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Aviação da Força Pública de São Paulo

O Paraquedista “voluntário” e a história do 1º Salto da América do Sul

SÉRGIO MARQUES
Major da Polícia Militar de São Paulo

Domingo, 01 de novembro 1925, véspera de feriado prolongado do “Dia de Finados” (Mortos), há exatos 94 anos, no Campo de Marte, zona norte da capital Paulista, o 2º tenente Antônio Pereira Lima entraria para a História do Paraquedismo Brasileiro e da América do Sul de uma forma surpreendente.

Tenente Antônio Pereira Lima
2º Tenente Antônio Pereira Lima

Negro, em uma sociedade recém-libertada da escravidão, Antônio Pereira Lima nasceu em 1899, na Capital Bandeirante, filho de Dona Idalina Maria da Conceição e do Sr. José Pereira Lima. Com 18 anos, voluntariamente, ingressou como soldado, em 07 de junho de 1917, na Força Pública Paulista (atual Polícia Militar do Estado de São Paulo). Já sargento, durante a Revolução de 1924, a “Esquecida”, naqueles terríveis dias de julho, permaneceu ao lado dos poderes legalmente constituídos.

Todos os inferiores, como eram chamados os Sargentos, inclusive nosso homenageado, que preencheram os requisitos estabelecidos no art. 6º da Lei 1.981, de 17 de outubro de 1924, foram promovidos em 10 de novembro de 1924 a Aspirante-a-Oficial.

Artigo 6.º – Os inferiores que tenham prestado relevantes serviços á legalidade serão matriculados, como aspirantes, no Curso Especial Militar, independentemente de exame vestibular e edade. 

Concomitantemente, foram matriculados e ingressaram no Curso Especial Militar- CEM (atual Academia de Polícia Militar do Barro Branco-APMBB). Na época a Escola de Oficiais funcionava na Rua Ribeiro de Lima, cruzamento com a Av. Tiradentes, no centro da Capital, área atualmente ocupada pelo COPOM/SP.

Por força da Lei 2.051, de 31 de dezembro de 1924, que reorganizou a Força Pública do Estado, foi recriada a Aviação da Força Pública Paulista, sob a denominação “Esquadrilha de Aviação- EA”. Era a terceira fase da aviação militar Paulista. Por sinal, a primeira fase nasceu com a publicação da Lei 1395-A, de 17 de dezembro de 1913, dentre outras proposições, foi criada a Escola de Aviação Militar. Sob os auspícios da Força Pública Paulista nasceu a aviação militar Brasileira.

Artigo 2.º – A esquadrilha de Aviação, creada por esta lei, será commandava por um major e terá o seguinte pessoal: Um 2° tenente secretario-intendente, Um primeiro sargento, Dois segundos sargentos, Um terceiro sargento, Dois cabos, Um cabo carpinteiro e Oito soldados.

Em 1925 a sede da Escola era em prado próprio da Instituição, o Campo de Marte, no bairro de Santana, na zona norte da Capital. A área hoje não mais pertencente à PMESP, sendo um dos aeródromos de maior trânsito de helicópteros do Brasil.

Também há no aeroporto um espaço reservado à sede do Grupamento de Radiopatrulha Aéreo – GRPAe, com os seus famosos helicópteros “Águias”. Como o lendário pássaro grego “Fênix”, renasceu a Aviação Militar Paulista em 1984, após sua extinção, decorrente da derrota militar na Revolução Constitucionalista do distante ano de 1932.

Na Aviação Militar, a “5ª Arma” (ao lado da Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia), vários Aspirantes, todos voluntários, submeteram-se, no ano de 1925, a inúmeros testes com o intuito de serem aprovados no concurso para ingresso na Esquadrilha de Aviação da Força. Dez foram os aprovados, incluso nosso personagem, o Aspirante Pereira Lima.

Com seus demais camaradas, frequentava o curso da Escola de Oficiais, no CEM. Os Oficiais-Alunos Aviadores também acumulavam as aulas teóricas e práticas na Esquadrilha. Cada curso, 6 meses de duração. No inverno daquele ano, mais precisamente, 08 de julho de 1925, alcançaria finalmente o Oficialato, com sua promoção ao posto de 2º tenente.

Mais qual a relação do “salto improvisado” do 2º Tenente Antônio Pereira Lima com a Cruz Azul?

Decorrente da Revolução de 1924, ocorrida na Capital, com a morte de policiais durante a refrega resultaram muitos órfãos e viúvas dos soldados tombados ou mesmo licenciados do serviço ativo, decorrente dos graves ferimentos sofridos.

Uma comissão de Damas da Sociedade Paulistana solicitou o apoio ao coronel Pedro Dias de Campos, Comandante da Força Pública (que assumiu as responsabilidades em pleno desenvolvimento da Revolução, dela participando ao lado dos Legalistas), com o intuito de ampará-los.

Com uma visão privilegiada, o coronel Pedro Dias, filho de indígenas, edificou, em 28 de julho de 1925, uma Instituição de amparo aos familiares dos soldados da Instituição, a “Cruz Azul”, ideário ainda presente em nossos dias. Os objetivos da novel Instituição beneficente eram manter os serviços de assistência permanente às famílias dos militares estaduais, escolas maternais e jardins de infância para os seus filhos.

Com a ação colocada em prática pelo Comandante Geral, os órfãos e viúvas dos combatentes tombados ou seriamente lesionados não mais ficariam desamparados!
Todavia, como é comum em obras dessa natureza, não havia recursos para a edificação de um Hospital e de um Colégio.

O valoroso Comandante se valeu de rifas, quermesses, gincanas, jogos. A década de 20 do século passado o estilo musical predominante era “Fox”. Uma banda do mesmo ritmo foi criada, o “Jazz-Band” da Cruz Azul, que alegrava as festas com o “hit” do momento. Tais apresentações também arrecadavam fundos para que o sonho pudesse se materializar. E a mão-de-obra? As próprias Unidades da Força cediam policiais, que também eram pedreiros, eletricistas, encanadores, etc.

Em uma de suas ações mais audaciosas, sempre com o mesmo notável objetivo, o grande Comandante teve uma ideia avançada para os padrões daqueles dias, a contratação de um paraquedista para apresentação.

O salto do paraquedista foi marcado para o dia 01 de novembro de 1925, um domingo. Em período ainda sob os auspícios da “Belle Époque”, com a sociedade eminentemente machista, o paraquedista contratado para o feito era uma mulher, uma francesa, Janette Caillé.

Aliada a grande divulgação do exótico espetáculo, pois o salto seria o primeiro de São Paulo (e da América do Sul, segundo trabalho do então Capitão Franco Olívio Marcondes), houve grande venda de ingressos para assistir ao incrível feito.

Pouco antes da realização do salto, a Cruz Azul, na Av. Tiradentes, fundava seu primeiro Grupo Maternal, com muitos berços para hospitalizar crianças carentes, iniciando seu programa assistencialista. Na sequência, as autoridades se dirigiram ao Campo de Marte.

O salto foi um sucesso! Assim escreveu, em 02 de novembro de 1925, o Jornal Correio Paulistano, com a grafia de época: “… Merece especial referencia, dos principaes aspectos dessa tarde de aviação, o audacioso salto realizado de um aeroplano, voando em grande altura, pelo tenente Antonio Pereira Lima, que sahiu galhardamente dessa difficil prova, festejado ao ganhar o solo pelos vibrantes applausos dos assistentes.”

Mas não foi uma senhorita francesa, de nome Janette Caillé, contratada para efetuar o salto com paraquedas?

Os relatos abaixo, com as adaptações do autor que escreve essas linhas, foram obtidos no livro clássico, de leitura obrigatória, “Asas e Glórias de São Paulo”, que conta a História da PMESP e da Aviação Militar Paulista.

