A Polícia Rodoviária Federal realizou entre os dias 21 e 25 de agosto de 2023, na cidade de Contagem, o primeiro Curso de Operador de Suporte Médico (COSM), ministrado para médicos e enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192).
O curso aconteceu na Academia do Corpo de Bombeiros Militar de MG, e teve o objetivo de capacitar trinta e seis profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) para atuarem no helicóptero da PRF, em operações aeromédicas na cidade de Belo Horizonte e região metropolitana.
Nesse momento, o mesmo curso está sendo realizado na cidade do Rio de Janeiro para quarenta profissionais do SAMU. Ele acontece entre os dias 28 de agosto a 1º de setembro na sede da Superintendência da PRF.
Médicos e enfermeiros do SAMU receberam instruções de biossegurança, fisiologia de voo, legislação aeronáutica, aulas práticas de embarque, desembarque e técnica de mcguire para retirada de vítimas de locais de difícil acesso.
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Professor Segalla ministrando aula no curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
Professor Segalla ministrando aula no curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
PRF realiza curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
Turma de Operadores de Suporte Médico do SAMU do Rio de Janeiro.
PRF realiza curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
PRF realiza curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
PRF realiza curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
PRF realiza curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
PRF realiza curso de operador de suporte médico para profissionais do SAMU, em MG e RJ
O Professor Segalla é um dos instrutores convidados do curso, com a matéria fisiologia de voo. “É muito gratificante contribuir para o desenvolvimento profissional de médicos e enfermeiros do SAMU, pilotos e operadores aerotáticos da PRF. O conhecimento da fisiologia é fundamental para o atendimento seguro do paciente durante o voo, inclusive para saber se há indicação ou não para o transporte”, comentou Segalla.
Com a capacitação dos profissionais do SAMU, os Núcleos de Operações Aéreas (NOA) da PRF, com sede em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, estarão operacionais para operações de resgate aeromédico.
Com os novos helicópteros AW119 (Koala) adquiridos pela gestão anterior do governo federal, está sendo possível o incremento dessas operações nas rodovias federais, além das atividades policiais de fiscalização e prevenção de trânsito.
Santa Catarina – Na manhã de sexta-feira (15), profissionais do Serviço Aeropolical (SAER), e do Serviço de Atendimento e Resgate Aeromédico do Sul (SARASUL), foram acionados pelo Corpo de Bombeiros para atendimento de ocorrência de embarcação a deriva, próximo à plataforma Norte do município de Balneário Rincão. A solicitação de atendimento foi para socorrer um pescador de 25 anos de idade, residente da praia de Camacho, no município de Jaguaruna.
O pescador teve mal súbito durante a execução de suas atividades, com rebaixamento do seu estado geral, levantando a suspeita de uma condição de desidratação severa. Com dificuldades de transporte para o continente, a tripulação da embarcação pediu socorro ao Corpo de Bombeiros.
Após alguns minutos de voo, a equipe do helicóptero do SAER/SARASUL localizou a embarcação e manteve voo pairado próximo. Um dos socorristas saltou no mar e realizou a primeira abordagem. O pescador enfermo foi removido com auxilio de um dispositivo de extração, chamado “sling” e utilizado uma manobra de transporte em um cabo, chamada técnica de “McGuire”, do local do resgate até a praia.
Na praia, o paciente foi levado para uma ambulância do Corpo de Bombeiros, onde foi prontamente atendido pela equipe aeromédica, que já o aguardava nessa viatura. Na avaliação médica, foi constatada uma condição de desidratação, com hipotensão arterial e hipotermia. Após receber os primeiros cuidados médicos, estabilizando seu quadro clínico, foi conduzido pela ambulância do Corpo de Bombeiros para o Hospital São Donato, no município de Içara.
Pescador é resgatado em alto mar pela equipe do SAER/SARASUL, em SC.
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Pescador é resgatado em alto mar pela equipe do SAER/SARASUL, em SC.
Pescador é resgatado em alto mar pela equipe do SAER/SARASUL, em SC.
Pescador é resgatado em alto mar pela equipe do SAER/SARASUL, em SC.
Pescador é resgatado em alto mar pela equipe do SAER/SARASUL, em SC.
São Paulo – Na tarde de sábado (5), equipes do 16º GB do Corpo Bombeiros e do Águia 18 da Base de Aviação da Polícia Militar de Campinas resgataram uma mulher que sofreu queda durante uma trilha na cachoeira Sete Quedas, em Águas da Prata. De acordo com a Polícia Militar, quatro pessoas caminhavam na trilha quando a mulher escorregou e caiu pelas pedras.
Por ser uma área de difícil acesso e em mata fechada, a Base de Aviação (BAvPM) de Campinas foi acionada pelos bombeiros para auxiliar no resgate. Chegando ao local, a tripulação do Águia 18 formada pelo Cap Aiello, Ten Rafael, 1° Sgt Secreto (lançador), 3° Sgt Alberto (SAR 1) e Cb Santos Souza (SAR 2) iniciaram procedimentos para a retirada da vítima.
Depois de descerem de rapel da aeronave, os operadores aerotáticos do Águia 18 apoiaram os bombeiros que já estavam no local. A vítima foi imobilizada e colocada em uma maca especial para esse tipo de operação.
Em seguida, ela e o operador aerotático foram retirados do local pelo helicóptero por meio da técnica Mcguire. A vítima sofreu fraturas devido à queda e foi levada ao Pronto-Socorro de Águas da Prata. O estado de saúde é estável.
Paraná – Na tarde de sábado (5), um homem foi resgatado por equipes do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA) e do Corpo de Bombeiros. A vítima sofreu uma queda enquanto fazia rapel em São Luiz do Purunã, em Balsa Nova, na região metropolitana de Curitiba.
Segundo o BPMOA, o homem sofreu uma queda de 16 metros e teve trauma de crânio leve. Pessoas que estavam no local acompanharam o resgate realizado por bombeiros e pela equipe do Falcão 04.
A vítima foi retirada do local pelo operador aerotático do helicóptero por meio da técnica conhecida como Mcguire. A manobra é feita em locais de difícil acesso, quando a aeronave não consegue pousar. Em seguida foi levada a um local onde pôde receber atendimento dos operadores de suporte médico do Falcão 04. Depois de estabilizado, o homem foi levado de helicóptero para Hospital do Rocio, em Campo Largo.
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Equipe do BPMOA resgata homem que sofreu queda durante rapel em São Luiz do Purunã, PR
Equipe do BPMOA resgata homem que sofreu queda durante rapel em São Luiz do Purunã, PR
Equipe do BPMOA resgata homem que sofreu queda durante rapel em São Luiz do Purunã, PR
Equipe do BPMOA resgata homem que sofreu queda durante rapel em São Luiz do Purunã, PR
Mato Grosso – Na tarde de quinta-feira (11), equipe do Águia 03 Centro Integrado de Operações Aéreas (CIOPAER) foi acionada pelo Corpo de Bombeiros para auxiliar no resgate de um homem de 66 anos que estava em uma encosta do Morro de Santo Antônio, local considerado de difícil acesso.
A equipe do Águia 03 desembarcou no cume do morro para colher mais informações com os bombeiros (Equipe Delta 4 do BM). Identificado o local onde estaria a vítima, um operador aerotático foi lançado de rapel até o local.
Posteriormente a vítima e o operador foram retirados da encosta mediante a utilização da técnica “McGuire” (saiba mais sobre a técnica) e levados em segurança até o cume do morro de Santo Antônio. O homem não sofreu ferimentos. Depois de cumprida a missão de busca e salvamento o Águia 03 retornou para a base.
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Usando técnicas de rapel e mcguire, equipe do Águia 03 salva homem no Morro de Santo Antônio, MT
Usando técnicas de rapel e mcguire, equipe do Águia 03 salva homem no Morro de Santo Antônio, MT
Usando técnicas de rapel e mcguire, equipe do Águia 03 salva homem no Morro de Santo Antônio, MT
Usando técnicas de rapel e mcguire, equipe do Águia 03 salva homem no Morro de Santo Antônio, MT
Santa Catarina – No domingo (11), equipe do helicóptero Águia 04 do Batalhão de Aviação da Polícia Militar (5ª Base do BAPM, Lages), foi acionada para resgatar dois alpinistas que ficaram presos no Cânion Espraiado, município de Urubici, SC.
Segundo relato do alpinista sobrevivente, durante a subida do Cânion uma pedra de grande porte acabou deslizando e acertando a cabeça de seu colega que acabou ficando desacordado, fazendo com que os dois ficassem presos a aproximadamente 200 metros de altura do ponto mais alto de em um paredão de difícil acesso.
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Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Para o resgate foi necessário infiltração através do rapel de um tripulante operacional multimissão (TOMM) do Águia 04. Foi realizada a intervenção na vítima que estava desacordada. O tripulante efetuou a avaliação primária e infelizmente constatou que a mesma não apresentava sinais vitais, sendo extraída do local com a técnica conhecida como “Mcguire”.
Como ambos encontravam-se em um paredão, não foi possível fazer uso da “Maca de Ribanceira”. A vítima foi conduzida pela aeronave até Lages onde a equipe médica do SAMU constatou o óbito.
Neste meio tempo, outro tripulante conseguiu acessar o segundo alpinista, que apresentava apenas alguns arranhões. Após realizar o transporte da primeira vítima, a equipe retornou ao local do incidente e realizou a extração do segundo alpinista, transportando-o também até Lages. Toda a operação de resgate durou aproximadamente 6 horas.
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Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Tripulação do Águia 04 da PM resgata dois alpinistas no Cânion Espraiado, em Urubici, SC
Ceará – A 1ª Companhia de Mergulho de Resgate do Batalhão de Busca e Salvamento (1ª CMR/BBS) do Corpo de Bombeiros participou de instrução de prevenção aquática com servidores (pilotos e operadores aerotáticos) da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (CIOPAER).
O treinamento no céu e na água aconteceu na última terça-feira (21), no bairro Moura Brasil, em Fortaleza. Os bombeiros militares e os profissionais da CIOPAER trabalharam de modo integrado. O alinhamento tático e técnico das manobras e procedimentos é importante para a segurança e eficiência das operações aéreas.
