Rio – O juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 4ª Vara Criminal da Comarca da Capital, IV Tribunal do Júri, decidiu arquivar o processo que investigava a operação policial que resultou na morte do traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, em 11 de maio de 2012. Segundo o Ministério Público, a operação, que envolveu um helicóptero da Polícia Civil, teria usado força excessiva e colocado em risco a vida de moradores da Vila Aliança, em Bangu. Imagens feitas do helicóptero da polícia e exibidas pelo Fantástico, da Rede Globo, em 2013, mostraram tiros de fuzil atingindo prédios da comunidade.
Na decisão, o juiz afirma que “toda essa ‘caça às bruxas’ promovida contra os policiais foi deflagrada porque chegaram à mídia as filmagens de mais uma operação policial”. O juiz afirma que após 40 dias de apreciação dos fatos, não viu nada de diferente. Em outro trecho, o juiz afirma não haver “qualquer justificativa razoável, plausível e aceitável para se admitir que facínoras em vias públicas, portando armas de guerra (…), efetuando disparos de toda a sorte”.
Sobre a atuação da equipe do Serviço Aeropolicial (SAER) da Polícia Civil, o juiz afirma que “Esses homens foram lé e fizeram o que tinham e podiam fazer (…). Dar soluções e criticar daqui é fácil (…) Agora, fazer isso sentado em mais de 300 litros de combustível (…) levando tiros (…) é coisa que por si só reclama de nós (…) um mínimo de respeito, admiração e gratidão”
A iminência dos disparos já é mais do que suficiente para dar partida à ação neutralizadora da policia, pois não é razoável se imaginar alguém primeiro ser alvejado por tiros de fuzil para só então reagir”, escreveu o magistrado.
Abrahão concluiu a sentença afirmando que os criminosos “escolheram seus destinos”: “No caso de “Matemático”, sua arrogância lhe impôs o preço por enfrentar uma equipe policial bem preparada, estruturada e capaz de dar resposta na medida devida! Fica a lição! Estado não se desafia; se respeita!
Em esclarecimento, a promotora Valeria Videira, titular da 21ª Promotora de Justiça de Investigação Penal, disse que o trabalho na época transitava em sigilo e, por ainda não estar concluído, não poderia integrar ao inquérito policial do citado traficante. Segundo a promotora, cerca de 40 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público durante este período e a decisão judicial de arquivamento atendeu a nova promoção do Ministério Público.
Fonte: O Dia.