São seus autores:

  • José Canavó Filho, Coronel PM, hoje eternizado no Obelisco Mausoleu do Ibirapuera; e
  • Edilberto de Oliveira Melo, 97 anos, Coronel PM mais antigo da PMESP, com inúmeros outros livros sobre a quase bicentenária Instituição de Tobias de Aguiar (O Salto da Amazônia; Raízes do Militarismo Paulista; Marcos Históricos da PM, Clarinadas da Tabatinguera, Pro Brasília e O Centenário da Aviação Militar Paulista).

O já então tenente-coronel PM aposentado Antônio Pereira Lima, em meados da década de 70 do século passado, era morador do bairro de Vila Mariana. Quase octogenário, cego, casado com quem intitulava “querida noivinha, querida Norma”, bem-humorado e absolutamente temente a Deus, recebeu, em sua residência, os autores da famosa obra, que colheram relatos dos bastidores do salto, que não foram contemplados na matéria jornalística do Correio Paulistano, de 02 de novembro de 1925.

Dia 01 de Novembro de 1925 – O salto do paraquedista “voluntário”

pereiralima1Com os ingressos vendidos, o Campo de Marte estava lotado e as Autoridades presentes! Pouco antes do horário do espetáculo, a senhorita gaulesa, por indisposição (saúde), mandou cientificar o coronel Pedro Dias de que não poderia saltar.

A boa reputação e credibilidade da Força Pública estavam em xeque. A senhorita francesa colocara o coronel Pedro Dias de Campos em uma “sinuca de bico”. O que fazer?

O Comandante dirigiu-se, então, ao “Ninho das Águias da Força Pública”, no próprio Campo de Marte, na Esquadrilha de Aviação, mesmo local que se daria a proeza do salto.

Colocando os 15 Oficiais-Alunos Aviadores em linha, o coronel Pedro Dias solicitou um “voluntário” para o salto de paraquedas, que, por lógica, não apareceu. No dia anterior, lembrando-se que se tratava de um feriado prolongado do “DIA DE FINADOS” (Dia dos Mortos), pela 1ª vez tiveram contato com um paraquedas, na testagem do equipamento.

Amarraram-no em um saco de areia, que fazia o papel do “homem alado”. Em seguida, jogaram-no, entretanto, o paraquedas não abriu, espatifando-se ao solo.

Mas sempre em situações similares despontam “voluntários à moda militar”. O Comandante Geral Pedro Dias, olhando um, olhando outro, parando em frente ao nosso “agraciado”, apontou a ele, dizendo: “- O Senhor saltará no lugar da faltosa.”. Pronto, estava resolvida a questão! “Santo voluntário…”, pensaram os demais aviadores na linha.

Nosso herói dirigiu-se, então, a sala reservada para vestir o macacão branco e o capacete da francesa Janette, acompanhado pelos seus irmãos de armas. SEMPRE muito solícitos, animavam a cobaia, ou melhor, o paraquedista improvisado: “- Não tenha medo, coragem, Pereira Lima, não é nada, você é forte… etc.”.

Os camaradas sabiam que se não fosse ele, seria um deles! Que fosse o próprio Pereira Lima, pois já estava com os paraquedas em seu corpo. Segundo o coronel Anchieta Torres, um dos grandes pesquisadores da História da Polícia Militar, o 2º tenente Pereira Lima fora escolhido para a missão pelo coronel Pedro Dias devido a sua pequena estatura, pois o macacão branco da paraquedista francesa só serviria nele!

Sentados estão o instrutor Orton Hoover e o Ten. Antônio Pereira Lima. Em pé o Ten. Negrão e Marcondes.
Sentados estão o instrutor Orton Hoover e o Ten. Antônio Pereira Lima. Em pé o Ten. Negrão e Marcondes.

Decolou em uma aeronave Curtiss da Força, um biplace, de fabricação americana, pilotada por Orton Hoover, ás da aviação estadunidense, que lutara na I Guerra Mundial. Era, naquela ocasião, instrutor de voo da Esquadrilha de Aviação da Força Pública.

Ganhando altura, já com a aeronave no céu, somente o piloto, o paraquedista improvisado e Deus… É chegado o momento do clímax. Hoover fez sinal para o salto, e, com típico sotaque, declamou: “- Lims, sarr…ta, Lims sarr…ta”. Responde o corajoso Tenente Pereira Lima: “ – Seu Hoover, é comigo que o senhor está falando?” Hoover, devolve: “- Yes Lims, sarr…ta; my God!”

Nosso herói na asa da aeronave olha para baixo… Não devia tê-lo feito! Grudou-se desesperadamente na barra de ferro que ligava os dois planos da asa, olhando ao piloto, negando com a cabeça, dizendo: ” – daqui não saio, daqui ninguém me tira.”

Após algumas manobras mais radicais de Hoover, inclusive um “looping”, o Tenente Pereira Lima é convencido, “pela lei da gravidade”, lançando-se no “azul do firmamento”, com a abertura do paraquedas.

Entretanto, o tirante (tira de couro) da perna estava mal colocado, pois, além de não estarem familiarizados com a amarração do instrumento, os demais Oficiais-Alunos Aviadores desejavam despachar rapidamente a “encomenda aérea.”

Sofreu terrível dor em sua parte íntima. Mesmo durante aquela tarde, enxergou pequenas estrelas…, ficando “fora do ar” por instantes. Para aliviar a “pressão”, “lá”, abriu as pernas durante o plainar.

Em sua “leve aterrissagem”, perfura a capota de lona de um veículo, de placa branca, estacionado próximo da área de pouso, o que amenizou sua aterrissagem. O público acabara de descobrir que o salto fora realizado por um Oficial da Força Pública.

Independentemente, foi ovacionado por ele. Talvez não tenha percebido a cor do paraquedas pelo pequeno incômodo durante o voo…, mas transformara-se no 1º paraquedista brasileiro.

Ainda atordoado, ouvia “os bravos e os vivas” do público. Seus amigos, após aquele milagroso sucesso, carregaram-no nos ombros até às autoridades. No caminho, inúmeros cumprimentos, saudações, tapinhas nas costas. Nascia uma lenda!

Entretanto, a História ainda não estava encerrara. O epílogo não seria dos melhores. De canto de olho observou que seu Chefe máximo, o Comandante Geral, não estava para muitos amigos. “O corpo fala…, até grita… e como!” Aproximando-se do Comandante Geral, que tinha aqueles olhos negros e amendoados a fitá-lo, o coronel Pedro Dias disse ao nosso heroi: “ – Tenente, você saltou de perna aberta! Deveria saltar na posição de sentido! Você vai pagar o conserto da capota do meu carro, ouviu!” O veículo oficial pertencia ao Coronel Pedro Dias.

No ano seguinte, 31 de agosto, na Campanha de Goiás, em perseguição à Coluna Miguel Costa – Prestes, Pereira Lima, na função de copiloto da aeronave sofreu um acidente terrível na cidade de Uberaba-MG.

Permaneceu por 8 (oito) dias em coma, porém, resistiu aos graves ferimentos. O piloto da aeronave, Tenente Edmundo da Fonseca Chantre, não teve a mesma sorte, falecendo no local, tornando-se o primeiro mártir da Aviação Militar Paulista.

O Tenente Pereira Lima, participou efetivamente nas Revoluções de 1930, quando a Aviação militar foi extinta por Getúlio Vargas e 1932, no 1º BCP (hoje 1º BPChq-ROTA), sempre defendendo sua Força Pública, São Paulo e o Brasil.

