Mulheres de farda: garra e a liderança

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São Paulo – A possibilidade de crescer na carreira, a meritocracia, os desafios, a vontade de ajudar os outros e fazer a diferença. Os motivos para entrar na carreira policial são tão diferentes quanto o trabalho das três policiais femininas que vamos mostrar nesta reportagem. Em comum, elas têm a vocação para a profissão de policial militar.

Aos 46 anos, a coronel Helena dos Santos Reis é parte da primeira turma mista da Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB), que ingressou em 1989. Rindo, ela conta que soube mais tarde que os colegas receberam instruções especiais sobre a entrada das 15 estudantes, principalmente no que se refere ao linguajar. Das que ingressaram naquele ano, 12 se formaram.

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Helena é a mais nova coronel da PM de São Paulo. Desde o berço, ela convive com a polícia. Seu pai e um de seus irmãos mais velhos eram sargentos. Foi um desses irmãos que sugeriu que ela prestasse a prova para ser oficial. O pai ficou orgulhoso quando ela entrou na Academia. A coronel lembra que “ele contou para o bairro todo”. A mãe foi mais resistente, não gostava da ideia da filha caçula saindo de casa aos 18 anos, mas não resistiu ao orgulho de assistir à cerimônia de ingresso na Academia do Barro Branco. Hoje, a coronel é a chefe do Comando de Policiamento do Interior 5 (CPI-5), responsável por 2,2 mil homens distribuídos em 96 municípios da região de São José do Rio Preto.

_midia_Imagem_00024604Longe dali, na Capital, Maria Cecília Araújo tornou-se a primeira mulher a atingir a patente de major-médica.

Ela é filha de um policial militar, mas sempre quis ser médica. Em 1988, formou-se em Medicina pela Santa Casa de São Paulo e fez residência em Oncologia.

Um dia, um colega falou de um concurso para o quadro de saúde da Polícia Militar. Ela resolveu prestar e, em 1993, entrou para a escola de oficiais junto com outras cinco mulheres em uma turma de 35 alunos.

Mas nem sempre esse convívio com a polícia começa em casa, como no caso da coronel e da major. A família da tenente Lara Carolina Palhiari Duarte ficou espantada com a escolha quando ela quis ingressar na PM. Lara conheceu a APMBB em 2003, aos 18 anos, em uma palestra para estudantes. Interessou-se, foi a mais uma palestra e decidiu prestar. Os pais apoiaram a escolha da filha. Ela passou e entrou em 2004.

Um dos sonhos de infância da tenente era ser aviadora. Foi no Barro Branco que ela conheceu o Grupamento Aéreo da PM. Ainda na Academia, começou a se preparar para o concurso de ingresso no grupamento. Ela se formou em 2007 e, em 2011, prestou a prova pela primeira vez, mas não entrou. Ela não desistiu e prestou no ano seguinte. Passou e, hoje, aos 30 anos, é a primeira mulher a pilotar um Águia no Estado de São Paulo.

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As mulheres compõem 12% do efetivo de cerca de 90 mil policiais militares. É o maior efetivo feminino entre todas as PMs brasileiras. Na carreira, elas enfrentam a própria cobrança, a expectativa dos colegas e dos superiores e um problema comum a todas que trabalham fora de casa: a dificuldade de conciliar a vida profissional e a pessoal.

Para a tenente Lara, o trabalho na polícia é uma doação, resposta a uma vocação para ajudar as pessoas. Para ela, o desafio que as mulheres enfrentam na carreira policial é o mesmo de toda mulher que trabalha fora de casa. Para a major Maria Cecília, a carreira da policial militar tem muitos desafios e exige firmeza. Na opinião dela, a mulher que quer seguir na polícia não pode desanimar diante das dificuldades. A coronel Helena concorda. Ambas consideram a perspectiva de crescimento como um dos pontos fortes na PM. Na corporação, segundo elas, há a possibilidade de igualdade com os homens, pois os critérios de avaliação são bastante técnicos.

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Além do cotidiano na PM, as oficiais aproveitam para se dedicar aos estudos. A major Maria Cecília atualmente faz o Curso Superior de Polícia (CSP), um dos pré-requisitos para a promoção a coronel. Ela é a única mulher em uma turma de 31 alunos. E também procura participar de congressos médicos anuais para se manter atualizada.

A coronel Helena formou-se em Direito, em 2013. Ela fala da mãe, que sempre fez questão de que os filhos estudassem, e conta que prestou vestibular para Matemática junto com a prova do Barro Branco, mas acabou escolhendo a PM.

Em casa, as oficiais vivem o cotidiano de muitas mulheres. A major Maria Cecília, que é casada com um oficial médico, gosta de passar o tempo livre com seus dois filhos, de 16 e 18 anos. Eles ainda não decidiram que carreira vão seguir. A coronel Helena aproveita os momentos de descanso para visitar a mãe e estudar inglês. Para relaxar, está lendo os livros da série “Game of Thrones”.

Sobre o futuro do quadro feminino na PM, a coronel Helena acredita que “a mulher humaniza o ambiente” e a população tem uma expectativa positiva ao ver uma mulher em um cargo de comando. Para a major Maria Cecília, “o esforço de uma policial valoriza o trabalho das outras”.

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Comandante do Vale

A comandante do policiamento do Vale do Paraíba e do Litoral Norte, coronel Eliane Nikoluk Scachetti, também destacou a importância das mulheres nas polícias. “Há seis décadas, homens e mulheres trabalham juntos na Polícia Militar para garantir a segurança do cidadão no Estado de São Paulo. Tenho orgulho de integrar essa Instituição”, afirmou.

Nikoluk ingressou na Academia do Barro Branco em 1989 e, sete anos depois, também se formaria na Escola de Educação Física da corporação, que faz aniversário no Dia da Mulher. Durante sua carreira, atuou no 4º Batalhão de Polícia Feminina (BPFem) e também na Casa Militar do Governo do Estado.

Fonte: SSP-SP

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