Reino Unido – No Reino Unido, ocorrem mais de 40 mil paradas cardíacas fora do hospital todos os anos, mas menos de 10% das vítimas sobrevivem. A realização precoce da RCP (ressuscitação cardiopulmonar) e o uso de um Desfibrilador Externo Automático (DEA) podem ao menos dobrar as chances de sobrevivência. Apesar de seguros e fáceis de usar pela população, muitas vezes é difícil localizar e acessar um DEA rapidamente durante uma emergência.
Para enfrentar esse desafio, pesquisadores da Universidade de Warwick uniram-se ao Welsh Ambulance Services University NHS Trust e à empresa especializada em drones autônomos SkyBound em um estudo financiado pelo Programa de Pesquisa para Benefício do Paciente (RfPB) do NIHR. O objetivo foi avaliar a viabilidade do uso de drones para entregar desfibriladores em atendimentos a chamadas de emergência.
Os testes foram realizados em simulações no interior, em locais remotos onde equipes de ambulância normalmente enfrentam atrasos para chegar por via terrestre.
Segundo o pesquisador principal, Dr. Christopher Smith, os drones mostraram-se capazes de transportar desfibriladores em longas distâncias com segurança, mantendo comunicação em tempo real com os serviços de emergência durante toda a operação. “Estamos em uma posição em que poderíamos tornar esse sistema operacional e utilizá-lo em emergências reais em breve”, afirmou.

Como funciona o sistema
No estudo, os pesquisadores acoplaram um DEA a um drone DJI M300, utilizando um guincho para entrega. O voo foi controlado pelo software automatizado da SkyBound. O equipamento foi baixado até um voluntário, que realizou RCP em um manequim seguindo instruções dos atendentes do serviço de emergência.
Participaram 11 voluntários, e a equipe analisou tanto a comunicação entre os pilotos, atendentes e o público, quanto o tempo de resposta no atendimento simulado.
Os resultados dos testes:
- O tempo médio entre a chamada de emergência e a decolagem do drone foi de 2,18 minutos;
- Após a chegada do drone, levou 4,35 minutos para que o choque fosse aplicado no paciente simulado;
- O tempo sem compressões torácicas chegou a 2,32 minutos, sendo apenas 0,16 minutos para recuperar o DEA.
Apesar dos bons resultados, os pesquisadores destacaram que os voluntários apresentaram dificuldade no manuseio do DEA. Isso mostra que tanto o público quanto os atendentes precisam de mais suporte para que a tecnologia seja efetiva em situações reais. O próximo passo será ampliar os testes em estudos maiores e avaliar sua integração ao sistema de saúde britânico.
O estudo contou ainda com o depoimento de Steve Holt, cirurgião aposentado de 74 anos que sobreviveu a duas paradas cardíacas em regiões remotas da Inglaterra. Em um dos episódios, em 2019, ele foi salvo graças à rápida ação do filho, que realizou RCP e utilizou um DEA disponível em um pub rural, enquanto más condições climáticas impediram o acionamento do helicóptero aeromédico.
Para Holt e seu filho, que hoje atua como representante de pacientes no estudo, a utilização de drones no transporte de desfibriladores tem grande potencial de salvar vidas, especialmente em áreas de difícil acesso.
O Professor Mike Lewis, diretor científico de Inovação do NIHR, destacou: “Em uma emergência, cada segundo é crucial. É animador ver pesquisas que investigam como os serviços de emergência podem usar drones para entregar desfibriladores e melhorar as chances de sobrevivência.”














