Após 32 anos de serviço, aposentou-se em 03 de fevereiro de 1949 no posto de Tenente-Coronel. No Hospital Cruz Azul de São Paulo, no bairro do Cambuci, que auxiliou em sua construção com seu salto improvisado, acolheu seu último suspiro em 07 de outubro de 1978, aos 79 anos.

O tenente Antônio Pereira Lima foi homenageado como patrono da Turma Aspirantes 2018, da APMBB, formandos no último mês de dezembro. Também foi agraciado com o nome de rua, a “Coronel Antônio Pereira Lima”, no bairro de Perus, na zona norte da Capital, logradouro oficializado através do Decreto nº 17.054, de 04 de dezembro de 1980.

Agora, veterano Sr. Antônio Pereira Lima, ao lado do Eterno, pode tranquilamente contemplar o sol, o céu e as estrelas, integralmente!!!

Leia tambémHistória da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 3 – Paraquedismo

Fontes:

  • ANDRADE, Euclides, DA CÂMARA, Hely F. 1931. A Força Pública de São Paulo: São Paulo: serviço Gráfico da PMESP, p. 200-203.
  • FILHO, José Canavó, MELO, Edilberto de Oliveira. 1978. Asas e Glórias de São Paulo: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, p. 53-69;
  • História da Cruz Azul. Disponível em: http://www.cruzazulsp.com.br. Acesso em: 20 out 17;
  • Jornal Correio Paulistano, 1925, São Paulo, 02 nov. 1925, p.3;
  • Jornal Correio Paulistano: Pensamento e Arte (Suplemento), 1956, São Paulo, 05 ago. 1956, p.9;
  • MARCONDES, Franco Olívio. A Aviação e o Paraquedismo. Revista Militia, São Paulo, n. 52, p. 32-34, 1954;
  • MELO, Edilberto de Oliveira. 2010. Clarinadas da Tabatinguera. São Paulo, p. 78-80;
    SÃO PAULO (Estado). 1924. Lei n. 2.051, de 31 de dezembro de 1924. Reorganiza a Pública do Estado. Disponível em: http://www.resgateaeromedico.com.br/…/2051-1924-esquadrilha-a…. Acesso em: 18out 17;
  • Tenente Antônio Pereira Lima. A Força Policial. São Paulo, n. 25, p. 1-2, 2000. Disponível em: http://www3.policiamilitar.sp.gov.br/…/2016/04/Revista25.pdf. Acesso em: 18 out 17; e
  • TORRES, Anchieta. Coisas da Força Pública: Paraquedista. Revista Militia, São Paulo, n. 27, p.19-20, 1952.

A Aviação na Força Pública do Estado de São Paulo sob a ótica do ordenamento legislativo (1913 a 1932)

CEL PM MARCO ANTÔNIO SEVERO SILVA

1 INTRODUÇÃO

boletimOs anos que antecederam a criação da Aviação na Força Pública do Estado de São Paulo foram extremamente conturbados se considerado o cenário nacional. Irromperam a Revolta dos Marinheiros (1910) e a Guerra do Contestado (1912). Foi nesse período também que se consolidou o poder dos ruralistas, notadamente dos cafeicultores, que em sua grande parte estavam no Estado de São Paulo.

Preocupado em manter a política do “Café com Leite”, que consistia na hegemonia política no cenário nacional de Minas Gerais e São Paulo, era objetivo dos governantes paulistas daquele período promover uma reformulação da Corporação. A Força Pública deveria ser um pequeno exército paulista, ou seja, uma força de polícia em condições de desempenhar o papel de defesa territorial, para assegurar os interesses do Estado.

Para tal intento, é contratada a Missão Francesa em 27 de março 1906. Os seus membros eram oriundos de uma unidade do exército francês que realizava atividade de polícia em Paris, ou seja uma unidade militar com experiência de missões policiais. A 1ª Missão Francesa desenvolveu-se de 1906 a 1914, quando os oficiais franceses tiveram de retornar à sua pátria por conta da eclosão da I Guerra Mundial, retornando depois de 1919 e permanecendo até 1924.

Com o andamento da missão militar francesa, os anseios bélicos paulistas tornaram-se ambiciosos e romperam definitivamente com as necessidades policiais. Um desses exemplos foi a criação da Aviação na Força Pública em 1913, primeira organização militar no Brasil a ter a arma de aviação. Uma enorme provocação da província ao poder central, transformando a milícia de São Paulo em um exército regular extremamente profissionalizado em comparação ao Exército Brasileiro e as demais forças estaduais.

Em 14 de julho de 1913, por ocasião da leitura de sua mensagem para o Congresso Legislativo, o Presidente da Província de São Paulo, Francisco de Paula Rodrigues Alves relatou acerca da Força Pública:

Força Pública
“Com o seu constante aumento, surgiu a necessidade de novos alojamentos, pelo que foram aumentados os quartéis e o hospital, tendo o Governo adquirido um grande terreno com 20.000 metros quadrados na Rua Vergueiro, 49 onde se instalou o 5º Batalhão recentemente criado.
Acabaram-se com as tarimbas e forneceu-se aos quartés camas de ferro higiênicas e confortáveis.
Em breve estará concluída a casinha a vapor do Quartel da Luz com capacidade para fornecer comida a 2.000 homens.
Acham-se iniciadas as obras dos Quartéis de Santos e Campinas.
Criou-se o Curso Literáio Científico de três anos para oficiais e inferiores e que funcionava com visível proveito
O Governo cuida de fundar Vilas Militares para residência de Oficiais e Soldados.
Procura-se organizar também uma cooperativa de consumo nos moldes ingleses. Com estas providências haveria estabilidade no pessoal da Força Pública.
Cogitava-se da criação definitiva da Escola de Aviação que o Governo fundará, contratando o Aviador Eduardo Chaves para instrutor.
Na Missão Francesa, o Chefe, Coronel Paulo Balagny será substituído pelo Tenente Coronel Antonio Francisco Nénel, visto ser o Coronel Balagny obrigado a voltar ao serviço ativo do exército Francês. O presidente elogiou calorosamente não só o Comandante Paulo Balagny, Chefe da Missão Francesa, como também ao instrutor da arma de cavalaria, Tenente Coronel de Cavalerie Fanneau Alphouse que igualmente se retirava”.

São Paulo, 14 de Julho de 1913.
Francisco de Paula Rodrigues Alves.

Assim, estava anunciada a criação da Aviação na Força Pública, somente sete anos após a realização do primeiro voo de um equipamento mais pesado que o ar, aos 23 de outubro de 1906 quando a bordo da aeronave 14-Bis, Alberto Santos Dumont, o “Pai da Aviação” sobrevoou cerca de 220m do Campo de Bagatelle, na capital francesa, a dois metros de altura, com uma velocidade média de 41 km/h.


Para continuar lendo, clique e faça o download do artigo.


Autor: O Cel PM Marco Antônio Severo Silva comandou o Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo nos períodos de junho de 2010 a agosto de 2011 e de 13 de fevereiro a 20 de dezembro de 2012. Atualmente o Cel PM Severo é o chefe da APMAL – Assessoria Policial Militar da Assembleia Legislativa Paulista.


Centenário da Aviação Militar Paulista

O Blog Tudo Por São Paulo – 1932, mantido por Ricardo Della Rosa publicou matéria especial sobre o centenário da Aviação Militar Paulista que será comemorada no dia 17 dezembro de 2013. O evento está sendo organizado pelo Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar de São Paulo. Confira!