Durante a instrução os bombeiros e operadores aerotáticos trabalharam duas técnicas. “Helocast” é a técnica em que o tripulante salta da aeronave ao mar. Já a técnica “McGuire” ocorre quando o tripulante e/ou vítima são transportados em cordas ancorados na aeronave. Essa técnica foi muito utilizada na Guerra do Vietnã (técnica de exfiltração).
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Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros e CIOPAER realizam treinamento no Ceará
Santa Catarina – Com ajuda do Grupo de Resgate em Montanha (GRM), equipe do helicóptero Águia 01 da Polícia Militar de Joinville conseguiu resgatar um homem de 38 anos que estava perdido desde sábado (28/03) na trilha do Castelo dos Bugres, em Joinville.
O homem foi localizado na manhã de quarta-feira por um bombeiro de SC. Como estava no Morro do Pelado, uma região de penhasco de difícil acesso, foi necessário o apoio do GRM e do emprego do helicóptero para sua retirada. Foi usada a técnica de rapel e do mcguire para resgatar o jovem.
Montanhistas do GRM que tiveram acesso ao local desceram a vítima até uma área mais plana. A partir daí, o operador aerotático do Águia usou a técnica de rapel e chegou até o homem. Ele foi retirado através da técnica mcguire de uma altura de cerca de 500 metros. Uma mochila com água e comida foi preparada pelo GRM e entregue à vítima antes do resgate.
Por volta das 17 horas, o homem foi retirado do local e levado para uma área segura, onde foi estabilizado e conduzido ao Hospital Municipal São José. O jovem estava consciente, bastante debilitado, desidratado e com escoriações.
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Grupo de Resgate em Montanha e Águia 01 socorrem homem perdido na trilha do Castelo dos Bugres, SC. Foto: GRM.
Grupo de Resgate em Montanha e Águia 01 socorrem homem perdido na trilha do Castelo dos Bugres, SC. Foto: GRM.
Grupo de Resgate em Montanha e Águia 01 socorrem homem perdido na trilha do Castelo dos Bugres, SC. Foto: GRM.
Grupo de Resgate em Montanha e Águia 01 socorrem homem perdido na trilha do Castelo dos Bugres, SC. Foto: GRM.
Grupo de Resgate em Montanha e Águia 01 socorrem homem perdido na trilha do Castelo dos Bugres, SC. Foto: GRM.
Paraná – No início de sábado (25), por volta das 13 horas, a equipe do helicóptero Falcão 03 do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA), foi acionada pelo 8º Grupamento de Bombeiros (8º GB) para realizar a retirada de uma mulher da cachoeira do Salto dos Macacos, Morretes, que havia sofrido um queda de aproximadamente dois metros, próximo à cachoeira principal.
Para efetuar a extração da vítima do local foram lançados, por meio de rapel, o Operador Aerotático (OAT) e a Operadora de Suporte Médico (OSM). Uma vez acessado o local, a médica Michele Mamprim Grippa (Saiba mais sobre a médica) e o tripulante Sd Matias realizaram a abordagem da vítima e sua estabilização em maca.
O Sgt Panzarine foi o tripulante que coordenou o desembarque da Dra Michele e do Sd Matias e a retirada da vítima pelo mcguire, orientando os pilotos Ten Cel Adilar e Ten Fernandes.
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Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Em virtude das características do relevo e ser de difícil acesso, foi realizada a técnica de extração através do Mcguire, em que a vítima é içada do local do acidente até um local em que possa ser embarcada na aeronave.
A vítima de 34 anos teve náusea e tontura, apresentava cervicalgia a nível de C2 e ferimento corte-contuso em face. Através de coordenação da Regulação Médica SAMU Operação Verão Maior, foi encaminhada de helicóptero ao Aeroporto de Paranaguá, onde uma ambulância do SIATE do 8º GB aguardava para o embarque. Ela foi transportada ao Hospital Regional Litoral para avaliação, exames e tratamento intra-hospitalar.
Ação pioneira
Foi a primeira infiltração por meio de rapel de um Operador de Suporte Médico (OSM) do BPMOA e Secretaria da Saúde (SESA) em local de difícil acesso para uma missão de resgate.
A pioneira nessa ação foi a Dra. Michele Mamprim Grippa. Ela é médica do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (SIATE) há quase 10 anos e tripula as aeronaves do BPMOA em missões de resgate aeromédico.
Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Nessa missão, a Dra. Michele colocou em prático todo seu treinamento e habilidade para acessar a vítima através do rapel. Além disso realizou em equipe a estabilização da vítima e seu preparo para a retirada pela técnica do mcguire. Depois disso fez seu embarque e transporte até a viatura do SIATE em Paranaguá.
“Fique muito feliz em pode ajudar. Confesso que fique apreensiva, mas a experiência do comandante e dos tripulantes, o trabalho em equipe e muito treinamento, deram a mim confiança em realizar a descida com segurança. Tive a oportunidade de participar dos treinamentos realizados pelo BPMOA e isso me ajudou muito.”, disse Michele depois do resgate.
“O trabalho em equipe é fundamental para que tudo ocorra bem.”, complementou.
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Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Operadora de Suporte Médico do Falcão 03 desembarca de rapel e socorre vítima de queda em cachoeira, PR.
Sempre que possível Michele visita os pacientes que atendeu ou tenta conseguir notícias do estado de saúde deles com colegas nos hospitais. Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.
Minas Gerais – Um banhista de 46 anos caiu de uma cachoeira em Brumadinho e foi resgatado pelo Batalhão de Operações Aéreas (BOA), no último domingo (14/04).
Wellington Alves de Almeida caiu da Cachoeira da Jangada, localizada próximo a Casa Branca, distrito de Brumadinho. O homem teve traumatismo craniano e foi levado com vida, de helicóptero, para o Hospital João XXIII.
O local da queda não permitiu o pouso da aeronave, por ser um lugar de difícil acesso. O tripulante operacional do BOA utilizou a técnica de Mcguire, procedimento de extração de vítimas com uso de cordas amarradas nas aeronaves, para acessar o banhista e realizar o suporte básico de vida. Wellington foi imobilizado em uma maca e assistido pelo bombeiro que continuou prestando o atendimento até um local aberto onde foi socorrido pela equipe médica, embarcado na aeronave e encaminhado ao hospital.
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Homem cai de cachoeira e é resgatado por aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Homem cai de cachoeira e é resgatado por aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Homem cai de cachoeira e é resgatado por aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Homem cai de cachoeira e é resgatado por aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
Homem cai de cachoeira e é resgatado por aeronave do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais
As técnicas de resgate de vítimas de locais de difícil acesso requerem destreza e habilidades de pilotos e tripulantes para manter a segurança das operações. Com a rápida infiltração do bombeiro em locais aonde o acesso por viaturas via terrestre são dificultadas ou demoradas, o helicóptero permite que o resgate seja realizado de forma rápida, oferecendo os primeiros socorros às vítimas.
Também as aeronaves do BOA são tripuladas por médicos e enfermeiros e possuem equipamentos de suporte avançado de vida, o que garantem melhor qualidade no atendimento até a chegada rápida ao hospital, onde equipes médicas estão à postos para dar continuidade ao atendimento ainda no heliponto.
Esse tipo de atendimento, principalmente para vítimas de trauma graves, como no caso dessa ocorrência, são primordiais para garantir a vida dos acidentados.
Santa Catarina – Uma mulher de 33 anos foi resgatada na tarde desta terça-feira (22), após sofrer queda de uma corda, em uma trilha, num morro junto a BR-101, próximo a Barra Norte em Balneário Camboriú. Foi necessário a intervenção do helicóptero Arcanjo 03 para resgatar a mulher.
As guarnições do Corpo de Bombeiros Militar de Balneário Camboriú acessaram a vítima pela trilha, imobilizaram e levaram a mesma para um ponto com uma pequena clareira, onde a guarnição do Arcanjo 03 realizou a extração da vítima através do macguire.
Após o resgate, a vítima foi atendida pela equipe médica do Arcanjo 03 e encaminhada ao hospital Ruth Cardoso pela equipe do SAMU, em Balneário Camboriú, SC.
No sábado (19), um salvamento semelhante aconteceu no Morro dos Macacos, em Bombinhas, quando o Arcanjo 03 foi acionado para socorreu uma mulher de 51 anos que fraturou o tornozelo.
Os Bombeiros desceram de rapel do helicóptero acessar a vítima. Depois do resgate ela foi encaminhada até o pronto atendimento de Bombinhas pelos socorristas do ASU do Corpo de Bombeiros Militar de Bombinhas.
Mato Grosso – O corpo de um homem que estava desaparecido há três meses foi resgatado pela Diretoria Metropolitana de Medicina Legal (DMML) com o auxílio de um helicóptero do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer) nesta terça-feira (08).
O homem foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros após sete dias de buscas e já estava em fase de decomposição. A vítima estava em um local de difícil acesso na região de Porto de Fora, em Barão de Melgaço.
Conforme o CIOPAer, a tripulação usou técnicas de rapel para ter acesso ao local e para retirar a vítima do alto do morro, por meio do procedimento Mcguire, utilizado para transporte de cargas ou tripulantes com cabos presos à aeronave.
O corpo se encontra no setor de Antropologia Forense para a determinação da causa mortis, que será desvendada pela equipe da DMML.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, ele foi achado por volta das 11h50min por um fazendeiro, que tocava gados ao pé da serra em Piquete e sentiu um cheiro forte vindo de um trecho de difícil acesso. Ele acionou os bombeiros, que cercaram o local e encontraram o corpo após 2 horas de caminhada. O local é de difícil acesso e está fora ou sequer mesmo perto de qualquer rota de trilha.
Helicóptero da PM ajudou no resgate do corpo (Foto: Bruno Pellegrine/TV Vanguarda)
Como o corpo não tinha marcas de ferimentos aparentes, uma das suspeitas é que ele tenha se perdido e possivelmente morrido de hipotermia, no entanto, a confirmação da causa da morte ainda depende da realização de exames. Por volta das 16h00, o helicóptero Águia da Polícia Militar realizou a retirada do corpo através da técnica mcguire, que foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Guaratinguetá.
No local, a polícia apreendeu ainda um relógio com sistema de GPS que o francês usava. O equipamento será analisado para ver se foi registrado o trajeto percorrido durante o tempo em que ele ficou perdido.
A confirmação oficial da identificação do corpo ocorreu por volta das 17:30h, tendo em vista a dificuldade de comunicação direta com as equipes.
