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NÁDIA TEBICHERANE

A minha geração cresceu vendo uma dinâmica de justiça sem vendas, olhando bem de perto a pessoa que tinha diante de si.

Desde que começamos a entender o que acontecia no país, pessoas ricas, empresários, políticos, famosos ou tudo isso junto, simplesmente estavam acima de processos e prisões.

Quando um processo era aberto, caminhava muito pouco e logo caia nas gavetas da impunidade. Apenas pessoas com poucos recursos, pouca influência ou conhecimento, cumpriam os ritos da chamada justiça. Isso nos deixava perplexos, revoltados e assustados.

Por isso, pessoas como eu quando se deparam com uma força tarefa como a Lava Jato, primeiro se assombram e depois se enchem de uma esperança muito antiga que pensávamos morta.

É claro, que ainda falta muito para que pobres, negros e tantos outros desamparados sejam tratados com o devido cuidado e imparcialidade que a verdadeira Justiça demanda.

Mas para nós existe sim um antes e depois da Lava Jato no Brasil.

Ver pessoas milionárias, grandes empresários, políticos super poderosos, ex-presidentes, playboys e dondocas de carteirinha atrás das grades e pagando por seus crimes, nos traz um imenso alívio e um sentimento indizível de justiça.

Não acho a operação e seus atores, perfeitos. Há muito o que melhorar, aperfeiçoar, observar. Mas é inegável que eles trouxeram uma luz para o meio das trevas. Luz esta que incomoda muitos olhos acostumados ao escuro e que por isso tentam diuturnamente apagá–la.

Enquanto não conseguem, agradecemos e comemoramos.

Termino com uma expressão que já anda por ai e que modifico um pouquinho…

“In Lava Jato I trust”

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