RICARDO DELLA ROSA

Neste ano a aviação militar paulista completa seu primeiro centenário. Para comemorar este importante marco na história de São Paulo, trago abaixo um pouco desta história e também algumas fotos inéditas da nossa aviação durante a Revolução de 1932, vindas de um álbum muito especial. Mostro também fotos com as diferentes pinturas usadas pelo GRPAe em suas aeronaves, além das insígnias de cada uma das bases do grupamento espalhadas pelo Estado de São Paulo. Tenho certeza que os leitores do blog vão gostar de ver cada uma dessas imagens!

Agradeço ao Ten Cel PM Galdino Viera da Silva Neto – Sub Comandante do GRPAe, Ten Cel PM Edson Luís Gaspar – Comandante Interino do GRPAe, e ao Cel PM Ricardo Gambaroni – Comandante do GRPAe pela costumeira colaboração com o blog Tudo Por São Paulo – 1932!

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A aviação paulista tem suas origens no início do Século passado quando o Presidente do Estado de São Paulo Francisco de Paula Rodrigues Alves, sancionou em 17 de dezembro de 1913 a Lei No 1395-A que criava a Escola de Aviação da Força Pública no Campo do Guapira na Zona Norte de São Paulo, sendo responsáveis pelo curso os aviadores Edú Chaves e Cícero Marques, brevetados na França.

Após o ímpeto inicial, a escola de aviação enfrentava enormes dificuldades técnicas e os aparelhos ficavam no solo por falta de manutenção e equipamentos, agravada ainda mais por conta da 1a Guerra Mundial.

Enfim em 1920 a escola foi transferida para o Campo de Marte também na Zona Norte e lá com uma infra-estrutura adequada e sob a instrução de Orton William Hoover a aviação militar paulista entrava em uma nova fase. Em 1927 a história ganhou uma célebre página com o voo do hidroavião Jahú que marcou a terceira travessia aérea do Atlântico Sul, a primeira da história sem escalas.

A tripulação do Jahú era composta por João Ribeiro de Barros (piloto civil), 1o Tenente Aviador João Negrão (Força Pública de São Paulo), Capitão Newton Braga (piloto observador do Exército) e Vasco Cinquini (piloto-mecânico civil).

Extinta após a Revolução de 1930, quando São Paulo foi sistematicamente desarmada, as asas paulistas voltaram a se abrir em 1932 quando o Governador Pedro de Toledo cria através do Decreto No 5.590 de 15 de Julho de 1932 o GMAP – Grupo Misto de Aviação da Força Pública.

Durante os poucos meses de luta o GMAP efetuou inúmeras missões de reconhecimento e ataque em praticamente todos os setores da luta. Abaixo um álbum de fotos montado pelos aviadores paulistas de 32 e dedicado a Frente Única da Mulher Brasileira datado de 29 de setembro de 1932.

Décadas depois após sua segunda extinção, mais precisamente no ano de 1983, ocorriam na cidade de São Paulo manifestações públicas e protestos com depredações e saques a estabelecimentos comerciais além de um considerável aumento dos índices criminais.

Com dificuldades para controlar a situação e com poucos meios disponíveis, a Polícia Militar contou com helicópteros a fim de ajudar no restabelecimento da ordem pública e na diminuição da criminalidade. Imediatamente o Governo do Estado, reconhecendo a eficiência do uso desse equipamento, resolveu adquirir dois aparelhos, um para a Polícia Militar e outro para a Polícia Civil.

Em 15 de agosto de 1984 foi entregue a primeira aeronave: O “Águia 01”, ou Águia Uno e assim foi criado o Grupamento de Radiopatrulha Aérea. Em 1995, a Unidade passou a denominar-se “Grupamento de Radiopatrulha Aérea – João Negrão”, em homenagem ao oficial da antiga Força Pública membro da tripulação do Jahú.

Atualmente o GRPAe opera em 11 bases espalhadas pelo Estado de São Paulo, com 24 aeronaves de asas rotativas e 4 aeronaves de asas fixas, sendo a maior unidade do gênero na América Latina, no Hemisfério Sul e uma das 15 maiores de todo o mundo. Em 2012 o GRPAe ultrapassou a marca de 25 mil missões realizadas em todo o Estado em todas as áreas de atuação da Polícia Militar.

Insígnias do GRPAe. A águia representa o Comandante do grupamento:

Ao longo dos últimos três anos e meio o Blog Tudo por São Paulo fez algumas matérias relacionadas a aviação militar paulista. Abaixo uma série de links com acesso a cada uma delas:

– Águias Paulistas, o Grupamento de Radiopatrulha Aérea 
– Aeronaves usadas pela Aviação Paulista em 1932
– Mario Machado Bittencourt – O Herói da Ilha da Moela no Guarujá
– 78 anos da morte de Mario Machado Bittencourt e José Angelo Gomes Ribeiro
– O avião WACO CSO no Museu da TAM
– O hidroavião Jahú no Museu da TAM
– Brevês da aviação militar brasileira
– Mais insígnias da aviação paulista
– Mais brevês da aviação militar brasileira
– Lembranças do vôo do Jahú
– Lembranças do vôo do Jahú – Parte II
– Salvo-conduto de um dos tripulantes do Jahú

História da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 3

O Paraquedismo na Força Pública do Estado de São Paulo

O artigo anterior focalizou a quarta etapa da história de nossa aviação, existindo um grande compasso de espera para a etapa seguinte, a quinta, pois, com a derrota de São Paulo, perdemos, como já foi descrito, o Campo de Marte e os Quartéis de Itapetininga e do Glicério, como presas de guerra.

Com o decorrer dos anos, o Governo Federal devolveu a São Paulo os dois quartéis, continuando de posse de grande área do Campo de Marte, ocupado, nos dias de hoje, pelo Parque da Aeronáutica, do 4º Comando Aéreo da Força Aérea Brasileira.

ForcaPublicaSP

Uma pergunta, talvez, o leitor queira fazer: Como e por que a Força Pública possuía um Núcleo de Paraquedistas?

Resposta: Em 1950, um civil de nome Wolfrado Rodrigues, diplomado pela Escola de Paraquedismo de São Paulo, procurou, no 7º Batalhão de Caçadores de Sorocaba, o oficial de dia, dando a ideia da fundação de um grupo de paraquedistas naquele batalhão.

Tomadas, por termo, todas as informações do referido senhor, mandou o comandante o processo para a devida apreciação da Diretoria Geral de Instrução, no qual a ideia foi bem acolhida, resolvendo o Cel. Diretor propor ao Comandante Geral a sua aprovação, formando-se, pois, o Núcleo de Paraquedismo, não em Sorocaba e sim na própria capital.

Colaborou e muito, o Ten. Milton Cyríaco de Carvalho, do Quartel General, conseguindo formar já a primeira turma, pela Escola de Paraquedismo Civil de São Paulo, situada no Campo de Marte, no ano seguinte, constituindo a quinta etapa, desta brilhante história.

Outro oficial que deu muito impulso foi o Cap. Adauto Fernandes de Andrade que, na época, servia no gabinete do Dr. Erlindo Salzano, vice-governador do Estado. Sendo também o Dr. Salzano um oficial do nosso Corpo Médico, o entusiasmo de ambos conseguiu do Dr. Adhemar de Barros (Diretor da Aerovias Brasil) todo o apoio moral e material, autorizando que os alunos se utilizassem de seus aviões e de DC-3 da Vasp, determinando, ainda, a compra de 20 paraquedas modernos para a Corporação.

As aulas teóricas eram dadas na Escola de Paraquedismo Civil do Estado, no Campo de Marte e, na parte prática, para a obtenção do brevê eram obrigatórios cinco saltos.

