensa.

Jânio, extravasando seu ódio, não o promoveu, desrespeitando o decreto do Governador Garcez, determinando, ao Comandante da Força Pública, que transferisse Djanir para o Batalhão mais distante da capital, como castigo.

Outra loucura de Djanir: era ele o capitão mais antigo da Corporação e sua promoção, certamente, ao posto de major, se daria em agosto. Ele não cumpriu a ordem de transferência e, tão pouco, se ligou para o perigo de ser submetido a julgamento no Tribunal Militar, pelo crime de desobediência ao Governador e, quando um oficial superior, com escolta, chegou à sua residência, com ordem de conduzi-lo preso ao Quartel General, Djanir, com a maior calma do mundo, entregou-lhe um requerimento solicitando demissão das fileiras da Força Pública.

Que personalidade fortíssima! Jogou fora quase 30 anos de serviço e os vencimentos de major e seria tenente coronel, com certeza, pelo decreto do ato de bravura. Quem teria coragem de tanta loucura?

Tudo isso, fielmente relatado, foi depoimento seu, quando era elaborado o livro O Salto na Amazônia. Com tristeza, o autor soube de sua apertura financeira, a preocupação e o zelo com sua família, o abandono e o esquecimento de muitos amigos. Djanir empregou-se no Mackenzie, como professor de química, depois de vencer forte competição.

Milagrosamente, o Dr. Adhemar de Barros foi eleito Governador para o quatriênio 1960-64 e, já conhecedor da grande injustiça de Jânio Quadros, determinou ao Comandante da Força Pública, que desarquivasse e lhe mandasse o processo referente a Djanir, pois sua intenção era promovê-lo, resgatando tamanha maldade.

No entanto, a ordem não foi cumprida de imediato, precisava de autuação de vários documentos, revisão de datas, aquela burocracia tremenda! Passou o primeiro ano e nada, veio o segundo ano e nada feito, o processo evoluía somente de gaveta a gaveta, de gabinete a gabinete, de seção a seção e nada, a máquina emperrava, a burocracia era complicada demais e misteriosa (a bem da verdade é preciso que se diga, que houve negligência e, porque não afirmar, sabotagem de colegas, enciumados e invejosos…).

No último ano de seu governo, Adhemar se desesperou, bateu duro na mesa, ordenando que lhe trouxessem o processo com urgência e, quando sua ordem estava sendo cumprida, em 2 de julho de 1966 ele, Adhemar de Barros, foi cassado politicamente pelo Presidente Castello Branco.

Quando tudo parecia perdido, surgiu um anjo da guarda, acidentalmente; Djanir encontrou-se com o Dr. Paulo Pestana, Delegado de Classe Especial da Polícia Civil, seu grande amigo e admirador, na época Secretário de Turismo do Estado que, conhecedor de tantas injustiças sofridas pelo heróico e louco “paraquedista”, contou ao Governador Roberto de Abreu Sodré toda essa história novelesca.

Emocionado, Sodré, depois de legalizado todo o processo, promoveu Djanir a tenente coronel em 1967, 15 anos depois da tragédia do avião President.

Agora, com os vencimentos de tenente coronel, ele pode dar o conforto pleno à família, mas não deixou o Mackenzie, continuou trabalhando e, mercê de sua capacidade de trabalho, inteligência e cultura, aliados aos valores éticos, galgou postos de chefia naquela famosa universidade.

Mas, um fato novo deveria acontecer, para encher de alegria e orgulho toda a família e seus leais amigos. O livro histórico O Salto na Amazônia caiu nas mãos de um jovem e talentoso advogado, o Dr. D’Asti de Lima, que o anexou a um processo, reivindicando a promoção por ato de bravura, como havia decretado o governo Garcez, em 1952.

A ação judicial do Dr. D’Asti foi vitoriosa, promovendo Djanir a coronel, em 1991, sendo então cumprido aquele decreto estadual de 1952, apenas… 39 anos depois!!!