Operação para a retirada do corpo
Os bombeiros militares Sargento Edimilson e Soldado kênia da cidade de Itajubá, os soldados Máximo, Douglas e Laurindo da cidade de Varginha, juntamente com outros dois bombeiros do Estado de São Paulo resgataram o corpo do francês.
Em um trabalho conjunto, transportaram o corpo de Eric durante um percurso de cerca de 700 metros, transpondo um riacho, passagens estreitas e íngremes de mata fechada, até chegar a uma região descampada onde o helicóptero pudesse descer e o corpo ser içado em uma maca até a estrada, onde carros da funerária e viaturas estavam.
Buscas
As buscas pelo francês, que morava em Itajubá (MG), mobilizaram centenas de profissionais de Minas Gerais e São Paulo, entre bombeiros, grupo especializado de busca na mata da Polícia Militar, helicópteros, drones, cães farejadores e voluntários. Além do terreno irregular, outra dificuldade enfrentada pelos grupos de busca foi a presença constante de neblina em alguns trechos. A varredura foi suspensa na última quarta-feira (2), após 17 dias.
O Pico dos Marins tem mais de 2 mil metros de altitude e é um dos mais altos do estado de São Paulo. O local tem várias trilhas, acesso por dois estados e relevo acidentado.
Helicóptero da PM ajudou no resgate do corpo (Foto: Bruno Pellegrine/TV Vanguarda)
Local onde o corpo do francês foi encontrado (Foto: Divulgação/Bombeiros)
Causa da morte do francês será investigada (Foto: Bruno Pellegrine/TV Vanguarda)
Helicóptero da PM ajudou no resgate do corpo (Foto: Bruno Pellegrine/TV Vanguarda)
Paraná – Na tarde deste domingo (25), um homem de 49 anos ficou gravemente ferido enquanto fazia uma trilha na região do Pico do Marumbi, em Morretes, no litoral do Paraná. O Corpo de Bombeiros e o helicóptero Falcão 04 da Polícia Militar foram empregados no resgate.
Falcão 04 da PM do Paraná resgata homem ferido em trilha na região do Pico do Marumbi, em Morretes. Foto: Divulgação/Bpmoa.
Com uma fratura no fêmur, ele precisou ser resgatado pelo helicóptero Falcão 04 do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas (BPMOA). De acordo com a Polícia Militar (PM), primeiro, a vítima foi estabilizada e colocada em uma maca pelo Corpo de Bombeiros no local e em seguida, a aeronave foi acionada para realizar a retirada do homem através da técnica conhecida como McGuire.
A equipe do helicóptero utilizou a estação hidrelétrica do Marumbi para preparação da aeronave e para que a vítima pudesse receber suporte médico. Ela foi embarcada e transportada até o Hospital Cajuru, em Curitiba.
São Paulo – Nos dias 17 e 25/03 policiais militares da Base de Radiopatrulha Aérea de São José do Rio Preto realizaram treinamentos de resgate e salvamento de pessoas em local de difícil acesso. O treinamento aconteceu na pista de pouso da Fazenda Santa Inês, localizada no município de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
O treinamento consiste na descida de rapel de dois tripulantes operacionais da aeronave para ingresso em áreas de difícil acesso por terra, em missões de salvamento. Após a estabilização da vítima, é feita a sua retirada através da maca de montanha utilizando a técnica McGuire.
Foi treinado também o uso do cesto de salvamento e pouso em área restrita. O treinamento objetiva a manutenção e aperfeiçoamento da proficiência de pilotos e tripulantes operacionais da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que atuam em operações aéreas de busca e salvamento em todo o território paulista.
Acre – Na quinta-feira (23), o Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), realizou treinamento prático de rapel a bordo do helicóptero Harpia 01, para tripulantes de multimissão do grupamento aéreo da Segurança Pública.
O treinamento é dividido em três módulos: rapel, mcguire e tiro embarcado e faz parte do programa de capacitação continuada do Estado, destinado a servidores das forças de Segurança Pública.
Os tripulantes operacionais treinam rapel para resgate de vítimas (Foto: Assessoria Sesp)
Segundo o capitão PM Samir Cardoso, coordenador de instruções do Ciopaer, a atividade rapel é usada pelo grupamento aéreo no resgate de vítimas em meio a incêndios e atendimentos rápidos em locais de difícil acesso.
“O treinamento acompanha um planejamento da fortalecer o Ciopaer para atuar em missões aéreas complexas, utilizando técnicas e equipamentos precisos”, disse o titular da pasta, Emylson Farias.
Conforme o coordenador do Ciopaer, major-bombeiro Alzerino de Fontes, os policiais civis, militares e bombeiros militares do grupamento executaram as técnicas de rapel, métodos utilizados por tripulantes multimissão para momentos em que o helicóptero não pode pousar em solo.
A capacitação foi realizada no pátio da Sessão Contra Incêndio (SCI) do Aeroporto Internacional Plácido de Castro, na capital.
Operando desde 2009, o helicóptero do Estado já percorreu todos os municípios, atuando em missões de resgate, combate aos crimes ambientais, operações policiais e apoio à Defesa Civil.
Todos nós associamos pipa às férias, quando a garotada e adultos aproveitam a pausa das aulas para se divertir. Mas não é só na época de férias que acidentes com linha de pipa acontecem, mas certamente a probabilidade aumenta muito. Então, atenção redobrada para ciclistas, motociclistas e aeronavegantes.
Muitas vezes, para ciclistas e motociclistas, a linha da pipa não é vista a uma distância suficiente para frenagem e podem ser atingidos pela linha. Para os pilotos e tripulantes que voam em helicópteros nas operações de segurança pública e de resgate aeromédico, essa visualização é muito mais difícil.
Para os ciclistas e motociclistas a solução é usar antenas próprias para segurar a linha de pipa. Trata-se de uma antena comum, como as de rádio que se usavam antigamente nos carros, porém, com um pequeno “gancho” na ponta, justamente para segurar a linha de pipa. Mas e no helicóptero?
Hoje os helicópteros utilizam o corta-fio, mas ele não é eficiente para as linhas de pipa.
Quando o helicóptero estiver voando baixo e a equipe não perceber pipas na área, suas linhas serão atingidas pelo rotor principal e pelo rotor de cauda e se enrolarão no mastro e poderão fazer cortes nos links de comando. Em alguns casos eles terão que ser substituídos. E para cortar não precisa ter cerol, a fricção da linha nas superfícies da aeronaves são suficientes pra cortar ou riscar.
Bom, e se o tripulante estiver em uma operação de mcguire ou rapel, ou se estiver em uma operação utilizando o cesto ou o puça conectados no gancho do helicóptero? A missão deve ser cancelada imediatamente. A linha de pipa, mesmo sem cerol, corta em poucos segundos as cordas utilizadas no rapel e mcguire, bem como as cordas de fixação do cesto e do puça.
Nas férias é muito comum um helicóptero da segurança pública pousar com linhas enroladas nos rotores. Dica: Não desembarque e não permita a aproximação de qualquer pessoa enquanto os rotores não pararem. As pontas das linhas podem atingir alguém e ela vai cortar.
Na segurança pública também já aconteceram acidentes fatais por causa de linha de pipa. Elas cortaram as cordas enquanto tripulantes operacionais realizavam o mcguire. Essa técnica é utilizada para extração de vítimas de lugares inacessíveis, onde a vítima e o tripulante operacional ficam penduradas por cordas presas no helicóptero.
Um acidente aconteceu em 1997 com um helicóptero Bell 412 da Policia Federal. A equipe realizava um treinamento para demonstração, utilizando-se da técnica do mcguire. Nesse acidente 3 tripulantes operacionais faleceram: Leia o Relatório Final do CENIPA.
Outro acidente aconteceu em 1998 com um helicóptero AS350BA – Esquilo da Polícia Militar de São Paulo. A equipe realizava uma demonstração, utilizando-se da técnica do mcguire. Nesse acidente 2 tripulantes operacionais faleceram: Leia o Relatório Final do CENIPA.
A Base de Radiopatrulha Aérea da Praia Grande, subunidade da Polícia Militar de São Paulo, realizou um teste com uma linha de pipa – sem cerol – friccionando a corda de salvamento. Em apenas 3 segundos ela foi cortada. No litoral não tem época para soltar pipas. Adultos e crianças brincam o ano todo e os helicópteros dividem a orla das praias com as pipas. Por isso a atenção deve ser quase que exclusiva.
Goiás – Bombeiros Militares da Companhia de Operações Aéreas e Segurança Aeroportuária – COASA/CBMGO realizaram, no último dia 14 de março, treinamento simulado de resgate de vítima em local difícil acesso, no Parque Ecológico Altamiro de Moura Pacheco.
Utilizando a técnica de McGuire, que consiste no lançamento de dois tripulantes a partir do helicóptero no pairado, por meio de descida no rapel (infiltração), amarração e imobilização da vítima em maca de ribanceira, e posteriormente o içamento desta e do tripulante por meio do gancho da aeronave até um local mais adequado para o socorro.
O treinamento, com objetivos didáticos, visou aprimorar a execução da técnica para finalização de procedimento operacional padrão (POP), adaptação de novos tripulantes, manutenção e aperfeiçoamento da proficiência de pilotos e tripulantes operacionais nas respectivas funções.
Tendo-se como objetivo, fazer com que todos os tripulantes exercessem todas as funções (lançador, socorrista1 e socorrista2), e contando com a participação de 06 (seis) pilotos e 09 (nove) tripulantes operacionais, realizou-se 10 (dez) resgates simulados, com uma duração total de horas de voo.
by Donald J. Taylor
Recon Team Leader
July 1968 – July 1970
A missão do Projeto Delta na guerra do Vietnam era de realizar missões de reconhecimento em profundidade e para tal, dependia dos helicópteros UH-1D/H do Exército Americano, principalmente da 281ª Companhia de Helicópteros de Assalto, para infiltração e exfiltração de suas equipes de reconhecimento. Quando uma equipe de reconhecimento ficava comprometida e não conseguia quebrar o contato com o inimigo, normalmente a equipe solicitava uma exfiltração de emergência, e muitas vezes tal manobra realizou-se usando o equipamento de McGuire.