Várias publicações nos Boletins Gerais do Quartel General autorizaram os referidos saltos; por curiosidade transcrevemos um deles:

Núcleo de paraquedista – execução de salto: (Bol. Geral nº 97, de 5/5 e Reg. nº 82, de 11/5) – Foi público que no dia 26/04/1953, em Porto Ferreira, neste Estado, os alunos executaram os 4º e o 5º saltos de paraquedas usando os automáticos, os elementos matriculados no Curso de Paraquedista da Força Pública, tendo dirigido os saltos, o Cap. Adauto Fernandes de Andrade.

O entusiasmo aos poucos foi arrefecendo, faltando verbas para a compra de novos e modernos equipamentos mas, um ponto do seu roteiro glorioso, é bom que o leitor se delicie com o artigo abaixo, extraído do livro: Clarinadas da Tabatinguera, no qual é relatada a história do…

Capitão Djanir Caldas – duas loucuras

A tragédia do avião President da Pan American

Era o dia 29 de abril de 1952, quando o mais moderno avião de passageiros do mundo, da Pan American denominado President, sobrevoava de madrugada a selva amazônica, com 60 criaturas humanas, entre tripulantes e passageiros.

Ali estavam brasileiros, norte-americanos, paraguaios, argentinos, homens e mulheres, adolescentes e crianças unidos pelo destino, para escreverem a mais trágica página que a aviação tinha registrado em plagas sul-americanas, até aquela data.

Seriam 4 horas e tudo ia bem a bordo do quadrimotor. As comunicações com a torre procediam-se normalmente e, quando o rádio silenciou, foi para sempre, levando para a incomensurável profundeza da selva, dezenas de almas.

Não havia dúvidas para as autoridades brasileiras e norte-americanas, que sobrevoaram o local, sul do Estado do Pará, de ser humanamente impossível haver sobreviventes, bem como ser impraticável o salto de paraquedas. Este pensamento foi, posteriormente, superado pela coragem de 14 paulistas, 7 da então Força Pública e 7 do Clube de Paraquedistas Civis.

Cerca das 15h, do dia 7 de maio, um DC-3, da Aerovias Brasil, cedido pelo grande político Dr. Adhemar de Barros, levantou voo do Campo de Marte, deixando os ceus nublados de São Paulo, pousando em Porto Nacional, para a sublime missão. Comandava os paraquedistas da Força Pública, o Cap. Djanir Caldas, sendo sua missão apenas de oficial de ligação com as autoridades (havia oficiais superiores nossos e da Aeronáutica), no entanto, nesse dia 7, apresentou-se ao Cel. Ex. Ribamar de Miranda, seu Comandante e o diálogo se fez:

– Senhor Coronel, eu vou saltar com os meus soldados.

– O senhor é paraquedista capitão?

– Não senhor. Nunca vi um paraquedas.

– Então, o senhor não pode saltar.

– Senhor Coronel, não posso deixar que meus soldados saltem na floresta virgem e fiquem sozinhos, sem um oficial presente. Isso nunca aconteceu na história da Força Pública.

– Mas é uma temeridade Capitão Djanir, não posso e não devo dar essa permissão.

– Então, senhor Coronel, eu me licencio da Corporação e saltarei como civil voluntário e serei o único responsável pelo que me acontecer. Firmarei um documento nesse sentido.

 Este último argumento foi aceito pelo Cel. Ribamar, pois não foi possível demovê-lo de sua obstinada intenção.

No dia 11, o DC-3 sobrevoou o local exato do salto, baixou a 300 metros, reduzindo a velocidade. Os paraquedistas expiaram pela janela e viram aquele oceano verde estender-se ao infinito e quase certo que tiveram medo. Treme carcaça…

Talvez, naqueles segundos, tenham vindo à lembrança as estórias terríveis da Amazônia: índios bravios e antropófagos, feras descomunais, formigas gigantes, árvores e insetos carnívoros, areias movediças… mas, ali estavam, com as consciências voltadas com o dever a cumprir, e uma força inabalável os impulsionava para o salto naquele inferno verde – a força misteriosa da solidariedade humana.

Djanir contou-me, na ocasião:

“Que alguns soldados já haviam saltado e quando se abriu a porta do DC-3, para que eu saltasse, senti um vento forte no meu rosto, que ficou insensível, como se estivesse anestesiado. Num relance fiz o sinal da cruz, pensei carinhosamente em minha esposa, esperando nosso segundo filho, na minha filhinha querida e me projetei no espaço; toquei emocionado o chão paraense com alguns arranhões e a alma sôfrega. Em pouco tempo, reunimo-nos para o trabalho penoso de construir um heliponto. Fizemos mais, limpamos o terreno em grande extensão, o que permitiu também o pouso de aviões pequenos. Tudo isso, fizemos com nossos facões, nossos músculos e nossa força moral e espiritual”.

A repercussão do feito heróico ultrapassou nossas fronteiras, os jornais americanos projetando o salto dos nossos 14 paraquedistas, destacando a loucura divina do Cap. Djanir Caldas, que recebeu, com todos os seus companheiros, as condecorações e medalhas, ressaltando a nobreza da solidariedade humana.

O Governador do Estado, Lucas Nogueira Garcez, decretou a promoção de todos os militares ao posto imediato por ato de bravura. Rápida foi a promoção dos 7 praças paraquedistas, providência cumprida pelo Comandante Geral da Força Pública. Mas, a promoção de oficial era competência do governador. O processo demorou demais e, quando tudo estava nos conformes, o Governador era Jânio Quadros que, enfurecido pela projeção política do seu adversário Adhemar de Barros, ordenou a presença de Djanir em seu gabinete.

Bem com a vida, despreocupado, Djanir rumou aos Campos Elíseos e, qual não foi sua surpresa desagradável quando Jânio, desvairado, com o dedo em riste, vociferou contra ele, em tom ameaçador. Djanir, imperturbável, quedou-se em silêncio, até que Jânio findasse aquele extenso palavreado estúpido e desenfreado.

Calmo, com a postura espartana, revidou enfaticamente ao Governador:

– Vossa Excelência não está me ofendendo. Vossa Excelência está ofendendo a minha Corporação, a farda honrada da Força Pública. Como oficial, não admito tal ofensa.

Jânio, extravasando seu ódio, não o promoveu, desrespeitando o decreto do Governador Garcez, determinando, ao Comandante da Força Pública, que transferisse Djanir para o Batalhão mais distante da capital, como castigo.

Outra loucura de Djanir: era ele o capitão mais antigo da Corporação e sua promoção, certamente, ao posto de major, se daria em agosto. Ele não cumpriu a ordem de transferência e, tão pouco, se ligou para o perigo de ser submetido a julgamento no Tribunal Militar, pelo crime de desobediência ao Governador e, quando um oficial superior, com escolta, chegou à sua residência, com ordem de conduzi-lo preso ao Quartel General, Djanir, com a maior calma do mundo, entregou-lhe um requerimento solicitando demissão das fileiras da Força Pública.

Que personalidade fortíssima! Jogou fora quase 30 anos de serviço e os vencimentos de major e seria tenente coronel, com certeza, pelo decreto do ato de bravura. Quem teria coragem de tanta loucura?

Tudo isso, fielmente relatado, foi depoimento seu, quando era elaborado o livro O Salto na Amazônia. Com tristeza, o autor soube de sua apertura financeira, a preocupação e o zelo com sua família, o abandono e o esquecimento de muitos amigos. Djanir empregou-se no Mackenzie, como professor de química, depois de vencer forte competição.

Milagrosamente, o Dr. Adhemar de Barros foi eleito Governador para o quatriênio 1960-64 e, já conhecedor da grande injustiça de Jânio Quadros, determinou ao Comandante da Força Pública, que desarquivasse e lhe mandasse o processo referente a Djanir, pois sua intenção era promovê-lo, resgatando tamanha maldade.

