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ANDRÉ LUIZ PAES

Comandante da Base de Rio Preto fala na tribuna da Câmara Municipal de Vereadores

São Paulo – No dia 28/06, na Câmara dos Vereadores de São José do Rio Preto, à convite do Vereador Cel PM Jean Charles, a Tribuna Livra foi ocupada pelo major da Polícia Militar André Luiz Paes, comandante da Base de Radiopatrulha Aérea de Rio Preto, responsável pelas operações do helicóptero Águia da região.

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Além de se apresentar à comunidade, já que ocupa há menos de um ano o posto de comando, o major falou sobre o trabalho desenvolvido na base, que consiste no combate à criminalidade, com patrulhamento aéreo ostensivo, bem como operações de resgate, salvamento, combate a incêndios e transporte de órgãos.

O major destacou ainda a atuação sustentável da base que comanda, que conta com coleta seletiva e separação de resíduos, descarte de resíduos perigosos – QAV (querosene de aviação), uso racional de material descartável bem como utilização parcial de sistema de iluminação a base de energia solar.

“Recebemos mais de 850 alunos, do ensino fundamental ao Universitário, em um ano para conhecer a base e o helicóptero. E para cada uma deles pedimos que leve uma latinha de alumínio, através do Programa “Acerte na Lata”. O resultado é que conseguimos, a partir disso, doar uma cadeira de rodas para a APAE de Nhandeara, que estava precisando”, afirmou Paes.

Foto: Câmara Municipal de SJRP.

OASP e os “Drenos” – R$60 mil reais em motivos para tratá-lo bem!

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Cap PM ANDRÉ LUIZ PAES
Comandante da BRPAe São José do Rio Preto/SP

Você, operador de OASP (pilotos, mecânicos e abastecedores) já refletiu sobre as consequências que uma simples amostra de “Dreno matinal” pode estar causando em sua base operacional e aos cofres públicos?

A fim de subsidiar alguns cálculos baseados em pesquisas recentes, consideraremos apenas as OASP do Brasil. Baseado em pequisa realizada pela SENASP, 2014, no Brasil, a frota de helicópteros já ultrapassa 2 mil unidades.

Em 2013, eram 45 OASP existentes (hoje, 47), munidas de 201 aeronaves das quais 132 eram helicópteros (108 alimentadas por Querosene de Aviação – QAV, ou universalmente falando, o JET-A1).

Foram contabilizados gastos com combustível para helicópteros da ordem de R$ 21,5 milhões e mais de 33 mil horas de vôo, com um movimento de mercado na faixa de R$ 100 milhões em investimentos, e o consumo de combustível de aproximadamente R$ 40 milhões. Mais de 80% dessa frota era de aeronaves abastecidas por Querosene de Aviação (QAV).

COMBHoje é sabido que, na grande maioria das OASP (e outras forças de segurança), no geral, o conhecimento e cuidados com esse produto basicamente resumem-se a uma pequena coleta dos tanques das aeronaves e caminhões tanques de abastecimento (CTA), observando-se então a olho nu e posterior descarte dos chamados “drenos” (tecnicamente falando, o nome correto é “amostra testemunho”).

Contudo, além de sua fundamental função como “prova material” nas próximas 24 horas ( período após em que será colhida nova amostra), o primeiro dreno matinal deve ser estocado em local limpo, seco e isolado do meio ambiente.

A grande pergunta, no entanto, é:

“Qual a destinação dada àquele dreno do dia anterior?” Seria possível reaproveitá-lo? Ou descartá-lo? Seja como for, como fazê-lo? Há algum padrão?

Há diversos questionamentos a serem levantados (E RESPONDIDOS!), mas qual a relevância do assunto para operadores de OASP?

Resumidamente elenco alguns tópicos a saber:
• Segurança de Voo
• Criminal
• Civil;
• Ambiental;
• Econômico;

Para as grandes empresas do Petróleo (BR, Shell, ABP etc.) o impacto de conferência sobre tais drenos, através de aparelhagem e capacitação (HOMEM, MEIO e MÁQUINA), traz uma economia de 95%, aos drenos aplicados em seus CTA, Tanques e Refinarias.

Considerando apenas o quesito “Economia”, tomemos como base uma configuração operacional mais simples das OASP brasileiras – uma aeronave e um caminhão tanque de abastecimento.

COMB1Seguindo as regras ditada pelos padrões de qualidade dessas empresas (pautadas na lei, segurança e eficiência) tem-se como gasto mínimo (somente em drenos) para cada OASP, o estimado em cerca de R$ 60 mil ao ano que são jogados, literalmente, no lixo!

