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“Eu sempre tive o desejo de salvar vidas”, conta o Capitão-Tenente Abdulan da Costa Alves de Sá, Tripulante Aéreo de Resgate da Marinha do Brasil (MB). Foi essa motivação que o levou a se especializar na área, atuando em missões de Busca e Salvamento (SAR) a partir de aeronaves.

O Oficial Abdulan integra o Grupo de Tripulantes Aéreos de Resgate (GSAR), que, nos últimos cinco anos, respondeu a cerca de 70 chamados de socorro. Desde 2017, a Marinha formou oito turmas nessa especialidade, totalizando 56 militares habilitados. Com o capacete laranja característico do uniforme e os equipamentos de corda para resgate, os militares carregam consigo a missão de colocar o lema internacional das operações SAR em prática: “Para que outros possam viver”.

E foi justamente com isso em mente que o Capitão-Tenente, há quase 20 anos na Força, decidiu mudar a rota há dois, dedicando-se à especialização de Tripulante Aéreo de Resgate (TAR). “Quando descobri que essa especialização envolvia resgates reais e contato direto com situações de emergência, percebi que era uma oportunidade única de colocar isso em prática. Foi essa vontade de fazer a diferença que me motivou a seguir nesse caminho”, confidenciou o militar.

Pouco tempo após a conclusão do curso, ele precisou lidar com um dos maiores desafios da carreira: responder ao chamado da Operação Taquari II, destinada ao socorro às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, em maio de 2024. Na ocasião, durante os 34 dias de missão, o militar realizou 34 resgates.

“O que mais me marcou foi o resgate de uma família inteira: a mãe, grávida de gêmeos, carregava um bebê de apenas um ano no colo e estava acompanhada do marido. Conseguimos retirar todos em segurança. Foi um momento que reforçou para mim o verdadeiro sentido da nossa missão”, relembrou o TAR.

Tripulante aéreo da Marinha do Brasil destaca atuação no resgate em missões de busca e salvamento. Foto: Divulgação.

Um outro desafio é o resgate em alto-mar. O acionamento de socorro em embarcações pesqueiras e mercantes também faz parte da rotina do GSAR. Durante um serviço de prontidão, a equipe do Capitão-Tenente Abdulan foi acionada para socorrer um tripulante de navio petroleiro com suspeita de apendicite, no estado do Espírito Santo, a 100 quilômetros de distância da capital capixaba. Por estar longe da costa, a única esperança de salvamento era a aeronave.

“Durante a operação, realizamos um pouso para abastecimento e seguimos em direção ao navio mercante onde se encontrava a vítima em estado grave, aguardando socorro. O mar estava bastante agitado e o navio apresentava estruturas elevadas que dificultavam a infiltração do TAR. A manobra exigiu muita energia da equipe e, sobretudo, grande precisão por parte dos pilotos. Devido à gravidade da situação, o resgate precisou ser realizado com maca, o que tornou a operação ainda mais complexa. Conseguimos retirar a vítima em segurança e transportá-la para local adequado, garantindo atendimento médico de urgência”, relembrou o Capitão-Tenente.

Para atuar nessas missões, o militar precisa passar pelo Curso Especial de Tripulante Aéreo de Resgate para Busca e Salvamento, realizado no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), em São Pedro da Aldeia (RJ). Durante a formação, o aluno é submetido a estágios práticos exigentes, como o de montanha, com o Exército Brasileiro e o de resgate em altura com o Corpo de Bombeiros.

O preparo físico também é um dos requisitos para a conclusão dessa etapa. O Capitão Tenente Abdulan ainda afirma que o aprestamento não se encerra com o curso: “o adestramento contínuo e a vivência em missões são indispensáveis para manter o preparo”, comentou.

O trabalho em equipe é também uma das características da função. Nenhum salvamento é individual. Além do TAR, a missão de socorro a partir de aeronaves conta com piloto, tripulantes, profissionais de saúde e a equipe de apoio em terra. É justamente essa integração que garante o sucesso dos resgates, segundo o Capitão-Tenente Abdulan.

O sentimento de gratidão é mais um dos que ele destaca ao definir sua atuação na MB. A vida, segundo ele, passa a ter um valor diferente: “essas experiências nos mostram que, a qualquer momento, qualquer pessoa pode precisar de ajuda. Cada resgate reforça o quanto a vida humana é valiosa e o quanto precisamos estar prontos para protegê-la”, concluiu.

Grupo de Resgate e Salvamento

O Grupo de Tripulantes Aéreos de Resgate (GSAR) é a unidade da MB especializada em missões de socorro e salvamento, atuando principalmente em situações de perigo no mar e em apoio a tragédias e desastres naturais. Sua função é coordenar e executar Operações de Socorro com o objetivo central de preservar vidas humanas, principalmente em águas jurisdicionais brasileiras e em áreas próximas sob responsabilidade do País.

O funcionamento do GSAR envolve a mobilização de meios navais e aéreos, como navios, aeronaves e equipes especializadas, capazes de responder rapidamente a emergências. O grupo também pode atuar em integração com outros órgãos de resgate, como o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil.

Na prática, o GSAR atua no resgate de náufragos, no atendimento a acidentes marítimos e aeronáuticos, no auxílio a embarcações em perigo e resposta a catástrofes naturais. O Serviço de Busca e Salvamento Marítimo (SALVAMAR) no Brasil foi formalmente instituído em 1970, consolidando a estrutura SAR nacional, da qual o GSAR é parte fundamental.

Tripulante aéreo da Marinha do Brasil destaca atuação no resgate em missões de busca e salvamento. Foto: Divulgação.
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