Três soldados de Projeto Delta utilizam o equipamento de McGuire durante o treinamento em Mai Loc, Vietnam, em 1969
O equipamento de McGuire era o método usado para extrair uma equipe através da utilização de cordas quando o helicóptero de exfiltração não podia efetuar pouso em local próximo, embarque a baixa altura ou utilização de uma escada de cordas de aproximadamente 10 metros de comprimento. Se o helicóptero conseguisse efetuar o pairado a pelo menos 100 pés (cerca de 30 metros) acima da equipe, o equipamentos de McGuire era lançado e retirava-se a equipe com ele.
O equipamento de McGuire era simplesmente uma tira de nylon de 3 polegadas de largura por aproximadamente 3 metros de comprimento formando um laço bastante grande para um homem conseguir sentar-se e com um laço menor para efetuar o transporte de feridos ou inconscientes. O ponta dessa tira de nylon é presa em uma corda de cerca de 120 pés de comprimento e que por final é presa no helicóptero.
A corda do equipamento era dobrada em “S” e presa por fitas de borracha a duas tiras de lona em um container chamado de Griswold. O container de Griswold tinha três funções: impedir a corda de sujar, proteger a corda quando em deslocamento e proteger a corda da borda exterior do assoalho do helicóptero.
A ponta interna da corda era transpassada em um toco de madeira e por fim ancorada em pelo menos três anéis de fixação no piso do helicóptero. O toco de madeira tinha três anéis de fixação que também eram fixados no piso do helicóptero. Um saco de areia de aproximadamente 10/15 kg era fixado na outra ponta da corda que era lançada junto com a tira de nylon. Normalmente eram instalados e preparados três equipamentos de McGuire em cada helicóptero.
A ponta interna da corda era transpassada em um toco de madeira e por fim ancorada em pelo menos três anéis de fixação no piso do helicóptero. O toco de madeira tinha três anéis de fixação que também eram fixados no piso do helicóptero. Um saco de areia de aproximadamente 10/15 kg era fixado na outra ponta da corda que era lançada junto com a tira de nylon. Normalmente eram instalados e preparados três equipamentos de McGuire em cada helicóptero.
O coração e a alma do equipamento de McGuire eram as suas cordas, e a boa manutenção das cordas foi crucial para a confiança no equipamentos de McGuire. As cordas de nylon de meia polegada eram certificadas para 3600 libras (aproximadamente 1.600 kg). Depois de cada uso, as cordas eram inspecionadas cuidadosamente, e se constatasse um fio danificado, descartava-se a corda. Cada fio trançado era do comprimento inteiro da corda e se um fio era danificado, a corda inteira enfraquecia-se.
Na vida útil das cordas de 30 metros, havia um fator de esticamento de cerca de 20% antes de serem descartadas. Após cada uso, a corda esticava-se até perder completamente sua elasticidade em aproximadamente 36 metros, e antes que isto acontecesse a corda também era substituída. Mas isto criava um problema devido aos comprimentos variados das cordas. Se uma nova corda de 30 metros substituía uma corda danificada, ela seria mais curta do que as outras duas cordas de equipamento de McGuire e o soldado exfiltrado nesta corda possivelmente ficaria 3 metros mais alto do que outros dois soldados. Para corrigir isto, a nova corda era propositalmente amarrada no parachoque de dois veículos e esticada até que o seu comprimento combinasse com as outras duas cordas do equipamento.
Pode se ver atrás do soldado, o helicóptero equipado com a escada de alumínio, um container de Griswold, e o saco de areia.
Depois que os equipamentos de McGuire eram instalados no piso do helicóptero, uma escada de mão feita com degraus de alumínio e cabos de aço era instalada por cima da amarração. A escada com cerca de dez metros de comprimento era ancorada no esqui da aeronave e ficava enrolada no interior da cabine. Um cabo espia era amarrada em um degrau na altura da metade do comprimento da escada e o “rolo” todo ficava preso por um cinto de segurança comum. Para lançar as escadas de mão, o cinto de segurança era solto e empurrava-se o “rolo” todo para fora da aeronave. Depois de lançadas, utilizava-se a corda espia para recolher a mesma para o interior do helicóptero novamente.
Quando decidia-se utilizar os equipamentos de McGuire, a “rolo” da escada era colocada para o lado oposto do interior da cabine do helicóptero. O tripulante abria o contêiner de Griswold e utilizava-o como proteção da borda do piso do helicóptero (canto vivo) por onde seria lançadas as cordas, assegurando-se que o tecido de lona espesso do contêiner permanecesse entre as cordas e a borda de piso da cabine.
Assim que o helicóptero estivesse na posição acima da equipe a ser exfiltrada, o tripulante lançaria os sacos de areia por fora dos esquis da aeronave. O peso do saco de areia iria desenrolar a corda das fitas de borracha em alta velocidade. Observava-se também a cautela de lançar os sacos de areia de forma a não acertar a equipe em terra.
Equipe efetuando o acondicionamento de uma escada de mão em um helicóptero UH-1 Huey em Phu Bai, Vietnam, 1968.
A composição padrão de uma equipe de reconhecimento do Projeto Delta era de dois operadores especiais americanos e quatro operadores especiais vietnamitas, logo era necessário dois helicópteros para exfiltrar uma equipe completa pelo equipamento de McGuire. O procedimento padronizado de exfiltração pelo equipamento de McGuire estabelecia que o primeiro helicóptero tiraria três vietnamitas e o segundo helicóptero tiraria os dois americanos e o outro vietnamita. Como tinham rádios, os americanos sempre foram os últimos a serem exfiltrados.
O procedimento padronizado na exfiltração também estabelecia que cada homem utilizasse a bandoleira de seu fuzil CAR-15/M16 em posição de uso, assim permitia a equipe ter como usá-lo durante a manobra, devolvendo fogo se necessário.
No momento em que os sacos de areia atingissem o chão, os três primeiros homens sairiam correndo, pegariam os equipamentos de McGuire, ancorariam suas mochilas na tira de nylon, segurariam com a mão esquerda o laço pequeno de pulso, entrariam no laço grande de nylon, olhavam para o helicóptero e sinalizavam “ok” para o tripulante assim que prontos. Quando o tripulante visse que todos os três estivessem prontos, comunicaria ao piloto para decolar. Com o helicóptero subindo, as cordas se tensionariam e então cada homem poderia sentar-se no laço de tira de nylon do seu equipamento de McGuire. Os soldados prendiam as pernas e braços após a decolagem de forma a tornar uma massa mais estável para ser transportada como carga externa do helicóptero. Esse arranjo também era útil para o caso de uma das cordas partir, sendo que os os companheiros poderiam salvar o terceiro, segurando-o.
Helicóptero UH-1 equipado e pronto para apoio e exfiltração se necessário.
Caso fosse possível localizar uma clareira segura na rota de regresso para a base avançada do Projeto Delta e o helicóptero tivesse o combustível suficiente, efetuava-se um pouso e embarcaria a equipe na cabine. Se não, a equipe faria um passeio longo e pouco confortável, sentada naquela tira de nylon de três polegadas, que em qualquer duração ficava bastante doloroso.
Era bastante comum um “passeio” no equipamento de McGuire durar uma hora ou mais, pois a maior parte de áreas de operação (AO) de reconhecimento do Projeto Delta ficavam no limite da autonomia dos helicópteros UH-1D/H. Mesmo com a capacidade máxima de combustível, os helicópteros decolavam das bases avançadas (FOB) com combustível apenas para atingir a AO, passar não mais do que quinze minutos no local e logo voltar a FOB. Se o helicóptero de extração demorasse mais do que os quinze minutos previstos para recuperar a equipe, ele não teria combustível suficiente para alternar para uma área de pouso e embarcar os soldados. Quando isto acontecia, a equipe ia pendurada no equipamento de McGuire por mais de uma hora de voo.
O tripulante tinha um facão a bordo do helicóptero e utilizava-o para cortar as cordas do equipamento de McGuire caso a equipe ficasse entrelaçada nas árvores na decolagem. Caso o helicóptero apresentasse algum tipo de problema mecânico e começasse a cair, o tripulante deveria esperar que a equipe estivesse no nível do topo das árvores antes de cortar os cabos. Todos entendiam que a equipe tinha uma possibilidade muito maior de sobreviver ao impacto com as árvores ou com a terra do que caso o helicóptero caísse em cima deles.
Solução para o desconforto
Os equipamentos de McGuire eram tão desconfortáveis que logo se iniciou o desenvolvimento de um equipamento para substituí-lo. Contudo, o novo sistema STABO (um tipo de colete tático com função para içamento) não foi aprovado pelo Projeto Delta por razões logísticas. Enquanto que com o sistema McGuire a unidade teria de manter o controle de 20 ou 30 equipamentos, enquanto que com o novo sistema STABO a unidade teria de manter a integridade de um equipamento para cada soldado, contabilizado em centenas
Sergeant Major Charles T. McGuire ganhou notoriedade ao desenvolver a ideia da técnica McGuire de exfiltração por helicóptero
O equipamento STABO era um colete costurado em um formato semelhante aos utilizados pelos paraquedistas, era bastante caro e demorado para manufaturar. O colete era de material de nylon, semelhante ao utilizado pelas tiras do equipamento de McGuire e era usado em campo para afixar e carregar equipamentos e acessórios (tipo um colete tático), até que fosse necessária a sua utilização para uma exfiltração.
Para utilizar o colete STABO na exfiltração com cordas, duas tiras do colete eram passadas por entre as pernas e presas em uma fivela “D” na frente do colete. O cinto com o armamento individual do soldado e duas tiras no peitoral eram afiveladas junto ao colete, formando uma espécie de “cadeirinha de salvamento” que seria ancorada na corda lançada pelo helicóptero por duas fivelas em formato “D”.
Quando o colete STABO e o equipamento de McGuire eram comparados, a única vantagem que o equipamento STABO tinha sobre o equipamento de McGuire era o conforto. Pela praticidade, o sistema McGuire era imbatível:
1. O equipamento McGuire permanecia no helicóptero e não com o soldado em campo, como era o equipamento de STABO. O colete STABO, quando usado como equipamento individual no campo, não só era foi mais pesada do que o equipamento utilizado anteriormente, como também não se ajustava bem por baixo de uma mochila pesada, nem distribuía adequadamente o peso de munição, granadas e equipamentos do combatente, além de ficar bastante desconfortável depois de alguns dias de uso.