Isto acontece apenas com uma aeronave e um CTA. Já imaginou o que poderia ser feito com esse montante, reaplicado em outras necessidades de sua OASP?

Ao considerarmos que em 100% das OASP pesquisadas não havia qualquer tipo de tratamento de reaproveitamento e descarte corretos, podemos vislumbrar qual o tamanho do prejuízo econômico gerado aos cofres públicos nos diversos Estados Federativos brasileiros.

Há ainda questões de Segurança de Voo (água e partículas somente a olho nu?), “Direito Penal Ambiental Econômico” inclusive, específico para a aviação e uma temática ainda nova às OASP – Sustentabilidade, a qual poderá afetar, implacavelmente, a imagem de sua OASP!

VALE MUITO a pena considerar e conhecer sobre o assunto.

A sua organização de aviação vai se sustentar por quanto tempo? 

ANDRÉ LUIZ PAES

É interessante perceber que quando se emprega o termo “sustentável”, ainda hoje, muitas pessoas entendem como relacionado apenas ao meio ambiente, preservação de florestas, mananciais etc…, esquecendo-se o princípio básico do contexto dessa palavra para consigo mesmo.

Comecemos pela simples conceito sobre a “prática do desenvolvimento sustentável”:

“[…] É o desenvolvimento necessário, em quantidade e qualidade, compatíveis com a dignidade humana, renovação dos recursos naturais e respeito ao meio ambiente, a fim de preservar as condições de vida e de desenvolvimento das futuras gerações.” 1

Observe apenas a primeira parte desta definição – desenvolvimento e dignidade humana.

Assim, Sustentabilidade aplica-se diretamente à realidade de cada um de nós na prática do dia-a-dia. Se não chamava a atenção há poucos meses atrás, sustentável ou insustentável passou a ter um significado cada vez maior aos paulistanos (não estamos considerando os estados brasileiros que já passam por esta dificuldade) quando no início de 2014 especulava-se uma possível falta d’água pelo Estado.

Acabou sendo a realidade de municípios ao longo do ano passado – alguns ficaram dois, três, quatro e até seis meses sem água em suas residências e empresas, ocasionando problemas sociais impensáveis para a realidade paulista do século XXI: acúmulo de sujeira, aumento de pragas, doenças, desempregos e até roubo de água; um verdadeiro caos social nas localidades que sentiram (e ainda sentem) a problemática da falta do líquido da vida. Com isso, a mudança de hábitos foi inevitável e, provavelmente duradoura, se não para sempre.

Agora para 2015 vivenciamos momentos de expectativa após o período das chuvas e saber como São Paulo passará o período de estiagem, entre abril e setembro com níveis de reservatório abaixo da média regular, ainda é uma incógnita, mas, Sustentabilidade refere-se a esta capacidade de se manter não apenas um serviço, um negócio, mas abrange a própria sobrevivência da sociedade – nos perguntemos se “o fato de vivermos em sociedade, da forma como estamos habituados – água, energia, transporte etc…” será sustentável daqui a alguns anos?

Cada vez mais a sociedade questiona se “à custa de que” um produto ou serviço de um ente (Público ou Privado) vale à pena existir, em detrimento de um ambiente onde se possa viver? Entre resultados e conseqüências do serviço prestado, há lucro ou prejuízo socioambiental para a população?

Vamos a um exemplo prático ligado aos interesses diretos de qualquer Organização de Aviação de Segurança Pública – OASP: qual o balanço entre salvar vidas (numa ocorrência policial ou resgate aeromédico) produzindo resíduos de combustível lançado no ar (pela queima em voo), ou ainda sobre o descarte desse resíduo perigoso de forma inadequada ao meio ambiente, contribuindo para a degradação ambiental?

Daí, diversas são as possibilidades. Algumas pessoas afirmam que o “fim está próximo”, outras – cientistas, religiosos, especuladores ou simplesmente você conversando com alguém na sua casa ou com amigos, divergem, assentem ou simplesmente comentam sobre o que está acontecendo no mundo!

Seguindo nesta seqüência lógica, gostaria de trazer você, profissional de segurança pública – piloto de aviação, mecânico ou abastecedor, bem como os demais servidores públicos envolvidos nesse teatro de operações a refletir sobre suas ações frente à sua parte de contribuição ao que estamos vivendo nos dias de hoje – afinal, deve ser de seu interesse também, não acha!?

