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SÉRGIO MARQUES
Tenente Coronel PMESP e Historiador

Na primavera de 1918, precisamente no dia 10 de outubro, o jornal “O Combate” destacava, em matéria de capa, os primeiros casos de Gripe Espanhola no território paulista.

A “Influenza Espanhola”, outro nome pelo qual ficou conhecida a moléstia, desde o início de 1918 devastava as tropas litigantes, indistintamente, na I Guerra Mundial. Dos campos de batalhas se espalhou pelas cidades europeias, asiáticas e africanas, adoecendo as populações civis. Morreriam entre 50 a 100 milhões de pessoas no Mundo durante a pandemia (1918 – 1920).

A “moléstia suspeita” nos bairros Paulistanos era chamada de “urucubaca, gripe, influenza, dengue, puxa-puxa…” e possuía sintomas idênticos a algumas moléstias da época, todavia, absurdamente mais grave. O “gripado” sangrava pelos olhos, nariz e ouvido. Adquiria uma cor azulada. Seus pulmões ficavam cheios de secreção. Pela manhã, doentes… À tarde, mortos!

Um agravante importante: ainda não existia o antibiótico, que combateria as infecções oportunistas. A desnutrição também era um fator preponderante no adoecimento da população.

Os moradores dos bairros mais populares e industriais da época, na chamada zona “além Rio Tamanduateí”, que englobava o Brás, Mooca, Belenzinho, Pari, Bexiga, Bom Retiro, além dos distritos suburbanos (Santana, Penha, Lapa, Pinheiros), foram as áreas mais atingidas. Além disso, a falta de higiene e o acúmulo de pessoas no mesmo aposento favoreciam a propagação da doença.

Era hábito das famílias, principalmente, de origem italiana, nos bairros mais populares, em época de calor, transformarem as calçadas em salas de visita, proseando até tarde da noite, sentados em cadeiras, nas portas ou nas guias da calçada.

Como medida protetiva e preventiva, jornais apelavam para que os guarda-cívicos orientassem as pessoas do perigoso costume no período pandêmico.

No dia 17 de outubro, estas foram as primeiras providências tomadas pelos governantes, a fim de evitar a disseminação do vírus:

  1. Governo do Estado: fechamento de todos os “grupos primários” e Escolas Superiores; fechamentos de externatos; proibição de visitas em internatos, Sociedades Esportivas, Literárias e Recreativas; proibição de reuniões, partidas e jogos (Ex.: o Campeonato Paulista de Futebol foi suspenso); e
  2. Prefeitura de São Paulo: fechamento dos jardins públicos e similares (ex.: Parque da Luz, Museu do Ipiranga, Parque da Aclimação, Butantã); proibição de concertos musicais e do acompanhamento de enterros a pé; fechamento de Igrejas, comércio/indústria, teatro/cinema, bares/botecos/restaurantes; proibição de visitar cemitérios.

Em resumo, a proibição se estendia a qualquer aglomeração de pessoas. Com o aumento exponencial da doença e para atender a população adoecida foram criados 40Hospitais Provisórios”, auxiliados pelo apoio da sociedade civil. Alguns locais ainda fazem parte do cotidiano Paulistano:

  • Hospital Santa Casa de Misericórdia (Rua Santa Isabel): 1000 leitos;
  • Imigração (hoje, Museu da Imigração- Rua Parnaíba): 1000 leitos,
  • Seminário Diocesano (Av. Tiradentes): 400 leitos,
  • Mackenzie College (Rua Maria Antônia): 400 leitos,
  • Grupo Escolar Santana (Liga Nacionalista), hoje, Escola Estadual Padre Antônio Vieira (Av. Cruzeiro do Sul): 400 leitos,
  • Colégio Santa Inês (Rua Três Rios): 250 leitos,
  • Clube Atlético Paulistano (Rua Colômbia): 120 leitos.
  • Colégio Sion (Av. Higienópolis): 100 leitos,
  • Mosteiro São Bento: 100 leitos,
  • Colégio São Luiz (Rua Bela Cintra): 100 leitos, e
  • Colégio Sagrado Coração (Largo Sagrado Coração): 80 leitos, dentre outros.

