Por Eduardo Alexandre Beni, entrevista exclusiva com Richard Marelli, presidente da Helibras.
A história da Helibras começou em 14 de abril de 1978 no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos (SP), quando o governo brasileiro decidiu ter uma indústria de asas rotativas no país.
Em 1980 é inaugurada as instalações da Helibras em Itajubá e aos poucos foi atendendo ao mercado, sobretudo os clientes nas áreas estatais, participando de programas estratégicos de ampliação da infraestrutura da aviação militar e das polícias civis e militares em praticamente todos os Estados da federação.
Nesses 40 anos, a Helibras teve papel fundamental no desenvolvimento da Aviação de Segurança Pública do Brasil e, com exclusividade e de forma inédita, o presidente da empresa, Richard Marelli, conversou com Eduardo Beni, editor do Portal Resgate Aeromédico, sobre alguns destaques desse setor, especialmente sobre inovações, projetos, formação e o que a Helibras representa para a aviação pública.
Eduardo Beni: Quantos e quais modelos da Airbus são operadas na segurança pública do Brasil?
Richard Marelli: Temos um total de 146 aeronaves operando atualmente na segurança pública do país, o que corresponde a 85% deste mercado. Os modelos em operação são: Família Esquilo, que inclui AS350, AS355 e EC130B4, além de outros como H120, EC135, EC145 e o AS365 (Dauphin).
Eduardo Beni: Para quem e quais foram as primeiras aeronaves vendidas para a segurança pública do Brasil?
Richard Marelli: A primeira aeronave vendida para a segurança pública do Brasil foi o Esquilo AS350, entregue para a Polícia Civil do Rio de Janeiro em 1981. A Polícia Militar e a Polícia Civil de São Paulo receberam, cada uma, um Esquilo AS350 em agosto de 1984. Daí para frente a segurança pública também passou a utilizar esses helicópteros, como a Marinha (1979), Força Aérea (1984) e Exército (1988).
Eduardo Beni: Quais os projetos desenvolvidos pela Helibras que deu mais eficiência à aviação de segurança pública?
Richard Marelli: Entre os principais projetos desenvolvidos pela Helibras que colaboraram para a eficiência da segurança pública do país podemos citar:
- Projeto Eagle, um inovador sistema de processamento de imagens a bordo. Com ele, é possível selecionar um pequeno “alvo” terrestre com alcance de até 2 milhas e rastreá-lo automaticamente durante a aproximação realizada pelo piloto. O sistema de vigilância aérea conta com equipamentos optrônicos de imageamento térmico, que possibilita a aeronave encontrar pessoas e objetos, por exemplo.
- Equipamentos de missão, como guincho, porta corrediça, kit rapel, ferramentas para resgate, entre outros, os quais compõem o pacote que torna um helicóptero multimissão. O conceito de helicóptero multimissão foi introduzido pela Helibras em 1978, no qual uma aeronave não se limita a ter apenas a função de transporte de passageiros, e que é considerado um dos grandes feitos da empresa.
- Kit Aeromédico, que além de realizar o transporte inter-hospitalar, equipa um helicóptero para que esteja apto a prestar um Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Essas soluções já salvaram milhares de vidas, pois é atualmente a melhor forma para prestar atendimento às vítimas dentro dos conceitos da Golden Hour e dos Minutos de Platina.
- Rádio Tático para patrulhamento aéreo visando a comunicação com a equipe de solo.
Além disso a Helibras conta com mais de 200 equipamentos com Certificados Suplementares de Tipo (CST), os quais podem equipar uma aeronave e estão homologados pela ANAC. Além disso, a empresa possui diversas outras soluções que são feitas sob medida para cada cliente e suas respectivas missões.
Eduardo Beni: Como vê o papel da Helibras no desenvolvimento da Aviação de Segurança Pública?
Richard Marelli: A Helibras, na condição de única fabricante de helicópteros do país, possui um fundamental papel no desenvolvimento da Aviação de Segurança Pública do Brasil e encara como dever prover soluções personalizadas para seus clientes.
Também por possuir 85% da frota em operação neste segmento, estamos sempre em constante busca pelo avanço nas modernizações, nos desafios de engenharia, em inovações para acompanhar o desenvolvimento tecnológico, entre outros.
O Governo Federal conta com nosso apoio para o desenvolvimento deste mercado e para nós é uma honra poder contribuir com algo tão importante para o país.
Eduardo Beni: Existe algum programa especial de manutenção para as aeronaves da segurança pública oferecido pela Helibras?
Richard Marelli: Sim, além da manutenção clássica, que inclui mão de obra, materiais e revisões feita sob demanda do cliente, a empresa possui o personalizado Serviço HCare para suporte logístico por hora de voo, exclusivo da Helibras.
Nele, o cliente pode contar com o abrangente suporte de materiais para todas as manutenções programadas e não programadas dos helicópteros e é totalmente customizável para atender às necessidades do cliente. Seu principal objetivo é aumentar a disponibilidade das aeronaves por meio de um engajamento de disponibilidade de materiais.
O HCare é uma solução de serviços mais direta e ágil, pois facilita a gestão e o planejamento dos clientes e otimiza o fluxo logístico e administrativo por meio de processos de solicitação e aprovação de orçamentos simplificados. Ele permite que seus operadores tenham maior controle e previsibilidade de orçamento por meio do pagamento por horas de voo.
Com o HCare, o cliente pode contar com uma equipe dedicada de técnicos sempre pronta para prestar o melhor atendimento. A empresa está empenhada em entregar as peças no prazo e visitar os operadores para atender suas necessidades. Abrangendo gerenciamento de materiais, atendimentos em Aeronaves em Solo (AOG, sigla em inglês para Aircraft on ground), manutenção, suporte técnico, operações de voo e serviços conectados, o HCare garante que cada voo seja realizado com os mais altos níveis de segurança.
Eduardo Beni: Existe algum programa especial de treinamento de pilotos e de formação de mecânicos para as aeronaves da segurança pública oferecido pela Helibras?
Richard Marelli: O Centro de Treinamento da Helibras, localizado no Rio de Janeiro, oferece mais de 60 cursos para pilotos, mecânicos e especialistas em manutenção, além de reciclagens.
Desde o nível mais básico, os treinamentos teóricos e práticos são personalizados para a aeronave que o aprendiz irá pilotar ou os equipamentos que terá que lidar, seja o aviônico, um guincho ou cesta de resgate, um gancho de carga, entre outros.
Eduardo Beni: Existe algum sistema/equipamento novo ou em desenvolvimento para a segurança pública?
Richard Marelli: O time de engenharia da Helibras está empenhado em integrar um projeto da Jake’s Aerospace Government International Defense (JAGID) em seus helicópteros. Chamado de SmartCopter, a solução é um sistema de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR – sigla em inglês) portátil para consciência situacional da cabine do piloto e um sistema de comunicações que expande as operações terrestres para policiais e operadores militares.
Já em andamento, seu objetivo é a transmissão em tempo real de dados, seja voz ou imagens, para qualquer ponto, inclusive para um smartphone. Dessa forma, por exemplo, uma aeronave equipada com kit aeromédico já poderá transmitir as informações sobre a saúde de um paciente diretamente para o hospital, permitindo que médicos possam se preparar melhor para recebê-lo.