Como foi seu dia?

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NÁDIA TEBICHERANE

Acordei na manhã cinzenta de São Paulo. Cama quente, dia frio. Finalmente desperto, mesa de café da manhã, beijo na esposa, filhos atrasados para escola, cheiro de casa, frases e risos familiares, último gole de café.

Entro no carro e no caos do trânsito. Meu celular toca acionando o resgate. Aqui tudo começa. Pouco tempo depois estou na sede do grupamento aéreo. Cada minuto passa a contar. Entramos na aeronave, somos quatro.

Chegamos à entrada da mata. Uma mãe em choque segura meu braço e diz: “Salva meu moleque, moço”. Tomamos conhecimento que um garoto de dez anos está perdido na mata. Voltamos ao helicóptero. Sobrevoamos numa busca lenta e detalhada. No pé de uma cachoeira identificamos o menino inconsciente. O guincho desce rápido, o coração bate rápido e na cabeça: “Salva meu moleque, moço”. Ele chega pálido e mole, sem reação. O médico examina, primeiros-socorros: pulsação, pressão, respiração. De repente seus olhos se abrem, emoção. Esse vai sobreviver.

Chego em casa. Entro pela sala, tv ligada.

– Oi pai… Como foi o dia?

– Foi lindo e tinha a sua cara, moleque…

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