Complementando as ações do Serviço Sanitário e da Assistência Policial, a Cruz Vermelha, organizações religiosas católicas, ABE (Associação Brasileira de Escoteiros), ACM (Associação Cristã de Moços), Associação de Pastores Evangélicos e Grande Oriente Paulista montaram os chamados “Postos de Socorro”.

Totalizando 46 Postos, disseminados pelo Centro e bairros da Capital, iniciaram suas atividades em 23 de outubro. Auxiliavam aos desprovidos de recursos com distribuição de alimentos/roupas/remédios, fornecimento de sopa/pão, realizando consulta domiciliar ou mesmo nas Unidades.

Exemplificando, o Posto no antigo Teatro São Paulo, entre as ruas da Glória e Conselheiro Furtado, no bairro da Liberdade, distribuía víveres e fornecia sopa e pão. A título de curiosidade, o belíssimo Teatro foi demolido em 1969 para o crescimento da região.

No final de outubro a guerra contra a Pandemia teve dividido o trabalho. O Dr. Arthur Neiva, Diretor do Serviço Sanitário, cuidou da profilaxia e higiene. Quanto a hospitalização, a cargo do Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho, Diretor da Faculdade de Medicina.

Por fim, os serviços de socorros alimentares aos necessitados, gerenciados pelo arcebispo Dom Duarte Leopoldo. Somaram-se outras organizações na luta contra a doença: a Liga Nacionalista, “Palestra Itália”, CAP-Clube Atlético Paulistano, inúmeros Colégios, Exército Brasileiro, dentre outras Instituições, também ingressaram na luta contra a doença.

A Força Pública

No exercício da ação humanitária, com o propósito de socorrer as pessoas para o atendimento apropriado, a Força Pública Paulista, como era de se esperar, foi cooptada para a missão. Sob a batuta do coronel Manuel Soares Neiva, a Força se entrincheirou ao lado dos profissionais de Saúde, linha de frente do combate a Gripe Espanhola.

Todos os recursos humanos e de logística foram mobilizados para combater a doença. O coronel Neiva fora comandante do Corpo de Bombeiros entre 1905 e 1918, antes de assumir o Comando Geral da Força Pública, em 1918.

Com 8.833 componentes da Força, previstos em Lei, descontando-se os claros de 10% (vagas não preenchidas), eram aproximados 7.900 homens para atender ao Estado, lutando contra a gripe.

Fachada do Hospital Militar da Força Pública de São Paulo. Foto: Almanak do Correio da Manha RJ.

Eram Unidades Operacionais (policiamento, infantaria e bombeiros) na Força Pública, na Capital, nesta época:

  1. 1º Corpo de Guarda Cívica, com matriz no Quartel do Carmo, no Parque Dom Pedro II. Era responsável pelo policiamento nos bairros Paulistanos da Consolação, Glória, Cambuci e Liberdade. Hoje é o 1º Corpo é o 6° BPM/I, com sede em Santos-SP, responsável pelo policiamento ostensivo na urbe,
  2. 2º Corpo de Guarda Cívica, com núcleo o Quartel do Carmo, no Parque Dom Pedro II. Era responsável pelo policiamento nos bairros Luz, Brás, Santa Efigênia e Mooca. Hoje correspondente ao 2º Corpo é o 7º BPM/I, responsável pelo policiamento ostensivo em Sorocaba e região,
  3. 1º BI- Batalhão de Infantaria (atual, 1º BPChq/ROTA), cuja sede é no Quartel da Luz, na Av. Tiradentes,
  4. 2º BI- Batalhão de Infantaria, cuja sede era o Quartel de Santo Agostinho, na Rua Jorge Miranda. Hoje, o 2º BPM/M, responsável pelo policiamento ostensivo no bairro da Penha e cercanias, na zona Leste da Capital. As instalações do Santo Agostinho são atualmente ocupadas pelo 2º BPChq- Batalhão Marechal Mascarenhas de Moraes,
  5. Corpo de Bombeiros, cuja sede, desde 1887, localiza-se na Rua Anita Garibaldi, e
  6. Regimento de Cavalaria, com suas recém-inauguradas instalações, com sede na Rua Jorge Miranda.