No entanto, a ordem não foi cumprida de imediato, precisava de autuação de vários documentos, revisão de datas, aquela burocracia tremenda! Passou o primeiro ano e nada, veio o segundo ano e nada feito, o processo evoluía somente de gaveta a gaveta, de gabinete a gabinete, de seção a seção e nada, a máquina emperrava, a burocracia era complicada demais e misteriosa (a bem da verdade é preciso que se diga, que houve negligência e, porque não afirmar, sabotagem de colegas, enciumados e invejosos…).

No último ano de seu governo, Adhemar se desesperou, bateu duro na mesa, ordenando que lhe trouxessem o processo com urgência e, quando sua ordem estava sendo cumprida, em 2 de julho de 1966 ele, Adhemar de Barros, foi cassado politicamente pelo Presidente Castello Branco.

Quando tudo parecia perdido, surgiu um anjo da guarda, acidentalmente; Djanir encontrou-se com o Dr. Paulo Pestana, Delegado de Classe Especial da Polícia Civil, seu grande amigo e admirador, na época Secretário de Turismo do Estado que, conhecedor de tantas injustiças sofridas pelo heróico e louco “paraquedista”, contou ao Governador Roberto de Abreu Sodré toda essa história novelesca.

Emocionado, Sodré, depois de legalizado todo o processo, promoveu Djanir a tenente coronel em 1967, 15 anos depois da tragédia do avião President.

Agora, com os vencimentos de tenente coronel, ele pode dar o conforto pleno à família, mas não deixou o Mackenzie, continuou trabalhando e, mercê de sua capacidade de trabalho, inteligência e cultura, aliados aos valores éticos, galgou postos de chefia naquela famosa universidade.

Mas, um fato novo deveria acontecer, para encher de alegria e orgulho toda a família e seus leais amigos. O livro histórico O Salto na Amazônia caiu nas mãos de um jovem e talentoso advogado, o Dr. D’Asti de Lima, que o anexou a um processo, reivindicando a promoção por ato de bravura, como havia decretado o governo Garcez, em 1952.

A ação judicial do Dr. D’Asti foi vitoriosa, promovendo Djanir a coronel, em 1991, sendo então cumprido aquele decreto estadual de 1952, apenas… 39 anos depois!!!

Nota 1: as imagens reproduzidas neste post atestam o dever bem cumprido dos paraquedistas de São Paulo, que na ocasião foram considerados loucos mas, na verdade, foram, pensamos nós, os precursores do PARASAR, organismo de elite, composto de paraquedistas da Força Aérea Brasileira, que tem cumprido sua missão nos mais distantes pontos do território nacional, colaborando em calamidade de outros países, vivendo páginas de glórias onde quer que haja uma vida a salvar!

Nota 2: O Campo de Marte pertenceu, em toda a sua extensão, à então Força Pública, onde eram realizados, como já vimos, os treinamentos e desfiles da tropa. Com o correr dos anos, ele fragmentou-se, aquartelando, nos dias atuais, o Parque da Aeronáutica da FAB, Escolas de Aviação, de helicópteros, inclusive a da Polícia Civil, de Paraquedista e outras Repartições do Estado. Aquartela também o Grupamento Aéreo da PM, com seus Águias, o cartão de visita da Corporação. É a sexta etapa da presença nossa no histórico Campo. E temos a certeza de que o Grupamento veio para ficar.

Sobre o autor:

Coronel PMESP Edilberto de Oliveira Melo

Nasceu em 1920, em Bofete, no interior de São Paulo. Diplomou-se em 1938 na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga. Ingressou como soldado na Força Pública em 1939. Declarado Aspirante a Oficial em 1944 pela primeira turma a se formar no Barro Branco. Diplomou-se instrutor na Escola de Educação Física, tendo como paraninfo o fundador desse notável estabelecimento de ensino, pioneiro no Brasil, o Cel. Pedro Dias de Campos.

Na reserva, foi nomeado diretor do Museu da Polícia Militar e em 1982, assumiu a presidência da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da PM – AORRPM, sendo eleito em mais seis mandatos.

Como presidente de AORRPM defendeu os altos interesses da Corporação. Foi o responsável pela construção da sede da Associação, o Solar da Tabatinguera além de diversas sedes de regionais no Interior do Estado.

Livros publicados:

  • Asas e glórias de São Paulo, em parceria com o Cel. José Canavó Filho
  • O salto na Amazônia
  • Marcos históricos da PM
  • Raízes do militarismo paulista

Fonte: Memórias de um veterano.

História da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 2

O Grupo Misto da Aviação Militar da Força Pública e a Força Aérea Constitucionalista

Ao eclodir a Revolução Constitucionalista de 1932, o Campo de Marte foi retomado por elementos do Regimento de Cavalaria, encontrando-se em um de seus hangares dois aviões Waco, de 180 HP, da Aviação do Exército. Também foram encontrados no 4ºRI mais dois aviões Potez de bombardeio, de 450 HP, constituindo esses 4 aparelhos, o primeiro núcleo da aviação bandeirante, tendo sido presos vários aviadores do exército que não aderiam ao ideal paulista.

Renascia, então, das cinzas a Fênix Rubra, pelo decreto 5590, de 15 de julho de 1932 constituindo, com a ajuda de aviadores civis e militares aquarta etapa da nossa aviação, com a denonimação de Grupo Misto da Aviação Paulista.

Esse grupo passou a dispor dos aparelhos do Exército já citados e mais os seguintes:

  • um Moth e um Fiat doados pelo Aeroclube de São Paulo;
  • um JN pertencente ao Cap. FP Antônio Reinaldo Gonçalvez;
  • um Morane cedido por empréstimo.

 Idealistas paulistas doaram os seguinte aviões:

  • um Moth, 
  • um Fiat,
  • umNewport e 
  • um Henrioth.

Foram comprados no Paraguai mais 4 aviões, sendo ampliados os hangares no Campo de Marte.

Do Rio de Janeiro, chegaram mais um Waco e Newport Delage, ambos de 456 HP, pilotados pelos Ten. Mota Lima e Adherbal da Costa Oliveira, que aderiram à causa constitucionalista, sendo requisitado também um avião Late 26 de bombardeio, 450 HP que pertenceu ao Aeropostal.

Somando ao todo, o governo paulista adquiriu três Curtis-Falcão, todos de 450 HP.

Sob o comando do Maj. Dr. Ismael Torres Guilherme Cristiano, o grupamento possuía os seguinte pilotos: Orton Hoover, Cap. João Negrão, Reinaldo Gonçalvez, Alberto Americano, João de Quadros e Cândido Bravo, os Ten. Vicente Borba, Sebatião Machado e Sílvio Hoelz.

Valorosos elementos da aviação civil apresentaram-se no Campo de Marte, integrando-se no Grupo Misto, como pilotos ou observadores: João Baungart, Rosário Russo, Paranhos do Rio Branco, todos promovidos ao posto de Tenentes de Emergência.

Imitando os aviadores do Exército, Mota Lima e Adherbal de Oliveira também aderiram a Revolução, com o mesmo ideal, os Maj. Ivo Borges, Cap. Lysias Augusto Rodrigues e os Tens. Luis Martins de Araújo, Orsine de Araújo Coriolano, José Angelo Gomes Ribeiro e Mário Machado Bittencourt, esses dois últimos mortos heroicamente, num ataque à navios de guerra da Marinha, que bloqueavam o porto de Santos, impedindo o desembarque de material bélico comprado nos EUA.

Há duas ruas na Vila Mariana homenageando esses valorosos aviadores do Exército Brasileiro.

