De acordo com dados estatísticos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), a falha humana está entre os fatores que mais contribuíram para acidentes aeronáuticos nos últimos 10 anos no Brasil.
A participação de um psicólogo nas atividades de investigação de acidentes aeronáuticos constitui-se em uma importante contribuição para um enfoque sistêmico, onde a atenção não está apenas no piloto, mas também em todo o contexto em que está inserida a atividade aérea.
Após a ocorrência de um acidente aeronáutico é constituída uma Comissão de Investigação de Acidente Aeronáutico (CIAA) formada por profissionais qualificados pelo SIPAER que analisam o acidente sob três fatores: material (aborda o projeto e a fabricação da aeronave),
operacional (relativo ao desempenho dos operadores na atividade aérea) e humano (no aspecto fisiológico e psicológico).
A partir de informações preliminares sobre o acidente, o psicólogo organiza seu trabalho, baseando-se na formulação de perguntas como: quem entrevistar? Em que momento? Onde? Como?
A coleta de dados é iniciada logo após o acidente. São realizadas entrevistas específicas, a partir de um roteiro flexível conforme o perfil de cada entrevistado, em local reservado e apropriado para o diálogo. O trabalho inclui consultas a documentos e legislações pertinentes. É preciso fazer o diagnóstico da situação, fundamentado nos dados colhidos, o qual busca esclarecer os múltiplos arranjos entre os condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais que ao longo do tempo favoreceram a ocorrência do acidente. Por último, o psicólogo trabalha na formulação de hipóteses explicativas dos fatores psicológicos que contribuíram para aquele cenário do evento.
A participação da psicologia na investigação de acidentes aeronáuticos contribui diretamente para a melhoria da segurança de voo, pois acrescenta ao mundo técnico e normativo da aviação a sua dimensão humana na interação do homem com os diversos sistemas, bem como a troca entre especialistas de diferentes áreas, gestores e operadores, no desafio permanente pela segurança operacional da aviação.
Fonte: Informativo SERIPA V – 2014 – Nº 1