É bastante lógico pensarmos “no Governo como o Ente responsável pela mudança de atitude” no que se refere à Sustentabilidade, mas, esta postura de Mudança Organizacional só ocorrerá se cada indivíduo (primeiramente em si) começá-la, ora por consciência ora por força de Lei.

Em São Paulo a história começa mais ou menos assim:

Desde Outubro de 2010 tem sido apresentado e cobrado por Órgãos Federais a adaptação dos usuários do Aeroporto Campo de Marte à Lei Federal 12.305 (política Nacional de Resíduos Sólidos), objetivando instruir os concessionários (locatários dos hangares) quanto à divulgação e conscientização da legislação referente às disposições relativas ao Meio Ambiente.

Esta necessidade de regularização e obtenção de Licença de Operação Ambiental (LOA), desde então está fazendo com que tanto Entes Públicos quanto Privados, sejam inseridos, definitivamente, no tema “Sustentabilidade”.

Por conseqüência, tal situação pode (e deve!) ser considerada positiva, pois as possibilidades que o “termo Sustentável” agrega à Instituição que o pratica trás inúmeros benefícios: tanto econômicos, sociais, políticos e de imagem.

No mais, queremos explorar nos próximos artigos, não apenas a responsabilidade social, mas também as responsabilidades penais e civis que estão aplicadas desde 2006 – para o Estado de São Paulo; e em todo território nacional a partir de 2010, no que concerne ao interesse e responsabilidade das OASP, inclusive do seu próprio funcionamento, enquanto consumidor/gerador de resíduos perigosos.

Desta forma, é possível aplicar a qualquer OASP um salto de qualidade de nível internacional, com as necessárias adaptações frente às exigências de cumprimento aos dispositivos legais referentes às instalações físicas, o exercício de boas práticas (reciclagem, reuso e redução) dos combustíveis aeronáuticos, responsabilidades atinentes ao Passivo Ambiental e mudança de postura organizacional para que se alinhe aos anseios agora não mais da sociedade paulista ou brasileira apenas, e sim mundial.


Autor: André Luiz Paes é Capitão da Polícia Militar de São Paulo e piloto de helicóptero. Trabalha atualmente no Grupamento de Radiopatrulha Aérea.


Homem de cera…

ANDRÉ LUIZ PAES

Numa sexta feira assumi o serviço operacional, estava na reserva de voo, mas logo cedo (lá pelas 08:00h), chegou a notícia sobre a possibilidade de fazer uma operação de “misericórdia” – buscar o coração de uma vítima na Baixada Santista, a qual deveria ser trazida para São Paulo (Hospital Beneficência Portuguesa) – típica ocorrência de “transporte de órgãos”, a qual todos “gostam” de fazer… calma, deixe-me explicar.

anjoQuando refiro-me a “todos gostam’, quero dizer pilotos e tripulantes, no sentido de que por mais que uma vida tenha partido desta terra para um outro plano (não ousarei falar sobre fé ou crença), mesmo com a dor e perda daqueles próximos à pessoa que se foi, há a grande possibilidade de que um outro alguém – o receptor, normalmente desconhecido do doador (e nosso também), possa ter a chance de viver… e estamos tendo a honra, o privilégio de estar contribuindo com isso…

O tripulante aeromédico, compenetrado e de orelha colada ao telefone, fazia os contatos, colhendo dados técnicos quanto a parte médica… Enquanto coordenava as ações, o comandante de operações conferia a burocracia administrativa – notificação, contato com as seções, abastecimento. Enfim, tudo certo… teríamos de estar no Campo da Vila Belmiro por volta das 13:30h… às 12:45h, saindo de São Paulo, seria mais que o suficiente para chegar no local à tempo.

Às 08:35h recebo uma ligação do meu comandante imediato “- Velho, to parado aqui no trânsito da rotatória mas já to chegando… a viatura já está separada pra nós…” … lembrei-me novamente do evento administrativo… por mais que gostasse do serviço operacional, não tinha como “fugir” daquela reunião.

Além de ser piloto, sou responsável pelo setor de logística, com lutas constantes no serviço administrativo (além do voo), e com o egocentrismo a toda, filosofava com os bolsos do meu macacão de voo sobre um novo futuro para a Base… instalações atualizadas… melhoria de atendimento ao público interno e externo, novas salas etc e tal.

