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Ricardo gambaroni

Uma aviação plural

JOÃO PAULO ZEITOUN MORALEZ
Jornalista e Editor da Hunter Press

Brasil – Por ser um país de dimensões continentais, a aviação de segurança pública no Brasil apresenta muitos contrastes influenciados por diferenças geográficas, as demandas operacionais e até a capacidade de investimento de cada governo estadual. Acompanhe uma análise e panorama deste setor.

O Brasil possui mais de 208 milhões de habitantes e 8,5 milhões de quilômetros quadrados de área onde a maior parte da população se concentra na faixa litorânea e nas regiões nordeste e sudeste. São 26 estados e um Distrito Federal com 5.570 municípios ao todo.
Cada um dos estados dispõe das suas forças de segurança pública compostas pelo Corpo de Bombeiros e as polícias civil (papel investigativo) e militar (policiamento ostensivo).
O governo federal também possui as suas instituições de segurança como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Foto: Acervo GAM/PMERJ.
Foto: Acervo GAM/PMERJ.

A partir da década de 1970, quando a esfera federal do governo brasileiro era comandada por militares, o Estado do Rio de Janeiro foi pioneiro em operar helicópteros para a atividade aérea policial e de defesa civil. O serviço não perdurou por muito tempo e na década seguinte, em 1981, a Polícia Militar do Estado de Goiás operou os seus primeiros helicópteros para a missão de segurança pública. Da mesma maneira, essa atividade não durou por muito tempo.

Enfim, em 15 de agosto de 1984 o Estado de São Paulo adquiriu dois Helibras HB 350B Esquilo destinando cada exemplar para a Polícia Civil e Polícia Militar. “Foi a primeira inciativa que de fato conseguiu perdurar ao longo dos anos. E a aviação policial viveu várias fases, sendo a primeira delas foi permitir a sua própria existência. Isso porque naquele momento a aviação era algo restrito às Forças Armadas”, explica o Coronel PM da reserva Ricardo Gambaroni, com mais de 25 anos de experiência como piloto policial e tendo sido o Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

Águia 01 da PM sendo reabastecido. Primórdios da Aviação Paulista. Foto: Acervo GRPAe.

De fato, haviam várias barreiras a serem rompidas. Em primeiro lugar, do próprio governo federal que estava resistente em autorizar que as polícias estaduais tivessem a sua própria aviação. E, internamente, nas próprias polícias, o helicóptero era visto como um meio caro de comprar e manter. “Era um momento de convencimento.

Em São Paulo o serviço perdurou por necessidade, por pessoas que souberam persistir, pelo modelo que foi criado e até mesmo pela imprensa que na época fez um trabalho de divulgação importante. Em meados da década de 1990 São Paulo então começou a descentralizar o serviço com o helicóptero da capital expandindo para o interior do estado para permitir que a população e a própria polícia como um todo tivesse acesso ao serviço aéreo”, completa o Coronel PM Gambaroni.

Consolidação e frota

A partir dos anos 2000 vários estados consolidaram os seus serviços aéreos sendo que atualmente apenas um não dispõe de aviação. São mais de 170 helicópteros em serviço. A grande maioria dos operadores seguiu o exemplo de São Paulo e padronizou a frota nos helicópteros Helibras HB 350 para as missões de combate ao crime, resgate aeromédico, combate a incêndio, entre outros.

Vários fatores determinaram a popularização da família Esquilo no Brasil, sendo que as principais foram o custo de aquisição e operação; o suporte com engenharia dedicada no país; por ser um helicóptero que desde o projeto já foi pensado com a característica de multimissão e devido a sua robustez. Em torno de 85% do mercado de segurança pública é composto pelo HB 350 Esquilo e as suas variantes. O restante é dividido com a Bell Helicopters, Leonardo e Robinson.

A padronização da frota facilitou o emprego dessas aeronaves em situações de calamidade pública em que exista a necessidade de apoio de helicópteros de vários estados do Brasil.
Em 2008, na maior operação de resgate conduzida no Brasil com o apoio de helicópteros, na região sul, houve casos de mecânicos trabalhando juntos para resolver problemas de manutenção ou limpeza dos comandos de voo das aeronaves já afetados pela lama que acumulava na parte interna do helicóptero.