Estrutura-se, então, a Quinta Arma do Exército Constitucinalista, assim organizado:

Força Aérea

Comando: Maj. Ex Ivo Borges

Grupo Misto de Aviação Paulista 

    • Cmt. Maj. Ismael C. T. Guilherme
    • Subcmt. Cap. João Negrão
    • João de Quadros, Cândido Brava
    • Ten. Vicente Borba, Sebastião Machado
    • Sílvio Hoelz, Benedito de Paula França
    • pilotos civis promovidos a tenente.

 1º Grupo de Aviões de Caça 

    • Cmt. Maj. Lysias A. Rodrigues
    • Pilotos: Cap. Adherbal C. Oliveira
    • José A. Gomes Ribeiro
    • Cap. Arthur Mota Lima
    • Cap. Mário Machado Bittencourt e,
  • pilotos civis do Grupo Misto

Sob a insígna de “Gaviões de Penacho”, a Força Aérea cobriu-se de glórias, não obstante a precariedade de meios. As ações dos intrépitos aviadores da Força Aérea Constitucionalista foram inúmeras, pois, em todas as frentes de combate estavam os nossos aviões, observando, metralhando e bombardeando as posições inimigas. Em duelos com os vermelhinhos de Getúlio Vargas, tivemos grandes batalhas, logrando êxito na maioria delas, muito embora a Ditadura possuísse um poder aéreo dez vezes maior que o nosso.

Para o fecho desta história é necessário que se diga que a Força Pública empregou todo o seu efetivo para a sagrada causa de dar à Pátria sua Carta Magna, a Constituição brasileira.

Lutamos heroicamente por 3 meses, em todos os setores, constituindo o alicerce de todo o Exército Constitucionalista, embora enfraquecida pelas duras campanhas (1922, 24, 26 e 30), sem Artilharia, Aviação Militar e outros petrechos bélicos, confiscados em 1930.

Mesmo assim, a tropa de Piratininga se bateu valentemente, enfrentando um adversário aguerrido, dotado de abundante e moderno material de guerra e efetivo infinitamente superior. Em fins de setembro de 1932, quando a derrota das armas constitucionalistas era iminente, o armistício foi necessário, terminando as operações de guerra a 2 de outubro.

Nesse mesmo dia, a Força Aérea Constitucionalista foi extinta. Foi muito triste!!! A gloriosa Aviação da Força Pública, nascida em dezembro de 1913 teve o seu fim em outubro de 1932.

Perdemos mais uma vez o Campo de Marte, esse campo que leva o nome do Deus da Guerra, esse campo das manobras e desfiles memoráveis da Força Pública, mas certo vírus ficou em suas pistas e em seus hangares, porque a Ave Rubra alçaria o voo com os heróicos paraquedistas da Corporação, em 1950.

Sobre o autor:

Coronel PMESP Edilberto de Oliveira Melo

Nasceu em 1920, em Bofete, no interior de São Paulo. Diplomou-se em 1938 na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga. Ingressou como soldado na Força Pública em 1939. Declarado Aspirante a Oficial em 1944 pela primeira turma a se formar no Barro Branco. Diplomou-se instrutor na Escola de Educação Física, tendo como paraninfo o fundador desse notável estabelecimento de ensino, pioneiro no Brasil, o Cel. Pedro Dias de Campos.

Na reserva, foi nomeado diretor do Museu da Polícia Militar e em 1982, assumiu a presidência da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da PM – AORRPM, sendo eleito em mais seis mandatos.

Como presidente de AORRPM defendeu os altos interesses da Corporação. Foi o responsável pela construção da sede da Associação, o Solar da Tabatinguera além de diversas sedes de regionais no Interior do Estado.

Livros publicados:

  • Asas e glórias de São Paulo, em parceria com o Cel. José Canavó Filho
  • O salto na Amazônia
  • Marcos históricos da PM
  • Raízes do militarismo paulista

Fonte: Memórias de um veterano.

História da Aviação da Força Pública Paulista – Parte 1

Em comemoração a proximidade do aniversário do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que completará 28 anos em 15/08/12, iremos publicar uma série de fantásticos artigos do Cel PMESP Edilberto de Oliveira Melo sobre a história da Aviação da então Força Pública paulista.

Falemos do Campo de Marte, esse pedaço do chão paulista, que agasalhou a Escola de Aviação da antiga Força Pública do Estado de São Paulo, em 1919 a segunda etapa de sua gloriosa história, sabendo-se que a primeira foi no Campo do Guapira, hoje Parque Edu Chaves, homenageando o exímio aviador vitorioso no raide Rio-Buenos Aires, em dezembro de 1920.

Para orgulho de nossa PMESP, destaquemos seu pioneirismo na aviação militar no Brasil, por força da lei 1395-A de 17 de dezembro de 1913, que, em seu artigo 14 determinava:

Ficam criados o Curso Especial Militar (hoje Academia do Barro Branco) e a Escola de Aviação;

No segundo parágrafo rezava:

A Escola de Aviação terá por fim preparar na Força Pública aviadores militares.

O artigo 15 determinava:

A Organização dos Pilotos para o funcionamento da Escola de Aviação, na sede do Campo do Guapira, nela sendo matriculados além de militares da Força Pública, também civis, tendo como responsáveis o aviador Edu Chaves e Cícero Marques, ambos brevetados na França.

A Escola teve vida efêmera devido à 1ª Grande Guerra Mundial, pois era impossível a importação de aviões e peças. O próprio diretor Edu Chaves desligou-se do comando, indo à França, lutando no posto de 1º ten. da aviação francesa. Os aparelhos, alguns defeituosos, foram recolhidos na Estação Oeste do Corpo de Bombeiros.

segunda etapa, como vimos acima, no Campo de Marte, teve a colaboração do aviador americano Orton Hoover que, desligando-se da aviação naval (criada em 1916), lutou contra a Alemanha, quando sua pátria entrou na guerra.

Foi Orton Hoover a centelha que reacendeu a antiga flama, dando em resultado a aprovação da lei 1675-A, de 9 de dezembro de 1919, que restabeleceu a Escola de Aviação da Força Pública, agora no comando do Ten. Cel. Chrisanto Guimarães, fase em que foram construídos muitos campos de aviação nas cidades do interior, a Corporação semeando a mentalidade aeronáutica em todo o Estado de São Paulo.

Na Revolução de 1924, os rebeldes, comandados pelo Gen. Isidoro Dias Lopes e Miguel Costa, apoderaram–se dos aviões, usando-os em seus objetivos como arma de guerra, enquanto permaneciam na capital.

Com a retirada dos revoltosos para Foz do Iguaçu, no Paraná, a frota composta de 8 aviões, foi guardada nos hangares, a fim de servir de base para a terceira etapa da Avião Militar Paulista, pois, em dezembro desse conturbado ano, começaram a riscar os céus de São Paulo os aviões, agora da Esquadrilha de Aviação da Força Pública, renascida pela lei 2051, de 31 de dezembro de 1924, comandada pelo Maj. Garrido, continuando instrutor o americano Hoover.

Um detalhe da lei: além das funções normais como a Quinta Arma de guerra (Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia, as outras), a Esquadrilha foi encarregada também do levantamento aerofotogramétrico do Estado.