Nota 1: as imagens reproduzidas neste post atestam o dever bem cumprido dos paraquedistas de São Paulo, que na ocasião foram considerados loucos mas, na verdade, foram, pensamos nós, os precursores do PARASAR, organismo de elite, composto de paraquedistas da Força Aérea Brasileira, que tem cumprido sua missão nos mais distantes pontos do território nacional, colaborando em calamidade de outros países, vivendo páginas de glórias onde quer que haja uma vida a salvar!

Nota 2: O Campo de Marte pertenceu, em toda a sua extensão, à então Força Pública, onde eram realizados, como já vimos, os treinamentos e desfiles da tropa. Com o correr dos anos, ele fragmentou-se, aquartelando, nos dias atuais, o Parque da Aeronáutica da FAB, Escolas de Aviação, de helicópteros, inclusive a da Polícia Civil, de Paraquedista e outras Repartições do Estado. Aquartela também o Grupamento Aéreo da PM, com seus Águias, o cartão de visita da Corporação. É a sexta etapa da presença nossa no histórico Campo. E temos a certeza de que o Grupamento veio para ficar.

Sobre o autor:

Coronel PMESP Edilberto de Oliveira Melo

Nasceu em 1920, em Bofete, no interior de São Paulo. Diplomou-se em 1938 na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga. Ingressou como soldado na Força Pública em 1939. Declarado Aspirante a Oficial em 1944 pela primeira turma a se formar no Barro Branco. Diplomou-se instrutor na Escola de Educação Física, tendo como paraninfo o fundador desse notável estabelecimento de ensino, pioneiro no Brasil, o Cel. Pedro Dias de Campos.

Na reserva, foi nomeado diretor do Museu da Polícia Militar e em 1982, assumiu a presidência da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da PM – AORRPM, sendo eleito em mais seis mandatos.

Como presidente de AORRPM defendeu os altos interesses da Corporação. Foi o responsável pela construção da sede da Associação, o Solar da Tabatinguera além de diversas sedes de regionais no Interior do Estado.

Livros publicados:

  • Asas e glórias de São Paulo, em parceria com o Cel. José Canavó Filho
  • O salto na Amazônia
  • Marcos históricos da PM
  • Raízes do militarismo paulista

Fonte: Memórias de um veterano.

História da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 2

O Grupo Misto da Aviação Militar da Força Pública e a Força Aérea Constitucionalista

Ao eclodir a Revolução Constitucionalista de 1932, o Campo de Marte foi retomado por elementos do Regimento de Cavalaria, encontrando-se em um de seus hangares dois aviões Waco, de 180 HP, da Aviação do Exército. Também foram encontrados no 4ºRI mais dois aviões Potez de bombardeio, de 450 HP, constituindo esses 4 aparelhos, o primeiro núcleo da aviação bandeirante, tendo sido presos vários aviadores do exército que não aderiam ao ideal paulista.

Renascia, então, das cinzas a Fênix Rubra, pelo decreto 5590, de 15 de julho de 1932 constituindo, com a ajuda de aviadores civis e militares aquarta etapa da nossa aviação, com a denonimação de Grupo Misto da Aviação Paulista.

Esse grupo passou a dispor dos aparelhos do Exército já citados e mais os seguintes:

  • um Moth e um Fiat doados pelo Aeroclube de São Paulo;
  • um JN pertencente ao Cap. FP Antônio Reinaldo Gonçalvez;
  • um Morane cedido por empréstimo.

 Idealistas paulistas doaram os seguinte aviões:

  • um Moth, 
  • um Fiat,
  • umNewport e 
  • um Henrioth.

Foram comprados no Paraguai mais 4 aviões, sendo ampliados os hangares no Campo de Marte.

Do Rio de Janeiro, chegaram mais um Waco e Newport Delage, ambos de 456 HP, pilotados pelos Ten. Mota Lima e Adherbal da Costa Oliveira, que aderiram à causa constitucionalista, sendo requisitado também um avião Late 26 de bombardeio, 450 HP que pertenceu ao Aeropostal.

