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Durante a década de 80, começaram a surgir no Brasil os primeiros serviços aéreos policiais, unidades que foram criadas pelos órgãos de segurança pública dos principais estados do país para combater o crime organizado, uma modalidade que já naquela época estava atingindo níveis alarmantes para as autoridades e para a população em geral. Essa aviação, em sua grande maioria, foi fruto de iniciativas independentes de cada governo estadual, quase sempre sem a presença e o apoio do Governo Federal.

Major Josilei Gonçalves.

Até 2008, foi assim que várias unidades aéreas policiais, que hoje existem em muitos estados, surgiram no Brasil. Mesmo executando excelentes trabalhos de apoio à população, desde missões de combate ao crime organizado, busca e resgate, combate a incêndios, transporte de órgãos, entre outros; porém, persistem várias regiões interioranas que são pouco beneficiadas com esse atendimento.

Com vistas a reverter esse quadro e criar uma forma de difundir e integrar o serviço aeropolicial no Brasil, o Governo Federal, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), que está subordinada ao Ministério da Justiça, criou em novembro de 2008, a Polícia de Aviação Pública.

“No dia 2 de julho de 2008, eu fui chamado pelo Coronel Luiz Antônio Ferreira, diretor da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), para implantar a aviação na Força Nacional”, conta o Major Josilei Gonçalves, presidente do Conselho Nacional de Aviação de Segurança Pública da SENASP.

Pode-se dizer que o embrião dessa política nasceu com os Jogos Pan-Americanos, realizado no Rio de Janeiro em 2007, para o que o Governo Federal adquiriu sete helicópteros, sendo três Helibras AS350B2 Esquilo, para garantir a segurança do evento. Com o término dos Jogos, a própria FNSP ficou com uma das aeronaves, sendo as demais doadas para o Pará e para o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

“Com estas doações, outros estados começaram a pedir recursos para a compra de equipamentos. Neste momento, nós criamos a Comissão de Aviação de Segurança Pública, para assessorar e instruir tecnicamente o ministro da Justiça e o secretário nacional de Segurança Pública nos assuntos ligados a aviação”, explica Gonçalves.

Para receber os recursos do governo, o estado interessado tem de demonstrar comprometimento, fazer um contato com a SENASP e levar um projeto para a compra dessa aeronave. Nesse momento, entra novamente a Comissão de Aviação de Segurança Pública, que também tem o papel de analisar aquele projeto e assessorar quanto ao melhor equipamento a ser comprado, conversando com os seus representantes, fazendo visitas para analisar a capacidade operacional, entre outros.

“Para fornecer esses recursos, nós precisamos detectar o comprometimento do estado, não de pessoas. Ele tem que utilizar o helicóptero para aquilo que foi especificado, em prol da segurança pública”. Com o projeto aprovado, a SENASP então repassa a verba para que o estado possa comprar o equipamento desejado. Em pouco mais de um ano, o montante chegou já a R$ 260 milhões, proporcionando a compra de 32 helicópteros, a maioria da Helibras (Eurocopter).

Em contrapartida, as aeronaves que foram compradas com dinheiro da SENASP podem ser solicitadas pelo Governo Federal para atuar em operações e missões em outros estados. “Nesse caso, nós pagamos a diária dos tripulantes e o combustível da aeronave. Quando chegar a Copa do Mundo, esse sistema estará funcionando a pleno, já estamos criando experiência para isso”. Os estados também devem comprovar, através de relatórios, as melhorias que aquele helicóptero está proporcionando para a segurança pública.

“Para aqueles estados que estão começando um serviço aéreo, nós sugerimos e recomendamos a integração, ou seja, que seja formado por membros do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil. Juntando as três instituições, em prol da atividade aérea, você faz com que ela cresça, que tenha sucesso. Posteriormente, o governo pode achar conveniente criar um Corpo de Bombeiros (serviço aéreo) separado, mas aí você já tem piloto, tem o conhecimento, a doutrina. É diferente do que começar do zero”.

Por outro lado, a Política de Aviação de Segurança Pública tem por missão capacitar e dar treinamento aos serviços aéreos que estão começando, através da Assessoria Especial de Aviação Policial.