Na tragédia de Brumadinho, uma cidade 60km distante de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, o Esquilo foi quase uma unanimidade ao longo das operações de resgate para buscar as vítimas soterradas por lama depois de uma barragem ter se rompido. Dos seis helicópteros de outros estados que integraram as missões de resgate, cinco eram HB 350 Esquilo e um Bell 407. Os esforços da própria aviação do estado de Minas Gerais foram praticamente baseados no HB 350 Esquilo.

“Apesar de ser um projeto da década de 1970 o Esquilo não é ultrapassado. O projeto foi modernizado e várias soluções foram agregadas. É um modelo que cumpre a maior parte das missões, sendo muito seguro e confiável. Hoje, vários órgãos estão buscando ou já possuem helicópteros biturbinas que são maiores, tem mais capacidade de carga sendo mais recomendados para missões específicas. Mas uma frota majoritariamente biturbina possui um custo de aquisição e, principalmente de operação, mais elevado”, explicou o Eduardo Beni, editor do site Resgate Aeromédico, Coronel da reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo e piloto no segmento da aviação segurança pública.

EC145 da CIOPAer do Ceará. Foto: Eduardo Beni.
EC145 da CIOPAer do Ceará. Foto: Eduardo Beni.

Beni ressaltou a importância da padronização da frota para se alcançar maior disponibilidade e menor custo de operação, diminuindo também a complexidade em termos de treinamentos, seguro e a complexidade da gestão da frota em si. “Hoje existe uma tendência dos órgãos de segurança pública na aquisição de helicópteros biturbina, mas é preciso analisar cada situação e operação para que seja encontrado um modelo ideal”.

Recentemente a Polícia Rodoviária Federal adquiriu por 5,4 milhões de euros um Leonardo AW119 Koala equipado com guincho elétrico, EO/IR system e cesta para captar e combater incêndio. Outros seis podem ser adquiridos pela mesma licitação internacional.

Já o estado do Rio de Janeiro fez a compra de três helicópteros da Leonardo Company. Foram dois AW169 e um AW119. O Corpo de Bombeiros vai receber um AW169 capaz de fazer resgates aeromédicos dando suporte para dois pacientes em estado grave de saúde. O modelo também poderá fazer o resgate de pessoas em locais de altura, no mar, combate e incêndio e por fim transporte de pessoal e de tropas.

Já a Polícia Civil do Rio de Janeiro vai receber um AW169 e mais um AW119. Os dois possuem proteção balística e vão atuar em missões ostensivas e de inteligência como plataforma de observação, comando e controle, vigilância, operações especiais, apoio aos policiais em solo, mapeamento e monitoramento, transporte tático de tropas, resgate e apoio a missões humanitárias.

Imagem ilustrativa do novo AW 169 do Grupamento de Operações Aéreas (GOA) do Corpo de Bombeiros do RJ.

O AW169 possuirá guincho elétrico, farol de busca, sistema de moving map, compatível para operação com óculos de visão noturna dentre outros sistemas. O AW119 é previsto para missões de apoio de fogo, pousos em áreas restritas, desembarque de pessoal por rapel, combate a incêndio e acompanhamento de situações utilizando EO/IR system. O valor total da compra é de aproximadamente 48 milhões de euros.

Apesar de a Leonardo Company estar conquistando mais espaço no mercado de aviação de segurança pública, a hegemonia da Helibras ainda é muito grande no setor. A Rússia, também está buscando o seu primeiro contrato neste segmento e mesmo tendo produtos que atendam ao setor, está distante de conquistar o seu primeiro operador.

Isso porque existem no país barreiras culturais diante do produto de fabricação russa, como a sua filosofia de operação, manutenção e suporte pós-venda se comparado ao modelo ocidental. Na aviação, a participação da Rússia no Brasil é com 12 helicópteros de ataque Mil Mi-35M que há mais de 10 anos equipam a Força Aérea Brasileira.

“Hoje eu vejo que é o momento de todos os órgãos de segurança pública definirem as suas missões, trocar informações e ser cada vez mais universal, atendendo a toda a população. Não basta ter um helicóptero apenas, é preciso saber qual é a missão a ser cumprida, o tempo resposta, a prontidão (de dia ou de noite), entre outros. Isso exige gestão, que é caro e complexo”, reforçou o Coronel PM Gambaroni.

Usando São Paulo como exemplo, aproximadamente 85% dos seus 43 milhões de habitantes estão distantes apenas 15 minutos de um helicóptero de segurança pública. Isso é ter a certeza de que diariamente uma aeronave estará disponível para fazer um atendimento. “Para o serviço público isso é um fator fundamental, pois todos saberão que o serviço estará disponível, precisando dele ou não”, explica o Coronel PM Gambaroni.