2. O equipamento McGuire sempre estava disponível quando necessário. Com o equipamento de McGuire, um soldado poderia estar separado de seu equipamento de combate e ainda assim ser exfiltrado por corda pelo helicóptero. Contudo, com o equipamento STABO, se ele se perdesse em combate, o soldado não poderia ser exfiltrado a menos que pudesse localizar uma área segura para o helicóptero efetuar um pouso ou um embarque a baixa altura. Houve pelo menos um caso de um soldado americano que não foi exfiltrado pois estava sem seu equipamento de STABO no momento da operação.
3. E por último, mas não menos importante, como os batedores (“Road Runners”) usariam o equipamento STABO disfarçados com roupas de norte vietnamitas ?
O Projeto Delta utilizou o equipamento de McGuire até o fim do conflito. Podiam ser pouco confortáveis, mas eram baratos, confiáveis e eficazes. Sobrou uma grande dívida de gratidão para com o Sergeant Major Charles T. McGuire (seria equivalente ao Suboficial no Brasil) por ter criado a ideia do equipamento que fazia a diferença na hora mais necessária. Um sem número de soldados das unidades das Forças Especiais americanas e vietnamitas sobreviveram para lutar em outro dia simplesmente por causa da criação inovadora e oportuna do Sergeant Major McGuire.
Traduzido e adaptado por Eduardo Alexandre Beni, a partir do artigo original do site Projeto Delta : McGuire Rig.
Resumo: Analisa a atuação de helicópteros do Grupamento de Radiopatrulha Área da Polícia Militar do Estado de São Paulo no incêndio na favela denominada Heliópolis, na Capital do Estado em 1996.
Palavras-chave: Uso de helicóptero, fogo, salvamento e operação resgate.
Manhã do dia 17 de junho de 1996. Era um dia nublado que, por volta das 06:30 horas, mal acabara de nascer. Como rotineiramente fazemos, naquele dia cheguei ao nosso hangar no Campo de Marte, vesti meu macacão de voo e respectivos acessórios e me dirigi até minha aeronave, a fim de fazer o pré-voo1. Como sempre, as aeronaves já estavam devidamente inspecionadas pelos mecânicos de serviço e prontas para a operação daquele dia, que aparentava ser mais um dia normal, sem grandes diferenças dos anteriores.
Estava escalado como Comandante de Aeronave2 da equipe “A”3, motivo pelo qual fazia o pré-vôo do Águia Seis, preparando-o para a execução do vôo de trânsito4. O Tenente Peixoto, Comandante de Operações e meu segundo piloto, procedia o briefing5 ao tripulante e passageiros não habilitados, no caso, um oficial do Comando de Policiamento de Trânsito e um engenheiro da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET, da Prefeitura do Município de São Paulo.
Neste ínterim, o Capitão Monte Oliva, Comandante da Aeronave da Equipe “B”, fazia o pré-vôo do Águia Dois, enquanto o Tenente Médico Galetti e o Sargento Enfermeiro Pimentel checavam todos os kits de emergência e equipamentos médicos da aeronave. O Tenente Beni estava na sala de rádio, nossa Central de Comunicações, pois fora chamado pelo Tenente Joseval, chefe da equipe de tripulantes operacionais, para acompanhar o desenrolar de uma ocorrência com possível existência de vítimas em um prédio em chamas na favela Heliópolis, zona sul da cidade de São Paulo.
O APOIO DA IMPRENSA
A informação foi passada pelo Comandante Luchesi 6, piloto da aeronave da Rede Globo, a qual fazia seu rotineiro voo de reportagem para aquela emissora de televisão, juntamente com a repórter Eleonora Paschoal e o repórter cinematográfico Edson Silva. Disse que, no local, havia várias vítimas e o fogo era muito intenso, sendo que até aquele momento não havia nenhuma viatura do Corpo de Bombeiros e o trânsito estava muito complicado na região. Notou-se que o mesmo estava muito emocionado ao passar as informações.
O ALARME É ACIONADO
Prontamente, às 07:20 horas, foi acionado o alarme, fazendo soar duas vezes a sirene, indicando que se tratava de ocorrência de resgate, quando decolou o Águia Dois, cerca de um minuto depois.
Tendo em vista a possibilidade de o Águia Seis ser utilizado em apoio a essa ocorrência, uma vez que havia informações não confirmadas de vítimas no teto do prédio em chamas, solicitei ao Tenente Peixoto que acompanhasse a fonia do Águia Dois, na sala de rádio, orientando os mecânicos na preparação do material que poderia ser usado para o potencial salvamento, adiando o vôo de trânsito.
Para mim, esse foi um momento de ansiedade, uma vez que passou em meus pensamentos que as únicas vezes em que helicópteros foram usados no Brasil em incêndios em edificações elevadas foram nas tragédias dos edifícios Andraus e Joelma. Comecei a pensar, apesar de nada confirmado ainda, como fazer para tirar as pessoas de cima de um prédio com os meios e técnicas que dispúnhamos. Não sabia a real extensão das chamas nem qual seria a reação da aeronave nessa situação. Nada escrito existia, nem ainda existe, sobre este tipo de emprego do helicóptero. O que eu tinha de informação eram apenas especulações e suposições. Afinal, naquela época o Grupamento de Radiopatrulha Aérea nem sequer estava nos planos da Corporação.
Finalmente, por volta das 07:27 horas, veio a confirmação, seis minutos após a decolagem do Águia Dois. Informaram que nossa decolagem deveria ser o mais rápido possível, uma vez que havia mais de vinte pessoas na última laje do prédio em chamas, sem a menor possibilidade de descerem com o auxílio dos bombeiros, já que era impossível o acesso ao local, devido ao fato de o fogo ser muito intenso.
Sobre a situação, esclareceu o Tenente Beni, pelo rádio:
“Ao chegarmos ao local, já havia várias viaturas do Corpo de Bombeiros, e a aeronave da Rede Globo filmando tudo. O Capitão Monte Oliva aproximou-se da laje do prédio, que estava com muita fumaça, quando então vimos várias pessoas sobre ele. Com a nossa aproximação, a fumaça dispersou e as vítimas conseguiram respirar. O Cap Monte Oliva verificou que o AB7 estava jogando água no segundo andar (o prédio tinha cinco andares), pois não viram as pessoas no teto, devido a fumaça. Imediatamente acionei o COBOM8 e solicitei que jogassem água no teto, pois havia várias vítimas, cerca de vinte. Em fração de segundos, o fluxo da água foi desviado e percebi que, pelo menos naquele momento, as vítimas estavam salvas, pois não agüentariam mais nem um minuto. Elas foram de encontro à água e se molharam desesperadamente, enquanto que, do chão, saía muita fumaça devido à vaporização pela alta caloria. Não sei quanto tempo elas agüentam. Venham logo com tudo o que puderem para fazer o salvamento, pois não podemos sair daqui.”
Conforme as orientações do Tenente Joseval, nosso mais experiente tripulante operacional, mandei instalar o material para o Rapel9 / McGuire10 e colocar o Cesto11 dentro da aeronave.
Chegando ao local, analisaríamos a situação e decidiríamos quais os meios e métodos seriam utilizados.
O APOIO CHEGA
Decolamos por volta das 07:35 horas, e quatro minutos após estávamos no local do sinistro. No caminho solicitei às aeronaves da imprensa que se afastassem do local para facilitar nossa operação e não haver a menor possibilidade de se criar uma situação de falta de segurança devido à proximidade com as mesmas, o que fizeram prontamente, desejando-nos boa sorte.
A cena presenciada é indescritível. De longe se via uma enorme nuvem de fumaça, tão densa que chegou realmente a preocupar. Chegando mais perto, avistamos o Águia Dois fazendo um voo pairado próximo ao canto superior esquerdo do edifício em chamas, mantendo-se cerca de dez metros das labaredas. As chamas saíam por todos os cantos do edifício e, no último pavimento, quase que “abraçavam” o prédio.
O prédio ficava num dos cantos da enorme favela. Tinha cinco andares e seu esqueleto de concreto parecia muito frágil naquele momento. Paredes só se viam algumas, de madeira e papelão, colocadas pelos “moradores”, uma vez que tudo já tinha sido consumido pelo fogo. Do segundo andar para cima, tudo era só concreto e ferros retorcidos no meio do fogo e fumaça intensos.
Próximo ao canto superior esquerdo, onde estava o Águia Dois, avistamos as pessoas aflitas, desesperadas, tentando se molhar na pouca água que o Corpo de Bombeiros conseguia jogar. Eram mais de vinte seres humanos. O Capitão Monte Oliva não podia sair dali, uma vez que, por acaso, verificou que a proximidade da aeronave afastava o fogo daquele lado. Por esse motivo, todas as pessoas se juntaram ali. Caso ele saísse, o fogo imediatamente atingiria aquelas pessoas. No entanto, minha aproximação ficaria muito restrita, pois a laje era pequena e nossas aeronaves correriam o risco de colidirem.
Pela fonia, o Capitão Monte Oliva me informou:
“Falconi, não posso sair daqui, porque o fogo está sendo mantido afastado devido à ação do vento do rotor12. Se eu me afastar daqui, certamente o fogo vai atingir as pessoas e elas vão acabar morrendo queimadas. Vá depressa, pois não sei quanto tempo poderemos ficar nesse pairado13, pois a aeronave está muito instável!”
Vimos várias crianças, e me lembro de ter visto uma senhora grávida, em estágio bem avançado. Essa senhora tentou saltar de lá de cima, mas um senhor a segurou. Todos pulavam como se estivessem proibidos de pisar no chão, o qual fervia de tal modo que a água jogada pelos bombeiros mal tocava o piso e já se evaporava, gerando muita fumaça.
Disse o Tenente Beni, após operação:
“Um momento que não esqueço foi quando uma mulher tentou pular. O Tenente Galetti (médico) gritava e gesticulava compulsiva e desesperadamente para alguém segurá-la. O Capitão Monte Oliva aproximou ainda mais a aeronave quando, então, a mulher foi segura por um homem e estava salva”.
Lembro que naquele momento cheguei a pensar que não seria possível fazer mais nada. Perguntei ao Capitão Monte Oliva, piloto muito mais experiente, como estava se comportando a aeronave naquele calor. Ele disse:
“Falconi, o helicóptero está bastante instável e exigindo bastante a potência do motor. Estou com o NG14 entre 97 e 98%. Acho que é melhor você usar o McGuire.”
Porém, decidi tentar antes uma aproximação com a aeronave, como se estivesse com o Cesto, com o objetivo de testar sua reação, uma vez que este equipamento é mais fácil de operar, mais rápido para instalar e é capaz de retirar mais pessoas ao mesmo tempo, se comparado com o McGuire.
