Boroscópio – O que vem a ser uma “inspeção boroscópica”

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Por Aviões&Música (Lito)

Alguns cursos de qualificação, como o de Inspeção Boroscópica, requerem um “refresh” a cada dois anos, a fim de manter o mecânico atualizado e proficiente. Mas o que seria Boroscópio? O que vem a ser uma “inspeção boroscópica”?

A imagem abaixo mostra um mecânico fazendo uma inspeção com um boroscópio, qualquer semelhança com um endoscópio usado por cirurgiões não é mera coincidência.

O boroscópio é um instrumento usado para fazer inspeções visuais remotas e é composto de duas partes principais:

1- Um longo e fino tubo que é inserido dentro do motor através de uma pequena abertura. Esse tubo pode ser rígido ou flexível.
2- Um conjunto de lentes e controle manual que fica fora do motor e mostra imagens do interior do motor.

A ponta do boroscópio ilumina a área que vai ser inspecionada no interior escuro do motor e através de “relay lens” transporta a imagem para a lente (ou monitor) que está do lado de fora.

Qual a função principal do Boroscópio?

Permitir que você possa “olhar” e procurar danos na parte interna do motor e da turbina sem que precise desmontá-los. Isso ocasiona uma grande economia de tempo e dinheiro para as empresas aéreas. Abaixo a foto do controle do boroscópio, onde nós vêmos o interior do motor.

De todas as qualificações, essa é com certeza a de maior responsabilidade. Não que não seja uma grande responsabilidade fazer um teste de motor em potência de decolagem, mas a inspeção boroscópia requer um nível de atenção e detalhamento que não permite qualquer erro, pois, o erro pode acarretar um motor destruído (no caso de erro de avaliação) ou um motor removido sem necessidade (erro de sobre-avaliação). Daí a necessidade de treinamento constante.

A foto acima mostra o mecânico olhando a área da câmara de combustão do motor, pois dá pra ver os bicos injetores. A câmara de combustão é um dos lugares mais difíceis de analisar os danos, quanto a serem normais de uso ou fora dos limites. Depois da câmara, vem a inspeção das paletas da turbina, e temos que saber o significado de cada parte delas, já que cada parte possui um limite diferente de tolerância aos danos. A foto abaixo mostra dois tipos comuns de paleta de turbina, com e sem “shroud”.

Outro uso comum do boroscópio para inspeção ocorre quando há suspeita de ingestão de pássaro ou qualquer outro objeto estranho pelo motor (F.O.D.).

Nesses casos a inspeção interna se foca mais na área dos primeiros estágios do compressor, se houver danos, estes são avaliados, medidos e aí o mecânico sacramenta: pode voar sem problema, pode voar por algumas horas ou não pode voar e tem que trocar o motor.

A foto abaixo é uma vista do segundo estágio da turbina de um motor Pratt & Whitney de Boeing 777, e essa é mais ou menos a vista que temos ao usar o boroscópio.

Como dá pra notar, uma das paletas está com rachadura e sinais de “inner sulfidation”, mas nem sempre os problemas são tão visíveis assim.

Da próxima vez que ouvir um motor acelerando com potência máxima para a decolagem, lembre-se que tem algum mecânico olhando lá dentro em intervalos regulares de tempo para se certificar que está tudo certo.


Imagens: P&W e Aviation Learning

Fonte: Aviões&Música


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