Treinamento e parcerias

Cada um dos 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal possui as suas próprias características regionais. Seja pela concentração de pessoas em determinados locais, a infraestrutura disponível para abastecimento e pouso, a própria questão da missão, demanda operacional e a geografia. A operação diária desses serviços apresenta diferenças e contrastes entre si. A formação e treinamento também.

Batalhão de Operações Aéreas de Minas Gerais realiza treinamento com cesto de salvamento. Foto: CBMMG.

Cada Estado age autonomamente e possui as suas próprias doutrinas e metodologias. Vários adotam o modelo de terceirizar a formação básica e inicial dos seus pilotos em escolas de aviação civil para, depois, na rotina das missões e em sala de aula, dar a formação policial de acordo com as necessidades operacionais. Outros, por sua vez, possuem sua própria escola, homologada pela agência reguladora civil, para conduzir as aulas teóricas e práticas.

No Brasil existem algumas escolas que são dedicadas à formação e ao treinamento de pilotos e tripulantes policiais incluindo procedimentos táticos, de emergência, operação com carga externa, guincho, rapel, combate a incêndio e outras. No Estado do Pará, por sua vez, existe um centro de treinamento dedicado para resgate aeromédico em locais de difícil acesso com enfoque para operação na selva.

“O Rio de Janeiro possui grande experiência de atuação em ambiente urbano com alto risco de conflagração. São Paulo detém muito bom conhecimento no salvamento aquático com mais de 25 anos de operação nesse sentido. O Ceará, Santa Catariana, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais contam com estrutura de resgate aeromédico diferenciada. A Bahia é um referencial na operação com drones e está dando instrução até para o Exército Brasileiro. É preciso aproveitar os conhecimentos de cada um em prol de um desenvolvimento conjunto dos órgãos de aviação de segurança pública”, explica o Coronel PM Gambaroni.

H125 aeromédico do GOA do CBMERJ. Foto: Eduardo Beni.

O então comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo também relembrou que já foram feitos intercâmbios com policiais de outros estados voando e cumprindo escala de voo das mais variadas missões. “Como se fossem membros da Polícia de São Paulo. E tudo isso deu certo e trouxe benefícios. Mas é preciso fazer mais”, argumenta.

No Brasil uma das principais necessidades está justamente no aperfeiçoamento e manutenção das capacidades dos pilotos em relação ao seu treinamento. Segundo o Coronel PM Beni, as tripulações são muito experientes em voar as suas aeronaves. “Mas é fundamental que exista uma manutenção nos procedimentos de emergência e táticos como combate à incêndio, rapel, operação com gancho e guincho, por exemplo”, complementa.

Apesar de não existir um treinamento integrado entre os órgãos de aviação de segurança pública, atualmente existem muitos pontos em comum numa operação conjunta, no caso de calamidade, onde pilotos e tripulantes de vários serviços se encontram.

Profissionais do SAMU realizam Curso de Resgate e Transporte Aeromédico para tripularem as aeronaves Arcanjo. Foto: CBMSC.

“Em operações como a de Brumadinho, existem pilotos de vários estados trabalhando juntos. Hoje as organizações de segurança pública possuem uma linguagem semelhante no modo de operação, mas é também uma questão de padronização em certos aspectos. Me recordo que em algumas ocorrências conjuntas, que ocorreram há muitos anos, tripulantes depois escreverem sobre questões de balizamento e sinalização. Esses artigos serviram de base para quem não tinha isso sedimentado. O próprio macacão de voo virou padrão nas polícias, o que antes não acontecia. Alguns usavam na cor que representava o seu estado, outras usavam o preto. Mas ter um modelo padronizado reduz o preço e fica mais prático. Até na hora de atuar em conjunto isso acaba sedo um facilitador pois todo mundo fala igual, a mesma língua”, comenta o Coronel PM Gambaroni.

E o treinamento conjunto, a interação, não é só de ter o mesmo padrão, mas de todo mundo se conhecer. “O mundo da aviação é muito pequeno ainda, deverá ser por muito tempo, pois não é uma atividade que você tem tanta gente para uma área de cobertura. Talvez um dos desafios do segmento da aviação de segurança pública seja esse nos dias de hoje, o de fortalecer os elos entre as pessoas. Esse tipo de situação cria vínculos. Eu vejo os órgãos de aviação de segurança pública como ilhas com vários deles já tendo estabelecido pontes entre si”, explica.