Somando ao todo, o governo paulista adquiriu três Curtis-Falcão, todos de 450 HP.

Sob o comando do Maj. Dr. Ismael Torres Guilherme Cristiano, o grupamento possuía os seguinte pilotos: Orton Hoover, Cap. João Negrão, Reinaldo Gonçalvez, Alberto Americano, João de Quadros e Cândido Bravo, os Ten. Vicente Borba, Sebatião Machado e Sílvio Hoelz.

Valorosos elementos da aviação civil apresentaram-se no Campo de Marte, integrando-se no Grupo Misto, como pilotos ou observadores: João Baungart, Rosário Russo, Paranhos do Rio Branco, todos promovidos ao posto de Tenentes de Emergência.

Imitando os aviadores do Exército, Mota Lima e Adherbal de Oliveira também aderiram a Revolução, com o mesmo ideal, os Maj. Ivo Borges, Cap. Lysias Augusto Rodrigues e os Tens. Luis Martins de Araújo, Orsine de Araújo Coriolano, José Angelo Gomes Ribeiro e Mário Machado Bittencourt, esses dois últimos mortos heroicamente, num ataque à navios de guerra da Marinha, que bloqueavam o porto de Santos, impedindo o desembarque de material bélico comprado nos EUA.

Há duas ruas na Vila Mariana homenageando esses valorosos aviadores do Exército Brasileiro.

Estrutura-se, então, a Quinta Arma do Exército Constitucinalista, assim organizado:

Força Aérea

Comando: Maj. Ex Ivo Borges

Grupo Misto de Aviação Paulista 

    • Cmt. Maj. Ismael C. T. Guilherme
    • Subcmt. Cap. João Negrão
    • João de Quadros, Cândido Brava
    • Ten. Vicente Borba, Sebastião Machado
    • Sílvio Hoelz, Benedito de Paula França
    • pilotos civis promovidos a tenente.

 1º Grupo de Aviões de Caça 

    • Cmt. Maj. Lysias A. Rodrigues
    • Pilotos: Cap. Adherbal C. Oliveira
    • José A. Gomes Ribeiro
    • Cap. Arthur Mota Lima
    • Cap. Mário Machado Bittencourt e,
  • pilotos civis do Grupo Misto

Sob a insígna de “Gaviões de Penacho”, a Força Aérea cobriu-se de glórias, não obstante a precariedade de meios. As ações dos intrépitos aviadores da Força Aérea Constitucionalista foram inúmeras, pois, em todas as frentes de combate estavam os nossos aviões, observando, metralhando e bombardeando as posições inimigas. Em duelos com os vermelhinhos de Getúlio Vargas, tivemos grandes batalhas, logrando êxito na maioria delas, muito embora a Ditadura possuísse um poder aéreo dez vezes maior que o nosso.

Para o fecho desta história é necessário que se diga que a Força Pública empregou todo o seu efetivo para a sagrada causa de dar à Pátria sua Carta Magna, a Constituição brasileira.

Lutamos heroicamente por 3 meses, em todos os setores, constituindo o alicerce de todo o Exército Constitucionalista, embora enfraquecida pelas duras campanhas (1922, 24, 26 e 30), sem Artilharia, Aviação Militar e outros petrechos bélicos, confiscados em 1930.

Mesmo assim, a tropa de Piratininga se bateu valentemente, enfrentando um adversário aguerrido, dotado de abundante e moderno material de guerra e efetivo infinitamente superior. Em fins de setembro de 1932, quando a derrota das armas constitucionalistas era iminente, o armistício foi necessário, terminando as operações de guerra a 2 de outubro.

Nesse mesmo dia, a Força Aérea Constitucionalista foi extinta. Foi muito triste!!! A gloriosa Aviação da Força Pública, nascida em dezembro de 1913 teve o seu fim em outubro de 1932.

