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O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e comandante do Grupamento de Operações Aéreas (GOA), Rammon Dias Pereira, fez um relato em sua rede social sobre participação nas operações de busca e salvamento das vítimas do acidente na barragem de Brumadinho, MG.

Rammon é piloto de helicóptero do Corpo de Bombeiros e foi a primeira aeronave de outro Estado a deslocar-se para Minas Gerais para apoiar as operações.  Além do helicóptero, nove viaturas e três cães farejadores auxiliaram as buscas por vítimas do rompimento da barragem.

Duas equipes, de 40 militares cada, seguiram no sábado (26) e se revezaram nos trabalhos durante 10 dias. Durante o período que ficou em Brumadinho, voaram 45 horas e realizaram 90 missões. Foram salvamentos, evacuações aeromédicas, retirada de corpos e de animais, transporte de tropa e de material.

Na manhã de quarta-feria (06) a equipe de bombeiros que estiveram no apoio às operações de busca e salvamento em Brumadinho receberam das mãos do Governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, a Medalha do Mérito Força e Coragem.

Bombeiros do RJ que participaram de trabalhos de resgate em Brumadinho são homenageados. Foto: CBMERJ.

Com um nó na garganta, Rammon falou em sua rede social sobre solidariedade e abnegação:

Confesso que ao iniciar esse relato sinto a garganta embargar e uma imensa vontade de chorar. No mês em que completo 24 anos de carreira como Bombeiro-Militar e 18 anos como Piloto de Helicóptero, nunca vivi nada igual ao que passei em Brumadinho. Em todo este tempo tive a oportunidade de viver experiências fantásticas, conhecer lugares e pessoas, mas indubitavelmente nenhuma se comparou ao que vivi nos últimos 07 dias.

Brumadinho me fez realizar muitas reflexões; passar dias retirando corpos sujos de lama e barro, me fez enxergar que a vida é somente uma curta passagem e a nossa existência é maior que isso aqui, por isso temos que fazer valer a pena!

Brumadinho me fez descobrir o quão bom pode ser o homem quando resolve dar o melhor de si. O nosso CBMERJ é gigante, nossos bombeiros de terra ou do ar, foram incansáveis na busca das pessoas em meio àquele ambiente insalubre e extremamente perigoso. Mesmo sob a possibilidade de rompimento da segunda barragem, o que nos colocaria em risco de morte, nenhum militar sequer cogitou abandonar a missão de devolver às famílias seus entes queridos para que pudessem se despedir com dignidade.

Brumadinho demonstrou que homens e mulheres do Grupamento de Operações Aéreas, são abnegados na arte de resgatar, deram tudo de si e mais o “chivunk”, foram 45 horas voadas e 90 missões executadas, em condições de voo totalmente extremas nos aspectos físicos, técnicos e psicológicos.

Brumadinho mostrou o quão acolhedor e carinhoso são os mineiros. Muitas pessoas que conheci perderam familiares e amigos, e mesmo com a dor do luto faziam questão de nos proporcionar um belo sorriso com palavras de força e agradecimento. Preocupavam-se com absolutamente tudo para nos dar bem-estar. Por diversas vezes os vi fazendo orações em prol de nossa segurança e saúde. Rogo a Deus que os abençoe e conforte suas dores.

Por fim, quero agradecer muito a todos conhecidos e desconhecidos, pelas milhares de mensagens diárias de carinho, força e fé; isso faz uma diferença enorme na nossa energia. Obrigado, esse é o combustível que a gente precisa pra continuar lutando.

  • Chivunk é uma expressão onde um militar passa o sentimento de “garra” para outro em situação de extremo desgaste para que este cumpra seu objetivo e consiga chegar ao final.

Imagem dos bombeiros do Rio de Janeiro em Brumadinho e um cartinha recebida com a seguinte mensagem: Bombeiros, queríamos dizer obrigado pelo trabalho de vocês! Não desistam! Estamos todos com vocês!

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