O Acre é um exemplo de sucesso deste trabalho que vem sendo realizado pela SENASP – em agosto do ano passado, seu governo recebeu um Helibras AS350B2 Esquilo, mas não tinha pilotos com formação policial para voar a aeronave. “Nesse caso, o comandante é da Assessoria Especial de Aviação Policial, e o co-piloto é do Acre. A inauguração do hangar será feita em setembro”.

A missão da Assessoria encerrará no Acre quando o primeiro comandante estiver formado, ou seja, depois de mil horas de vôo. Atualmente, a Assessoria é formada por aproximadamente 40 pilotos e tripulantes, que hoje estão prestando apoio na formação de efetivo de vários serviços aéreos do Brasil, como no Amazonas, por exemplo. Assim como o Major Gonçalves, que é oriundo da Polícia Militar do Distrito Federal, os profissionais que compõe a Assessoria, além de serem extremamente experientes, vieram de diferentes unidades aéreas, de vários estados brasileiros.

Outro papel exercido pela Assessoria é a busca pela padronização dos procedimentos operacionais, para que os serviços aeropoliciais possam atuar de forma integrada, sem maiores dificuldades, em grandes eventos ou calamidades públicas, como foi o caso das enchentes de Santa Catarina em 2008.

A SENASP também realizou o 1º Curso Teórico de Piloto Privado de Helicópteros e Avião, com a participação da maioria dos estados, no qual 60 servidores estaduais e federais foram aprovados nas bancas de Avaliação da Agência Nacional de Aviação Civil.

E a Política de Aviação de Segurança Pública também possui o Conselho Nacional de Aviação de Segurança Pública, que é representado por 90 servidores das Polícias Civil, Militar e dos Corpos de Bombeiros de todos os estados brasileiros, além da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e o Departamento da Força Nacional de Segurança Pública, onde são tratados os assuntos pertinentes ao segmento no Brasil, com trocas de informações, e estudos sobre segurança de vôo, padronização e otimização de procedimentos operacionais, e outros.

Para dar continuidade ao plano de expansão e modernização da frota aeropolicial brasileira, a SENASP está negociando a compra de mais 23 aeronaves, totalizando investimentos na ordem de R$ 130 milhões. Entretanto, ao invés de repassar os recursos para o estado, ela vai comprar um grande lote de aeronaves e distribuí-las de acordo com a prioridade.

“Esses 23 equipamentos estarão distribuídos em seis distintas categorias, que vai do modelo monoturbina mais básico e leve até o biturbina mais avançado. Algumas aeronaves vão ficar para a Força Nacional”. Com isso, a SENASP quer evitar os burocráticos processos de licitação e, principalmente, negociar melhores preços e condições de compras.

“Paralelamente a este processo, nós estamos com uma tratativa bem adiantada com a Força Aérea Brasileira (FAB) para a compra de um avião de transporte de tropas, o Casa C-295 e também entraríamos no programa do EC.725 Super Cougar.

Nós devemos fechar esse convênio até o final deste ano. No caso do C-295, o avião será da Força Nacional, mas operado junto com a FAB, com o co-piloto nosso, para que possamos aprender sobre a aeronave. Depois de seis anos, ela será integrada na FNSP. Para o EC.725, desde o início ele será totalmente operado da Força Nacional”.

Vale lembrar que a SENASP criou o Programa Policiamento de Fronteiras, que tem como prioridade combater e fiscalizar os crimes fronteiriços. Para isso, serão adquiridas seis aeronaves bimotoras de médio porte para fazer o transporte de pessoal, com treinamento e equipamento adequado, para localidades que ficam situadas em regiões de fronteira.

A SENASP já inaugurou a 1ª Base Aérea de Aviação de Segurança Pública, que fica em Ponta Porá (MS). Esse contrato deve ser firmado ainda este ano.

Sem dúvidas, a Aviação de Segurança Pública vive um momento inédito em sua história. “Hoje 210 aviões e helicópteros atuam no segmento de segurança pública no Brasil. Nossa intenção é que esse número chegue a 450 até 2014, para atender a demanda da Copa do Mundo e as Olimpíadas de 2016”.

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