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Peso e Balanceamento: Uma questão de segurança!

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PreviNE, edição No 11

aeroanveSe tivesse decolado, a aeronave da foto ao lado poderia ter se envolvido num grave acidente. Estando desbalanceada, não teria condições de prosseguir com o voo.

É responsabilidade do piloto certificar-se de que o carregamento esteja sempre dentro dos limites operacionais aprovados para cada modelo de aeronave. Contudo, perigosamente, por negligência ou deficiência em realizações de cálculos e interpretações gráficas, muitos pilotos não têm realizado o devido controle do peso e balanceamento.

“E o senhor? Tem realizado o controle do peso e balanceamento?”

Veja a seguinte situação hipotética:

Um piloto de 210 lbs de peso realizará um voo numa aeronave monomotora de quatro lugares (dois à frente e dois atrás). Ele transportará um passageiro pesando 200 lbs e duas caixas com 100 lbs e 50 lbs, respectivamente. O voo está previsto para durar 01:30h e a aeronave foi abastecida com 600 lbs de combustível.

Em relação ao controle do Peso e Balanceamento, levando-se em consideração os dados disponibilizados nas tabelas e gráfico de limite de peso e CG a seguir, poderíamos dizer que a aeronave estaria corretamente carregada?

Dados Gerais:

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Realizado o controle do peso e balanceamento? Tudo bem quanto ao carregamento de nossa aeronave? TEM CERTEZA?

Embora a aeronave ofereça grande flexibilidade de carregamento, a mesma deverá operar com o peso e o centro de gravidade dentro dos limites operacionais aprovados.

Antes de ser entregue para a operação a aeronave é pesada, sendo computados o peso vazio básico e a respectiva localização do centro de gravidade (CG).

Conhecendo-se o peso vazio básico e o respectivo CG, o piloto poderá determinar o peso e o momento totais, bem como a posição do CG para a aeronave carregada. Para isso, basta que realize cálculos envolvendo operações básicas de adição, multiplicação e divisão e, em seguida, plote os valores obtidos nos respectivos gráficos de limite de peso e CG.

Uma má distribuição de carga na aeronave poderá resultar em restrições quanto ao teto de operação, manobrabilidade, razão de subida, velocidade, aumento do consumo de combustível, interrupção ou cancelamento do voo ou, até mesmo,
contribuir para a ocorrência de acidentes que podem resultar em perdas de vidas humanas e de bens materiais.

Sendo assim, o desempenho e a eficiência da aeronave durante o voo são fatores que influenciam diretamente na segurança. Por isso, faz-se necessário que seja realizado o controle efetivo do peso e do balanceamento das aeronaves antes dos voos.

“O controle do peso e balanceamento é uma questão de SEGURANÇA!”

Exemplos práticos de falhas no controle do peso e balanceamento estiveram presentes nos acidentes envolvendo um Learjet 35A e um PA-28, ambos ocorridos em 2007, nas cidades de São Paulo-SP e Salvador-BA, respectivamente.

No dia 04//11/2007, ao decolar do aeródromo do Campo de Marte, após a realização de um reabastecimento, uma aeronave Learjet 35A tornou-se incontrolável, caindo, em seguida, sobre residências nas proximidades do aeródromo de partida.

O trecho a seguir, retirado do Relatório Final da ocorrência, evidencia o desbalanceamento de combustível nas asas após a decolagem.

“(…) Após a rotação, o copiloto comentou a percepção de que a roda estava torta e, em seguida, identificou a tendência de rolamento da aeronave (asa direita pesada), associando tal ocorrência à compensação. Neste momento, o piloto identificou o rolamento como sendo consequência de desbalanceamento de combustível e mandou o copiloto “arrumar o combustível”, aparentemente assumindo os comandos de voo.

As palavras pronunciadas pelo piloto foram:

“… tá desbalanceado. Arruma esse combustível pra mim.”

(…) A aeronave iniciou uma descida com o nariz aproado com o solo (quase na vertical), vindo a atingir uma área residencial localizada a uma milha náutica à noroeste do Campo de Marte”.

Seis pessoas faleceram no acidente: os dois pilotos e quatro pessoas em solo.

