Uma operação conjunta entre as Forças Armadas e a Polícia francesa (Gendarmerie) visava o combate a garimpos ilegais de ouro na Guiana Francesa.
A SAG, a unidade aérea da polícia francesa, enviou uma aeronave EC145, enquanto que a Força Aérea francesa mobilizou duas aeronaves Puma e um Fennec. A missão do EC145 era realizar o desembarque fast rope de quatro operadores especiais, que seriam os primeiros policiais no solo.
Confira a história completa contada pelo Capitão Jacques Hein, comandante da SAG e piloto do EC145 nessa missão.
Nós tivemos que realizar a descida em uma área restrita, no final de um pequeno vale com encostas íngremes de ambos os lados, sem muitas opções de aproximação.
Me aproximei pelo lado direito do vale, descendo para a altura das árvores, diminuindo minha velocidade quando alcancei a área de desembarque.
Meu fiel/mecânico (flight engineer), Michel Jolly foi para a cabine para preparar o lançamento das cordas. Foi quando nós sentimos alguma coisa atingindo a aeronave, e poucos segundos depois ouvimos mais alguns barulhos, um depois do outro. Foi quando nós percebemos que alguém estava disparando contra nós. Eu dei potência e sai rapidamente da posição.
O painel da aeronave parecia com uma árvore de natal, com um monte de luzes acendendo e indicando que o motor 2 tinha sofrido danos e estava perdendo óleo.
“Eu ainda tinha o controle da aeronave, o motor 1 ainda estava funcionando, logo cortei o motor 2 e inicialmente iria para pouso em um terreno baldio próximo dali, quando meu fiel/mecânico informou que um dos policiais havia sido ferido, então decidi prosseguir direto para a cidade de Maripasoula, aproximadamente 20 minutos de voo, tudo isso monomotor e por cima de uma floresta virgem.”
Com os passageiros e o combustível, o peso total da aeronave era cerca de 3.300 kg, o que nos levou a efetuar uma aproximação para um pouso corrido monomotor. A manobra foi realizada sem problemas, e o ferido evacuado para o hospital local.
Iniciamos então uma meticulosa inspeção da aeronave. Achamos oito pontos de impactos na aeronave causados por projéteis 7,62mm e 5,56mm. Um projétil atingiu o tanque de combustível e ricocheteou no extintor de incêndio, outro atingiu o tanque de óleo do motor 2, e um terceiro projétil partiu um cabo elétrico que acionou uma série de luzes de alarme. Incrivelmente, o motor 2 permaneceu intacto.
Como seria uma missão complicada ter que enviar um avião cargueiro para pegar o helicóptero em Maripasoula, pensamos na possibilidade de efetuar alguns reparos e voar até a cidade de Cayenne (capital da Guiana Francesa). Depois de consultar a Eurocopter e o comando da Gendarmerie, foi exatamente o que fizemos.
Chegando em Cayenne, a aeronave foi direto para oficina para ser efetuado os reparos definitivos. O nossa maior preocupação era dos cabos partidos, por talvez ser necessário mudar toda a cablagem elétrica da aeronave. Foi um alívio quando a Eurocopter informou que isso não seria necessário e o reparo seria rápido e feito localmente.
No final de agosto de 2010, depois de dois meses com a aeronave baixada, o EC145 estava novamente voando pelas florestas da Guiana Francesa.
Fonte: Rotor Link Eurocopter – Jan/2012 (tradução e adaptação Piloto Policial a partir do original em inglês)