Antes mesmo das primeiras notícias da doença nos Jornais de São Paulo, lá estavam os soldados-patrulheiros-bombeiros acolhendo a população, desesperada com o número crescente de doentes e suas vítimas fatais.

Os caixões eram transportados em caminhões e trens para atenderam aos inúmeros finados. Os cemitérios da Capital (Araçá, Consolação, Brás/Quarta Parada e Penha) não venciam o número de enterros. Foram iluminados no período noturno para aumentar os sepultamentos. Para os pobres, os serviços de remoção, caixão e enterro tornaram-se gratuitos, à custa do Município.

Os policiais auxiliavam as atividades de Defesa Civil (termo não utilizado no período) com a distribuição de medicamentos e alimentos, além do controle dos famosos “sopões”. Colaboravam também no transporte dos “espanholados” para os Hospitais improvisados de São Paulo.

Com a gravidade da Pandemia, as escalas dos policiais e bombeiros se tornaram cada vez mais longas, muitas vezes sem substituição, pois acabavam dobrando o serviço. Em um curto espaço de tempo as demandas multiplicaram-se. Os profissionais disponíveis cada vez mais rareando e ocupados. Muitos foram os militares contaminados nesse triste período.

O desabastecimento, os saques, o funcionamento irregular dos bondes, a fome e os amontoados de cadáveres começariam a fazer parte de um cenário dantesco.
Diante desse cenário, esses bravos soldados não abandonaram a missão de servir e guardar a população: a Cavalaria atuava próximo dos cemitérios, não permitindo aglomerações de pessoas e os Bombeiros apoiavam os chamados de socorro constantes. Os veículos militares apoiavam os Hospitais.

O consumo de limão e do quinino (substância que combate a malária/base da água tônica), pois se dizia que eram eficazes contra a moléstia. As benzedeiras foram acionadas. Iniciou-se a distribuição gratuita de remédios por Farmácias criadas para esse fim. Tudo era válido!

Contudo, sem equipamentos de proteção individual (máscaras, luvas, óculos) ou desinfetantes/álcool, os policiais/bombeiros entravam em contato direto com as pessoas infectadas e seus fluídos.

Como a Gripe era altamente contagiosa, e não havia vacina, os policiais se tornaram vítimas do dever. Deste modo, ela se espalhou pela Força.

Agravou-se justamente no local de descanso dos combatentes: os alojamentos dos Quarteis. As camas eram muito próximas umas das outras, facilitando a proliferação da Influenza entre os policiais e bombeiros não contaminados. Os casados levavam o desagradável vírus para suas residências, um ciclo sem fim.

Diferentemente dos dias atuais, o único meio de comunicação de massa eram os jornais. Entretanto, grande parte da população era analfabeta.

O grupo de risco, além das pessoas com doenças associadas (diabéticos, cardíacos etc.) eram jovens saudáveis, entre 20 e 40 anos. Lembrando apenas que a expectativa de vida do brasileiro, em 1.920, era em torno de 34 anos; no ano 2.000, 70 anos.

A Espanhola encontrou na Força Pública uma mocidade sadia, que não conseguiu se proteger deste temível vírus.

No dia 08 de outubro o capitão Genésio de Castro e Silva, do CE-Corpo Escola, com uma seção de Alunos, esteve presente no Palácio das Indústrias, na Exposição Industrial Paulistana, expostos a grande público durante a Feira.

Dois dias após (10), inauguração das dependências do RC-Regimento de Cavalaria e entrega da Bandeira Nacional à Unidade, com a presença inclusive o Presidente do Estado (Governador do Estado), Altino Arantes. O novel Quartel possuía vasto alojamento, com 700 camas destinadas às praças, 23 aos oficiais.