Vamos ver o que de importante aconteceu nesta terceira etapa:

1ª – O primeiro salto de paraquedas em São Paulo, executado pelo Ten. Antônio Pereira Lima, em 1925. Nunca tinha visto um paraquedas, mas recebeu ordem do comando geral para saltar;

2ª – A Esquadrilha participa da Brigada Mista do Cel. Pedro Dias de Campos (2400 homens), em julho de 1926, contra a Divisão Revolucionária comandada pelo Gen. Miguel Costa, em Goiás;

3ª – O Ten. Chantre é o primeiro mártir da Aviação Militar Paulista. Numa das idas para Goiás, seu avião cai em Uberaba, ficando o segundo piloto, o Ten. Antônio Pereira Lima, com ferimentos graves sendo internado na Santa Casa local, ficando 8 dias em coma;

4ª – O Cap. Nataniel Prado, encarregado da fabricação de bombas para a aviação, morre em consequência da explosão de um petardo 75. Morreram também, vários soldados, inclusive músicos e o maestro da banda, o Cap. Lorena cujo ensaio era em uma sala contígua no Quartel do 1º Batalhão (ROTA), em 1926;

5ª – O Ten. João Negrão, herói do hidroavião Jahu, na travessia do Atlântico Sul, em 1927;

6ª – Mortes do Cap. Messias e do Deputado Lacerda Franco, na queda do avião Anhanguera, quando da inauguração do Campo em Itatinga, em 1929;

7ª – Na Revolução Getulista de 1930, a Esquadrilha atua em Itararé, Sengés e Morungava, essas duas no Paraná, tendo à frente os pilotos Tens. João Negrão, João de Quadros, Sílvio Hoels, Sebastião Machado, Vicente Borba, Alfredo Camargo e Deoclécio Guedes. Nesse mesmo ano, o instrutor Orton Hoover é promovido a major a título precário;

8ª – Toda Aviação Militar da Força Pública passa à disposição da 2ª Região Militar a fim de constituir, com a Aviação do Exército, um grupo legalista sob o comando do Maj. Lysias Rodrigues;

9ª – Com a vitória de Getúlio Vargas, assume o comando da Aviação Militar da Força Pública, o Ten. Cel. Ex Eduardo Gomes, que passa o comando dias depois ao Cap. Reinaldo Rodrigues (revolucionário de Miguel Costa);

10ª – Fim da Esquadrilha – o Boletim nº. 29, de 18 de dezembro de 1930 publica:

Em virtude de escapar à finalidade desta força, e devendo ser a aviação um elemento do Exército, é dissolvida, nesta data a Escola de Aviação, cujo material será entregue ao governo federal.

Triste esse final do ano de 1930, pois o governo federal apoderou-se do Campo de Marte, da nossa Esquadrilha de Aviação, reduzindo o efetivo doPequeno Exército Paulista, despojando-o ainda de sua artilharia e armas pesadas, restando-nos apenas armas leves, fuzis e revólveres, muitos deles defeituosos.

Em 1930 foi também o fim da primeira república, da política do café-com-leite e da Constituição de 1891, pairando uma certa tristeza no coração dos combatentes paulistas.

O Campo de Marte foi ocupado pela aviação do Exército, mas, a Fênix Rubra ainda renasceria das cinzas, iluminando os corações brasileiros de São Paulo, na clarinada paulista de 1932.

Sobre o autor:

Coronel PMESP Edilberto de Oliveira Melo

Nasceu em 1920, em Bofete, no interior de São Paulo. Diplomou-se em 1938 na Escola Normal Peixoto Gomide, em Itapetininga. Ingressou como soldado na Força Pública em 1939. Declarado Aspirante a Oficial em 1944 pela primeira turma a se formar no Barro Branco. Diplomou-se instrutor na Escola de Educação Física, tendo como paraninfo o fundador desse notável estabelecimento de ensino, pioneiro no Brasil, o Cel. Pedro Dias de Campos.

Na reserva, foi nomeado diretor do Museu da Polícia Militar e em 1982, assumiu a presidência da Associação dos Oficiais da Reserva e Reformados da PM – AORRPM, sendo eleito em mais seis mandatos.

Como presidente de AORRPM defendeu os altos interesses da Corporação. Foi o responsável pela construção da sede da Associação, o Solar da Tabatinguera além de diversas sedes de regionais no Interior do Estado.

Livros publicados:

  • Asas e glórias de São Paulo, em parceria com o Cel. José Canavó Filho
  • O salto na Amazônia
  • Marcos históricos da PM
  • Raízes do militarismo paulista

Fonte: Memórias de um veterano.

Homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932

Nesse último domingo, 08 de julho, a Polícia Militar do Estado de São Paulo participou de uma homenagem ao 80º aniversário da Revolução Constitucionalista no Museu da TAM, na cidade de São Carlos, interior de São Paulo.

Em destaque, uma peça da aviação usada pelos Paulistas e Tropas Legalistas saiu de seu estande para ganhar a área externa do Museu, o avião WACO CSO usado pela Aviação Constitucionalista em 1932, também conhecido como “Waco Verde”.

Presenciou-se um raro momento, o encontro de gerações da aviação paulista entre um WUCO CSO, fabricado em 1927, utilizado durante a revolução de 32, lado a lado com o Águia 7, matrícula PP-EOV.

Durante o evento, o Diretor de Ensino e Cultura da PMESP e historiador, Cel PM Arruda, proferiu uma palestra sobre a revolução e a participação da aviação paulista nos combates.

Para saber mais sobre a atuação do “Waco verde”, acesse o artigo “O avião WACO CSO no Museu da TAM” do site Tudo por São Paulo 1932.

Origens históricas dos Águias de São Paulo

RICARDO DELLA ROSA

A aviação paulista tem suas origens no início do Século passado quando o Presidente do Estado de São Paulo Francisco de Paula Rodrigues Alves, sancionou em 17 de dezembro de 1913, a Lei No 1395-A que criava a Escola de Aviação da Força Pública de São Paulo, no Campo do Guapira na Zona Norte da cidade de São Paulo, sendo responsáveis pelo curso os aviadores Edú Chaves e Cícero Marques, brevetados na França.

Após o ímpeto inicial, a escola de aviação enfrentava enormes dificuldades técnicas e os aparelhos ficavam no solo por falta de manutenção e equipamentos agravada ainda mais por conta da 1ª Guerra Mundial.

Enfim em 1920 a escola foi transferida para o Campo de Marte também na Zona Norte e lá com uma infra-estrutura adequada e sob a instrução de Orton William Hoover a aviação militar paulista entrava em uma nova fase.

Em 1927 a história ganhou uma célebre página com o vôo do hidroavião Jahú que marcou a terceira travessia aérea do Atlântico Sul, a primeira da história sem escalas. A tripulação do Jahú era composta por João Ribeiro de Barros (piloto civil), 1º Tenente Aviador João Negrão (Força Pública de São Paulo), Capitão Newton Braga (piloto observador do Exército) e Vasco Cinquini (piloto-mecânico civil).

Extinta após a Revolução de 1930, quando São Paulo foi sistematicamente desarmado, as asas paulistas voltaram a se abrir em 1932, quando o Governador Pedro de Toledo cria através do Decreto No 5590 de 15 de Julho de 1932GMAP – Grupo Misto de Aviação da Força Pública.

Durante os poucos meses de luta o GMAP efetuou inúmeras missões de reconhecimento e ataque em praticamente todos os setores da luta. Cinquenta e dois anos depois surge novamente em 1984 o Grupamento de Radiopatrulha Aérea para auxiliar a Polícia Militar no combate ao crime em grande ascensão no Estado.

Em 1995, a unidade passa a chamar Grupamento de Radiopatrulha Aérea “João Negrão”, em uma justa homenagem ao aviador. Atualmente o Comando de Aviação da Polícia Militar (CAvPM) é a maior unidade do gênero na América Latina e uma das maiores do planeta. Maior do que muitos Esquadrões de Asas Rotativas da própria Força Aérea Brasileira.

São dez bases de radiopatrulha aérea espalhadas por todo o Estado operando em missões diárias de resgate e apoio aéreo no combate ao crime, monitoração de áreas de desmatamento, além de transportes especiais como órgãos para transplante e transporte de autoridades.

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