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Em 22/11/2007, após decolar do Aeroporto Internacional de Salvador, uma aeronave modelo PA-28 caiu a poucos metros da cabeceira oposta. Dos quatro ocupantes a bordo, dois faleceram e dois tiveram ferimentos graves. Durante a investigação, ficou constatada a recorrência da não utilização das tabelas e quadros utilizados para os cálculos do peso e balanceamento, conforme seção específica do Manual de Operação da Aeronave.

O trecho a seguir foi retirado do Relatório Final da ocorrência:

“O cálculo de peso e balanceamento deveria ter sido realizado pelo próprio piloto, todavia, conforme declaração dos demais pilotos que voavam essa aeronave, não era de praxe a utilização das tabelas e dos quadros previstos no Manual de Operação.

Considerando que o peso máximo de decolagem deveria ser de 2,150 lbs, constatou-se que havia 275 lbs (125kg) acima do envelope de peso, bem como um possível deslocamento do CG, em torno de 13% para trás da corda aerodinâmica
média (MAC)”

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E quanto ao nosso voo hipotético? Ocorreu sem maiores problemas?

Quem respondeu que a aeronave não apresentaria problemas em relação ao peso e balanceamento, está correto!! De fato a aeronave estaria carregada corretamente para a decolagem! Porém, apresentaria, aproximadamente, 84 libras de excesso de peso para pouso. Atentou para isso?

Para a verificação do peso e balanceamento, deve-se, sempre, proceder conforme o preconizado nas Seções de Peso e Balanceamento dos Manuais de Operação dos diferentes modelos de aeronaves. Baseado nisso, para o cálculo do peso e balanceamento de nossa aeronave, procederemos conforme a seguir:

– Somando-se ao peso vazio o peso de todos os itens a serem carregados, teremos 3,034 lbs como o somatório dos pesos.

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– Para determinação do momento total, multiplicando-se os pesos de cada item aos respectivos braços, realizando, em seguida, o somatório dos valores obtidos nas multiplicações, teremos o momento total como sendo 133,681.4 lb/in:

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– De posse do peso total e do momento total, determinamos o CG, dividindo-se o valor do momento total pelo valor do peso total.

Sendo assim, teremos:

Momento total = 133,681.4
Peso total = 3,034

133,681.4 / 3,034 = + 44.06 in/datum

– No gráfico limite de PESO x CG, traçando-se uma linha vertical vermelha para cima, a partir do ponto que representa o centro de gravidade (44.06 polegadas) e uma linha horizontal vermelha, a partir do ponto que representa o peso (3,034 libras), vemos que as mesmas cruzam-se na área interna ao “envelope”. Isso evidenciaria que a aeronave estaria corretamente carregada para a decolagem.

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– Em seguida, efetuando-se a diferença entre os valores encontrados para o peso total (3,034 lbs) e o peso máximo de pouso da aeronave (2,950 lbs) encontra-se 84 libras como diferença. Isso nos mostra que a aeronave estaria com excesso de peso para pouso de 84 libras. Nada de muito alarmante, haja vista este excesso poder ser consumido durante a operação da aeronave antes do pouso.

Prezado Comandante, o controle do peso e balanceamento é de suma importância para a segurança de voo. Portanto, não deixe sua consciência com EXCESSO DE PESO!

Antes do voo, atente para o controle do Peso e Balanceamento!

Bons Voos!


Fonte: PreviNE – Edição No 11. Boletim Informativo de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste.

SERIPA II.


REFERÊNCIAS
– Tópicos em Manutenção de Aeronaves, Instituto de Logística da Aeronáutica – ILA, 2010.
– Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – http://www.cenipa.aer.mil.br.


Estado do Vórtice (VRS)

AH-64D-ImageMuitas vezes considerado como o equivalente ao estol de uma aeronave de asa fixa, o estado de vórtice é uma condição de voo, com motor, em que o helicóptero ‘’perde’’ seu próprio fluxo de rotor. Como resultado, a razão de descida (ROD) aumenta rapidamente – em princípio pelo menos três vezes o ROD antes do surgimento do estado de vórtice – para uma mesma potência do motor.

CONDIÇÕES DO ESTADO DE VÓRTICE

Um estado de vórtice pode ocorrer na descida com motor, velocidade inferior a 30 kt e razão de afundamento próxima da velocidade de deflexão do rotor principal.