No dia 15, às 20h00, em ambiente fechado, palestra sobre o “Serviço Secreto de Informações-Espionagem e Contra-Espionagem”, a cargo do tenente-coronel Pedro Dias de Campos, no Batalhão da Luz (sede do 1º Batalhão). Presentes, Alunos dos Cursos da Força (cadetes, alunos-sargentos, alunos-cabos), oficiais e inúmeros convidados.

Durante aqueles trágicos dias, o Corpo Escola, cerne da APMBB (Academia de Polícia Militar do Barro Branco), teria grande surto gripal. Consequentemente, um Hospital Provisório seria criado em suas instalações.

Aliado a tudo isso, as apresentações concorridíssimas da Banda da Força Pública, realizada para todos os públicos. No dia seguinte 16 de outubro, nas páginas de O Combate, as primeiras vítimas da tropa Paulista seriam alcançadas pela Gripe Espanhola. Paralelamente, os exercícios semanais da infantaria e da cavalaria da Instituição eram suspensos.

No dia 19 de outubro os Jornais anunciavam novos casos da Gripe no efetivo policial.
Domingo, dia 20, os policiais não permitiram a realização de jogos de futebol nas várzeas e nos descampados da Cidade, impedindo a concentração de pessoas, fenômeno de risco para a expansão da doença.

Na mesma linha, evitando-se aglomerações prejudiciais ao estado sanitário de São Paulo, também impediram a montagem de barracas nas praças públicas, servidas por camelôs e atividades de vendedores ambulantes (sorveteiros, “refresqueiros” etc.).

São Paulo enfrentava temperaturas elevadas, que não impediam a progressão da Influenza. No dia 24 de outubro, na sede do 1º Batalhão (Quartel da Luz), 24 militares foram vacinados com preparado do Dr. Vital Brasil, Diretor do Instituto Butantã, segundo normas de processo norte-americano. Segundo O Combate, dizia-se que “só na Força Pública num só dia faleceram 400 praças, devido a uma injeção de experiência do Dr. Vital Brasil”, fato desmentido pelo próprio Periódico.

Os Jornais eram censurados desde a implantação do Estado de Sítio pelo Presidente Venceslau Braz, após declaração formal de guerra contra a Tríplice Aliança (Impérios alemão, austro-húngaro e turco), na I Guerra, em 1917. Os dados sobre a Gripe na Corporação não eram amplamente divulgados. Quando a informação não é clara, os boatos surgem!

Na edição de 25 de outubro de O Combate, informaram sobre a contaminação de 411 policiais, dos quais 09 casos eram graves.

No dia seguinte (26), o mesmo Periódico anunciou que o 1º Batalhão estava com 300 gripados (quase 1/3 de deu efetivo total). Em pior situação, o 2º BI, pois raros eram os policiais que não estavam contaminados.

O “2º” era composto por 899 praças (e 21 oficiais). A matéria não incluía os doentes integrantes dos demais Corpos de Polícia sediados na capital Paulista, o que aumentaria ainda mais o número total de doentes.

As primeiras mortes vitimariam a Instituição. No dia 27 de outubro faleceu, em decorrência da Influenza Espanhola, o anspeçada Francisco Lobello, da Guarda-Cívica da Força Pública. As coisas só pioravam. Somente no dia 30 foram contabilizados 16 óbitos de praças no Hospital Militar. Na mesma edição, O Combate relatou que 1.800 policiais da Força Pública foram “espanholados”.

Devido à gravidade, o Secretário de Justiça e Segurança Pública, Eloy Chaves, visitava com frequência o Hospital Militar e os outros Hospitais Militares Provisórios. Era uma mescla de crise na Saúde e na Segurança.

Na batalha contra a Gripe no interior da Força se destacaram os membros do Corpo de Saúde da Instituição (médicos e enfermeiros), classificados no Hospital Militar. Localizado na Rua Jorge Miranda, ao lado do 1º e 2º Batalhões de Infantaria e o Regimento de Cavalaria, a Saúde da Força era comandada pelo major médico Luiz Gonzaga do Amarante Cruz.