Perdemos mais uma vez o Campo de Marte, esse campo que leva o nome do Deus da Guerra, esse campo das manobras e desfiles memoráveis da Força Pública, mas certo vírus ficou em suas pistas e em seus hangares, porque a Ave Rubra alçaria o voo com os heróicos paraquedistas da Corporação, em 1950.

Sobre o autor:

Coronel PMESP Edilberto de Oliveira Melo

Nasceu em 1920, em Bofete, no interior de São Paulo. Diplomou-se em 1938 na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga. Ingressou como soldado na Força Pública em 1939. Declarado Aspirante a Oficial em 1944 pela primeira turma a se formar no Barro Branco. Diplomou-se instrutor na Escola de Educação Física, tendo como paraninfo o fundador desse notável estabelecimento de ensino, pioneiro no Brasil, o Cel. Pedro Dias de Campos.

Na reserva, foi nomeado diretor do Museu da Polícia Militar e em 1982, assumiu a presidência da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da PM – AORRPM, sendo eleito em mais seis mandatos.

Como presidente de AORRPM defendeu os altos interesses da Corporação. Foi o responsável pela construção da sede da Associação, o Solar da Tabatinguera além de diversas sedes de regionais no Interior do Estado.

Livros publicados:

  • Asas e glórias de São Paulo, em parceria com o Cel. José Canavó Filho
  • O salto na Amazônia
  • Marcos históricos da PM
  • Raízes do militarismo paulista

Fonte: Memórias de um veterano.

História da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 1

Em comemoração a proximidade do aniversário do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que completará 28 anos em 15/08/12, iremos publicar uma série de fantásticos artigos do Cel PMESP Edilberto de Oliveira Melo sobre a história da Aviação da então Força Pública paulista.

Falemos do Campo de Marte, esse pedaço do chão paulista, que agasalhou a Escola de Aviação da antiga Força Pública do Estado de São Paulo, em 1919 a segunda etapa de sua gloriosa história, sabendo-se que a primeira foi no Campo do Guapira, hoje Parque Edu Chaves, homenageando o exímio aviador vitorioso no raide Rio-Buenos Aires, em dezembro de 1920.

Para orgulho de nossa PMESP, destaquemos seu pioneirismo na aviação militar no Brasil, por força da lei 1395-A de 17 de dezembro de 1913, que, em seu artigo 14 determinava:

Ficam criados o Curso Especial Militar (hoje Academia do Barro Branco) e a Escola de Aviação;

No segundo parágrafo rezava:

A Escola de Aviação terá por fim preparar na Força Pública aviadores militares.

O artigo 15 determinava:

A Organização dos Pilotos para o funcionamento da Escola de Aviação, na sede do Campo do Guapira, nela sendo matriculados além de militares da Força Pública, também civis, tendo como responsáveis o aviador Edu Chaves e Cícero Marques, ambos brevetados na França.

A Escola teve vida efêmera devido à 1ª Grande Guerra Mundial, pois era impossível a importação de aviões e peças. O próprio diretor Edu Chaves desligou-se do comando, indo à França, lutando no posto de 1º ten. da aviação francesa. Os aparelhos, alguns defeituosos, foram recolhidos na Estação Oeste do Corpo de Bombeiros.

segunda etapa, como vimos acima, no Campo de Marte, teve a colaboração do aviador americano Orton Hoover que, desligando-se da aviação naval (criada em 1916), lutou contra a Alemanha, quando sua pátria entrou na guerra.

Foi Orton Hoover a centelha que reacendeu a antiga flama, dando em resultado a aprovação da lei 1675-A, de 9 de dezembro de 1919, que restabeleceu a Escola de Aviação da Força Pública, agora no comando do Ten. Cel. Chrisanto Guimarães, fase em que foram construídos muitos campos de aviação nas cidades do interior, a Corporação semeando a mentalidade aeronáutica em todo o Estado de São Paulo.

Na Revolução de 1924, os rebeldes, comandados pelo Gen. Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, apoderaram–se dos aviões, usando-os em seus objetivos como arma de guerra, enquanto permaneciam na capital.