Infelizmente, não foi possível. Constatei que o calor era muito intenso e, na distância necessária para colocar o Cesto no topo do prédio (cerca de seis metros), corríamos o risco de as chamas atingirem a aeronave, com conseqüências desastrosas.
Nesse mesmo momento,informou o Tenente Beni pelo rádio:
“Peixoto, não sei de que maneira, mas um bombeiro conseguiu chegar no topo do prédio. Ele está tentando acalmar as pessoas e está conseguindo controlar a situação.”
O USO DO McGUIRE PARA O SALVAMENTO
Pousei, então, em um prédio em frente ao que estava em chamas, para proceder a instalação dos cabos e preparar a aeronave para o McGuire. Tripulavam a aeronave o Tenente Joseval e o Sargento Adão. Solicitei ao Tenente Joseval que fosse embarcado, devido a sua experiência. Precisaríamos, portanto, de mais um tripulante para ser levado no McGuire com o Sargento Adão. Imediatamente, por solicitação do Tenente Peixoto, o Sargento Januário (do Corpo de Bombeiros) se apresentou para a arriscada missão. Nesse momento o Tenente Peixoto me falou:
“Falconi, pedi a um Sargento do Corpo de Bombeiros que fizesse o McGuire juntamente com o Sargento Adão. Ele nunca atuou em uma missão real, mas já o orientei sobre como proceder. O Adão está um pouco nervoso, mas disse que vai enfrentar a situação. Todos já foram orientados também pelo Joseval, e está tudo pronto para decolarmos.”Técnica do “McGuire” para condução dos tripulantes ao prédio de Heliópolis
Era a primeira vez que uma missão desse tipo seria realizada. A mesma consistia em içar os dois sargentos por meio de cabos conectados à parte interna da aeronave e colocá-los em cima do prédio. Cada qual iria com um cinto extra para conectar, com segurança, mais duas pessoas, repetindo-se a operação até tirarmos todos do prédio. Os cabos escolhidos foram os de cinqüenta metros, uma vez que permitiria realizar um vôo pairado de longa duração, exigindo o máximo de potência da aeronave, devendo mantê-la o mais distante possível do fogo e da fumaça.
Lembro do momento da decolagem do playground daquele prédio, cerca de dez minutos após (07:50 horas). A aeronave subia, subia e o cabo parecia não ter fim. As pás passavam muito próximas ao edifício. Finalmente, o cabo esticou e o Tenente Joseval deu “livre deslocamento”. Iniciei deslocamento à frente.
A teoria foi muito boa e o procedimento adotado, já treinado em outras situações sem a presença de fogo, foi o correto. No entanto, foi muito difícil a condução da aeronave até o local. O ar em torno do edifício era muito rarefeito e turbulento, devido ao calor. A visibilidade era muito prejudicada devido à fumaça, restringindo muito o uso de pontos de referência para fazer o pairado. Fiquei muito preocupado com aquelas vítimas e com a segurança da operação.
Após fazer a perna base 15, já na aproximação final para a colocação dos tripulantes no teto do edifício, iniciou-se um pêndulo 16 longitudinal e depois circular, motivo pelo qual tive que arremeter 17 e fazer novo circuito, uma vez que a situação não permitia mais ganhar velocidade. Novamente ocorreu o pêndulo e novo circuito foi necessário. Comecei a ficar impaciente, pois não conseguia tirar o pêndulo, mesmo com toda a calma passada pelos tenentes Joseval e Peixoto. O ar estava muito turbulento e quente, e os parâmetros da aeronave chegavam a todos os limites operacionais. Suava bastante, e a responsabilidade que imputei a mim aumentou, afinal aquelas pessoas estavam dependendo de nós.
Na terceira tentativa, finalmente, conseguimos colocar os tripulantes no teto do edifício.
A fumaça, por várias vezes, tirava minha visibilidade e, constantemente, tinha que mudar meus pontos de referência. O calor era, mesmo naquela altura, insuportável. Os parâmetros ficaram mais próximos ainda dos limites.
O Tenente Joseval passava a todo instante as informações necessárias: “aeronave à frente”, “aeronave à esquerda” etc., até que, em determinado momento, disse que os dois tripulantes estavam ancorados 18 as duas primeiras vítimas, ambas crianças.
Disse, depois, o Sargento Adão:
“Tenente, nunca estive numa situação tão difícil. Ao mesmo tempo que queria salvar aquelas pessoas, via que poderia morrer se o senhor cometesse alguma falha. As pessoas viram em nós sua tábua de salvação. Todos queriam ser os primeiros a serem socorridos e tive até de agir com energia, dizendo que a prioridade eram as crianças, depois mulheres e homens adultos. Houve até uma certa confusão, mas tudo acabou correndo bem. Selecionei as duas crianças menores e que estavam aparentemente piores. Coloquei umas delas em meus braços ancorada ao meu equipamento, o mesmo fazendo o Sargento Januário. Quando dei o sinal ao Tenente Joseval para abandonarmos o local, o senhor não imagina o alívio que senti, apesar de saber que deveria estar lá novamente para tirar as outras vítimas.”
Depois de ancoradas as crianças, o Tenente Joseval, finalmente, após “horas de ansiedade”, as quais duraram exatamente cinco minutos, deu “livre, aeronave para cima” e “livre deslocamento”. Durante aqueles cinco minutos, cheguei a pensar em abortar a missão, pois estava muito crítica, mas algo superior me acalmava. Pensei nos tripulantes que estavam arriscando suas vidas, sabendo que um pequeno erro em minha ação nos comandos e qualquer vacilo em superar aquelas dificuldades poderiam causar uma tragédia.
Nesse meio tempo, devido à ação do vento das duas aeronaves e à chegada de uma viatura do Corpo de bombeiros com uma escada alta o suficiente para jogar água no prédio, é que foi possível também àquele bombeiro, devidamente equipado com capa, capacete, bota e proteção respiratória, chegar ao topo, pelo o qual passou a coordenar a seqüência das pessoas que seriam socorridas pelos helicópteros.
O USO DO CESTO PARA O SALVAMENTO
Enquanto desembarcávamos as duas primeiras vítimas no estacionamento do prédio em frente, a fim de serem atendidas pelo pessoal do Resgate, o Capitão Monte Oliva saiu do local para pegar o Cesto que havíamos deixado no playground do mesmo edifício. Essa parte nós não vimos, porém ele me disse depois:
“Você não imagina com que aflição eu estava enquanto vocês não chegavam. Eu estava vendo as vítimas pulando feito pipocas na frigideira e não podia fazer nada. Até tentei aproximar a aeronave no teto, mas foi impossível. Vi então que não poderia sair mais dali, pois o pairado provocou o afastamento do fogo que abraçava a laje. Quando vi as dificuldades enfrentadas por você ao fazer o salvamento com o McGuire, achei que várias pessoas morreriam. Porém, o fogo foi diminuindo aos poucos com a chegada de mais água e a ação do vento do seu helicóptero. Então, para ganhar tempo, resolvi instalar o Cesto e tentar resgatar algumas vítimas, enquanto você fazia a operação com o McGuire.”Tripulação: Cap Monte Oliva (Cmt), Ten Beni (co-piloto – lançador) e Sgt Pimental (enfermeito – cesto)
Verifiquei então que o mesmo já estava em aproximação final para o topo do prédio, com o Cesto. Não entendi muito bem como o faria, uma vez que ele não tinha nenhum tripulante a bordo para fazer o lançamento, afinal tripulavam a aeronave, além dele, o segundo piloto, o oficial médico e o sargento enfermeiro. Depois o Tenente Beni me explicou:
“Resolvemos pousar no playground e instalar o Cesto. O Capitão Monte Oliva me perguntou se eu seria capaz de fazer o lançamento e eu, claro, disse que sim. O Sargento Pimentel, prontamente se ofereceu para ir no Cesto. Fizemos a instalação, um pequeno briefing e decolamos. Só depois fui ver como a situação era difícil. Fiquei deitado no piso da aeronave, e a sensação foi muito estranha, pois nunca tinha feito aquilo antes, apesar de ter participado, como segundo piloto, em várias situações e saber perfeitamente como proceder. No entanto, a situação assim o exigiu. Vi que a responsabilidade foi transferida toda para mim no que dizia respeito à orientação da aeronave, à vida do Sargento Pimentel e à vida das vítimas colocadas no Cesto.”
Disse depois o Sargento Pimentel:
“Nunca estive numa operação com Cesto, nem dentro dele. Mas a confiança que temos em Deus e na perícia dos pilotos, me deixou tranqüilo. Só não esperava que o Cesto, apesar de não pendular, girasse tanto. Achei que ia cair do topo do edifício na hora que desci do Cesto, pois eu estava muito tonto. Cheguei até a tropeçar. Ao colocar o pé na laje, minhas botas foram encobertas pela água fervente; foi quando senti a real situação daquelas pessoas. Colocamos mais três pessoas no Cesto, as que estavam piores, de acordo com minha avaliação de enfermeiro, entre elas a senhora grávida que quis se jogar de lá de cima. Percebi, então, que vários bombeiros já estavam conseguindo chegar ao teto e começaram a evacuá-las pela escada, protegidas pela água lançada pelo caminhão de bombeiros. Dei, então, o sinal ao Tenente Beni para decolarmos.”
Como os bombeiros já haviam conseguido chegar à laje e começavam a retirar as vítimas, uma vez que o fogo já havia baixado, o Capitão Monte Oliva resolveu pousar e suspender a operação de Cesto com seu helicóptero. O risco já não mais compensava, e a situação já estava sob controle dos bombeiros, apesar de ainda muito intenso o fogo. Continuou, então, com o apoio da equipe médica, na remoção dos feridos.
Retirada de vítimas com o uso do cesto
Enquanto o Capitão Monte Oliva fazia o salvamento com o Cesto, fiquei no pairado observando e avaliando a situação, quando o Tenente Peixoto, que já foi do Corpo de Bombeiros, notou que o combate ao incêndio estava prejudicado, pois os bombeiros não tinham acesso à parte dos fundos da favela, para onde o fogo se propagava. O vento estava levando as labaredas para os barracos próximos e ao outro prédio em construção, também invadido e não evacuado.