Com reduzido efetivo, 60 membros (08 médicos clínicos gerais, 01 oftalmologista, 02 farmacêuticos e 01 dentista – todos oficiais -, além 25 enfermeiros, 04 práticos em Farmácia e demais funções de militares auxiliares), empenharam-se ao máximo para minimizar os efeitos nefastos da moléstia.

Em decorrência da demanda, foram criados na Força Pública “Hospitais Militares Provisórios”, aproveitando-se do conhecimento do Hospital Militar, considerado “Central”:

  • HM- Hospital Militar, da Força (Rua João Teodoro): 300 leitos. Era a Unidade Central do sistema de saúde policial,
  • Hospital do CE- Corpo Escola (Av. Tiradentes): 250 leitos,
  • Hospital do 2º BI – Batalhão de Infantaria (Rua Jorge Miranda): 800 leitos. A partir de 27 de outubro o Batalhão foi adaptado para “Hospital Provisório” para receber os enfermos, pois a incidência da Influenza em seus quadros fora gigantesca. A mudança foi acompanhada pessoalmente pelo Presidente do Estado e o Secretário de Justiça e Segurança Pública, respectivamente, Altino Arantes e Eloy Chaves,
  • Hospital do Colégio Presidente Prudente (Av. Tiradentes): 275 leitos. Atendimento de praças, oficiais e civis (parentes dos militares da Polícia contaminados). A Força disponibilizou 07 policiais para auxiliar os trabalhos dos médicos, e
  • Enfermaria do 1º BI – Batalhão de Infantaria (Av. Tiradentes). Ambulatório, com camas, dirigido pelo major médico Manuel Gonçalves Theodoro.

No dia 01 de novembro, Dia de Finados, cemitérios vazios. A Força Pública estava operacionalmente debilitada, pois, segundo o Correio Paulistano, 2.000 policiais estavam infectados pela Gripe, somente na Capital, internados nos diversos Hospitais disponibilizados e, em especial, nos da própria Força. No interior a situação não era diferente, porém, a História será contada em outra oportunidade.

Como a Espanhola invadiu os Quarteis da Instituição, atacando a maioria dos policiais, a sensível diminuição do policiamento foi notada nas ruas. Os quadros e Unidades do Exército na cidade de São Paulo, que, temporariamente, poderiam cobrir as necessidades de Segurança, também foram tomados pela gripe.

Criminosos, conhecedores das limitações da área da segurança Pública, aqueles não doentes aproveitaram-se da situação para a prática de delitos, sobretudo, furtos em estabelecimentos, que se encontravam vazios. Nós conhecemos bem as consequências da diminuição ou ausência do seguimento fardado da Segurança nas cidades.

As atividades do Hospital Militar Provisório do 2º BI foram encerradas em 09 de novembro, quando todos os doentes tiveram alta, número que chegou a 700 internados. No mesmo mês (26) terminou o trabalho do Hospital Militar Provisório do Colégio Prudente por motivo similar. Por fim, na mesma semana, o Hospital Militar Provisório do CE- Corpo Escola encerrava suas atividades. O Hospital Militar, por ser permanente, continuou em sua ação laborativa.

A pandemia foi vencida em São Paulo em meados do dia 19 de dezembro de 1918.
Em pouco mais de dois meses a Influenza deixou números impressionantes. Em torno de 117 mil pessoas foram infectadas pela Influenza, 23% da população Paulistana. 5.372 pessoas faleceram na época. No Brasil, 35.000 mortes.

Se no dia 01 de novembro de 1918, Dia de Finados, 2.000 (dois mil) policiais estavam infectados pela moléstia na Capital (último dado levantado na pesquisa), esse número até o final da Crise na Saúde fora muito maior.

Possivelmente, em torno dos 3.000 doentes até o final do mês, comparando-se com o fim das atividades dos Hospitais Militares Provisórios.

Contudo, o número que mais saltou aos olhos foram os policiais mortos: 145 policiais militares, que tombaram na defesa humanitária da sociedade Paulista!