Com a retirada dos revoltosos para Foz do Iguaçu, no Paraná, a frota composta de 8 aviões, foi guardada nos hangares, a fim de servir de base para a terceira etapa da Avião Militar Paulista, pois, em dezembro desse conturbado ano, começaram a riscar os céus de São Paulo os aviões, agora da Esquadrilha de Aviação da Força Pública, renascida pela lei 2051, de 31 de dezembro de 1924, comandada pelo Maj. Garrido, continuando instrutor o americano Hoover.

Um detalhe da lei: além das funções normais como a Quinta Arma de guerra (Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia, as outras), a Esquadrilha foi encarregada também do levantamento aerofotogramétrico do Estado.

Vamos ver o que de importante aconteceu nesta terceira etapa:

1ª – O primeiro salto de paraquedas em São Paulo, executado pelo Ten. Antônio Pereira Lima, em 1925. Nunca tinha visto um paraquedas, mas recebeu ordem do comando geral para saltar;

2ª – A Esquadrilha participa da Brigada Mista do Cel. Pedro Dias de Campos (2400 homens), em julho de 1926, contra a Divisão Revolucionária comandada pelo Gen. Miguel Costa, em Goiás;

3ª – O Ten. Chantre é o primeiro mártir da Aviação Militar Paulista. Numa das idas para Goiás, seu avião cai em Uberaba, ficando o segundo piloto, o Ten. Antônio Pereira Lima, com ferimentos graves sendo internado na Santa Casa local, ficando 8 dias em coma;

4ª – O Cap. Nataniel Prado, encarregado da fabricação de bombas para a aviação, morre em consequência da explosão de um petardo 75. Morreram também, vários soldados, inclusive músicos e o maestro da banda, o Cap. Lorena cujo ensaio era em uma sala contígua no Quartel do 1º Batalhão (ROTA), em 1926;

5ª – O Ten. João Negrão, herói do hidroavião Jahu, na travessia do Atlântico Sul, em 1927;

6ª – Mortes do Cap. Messias e do Deputado Lacerda Franco, na queda do avião Anhanguera, quando da inauguração do Campo em Itatinga, em 1929;

7ª – Na Revolução Getulista de 1930, a Esquadrilha atua em Itararé, Sengés e Morungava, essas duas no Paraná, tendo à frente os pilotos Tens. João Negrão, João de Quadros, Sílvio Hoels, Sebastião Machado, Vicente Borba, Alfredo Camargo e Deoclécio Guedes. Nesse mesmo ano, o instrutor Orton Hoover é promovido a major a título precário;

8ª – Toda Aviação Militar da Força Pública passa à disposição da 2ª Região Militar a fim de constituir, com a Aviação do Exército, um grupo legalista sob o comando do Maj. Lysias Rodrigues;

9ª – Com a vitória de Getúlio Vargas, assume o comando da Aviação Militar da Força Pública, o Ten. Cel. Ex Eduardo Gomes, que passa o comando dias depois ao Cap. Reinaldo Rodrigues (revolucionário de Miguel Costa);

10ª – Fim da Esquadrilha – o Boletim nº. 29, de 18 de dezembro de 1930 publica:

Em virtude de escapar à finalidade desta força, e devendo ser a aviação um elemento do Exército, é dissolvida, nesta data a Escola de Aviação, cujo material será entregue ao governo federal.

Triste esse final do ano de 1930, pois o governo federal apoderou-se do Campo de Marte, da nossa Esquadrilha de Aviação, reduzindo o efetivo doPequeno Exército Paulista, despojando-o ainda de sua artilharia e armas pesadas, restando-nos apenas armas leves, fuzis e revólveres, muitos deles defeituosos.

Em 1930 foi também o fim da primeira república, da política do café-com-leite e da Constituição de 1891, pairando uma certa tristeza no coração dos combatentes paulistas.