A velocidade de deflexão ou velocidade induzida é definida como a velocidade do fluxo de ar aspirado através do disco rotor. A velocidade induzida depende do tipo de helicóptero e de seu peso bruto.

Por exemplo, um helicóptero de três pás com um diâmetro de rotor de 10,69 m e um peso de 2250 kg teria uma velocidade induzida de 10 m/s (2.000 pés/min). Enquanto para um helicóptero de duas pás com um diâmetro de rotor de 11 m e peso de 1000 kg, a velocidade induzida é de 6,5 m/s (1.300 pés/min).

Atenção: embora o estado de vórtice dependa do tipo de helicóptero e de seu peso, a razão de descida é geralmente considerada como perigosa quando excede 500 pés/min.

EFEITO DO ESTADO DE VÓRTICE

1)  Vibrações no helicóptero quando os vórtices deixam as extremidades das pás.
2) Comandos de arfagem e de rolagem menos sensíveis (suaves).
3) Flutuações na demanda de potência.
4) Razão de descida elevada quando o vórtice está em desenvolvimento, podendo exceder a 3.000 pés/min.

RECUPERAÇÃO DO CONTROLE DO HELICÓPTERO EM ESTADO DE VÓRTICE

A recuperação do controle pode ser feita agindo sobre o cíclico e/ou coletivo. No entanto, de acordo com o sistema de rotor, uma ação somente no cíclico pode ser insuficiente para modificar a atitude do helicóptero e aumentar a velocidade.

Também é possível recuperar o controle do helicóptero reduzindo o coletivo para o passo mínimo. Contudo, a perda de altura durante a recuperação do controle pela redução do passo coletivo é superior à perda correspondente de altura pela ação do cíclico, tendo em vista que a razão de descida em autorrotação com baixa velocidade é muito alta .

Portanto, as ações seguintes, de recuperação do controle, devem ser executadas para minimizar a perda de altura:

1) Deslocar o manche cíclico efetivamente para a frente visando obter uma atitude de aceleração e aumentar a velocidade.
2) Se for impossível obter uma atitude de aceleração, diminuir o coletivo para entrar em autorrotação e depois deslocar o manche cíclico para a frente, visando aumentar a velocidade.

EVITAR O ESTADO DE VÓRTICE

Como as ações de recuperação do controle resultam em perda de altura considerável, é imperativo evitar o estado de vórtice, especialmente quando se está perto do chão. Portanto, uma razão de descida superior a 500 pés/min para uma velocidade inferior a 30 kt, em voo com motor, deve ser EVITADA.

As operações seguintes devem ser executadas com cautela:

1) Reconhecimento e aproximação de uma área restrita.
2) Voo pairado fora do efetivo solo (HOGE).
3) Paradas rápidas com vento de proa.
4) Fotografia aérea.

PARA SAIR DE UM ESTADO DE VÓRTICE

1) Deslocar o manche cíclico efetivamente para a frente, a fim de obter uma atitude de aceleração (aumentar a velocidade).
2) Se a velocidade aumentar: recuperar o controle do helicóptero quando a velocidade indicada atingir 40kt.
3) Se a velocidade não aumentar: diminuir o coletivo para entrar em autorrotação e em seguida deslocar o manche cíclico para a frente, visando aumentar a velocidade.


Fonte: Adaptado do European Helicopter Safety Team (EHEST).
Tradução: Área de Segurança Operacional da Helibras, setembro de 2012.


Publicado pelo Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SERIPA II, na Edição nº 10 do PreviNE do Boletim Eletrônico de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste.


Risco Aviário – Colabore com a Prevenção

As pistas da maioria dos grandes aeroportos brasileiros foram construídas a mais de 40 anos, em locais, à época, distantes dos centros urbanos e de seus moradores. Na década de 70, o Brasil apresentava uma população correspondente à metade da atual (IBGE, 2004), a relação entre os resíduos sólidos nas cidades e a aviação ainda não havia sido identificada, mas já havia dois acidentes fatais registrados, no Rio de Janeiro e em Guaratinguetá, em consequência de colisões de aeronaves militares com aves comumente atraídas por material orgânico, ambos ocorridos em 1962 (BRASIL, 2011).

