Mauro Beni, Itália
Itália – Até o momento, treze missões de transporte foram realizadas por aeronaves da Força Aérea Italiana para transferir com segurança pacientes de um hospital para outro, aliviando a pressão sobre os centros de tratamento no norte da Itália, mais afetado pelo COVID-19. Em nota, a Força Aérea afirmou “o compromisso dos homens e mulheres da Força Aérea em lidar com a emergência continua inabalável.”
Ativo 24 horas por dia, o centro temporário instalado na Base Aérea de Cervia, norte da Itália, onde helicópteros HH-101 e equipes da 15ª Ala estão sempre prontos para decolar, além de equipes de médicos e enfermeiros da Força Aérea especializados nesse tipo de transporte.
A aeronave C-130J da 46ª Brigada Aérea transportou pacientes que foram transferidos para hospitais de Bergamo. Outros transportes deste tipo foram garantidos com os helicópteros HH-101 da 15ª Ala, com o apoio também de tripulações da 9ª Ala de Grazzanise, sempre partindo da base de Cervia para intervir em diferentes locais do território nacional.
São as aeronaves de última geração usadas para muitos tipos de missões, desde busca e salvamento até operações especiais, configuradas neste caso como verdadeiras “ambulâncias aéreas”, capazes de transportar pacientes no modo de contenção biológica através de macas com isolamento especial ATI (Aircraft Transit Isolator), além de auxiliar os pacientes com aparelhos respiratórios durante o voo.
Transporte de material e equipamentos médicos
As duas aeronaves da Força Aérea, um KC-767 da 14ª Ala e um C-130J da 46ª Brigada Aérea, aterrissaram na quinta-feira (19) no aeroporto Pratica di Mare com uma carga de cerca de sete toneladas de equipamentos de assistência respiratória e outros aparelhos de apoio e material médico, vindos da Alemanha. O material, destinado à Proteção Civil, foi distribuído aos hospitais com maiores dificuldades devido à emergência sanitária que ocorre no país.
No domingo (22), outras duas aeronaves da Força Aérea transportaram uma nova carga de respiradores e suprimentos médicos para os hospitais do norte da Itália mais afetados pela emergência. Em particular, um C-130J da 46ª Brigada Aérea de Pisa voou durante a noite para Dusseldorf, na Alemanha, a fim de embarcar uma carga de respiradores e transportá-lo para o aeroporto de Bergamo.
Um KC-767A da 14ª Ala, proveniente de Istambul, desembarcou em Malpensa, um carregamento de material médico vindo da China. Todo o equipamento e material médico são usados para apoiar as necessidades dos hospitais no norte da Itália que lutam contra o COVID-19.
Apoio à proteção civil – hospital de campanha instalado em Cremona
A contribuição da Força Aérea também foi fundamental na instalação, em Cremona, do hospital de campanha disponibilizado à Proteção Civil pela Samaritan’s Purse, uma organização humanitária cristã evangélica dos Estados Unidos.
O primeiro DC8 americano pousou na terça-feira (17) no aeroporto de Verona com pessoal de bordo (saúde e logística) e equipamentos médicos, incluindo oito unidades de terapia intensiva (UTI), primordial nos dias de emergência epidemiológica da COVID-19. Um segundo voo, que aterrissou em 21 de março, permitiu a integração da equipe de especialistas, apoiando ainda mais a operação.
A Força Aérea e, em particular, uma equipe especializada da 3ª Ala, em coordenação com os funcionários da Agência Aduaneira, representantes da Proteção Civil de Cremona e uma delegação da equipe da Samaritan’s Purse, além de garantir o apoio logístico necessário para a recepção e transporte de pessoal e materiais para a cidade de Cremona, também contribuiu ainda mais para as operações de instalação do hospital.
Especificamente, o 3º Esquadrão, ativado pelo Comando Operativo di Vertice Interforze (COI), a pedido da Proteção Civil, a Samartin’s Purse disponibilizou equipamentos de hidráulica e elétrica, como torneiras, iluminação de campo, chuveiros e caldeiras, essenciais para tornar o hospital operacional na sexta-feira, 20 de março.
Apoio logístico a aeronaves russas pousadas na base aérea de Pratica di Mare
O trabalho incansável dos homens e mulheres do ATOC (Air Terminal Operation Center) de Pratica di Mare, Roma, garantiu o apoio logístico necessário às 14 aeronaves russas desembarcadas nos últimos dias na Base Aérea da Força Aérea com militares a bordo, especialistas em doenças infecciosas e unidades móveis para desinfetar veículos e espaços públicos.