O Campo de Marte foi ocupado pela aviação do Exército, mas, a Fênix Rubra ainda renasceria das cinzas, iluminando os corações brasileiros de São Paulo, na clarinada paulista de 1932.

Sobre o autor:

Coronel PMESP Edilberto de Oliveira Melo

Nasceu em 1920, em Bofete, no interior de São Paulo. Diplomou-se em 1938 na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga. Ingressou como soldado na Força Pública em 1939. Declarado Aspirante a Oficial em 1944 pela primeira turma a se formar no Barro Branco. Diplomou-se instrutor na Escola de Educação Física, tendo como paraninfo o fundador desse notável estabelecimento de ensino, pioneiro no Brasil, o Cel. Pedro Dias de Campos.

Na reserva, foi nomeado diretor do Museu da Polícia Militar e em 1982, assumiu a presidência da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da PM – AORRPM, sendo eleito em mais seis mandatos.

Como presidente de AORRPM defendeu os altos interesses da Corporação. Foi o responsável pela construção da sede da Associação, o Solar da Tabatinguera além de diversas sedes de regionais no Interior do Estado.

Livros publicados:

  • Asas e glórias de São Paulo, em parceria com o Cel. José Canavó Filho
  • O salto na Amazônia
  • Marcos históricos da PM
  • Raízes do militarismo paulista

Fonte: Memórias de um veterano.

Origens históricas dos Águias de São Paulo

RICARDO DELLA ROSA

A aviação paulista tem suas origens no início do Século passado quando o Presidente do Estado de São Paulo Francisco de Paula Rodrigues Alves, sancionou em 17 de dezembro de 1913, a Lei No 1395-A que criava a Escola de Aviação da Força Pública de São Paulo, no Campo do Guapira na Zona Norte da cidade de São Paulo, sendo responsáveis pelo curso os aviadores Edú Chaves e Cícero Marques, brevetados na França.

Após o ímpeto inicial, a escola de aviação enfrentava enormes dificuldades técnicas e os aparelhos ficavam no solo por falta de manutenção e equipamentos agravada ainda mais por conta da 1ª Guerra Mundial.

Enfim em 1920 a escola foi transferida para o Campo de Marte também na Zona Norte e lá com uma infra-estrutura adequada e sob a instrução de Orton William Hoover a aviação militar paulista entrava em uma nova fase.

Em 1927 a história ganhou uma célebre página com o vôo do hidroavião Jahú que marcou a terceira travessia aérea do Atlântico Sul, a primeira da história sem escalas. A tripulação do Jahú era composta por João Ribeiro de Barros (piloto civil), 1º Tenente Aviador João Negrão (Força Pública de São Paulo), Capitão Newton Braga (piloto observador do Exército) e Vasco Cinquini (piloto-mecânico civil).

Extinta após a Revolução de 1930, quando São Paulo foi sistematicamente desarmado, as asas paulistas voltaram a se abrir em 1932, quando o Governador Pedro de Toledo cria através do Decreto No 5590 de 15 de Julho de 1932GMAP – Grupo Misto de Aviação da Força Pública.

Durante os poucos meses de luta o GMAP efetuou inúmeras missões de reconhecimento e ataque em praticamente todos os setores da luta. Cinquenta e dois anos depois surge novamente em 1984 o Grupamento de Radiopatrulha Aérea para auxiliar a Polícia Militar no combate ao crime em grande ascensão no Estado.

Em 1995, a unidade passa a chamar Grupamento de Radiopatrulha Aérea “João Negrão”, em uma justa homenagem ao aviador. Atualmente o Comando de Aviação da Polícia Militar (CAvPM) é a maior unidade do gênero na América Latina e uma das maiores do planeta. Maior do que muitos Esquadrões de Asas Rotativas da própria Força Aérea Brasileira.

São dez bases de radiopatrulha aérea espalhadas por todo o Estado operando em missões diárias de resgate e apoio aéreo no combate ao crime, monitoração de áreas de desmatamento, além de transportes especiais como órgãos para transplante e transporte de autoridades.

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