Que fique claro que isso não foi uma falha dos bombeiros, uma vez que a favela tem muitas ruelas estreitas e a distância da rua mais próxima, pela qual seria possível terem acesso as viaturas de bombeiros, era muito grande.
Também nos foi comunicado que a água das viaturas AT19 estava acabando e os hidrantes mais próximos, existentes no local, não estavam funcionando, o que aconteceu, provavelmente, devido ao fato de o local ter sido invadido, e as obras não terem sido concluídas. Tentaram coletar água do prédio em frente, mas a vazão era insuficiente.
O USO DO BAMBI BUCKET PARA DEBELAR AS CHAMAS
Apesar de já não haver vidas humanas potencialmente em risco, a não ser no caso de as chamas atingirem o outro prédio, decidi me deslocar com o Águia Seis ao Campo de Marte para instalar o Bambi Bucket20.
O Águia Cinco, tendo como Comandante o Tenente Henrique, como segundo piloto o Tenente Gaspar e Tripulante Operacional o Sargento Minozzi, já tinha decolado com equipamentos de salvamento Rapel / McGuire e Cesto para apoiar, se necessário. Eles compunham a Equipe “C”. Enquanto eu me deslocava para apanhar o Bambi Bucket, o Tenente Henrique começou a procurar algum manancial próximo ao local do incêndio que permitisse a coleta rápida de água.
As aeronaves da imprensa, que não perdiam nenhum detalhe, se prontificaram a também procurar, no entanto, quem acabou encontrando foi a própria tripulação do Águia Cinco. Tratava-se de um reservatório da SABESP próximo a divisa com Diadema. O Tenente Gaspar plotou o local através do GPS 21 e passou as coordenadas para nós, no Águia Seis.
Sugeri, então, que o Águia Cinco também retornasse a base para pegar outro Bambi Bucket para auxiliar nos lançamentos, diminuindo, assim, os intervalos entre os mesmos.
Chegando ao campo de Marte, solicitei a torre aproximação direta para o pátio do hangar da Policia Militar, procedimento não rotineiro. A torre marte imediatamente autorizou, uma vez que foi informada da emergência.
Os mecânicos já estavam a postos, com Bambi Bucket para 100% (580 litros), uma vez que estava com apenas 30% de combustível e o peso permitido. Depois de dois minutos devido a presteza dos mecânicos, o mesmo já estava instalado. Solicitei a torre decolagem imediata com carga externa (o Bambi) e, após autorizado, retornamos ao local, chegando lá por volta das 08:40 horas.
Cerca de dez min depois, o Águia Cinco decolou com o Bambi Bucket a 70% (cerca de 410 litros), visto o mesmo estar com limitação de peso, pois estava com cerca de 50% de combustível.
Lançamento de água utilizado o equipamento “bumbi bucket” no incêndio de Heliópolis
Encontrei, sem problemas, o local para abastecimento do Bambi Bucket graças às coordenadas geográficas fornecidas anteriormente. Efetuamos cinco lançamentos cada um, alternadamente, acabando por extinguir, quase que totalmente, o fogo e afastando de vez o perigo de o mesmo atingir as circunvizinhanças.
Enquanto fazíamos a extinção do fogo, o Águia Dois retornou à sua missão inicial de fazer o socorro de vitimas que aguardavam para serem removidas ao hospital Heliópolis, com os cuidados de nossa equipe médica.
O BOM FILHO À CASA TORNA
Retornamos todos ao campo de marte, a tempo de ver os comentários das varias emissoras de televisão, cujos jornalistas não se cansavam de tecer elogios a atuação de nossa corporação.
A operação foi divulgada ao vivo nas principais emissoras televisivas do território nacional e para todo mundo através da CNN e diversas outras empresas internacionais.
Em momento algum tivemos expoentes de atuação, executando todas as ações de maneira coordenada, não se desperdiçando um segundo sequer de tempo. Tudo funcionou como um relógio: enquanto uma aeronave fazia uma coisa, a outra fazia outra, todos se comunicando e se entendendo perfeitamente. Pela primeira vez, numa única operação, foram tão diversificadas as técnicas e meios para o combate a um incêndio em edificações elevadas, além dos convencionais.
UMA OPERAÇÃO DE RISCO
Existe um risco real do emprego da aeronave próximo ao fogo ou em ambientes próximos devido a vários motivos técnicos 22. Angustiava-me saber que a única solução seria arremeter o mais rápido possível, a fim de salvar minha tripulação embarcada e não causar estragos maiores. No caso de Heliópolis, se isso acontecesse, teríamos que primeiro cortar os cabos ou alijar o cesto, para depois arremeter, sendo este o principal risco que correram os tripulantes, verdadeiros Heróis.
Com relação às cenas presenciadas por mim e por todos os que participaram da operação, as mesmas nunca mais serão esquecidas, cenas que mostraram momentos de verdadeiro horror e angustia, por não se ter certeza do que e como fazer para controlar a situação. Sempre vou lembrar aquelas crianças chorando, daquelas pessoas gritando e gesticulando para nós, aquela senhora que tentou pular e foi salva por aquele homem que, muito calmo, a segurou. Lembro-me de todos saltitando de tão quente o chão e de um senhor que ficou o tempo todo agachado, até ser retirado por um bombeiro, enquanto o outro helicóptero ficava no pairado no meio do fogo e da fumaça. Coisas que só vemos em filmes.
Nada foi tão emocionante e gratificante quanto a retirada das primeiras vitimas, após todas as tentativas frustradas de aproximação com pendulo. Achei que não iria conseguir, mas depois de pousar, aquela tremedeira nas pernas acabou e pude respirar aliviado ao ver que tudo dera certo. Naquele momento, tivemos que ultrapassar vários limites dos helicópteros e principalmente pessoais, o que fizemos com absoluto sucesso. Tão apreensiva foi a operação realizada com McGuire, a operação de lançamento de água com Bambi Bucket, normalmente tensa, chegou a ser até uma atividade “agradável”.
OS HERÓIS
Gostaria de referenciar e agradecer aqui a atuação dos Sargentos Adão e Januário (do Corpo de Bombeiros), que ficaram no McGuire, salvando as primeiras vitimas e do Sargento Pimentel, que desceu no cesto, salvando mais três vitimas. Esses profissionais são os verdadeiros Heróis que arriscaram suas vidas, uma vez que, pelo bem daquelas pessoas, se expuseram às chamas, enfrentaram o risco particular das operações de cesto e McGuire sem hesitar e se submeteram ficar à mercê dos comandantes das aeronaves, os quais pouco poderiam fazer caso as mesmas perdessem a sustentação, a não ser alijá-los.
UM DEPOIMENTO
No dia seguinte ao ocorrido, a equipe de reportagem da Rede Globo compareceu a nossa sede, no campo de marte, somente para nos agradecer e cumprimentar pela atuação. Recebi pessoalmente a equipe quando a repórter Eleonora Paschoal deu o seguinte depoimento:
“Vocês são demais! Estávamos fazendo um sobrevôo sobre o Osasco Plaza Shopping, onde, aliás, vocês tiveram uma brilhante atuação, fazendo umas tomadas para verificar se estavam fazendo alguma obra no local, com as imagens ao vivo. Ao terminarmos,o Luchesi perguntou para onde iríamos e, não sei o motivo, pedi para irmos para a zona sul, ver a favela da vila prudente. Quando lá chegamos fomos afastando a aeronave para melhorar o ângulo das tomadas. Em determinado momento o repórter cinematográfico Edson Silva avistou, na direção do Ipiranga, uma fumaça muito grande e resolvemos verificar o que era. Qual nossa surpresa quando, mais próximo do local, na favela Heliópolis, avistamos um fogo imenso. Solicitei a central da emissora para colocarmos as imagens ao vivo no ar, a fim de que alguém, bombeiros, policiamento, CET, Grupamento Aéreo, etc. as visse e tomasse as melhores providencias. Enquanto isso, o Luchesi tentava fazer contato pela fonia aeronáutica com o Solo Águia23, quando solicitou que mandassem imediatamente uma aeronave para o local e acionassem o Corpo de Bombeiros, que até o momento, não havia conseguido chegar. O Transito estava complicado demais. Depois de Termos conseguido o contato com vocês, chegando mais perto, avistamos aquelas pessoas correndo de um lado para o outro. A impressão que eu tinha é de que podíamos pegá-los com a mão, mas era mera ilusão. Emocionei-me muito nesse momento, e é uma cena que nunca mais vou esquecer. Senti-me totalmente impotente ante a situação e achei que as vitimas iriam morrer, pois ninguém chegava ao local. Havia um civil com uma mangueira de jardim, do edifício em frente, jogando água e varias pessoas gesticulando e gritando desesperadas.
O Edson Silva chegou até a dizer que não poderia mostrar ao vivo aquelas imagens de terror, mais era preciso, pois poderíamos ajudar em alguma coisa no planejamento da operação de salvamento.
Quando a emissora colocou no ar nossas imagens, já estávamos lá há cerca de quinze minutos. Ninguém chegava, e comecei a entrar em desespero. Foram minutos que pareceram eternos até vocês chegarem, quase junto com uma viatura do Corpo de Bombeiros. Ficamos torcendo muito e, no meio aquela situação confusa, não entendi muito bem o que seria feito, quando vi que o helicóptero de vocês se colocou próximo ao fogo, afastando as labaredas do teto, como se fosse um enorme ventilador. Achei isso sensacional, uma idéia magnífica. Menos de cinco minutos depois chegou o outro helicóptero e se aproximou mais ainda do teto, no meio do fogo e da fumaça, de tal modo que não podíamos nem vê-los direito de onde estávamos. E o resto você já sabe, pois estava lá.
Minha sensação de impotência ia aos poucos desaparecendo à medida que vocês atuavam. Tudo era perfeitamente coordenado, como se vocês tivessem ensaiado aquilo. Ficamos sabendo que nada semelhante no mundo havia sido feito anteriormente. Ficamos maravilhados com a atuação de vocês e dos bombeiros. O tempo todo vocês nos passavam informações da situação, através do Luchesi, as quais transmitíamos ao vivo para a televisão. Fiquei muito gratificada por isso, pois de impotente ante a situação passei a me sentir útil novamente. A maior recompensa foi ver, no final, que ninguém havia morrido pelo fogo, a não ser aquelas crianças intoxicadas que não saíram a tempo do prédio.