Já deixei combinado com a equipe de vôo, “- olha pessoal, esta reunião deve ter por volta de 2h de duração, ou seja, antes do meio dia estarei de volta e faremos a missão…”.

Às 09:20h adentramos a sala do Diretor de Finanças, eu, dois majores e uma soldado… o nosso Comandante já estava lá. A pontualidade militar por vezes é implacável, e a expectativa de uma possível cobrança de horário, deveras me incomodava (lembrei-me do já terrível “atrasador de reuniões”, o tráfego paulista… ah! Minha vontade era de trazê-lo escoltado e algemado até aquela sala e dizer em um tom estridente e trovejante: “Eis o culpado, senhor! (nada como a constante dúvida diária do trânsito de São Paulo para nos deixar sem saber quanto tempo se vai levar para fazer 03 km de distância… neste dia foram 25 minutos…).

O estresse caiu 50% quando pude observar uma “roda” de oficiais à mesa do Diretor… “- Ufa! Estamos no horário!”… o Comandante, calmo como sempre, nos cumprimentou e ficamos aguardando na ante-sala… aproveitei pra “virar o jogo”, como que cheio de razão e, olhei o relógio como quem diz “- e aí, quando essa reunião vai começar…”. Obviamente só pensei.

Às 10h a reunião começa. Sentamos à mesa de reuniões, o Diretor começa a conversar com o Comandante… meu celular vibra (garoto esperto!)… “- mas já me acharam aqui!?” pensei…

“- Alô, chefe… o horário mudou…” era o enfermeiro. “- … a gente sai daqui às 11h e já vai pegar o médico com o órgão (o coração) na Vila Belmiro…”. Com certo nó na garganta sussurei “- Ok, a reunião começou atrasada… vê outro piloto pra ir no meu lugar…”. Já fui de pronto respondido: “já foi providenciado outro piloto, … tks”. Oh, eficiência! pensei, pejorativamente.

Por um momento aquilo me incomodou um pouco… queria voar… fazer o quê?! mas, no minuto seguinte as planilhas de preço, memoriais descritivos e projetos executivos já inundavam minha cabeça, sem falar na previsão de recurso orçamentário…

Por volta do meio dia, reunião encerrada, retorno para a unidade. Ao descer da viatura, “dô” de cara com um policial do P/5 (relações públicas) que, com uma expressão meio “torta”, me diz com a voz amarrada “- Olha só que interessante, aquele coração que o Águia transportou de Santos pra cá era de um menino de 04 anos de idade… o tio dele, um Cabo PM fez contato com a gente e disse que o moleque era fissurado no Águia, e que tinha uma vontade imensa de voar de helicóptero… “.

Acho que a soldado nem percebeu… mas o chão sumiu dos meus pés em fração de segundos… sabe aquela história que a gente já ouviu sobre a vida passar na nossa frente momentos antes de “partirmos para outra”?… mais ou menos isso.

Num instante me senti uma partícula insignificante do universo… é de onde podemos perceber que nossas preocupações e questionamentos diários são nada! “- Será que vamos conseguir elaborar a planilha de custo em um mês?”, “- tenho que pagar o Inglês hoje!”, “tomara que minha filha tenha feito a lição de casa…”… o mais duro foi ter de enfrentar o meu próprio eu de novo… pois o pensamento, antes de me encontrar com a policial era “saber se eu conseguiria fazer um voo a tarde”.

Uma outra missão de misericórdia, ou o apoio na prisão de criminosos; um carro produto de ilícito localizado, um ferido atendido ou um VIP transportado… tudo se transforma em número… o trabalho diário nos faz, nos transforma em máquinas, e por vezes até mesmo numa profissão tão emocionante e apaixonante, a de “voar para servir”, no dia-a-dia pode nos transformar em algo tão vivo quanto um boneco de cera em exposição.

Deixo aqui a minha homenagem ao pequeno herói, que por desígnios que não me competem questionar, teve seu “sonho tão simples” atendido (de uma forma que não entendo, mas prometo que não vou questionar!) … um sonho, um desejo que todos nós, aeronavegantes, já tivemos um dia, no nosso coração de criança… e que por vezes, insistimos em esquecer de que fomos atendidos… ao pequeno sonhador, cujo desejo o Senhor resolveu atender (me esforço para não questionar) e o capacitou a voar sem precisar de máquinas, apenas asas, asas de anjo….


Autor: André Luiz Paes é Capitão da Polícia Militar de São Paulo e piloto de helicóptero. Trabalha atualmente no Grupamento de Radiopatrulha Aérea.


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