Como os Relatórios de Acidente de Helicóptero podem salvar vidas

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Dan Doepker

Como instrutor chefe da Hillsboro Aviation, em Oregon, e membro da Equipe de Segurança de Helicóptero dos EUA (www.USHST.org), estou na posição de ajudar a formar (ainda que de uma maneira modesta) o futuro da indústria de helicópteros.

Durante uma discussão recente que tive com um outro profissional da área de segurança de helicóptero, concluímos que não há novas formas de provocar acidentes de helicóptero e que os pilotos não têm usado os recursos mais poderosos que temos para aprenderem a evitar acidentes: os relatórios de acidente do Conselho Nacional de Segurança em Transportes (NTSB) e resumos de outros relatórios de acidente.

Conheci 16 pessoas que, pesarosamente, morreram em acidentes de avião ou helicóptero nos meus breves 10 anos como piloto. Não pense que tenho orgulho deste número, mas eu aprendi com cada um desses acidentes. Em todos essas mortes, com exceção de duas, os pilotos tinham a capacidade de mudar o resultado final. Hoje, como consequência, todos os meus alunos aprendem como esses pilotos poderiam ter salvado as suas próprias vidas.

As estatísticas da indústria de aviação deixam bem claro que temos falhado em assegurar que os pilotos que estamos treinando aprendam o valor das tendências e das causas dos acidentes. Os pilotos têm se acidentado com frequência e, infelizmente, o resultado tem sido a morte. A verdade é que praticamente todos esses acidentes são evitáveis e as causas, bastante conhecidas.  Além disto, como educadores de segurança, devemos ensinar os nossos alunos a usar todos os recursos disponíveis, a aprender com os erros dos outros e a aprimorar o conhecimento deles para tornarem pilotos melhores.

Uma ação simples que pode ajudar é desenvolver o hábito de ler diariamente os relatórios de acidente. Muitos dos Instrutores de Voo Certificados que eu conheço integram a leitura de relatórios de incidente nos treinamentos iniciais de seus alunos.  Durante os momentos críticos dos treinamentos, podemos desenvolver habilidades e práticas que os alunos carregarão pelo resto de suas vidas, seja como aluno ou como piloto profissional e particular. Devemos aproveitar esse momento crítico para despertar o interesse dos alunos em aprender como salvar vidas.

Tendo isso em mente, como devemos ensinar os nossos alunos de forma que eles apreendam todas as informações relevantes destes relatórios?

A primeira coisa a fazer é colocar os relatórios e artigos nas mãos dos nossos alunos. Existem várias formas de encontrar informações sobre acidentes de helicóptero. Algumas ferramentas que eu uso são o site do NTSB, os Alertas do Google, os emails diários da Associação Internacional de Helicópteros (HAI), diversas revistas sobre a indústria do helicóptero e o noticiário de acidentes pelos jornais e pela televisão.

É importante também que os nossos alunos e nós, enquanto educadores, tenhamos um estado psicológico apropriado quando discutimos os detalhes desses relatórios.  Muitos pilotos exibem atitudes perigosas quando lêem sobre acidentes de helicóptero, dizendo coisas como, “Eu nunca faria isso” ou “Cara, que estúpido”.

Ao ler esses relatórios, é essencial compreender que os pilotos são pessoas assim como eu e você. Nenhum deles começou o dia planejando sofrer um acidente. Eles cometeram erros por colocarem-se em situações que eles nunca deveriam ter se permitido. Todos nós temos lembranças de situações em nossas vidas e carreiras que poderiam ter nos levado a ciladas parecidas. Tivemos sorte de, no nosso caso, tudo ter ficado bem.

Os alunos também devem aprender a ler os relatórios do NTSB e as notícias sobre acidente. Muitas vezes, há poucos fatos retratados e isto exige que o leitor interprete e reconstrua o voo sozinho.  Além do mais, os primeiros relatórios da mídia, às vezes, apresentam os fatos erroneamente ou tiram conclusões precipitadas sobre as causas dos acidentes.

O leitor precisa decifrar todas essas informações para criar uma imagem mental do voo e do momento em que o acidente ocorreu. Os alunos precisam aprender a enxergar a construção das correntes de acidente e a determinar os pontos nos quais o piloto ou a tripulação pode reverter uma situação e sair ileso(a) dela. Se formos capazes de identificar esses eventos críticos no começo de seu alinhamento, quando estamos voando, podemos mudar o resultado e assegurar que não teremos o mesmo destino.

Por fim, todos os pilotos deveriam desenvolver os seus próprios planos de mitigação para cada acidente que eles lêem. E o que pode ser feito antes de cada voo para garantirmos uma operação segura? A estratégia não pode mudar quando há pressão ou limite de tempo, seja interna ou externamente, para que algo seja feito. Uma coisa que ajuda muito é pensar em quem seria afetado pelas decisões e ações do piloto, como por exemplo, as suas famílias, os passageiros, as famílias dos passageiros e todos aqueles que confiam no piloto para voar com segurança.

A sorte também desempenha um papel em todo voo. No entanto, ao armarmo-nos com o conhecimento adquirido daquilo que feriu ou matou os nossos colegas, nós podemos reduzir o tamanho do envolvimento que a sorte tem em cada voo. O conhecimento sobre os perigos, os nossos planos para mitigá-los e a constante consciência sobre eles nos prevenirão de morrer por causa deles.

Enquanto uma indústria, precisamos trabalhar juntos para reduzir os nossos índices de acidente. Ninguém fará isso por nós. Todos os pilotos devem criar o hábito de examinar os acidentes. Podem usar apenas uma pequena parte de seus dias, mas é um investimento crucial que requer constante estudo, treinamento e consciência de todos nós. O único jeito que temos de mudar a próxima geração de pilotos é incluindo este processo agora nos seus primeiros treinamentos.

Dan Doepker é Instrutor Chefe de Helicóptero da Hillsboro Aero Academy (antiga Hillsboro Aviation).  Dan é piloto com habilitação dupla e instrutor de voo certificado de helicóptero e avião. Apaixonado pela área de segurança, ele integra, como voluntário, a Equipe de Segurança de Helicóptero dos EUA (USHST) e o Comitê de Treinamento da Associação Internacional de Helicópteros.

 Fonte: HeliHub

 

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