O trabalho de vocês foi fantástico. Já havia visto vocês operarem todos aqueles equipamentos isoladamente em outras ocasiões. A criatividade, a sensibilidade, a rapidez nas decisões acertadas me deixou extasiada. A troca de informações entre vocês e as aeronaves da imprensa foi bárbara.
Vocês são realmente heróis, pois não é qualquer um que teria a coragem de fazer o que fizeram. Sempre que precisarem contem com a gente, e que Deus os proteja!”
O ENSINAMENTO
Dentre os vários ensinamentos que certamente assimilei naquele fatídico dia, um deles é que nada é absolutamente verdadeiro, a não ser que se prove na prática. Nunca sabemos realmente quais são nossos limites, apesar de sempre respeitá-los.
Acabamos, todos, cravando na história de nossa gloriosa Corporação mais uma página de um relevante serviço prestado à comunidade paulista, que serviu de exemplo ao Brasil e ao mundo. Certamente, sem a presença Divina, nada poderíamos ter feito.
NOTAS
1. Inspeção realizada em aeronave, por mecânicos e pilotos, antes do vôo.
2. Funções a bordo dos helicópteros do GRPAe: Comandante da Aeronave (primeiro piloto). Comandante de Operações (segundo piloto) e Tripulantes Operacionais (observadores, mecânicos, médicos e enfermeiros).
3. As equipes são divididas de acordo com as missões: “A” atende o policiamento aéreo (apoio em ocorrências, trânsito, rodoviária, buscas etc.), “B” atende o resgate (missões aeromédicas) e “C” atua complementarmente.
4. Vôo diário realizado nos períodos matutino e vespertino, nos horários de rush, objetivando melhorar a fluidez do tráfego, através do fornecimento de informações.
5. Instruções e recomendações transmitidas aos tripulantes e passageiros antes de qualquer voo ou missão.
6. Cel Res PM Sérgio Luchesi, ex-comandante do Grupamento de Radiopatrulha Área.
7. Viatura de grande porte equipada com tanque de capacidade aproximada de 4.000 litros de água e uma bomba d’água acoplada ao motor.
8. Centro de Operações do Bombeiro.
9. Técnica utilizada para as descidas controladas de homens em locais de difícil acesso, partindo de uma plataforma fixa (no caso o helicóptero no vôo pairado), onde são utilizados cabos e dispositivos ou esquemas para a frenagem durante a descida.
10. Técnica que leva o nome do sargento americano que a idealizou. Consiste no transporte de pessoas ancoradas na extremidade de cabos, normalmente tripulantes especializados, possibilitando aos mesmos ter acesso às vítimas para resgatá-las do local isolado.
11. Equipamento desenvolvido no GRPAe, idealizado a partir de um filme americano, que consiste numa gaiola de náilon com dois aros de alumínio que, quando suspensa, tem a forma cônica. Conectada ao gancho do helicóptero, permite o transporte de até quatro pessoas com segurança.
12. Disco formado pelo movimento circular das pás do helicóptero.
13. Vôo estacionário sobre um determinado ponto, tomando por base referências (horizontais, verticais e laterais) em relação ao solo.
14. Abreviatura utilizada para indicar o Regime do Gerador de Gases no grupo turbo motor (turbina), proporcional à potência a ele exigida.
15. Uma das frases do circuito de tráfego durante o procedimento de pouso, que é composto de perna do vento (quando a aeronave está se deslocando a favor do vento), perna base (curva de 180º mantendo ângulo constante, após a perna de vento) e aproximação final (quando a aeronave se coloca contra o vento para pouso).
16. Oscilação da carga colocada externamente à aeronave, podendo ser longitudinal, lateral e circular. O último é o mais perigoso por ser o mais difícil de ser revertido, devendo o piloto arremeter ou ganhar velocidade, nessa situação.
17. Abandonar a operação de aproximação.
18. Ato de conectar o equipamento de salvamento da vítima ao equipamento do Tripulante Operacional.
19. Viatura de grande porte, equipada com tanque de capacidade aproximada de 8.000 litros de água, cuja função principal é o transporte de água para o local do sinistro.
20. Equipamento canadense desenvolvido para combate a incêndios, consiste num cesto de náilon conectado ao gancho do helicóptero. Através desta técnica, coleta-se água e, através de acionamento elétrico feito pelo piloto, alija-a sobre o fogo.
21. Global Positioning System (Sistema de Posicionamento no Globo), aparelho navegador/localizador que usa satélites existentes na órbita terrestre para dar informações de latitude/longitude (coordenadas geográficas).
22. O ar fica turbulento devido às correntes ascendentes que existem no local: fica também rarefeito, diminuindo a sustentação e consequentemente exigindo maior potência do motor. A sustentação diminui, uma vez que é diretamente proporcional à massa de ar existente e à velocidade da superfície aerodinâmica. Como a tendência da aeronave é se deslocar para o local mais quente (que tem menor resistência ao movimento), no caso de aeronave começar a descer, o piloto aplica instintivamente o coletivo aumentando a potência. Com isso o ângulo de ataque das pás aumenta e ocorre o fenômeno do “stol de ponta de pá”, que é a perda de sustentação, pois a mesma faz com que a camada de ar que passa por ela se desloque a partir da extremidade do disco do rotor. Resumindo, quanto mais potência se aplica, mais sustentação se perde.
23. Nome operacional da Sala de Rádio do Grupamento de Radiopatrulha Aérea.
O autor atualmente é Coronel da Reserva da PMESP, Piloto de Helicóptero do Grupamento de Radiopatrulha Aérea. Formado em Eletrotécnica pela Escola Técnica Federal de São Paulo, em Direito pela Universidade Mackenzie e em Análise de Sistemas pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo.
Segundo conta a história, esta técnica tem sua origem no nome de um militar americano, que, durante a guerra do Vietnã, utilizando-se de sua criatividade, retirando militares que se encontravam no meio da floresta, através de cordas fixadas no helicóptero.
Essa técnica é utilizada para resgatar vítimas em locais de difícil acesso (matas, telhados, torres, encosta de montanha, etc) onde outra técnica não seria possível ser empregada, visto o risco que esse tipo de operação apresenta. A técnica consiste no lançamento de dois tripulantes através de cordas, perfazendo-se do rapel para a descida (infiltração), e posteriormente na exfiltração, através do içamento e deslocamento desses tripulantes pelas cordas, variando o seu comprimento conforme a missão. A novidade é que todo este conjunto fica acoplado em um sistema de ancoragem instalado no piso e também no gancho da aeronave, denominado “Mcguire” com exfiltração pelo gancho.
A aeronave utilizada no caso é um AS 350 B2, peso máximo de decolagem de 2.250 kg, peso máximo de decolagem com carga externa de 2.500 kg. Sabendo-se que a maioria das polícias no Brasil utilizam-se desse modelo de helicóptero e fazem da técnica do “Mcguire” um dos meios para a resolução de problemas, essa técnica, ora apresentada, visa aprimorar o sistema, minimizando os riscos.
“Aranhas” confeccionadas com “fitas tubulares” em conjunto a uma “placa de ancoragem” ou argola de aço utilizadas pelo GAvOp do CBM/DF.
Vale lembrar que há várias formas de ancoragem das cordas no piso da aeronave, no caso apresentado, a “aranha” é confeccionada com cabos de aço, mas existem outras possibilidades, como a utilização de “fitas tubulares” ou cordas, em conjunto a uma “placa de ancoragem” ou argola de aço, pois, para essa técnica, o mais importante é o tipo de ancoragem realizada no gancho da aeronave, pois é ele que suportará a carga e minimizará o pêndulo.
Um dos maiores temores esta alicerçado no pêndulo que as cordas apresentam durante o deslocamento da aeronave e para evitar e/ou minimizar o efeito deste pêndulo dessincronizado (eixo longitudinal ou transversal da aeronave) e, por vezes acentuado, foi testada uma nova maneira de executar a amarração no piso e no gancho da aeronave (este modelo suporta 750 kg de carga), e, ao invés das cordas passarem por cima dos esquis, como o habitual, elas passam pela parte interna deles e têm seu “ponto bomba” (local de ancoragem na aeronave que surporta niveis elevados de carga) no gancho da aeronave, como se fosse um deslocamento com carga externa pelo guancho.
Assim, as cordas são ancoradas no gancho e a força a ser exercida estará no centro de gravidade (CG) do helicóptero, melhorando a performance e facilitando as manobras realizadas pelo piloto, reduzindo sobremaneira o pêndulo, além de ser simples a sua redução se porventura vier a ocorrer.
Este tipo de sistema foi realizado com a “Aranha” confeccionada com cabos de aço e é distribuída da seguinte forma:
Sistema com 05 (cinco) mosquetões de aço para ancoragem.Mosquetão 01 (um) permeio da Corda a ser utilizada.Os Mosquetões 02 (dois) e 03 (três) serão fixadas às cordas de “backup” do “Mc Guire”. Nesse momento, após fixadas, deverá ser feita uma medida de tamanho condizente para fazer a conexão no gancho da aeronave, sendo utilizado um mosquetão de aço para cada corda, lembrando que as travas de rosca destes devem estar em direções opostas entre si, para que eles, com o atrito, não venham a abrir.Após a fixação no gancho o “vivo” de cada corda deverá voltar ao sistema da aeronave para que seja feita a amarração do rapel. As cordas utilizadas no rapel deverão ser fixada nos mosquetões 04 (quatro) e 05 (cinco) e com os seus devidos “backups”, como mostra a figura.
O sistema esta montado como mostra a figura acima, lembrando que após a realização do rapel, o tripulante lançador deve retirar as cordas que foram utilizadas para a descida de rapel, desfazer os nós e liberá-las entre os esquis para que possam ficar no sistema de “Mcguire” pelo gancho e realizá-lo, conforme fotos abaixo:
Operação de salvamento realizada em 2007 utilizando essa técnica desenvolvida pelo Grupamento de Radiopatrulha Aérea de São Paulo.Observe as cordas fixadas ao gancho da aeronave e seus respectivos “backups” conectados à “aranha” no piso do helicóptero.
Fonte: Esse texto foi escrito por Eduardo de Moraes Gomes (tripulante operacional), entretanto, essa técnica foi desenvolvida por tripulantes operacionais e pilotos do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar de São Paulo, após muitos debates e testes e, atualmente, é procedimento adotado por essa Unidade de Aviação.
Fotos: Edmar Félix Ambrósio, Eduardo Alexandre Beni e GRPAe.
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