O retorno de compatriotas da China e do Japão
A pedido do COI, quatro missões foram realizadas em fevereiro para o retorno de cidadãos italianos e estrangeiros da China e do Japão, todos com aeronaves KC-767A da 14ª Ala de Pratica di Mare.
A primeira missão em 2 de fevereiro, diretamente da cidade chinesa de Wuhan, para o repatriamento de 56 compatriotas; em 9 de fevereiro, de Brize Norton (Inglaterra) de um grupo de cidadãos italianos e estrangeiros que retornavam de Wuhan; em 14 de fevereiro, um terceiro voo trouxe de volta à Itália o jovem Niccolò, de 17 anos, vindo de Wuhan; e, finalmente, entre 21 e 22 de fevereiro, uma nova missão para o transporte do Japão de 19 compatriotas e outros cidadãos europeus que estavam a bordo do navio de cruzeiro Diamond Princess.
Foi um intenso trabalho em equipe entre diferentes tipos de unidades especializadas do Comando do Aeroporto Pratica di Mare, da 3ª Ala de Villafranca e do Serviço de Saúde da Força Aérea graças ao qual foi montada uma área de campo para operações em segurança de desembarque, recepção e triagem inicial de saúde da equipe.
O transporte aéreo em biocontenção é, nesta emergência, uma das capacidades peculiares utilizadas pela Força Aérea Italiana, em conjunto com a Força Aérea Real do Reino Unido na Europa, que permite o transporte de pessoal afetado por doenças particularmente infecciosas em total isolamento e segurança.
Segundo a nota, a Força Armada mostra ser capaz de garantir essa capacidade operacional tanto com asa rotativa como com aeronaves de transporte (KC-767A de 14ª Ala de Pratica di Mare, C-130J e C-27J da 46ª Brigada Aérea de Pisa).
A equipe de biocontenção é composta por especialistas – médicos e enfermeiros – cujo número na missão individual pode variar de acordo com o tipo de aeronave utilizada e o tipo e nível de intervenção necessária. Os médicos e enfermeiros empregados são periodicamente treinados através de cursos e exercícios. A Força Aérea está equipada com sistemas isoladores do tipo ATI, STI e N36, certificados em várias aeronaves militares usadas para este tipo de transporte.
A máquina organizacional – Ministério da Defesa
As estruturas e equipes estão em estado de alerta operacional, 24 horas por dia, prontas para partir em pouco tempo. As atividades são coordenadas pelo Comando de Operações Aéreas de Poggio Renatico, Ferrara, o centro nervoso das Forças Armadas, que é responsável por receber e avaliar solicitações que, de tempos em tempos, podem vir de hospitais, prefeituras ou de maneira centralizada, pela Proteção Civil, traduzindo-os em ordens de missão para os departamentos de voo designados.
Nas missões de transporte aeromédico – e agora mais do que nunca – o “fator tempo” é essencial. Elas ocorrem graças a mecanismos e procedimentos consolidados ao longo do tempo e à sinergia estreita e eficiente entre os vários departamentos envolvidos e as agências de ajuda envolvidas na operação.
Desde as primeiras etapas, o Ministro da Defesa Lorenzo Guerini garantiu o máximo esforço da Defesa em apoio ao país e, graças à capacidade de transporte de biocontenção, a Força Aérea forneceu uma contribuição significativa ao dispositivo implantado pelo Ministério da Defesa, em apoio ao Ministério de Relações Exteriores, Saúde e Proteção Civil.
As Forças Armadas disponibilizaram infraestruturas militares distribuídas por toda a península de Val D’Aosta à Sicília, com cerca de 2.200 leitos e cerca de 6.600 camas, além de fornecer uma parcela de sua equipe médica e de enfermagem do Exército, Marinha, Força Aérea e Carabinieri, para atender às necessidades dos territórios lombardos. Além disso, rearticulou o dispositivo nacional “Op. Strade Sicure” para garantir a estrutura de segurança apropriada em apoio com a polícia nas áreas localizadas na zona vermelha.
O COI implementou uma sala de emergência (H24 – 7/7) que coordenou todas as transferências de compatriotas do exterior e atualmente gerencia e compartilha as informações de interesse com os outros departamentos; o COI é o instrumento através do qual o Chefe do Estado Maior de Defesa é capaz de exercer sua função decisiva como Comandante Operacional das Forças Armadas.
As Forças Armadas participam do “Sistema do País“, graças à gestão constante da emergência sanitária, em coordenação com o Departamento de Proteção Civil, o Ministério de Relações Exteriores e Saúde.