No dia 14 de dezembro uma Missa, na Igreja de São Bento, foi realizada em memória e “Sufrágio das Almas dos Soldados Mortos”.

Por fim, o que podemos refletir nesse momento de crise é que a História é cíclica. Na maioria das vezes os procedimentos adotados em 1918 foram repetidos em 2020, no que confere a contenção da doença. Porém, refletimos a necessidade de proteção não somente dos profissionais de saúde, mas dos policiais, que também atuam na linha de frente, no combate ao novo coronavírus (COVID-19).

O texto também homenageia todos os profissionais que, por exercerem atividades essenciais (jornalistas, coletores de lixo, vendedores, caixas, operadores de telemarketing, coveiros, motoristas, cozinheiros etc.), não aderiram ao isolamento social preventivo por questões laborativas.

Charge publicada no jornal O Imparcial da Bahia-1918.

FONTES

Mensagens do Governador de São Paulo para a Assembleia: 1890 a 1930, São Paulo, 14 jul 1919, p. 1-113.
ASSEMBLEIA LEGISTIVA (SP). Lei N 1.559, de 20 de outubro de 1917. Fixa a Força Pública do Estado de São Paulo para o exercício de 1918. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/…/lei/1917/lei-1559-20.10.1917.html. Acesso em 15 mar. 2020
DE ARRUDA. Luiz Eduardo Pesce. Polícia Militar: uma Crônica. São Paulo. 2014.
IBGE. População estimada de São Paulo (cidade), 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/sp/sao-paulo.html. Acesso em 15 mar. 2020.
_____ População estimada de São Paulo (Estado), 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/sp.html. Acesso em 15 mar. 2020.
Jornal O Combate, São Paulo, 18out18, capa; 19out, capa; 24out18, capa; 25out18, capa e p.3; 26out18, capa; 27out, capa; 29out18, capa; 29out18, capa; 04nov, capa; 09nov18, capa, 11nov18, capa; 12nov, capa; 13nov, capa; 16nov18, capa; 17nov18, capa; 19nov, capa; 20nov, capa; 21nov, capa; 22nov, capa e p.3; 23nov, capa; 25nov, p.3; 27nov18, capa; 27nov, capa; 29nov, capa, 30nov, capa e p.3; 02dez18, capa, e p. 3; 03dez18, capa e p. 3; 04dez18, capa; 05dez18, capa; 06dez18, capa; 07dez18, capa e p. 3; 10dez18, capa e p.3; 11dez19, capa e p.3; 12 dez18, capa; 13 dez18, capa e p.3; 14dez18, capa e p.3; e 16dez18.
_______ Correio Paulistano, São Paulo, 09out18, p.3; 11out18, p. 2; 13out, p.4; 15out, p. 2; 16out, p. 3; 17out18, p. 3; 18out18, p. 3; 19out, p.3; 20out, p. 3; 21out, p. 2-3, 22out, 2-3; 23out, p. 2-2; 24out, p. 2-3, 25out, p. 3-4; 26out, p. 2-3; 27out, p. 2-3; 02nov18, p. 2-3; 04nov18, p. 2; 28nov18, p. 3; e 21set29, p. 10.
_______ A Vida Moderna, São Paulo, 26 nov 1918, p. 19,
SANCHES, Andreia. MENDONÇA, Cátia. GUERREIRO, Joaquim. CORREIA, Dinis. A vida desde 1820. Disponível em: https://acervo.publico.pt/mult…/infografia/a-vida-desde-1820. Acesso em 17mar. 2020.
TASCHNER. Natalia Pasternak. Gripe espanhola: 100 anos da mãe das pandemias. Disponível em: https://saude.abril.com.br/…/gripe-espanhola-100-anos-da-m…/ Acesso em 18 mar. 2020.
TELHADA. Paulo Adriano L. L. Quartel da Luz: Mansão da Rota: Histórias do Batalhão Tobias de Aguiar. São Paulo: Just Editora, 2011.
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