Desde essa época, as cidades têm aumentado de tamanho sem um adequado planejamento, acabando por sitiar a maioria dos aeroportos do país. A importância do assunto é ratificada por sua inclusão na Constituição Federal (CF) de 1988, que obriga os municípios a planejar e controlar o uso e a ocupação do solo urbano, ordenando o pleno desenvolvimento das funções sociais das cidades, a fim de que se garanta o bem-estar dos seus habitantes.

Dessa maneira, a maior quantidade de voos e o maior número de aeroportos circundados por cidades em crescimento espontâneo têm contribuído para o aumento das ocorrências de colisão entre aeronaves e aves ou outros animais. Essa situação cria o “Risco Aviário”, isto é o risco decorrente do uso concomitante do mesmo espaço, no ar e no solo, por aeronaves e aves ou outros animais (BRASIL, 2011).

Tendo em vista os números preocupantes e alarmantes do aumento de ocorrências de Risco Aviário reportadas nos últimos anos e a urgência que o problema requer, o Ministério da Defesa (MD) criou a portaria nº 1887/2010 que estabelece medidas mitigatórias do risco aviário nos aeroportos e suas imediações. Coube ao Comando da Aeronáutica (COMAER) confeccionar o PCA 3-2/2011, que estabelece o Plano Básico do Gerenciamento do Risco Aviário (PBGRA).

Este Plano, que se aplica às organizações do COMAER, à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), aos Administradores Aeroportuários e aos operadores de aeronaves no território brasileiro, visa definir parâmetros para as análises de implantação de empreendimentos e/ou atividades com potencial atração de aves, na Área do Gerenciamento do Risco Aviário (AGRA) dos aeródromos brasileiros. A AGRA é uma área circular, com centro no ponto médio da pista do aeródromo, e possui um raio de 20km (BRASIL, 2011, p.7).

Desde então, equipes dos Serviços Regionais de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA) têm realizado, sob a coordenação do CENIPA, o levantamento dos focos atrativos no entorno dos aeroportos tido como prioritários, de acordo com a lista de aeródromos prioritários para o gerenciamento do risco aviário (LAPGRA). Todos os focos atrativos levantados são compilados em um relatório descritivo (RD) e encaminhados para ANAC, via CENIPA. A ANAC, por sua vez, foi incumbida de informar oficialmente às prefeituras sobre os problemas detectados, para que sejam adotadas medidas que reduzam a atração de aves no entorno de cada um desses aeroportos.

O CENIPA tem elaborado constantes campanhas com o intuito de incentivar e estimular o reporte de avistamento de aves e/ou outros animais, quase colisão e colisões com aves e/ou outros animais, através da ficha CENIPA 15 e dos focos atrativos de aves ou com potencial atrativo de aves, através da ficha CENIPA 15A, ambas com a finalidade de se manter um banco de dados confiável a fim de auxiliar na mitigação e no gerenciamento do risco aviário. Todos os reportes podem ser realizados pelo website www.cenipa.aer.mil.br.

Para o sucesso do controle do risco aviário, é importante o engajamento, sistemático e diário, não só dos envolvidos e responsáveis na implementação do gerenciamento do risco aviário em seus locais de trabalho, mas também de todos os profissionais da aviação civil e militar, com destaque para os pilotos, diagnosticando e reportando os avistamentos de aves e/ou outros animais, as colisões e quase colisões de aves e/ou outros animais, os focos atrativos de aves, os tipos de aves e quantidade existente nesses focos, horários e outras informações pertinentes constantes das fichas CENIPA 15 e CENIPA 15A.

SERIPA II divulga Boletim Eletrônico de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos

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O Segundo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – SERIPA II, no sentido de promover ações que contribuem para prevenção de acidentes aeronáuticos, divulgou a Edição nº 03 do PreviNE, o Boletim Eletrônico de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Região Nordeste.

O Boletim aborda dois assuntos relevantes e atuais, o Raio Laser e o CFIT (colisão com o solo em voo controlado). Como forma de PREVENIR o uso indevido de equipamentos emissores de raio LASER no Brasil, o CENIPA disponibilizou, em seu site, um formulário de reportes de emissões de LASER, contendo um questionário sobre a exposição ao LASER, a exemplo dos padrões adotados pela FAA e ICAO, a fim de se manter um melhor controle das ocorrências e objetivando um combate preventivo mais efetivo.


Edição nº 03 do PreviNE


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