Ten Cel Rammon, piloto de helicóptero do Corpo de Bombeiros do RJ fala sobre abnegação e solidariedade nas operações de busca e salvamento em Brumadinho. Foto: Rammon Dias.

Outro aspecto que pode ser trabalhado no Brasil é a questão das parcerias público-privadas. Mas é preciso algumas mudanças. A legislação nacional ainda impede certos desenvolvimentos da parte de resgate aeromédico e combate a incêndio, por exemplo, por empresas privadas.

“Muitas missões podem ser feitas com parceiras público-privadas como o salvamento, por exemplo. É só olhar para o mundo e ver que na Inglaterra o serviço de Busca e Salvamento também é formado por empresas contratadas. Muitas possuem pilotos que são militares aposentados aproveitando essa experiência adquirida ao longo de muitos anos de atividade”, explica o Coronel PM Gambaroni.

No Brasil, em localidades mais afastadas e onde a estrutura de combate a incêndio em áreas rurais ou de selva é limitada, empresas particulares poderiam iniciar essa tarefa com helicópteros dedicados para a missão até que os primeiros reforços chegassem por parte dos órgãos federais – como a Força Aérea Brasileira.

Simpósio sobre transporte aeromédico promovido pela Helibras, em São Paulo. Foto: Eduardo Beni.

Para a missão de combate a incêndio, por exemplo, é possível dispor de uma frota mista de helicópteros multifunção como os próprios HB 350 Esquilo e outros tipos dedicados como o Sikorsky S-70 Fire Hawk. “Nós conversamos no passado com a Polícia Federal e Receita Federal e outros órgãos. Mais de 90% dos modelos operados pela aviação de segurança pública não são do porte dos tipos que comercializamos, que é uma classe maior como o S-76 e o Black Hawk, que podem ser dotados de todos os sensores utilizados pelo segmento. Mais recentemente, no Brasil, começaram algumas investidas em tipos maiores para missões de mais capacidade”, explica o Comandante Herialdo Martins Ferreira, executivo de marketing da Powerpack, representante da Sikorsky no Brasil.

Para algumas polícias, como serviços com maior envergadura, apesar das vantagens de uma padronização, dispor de alguns modelos específicos para determinadas missões poderia dar mais eficiência para as operações. No Rio de Janeiro a balança se tornou mais favorável para as autoridades após a introdução em serviço do Bell Huey II, primeiro na Polícia Civil e depois na Polícia Militar. Isso pela capacidade de transporte de tropas armadas, pela blindagem incorporada e o poder de fogo vindo do alto.

“O Bell Huey II são exemplares que passaram por retrofit após não terem sido usados na Guerra do Vietnã. Eles passam por um processo de inspeção, modernização e colocação em voo”, conta Cássio Sánchez, Regional Sales Director da Bell Helicopters no Brasil.

A empresa possui pouco mais de 10 exemplares entre o Bell 207, Huey II e Bell 412 voando no país. O intuito é aproveitar o potencial de crescimento e modernização do mercado brasileiro que eventualmente poderá buscar por plataformas de projetos mais novos e com missões mais específicas por um custo operacional mais baixo.

Bell Huey II da PMERJ. Foto: Daniel Queiroz.
Bell Huey II da PMERJ. Foto: Daniel Queiroz.

Novos recursos

A aviação de segurança pública no Brasil também tem avançado em direção ao recebimento de novas ferramentas e recursos para a sua atividade.

Os óculos de visão noturna talvez tenham sido aqueles que mais tenham se consagrado nesse sentido. O Distrito Federal e os estados de Santa Catarina e Minas Gerais, por exemplo, já incorporaram esse recurso nas suas operações aéreas. Para a segurança de voo permite a tripulação enxergar com mais facilidade os fios e torres de alta tensão, observar melhor os obstáculos, ajudar na localização de locais de pouso e ampliar a consciência situacional durante o voo.

Também permite a realização de pousos em áreas restritas e outras situações táticas, além de proporcionar maior segurança operacional pelo fato de que as luzes podem ser apagadas diminuindo a chance de o helicóptero ser observado por alguém no solo. “Os óculos ajudam em missões de inteligência, mas também nas missões de busca e salvamento, cujos voos podem ser realizados no período noturno”, reforça o Coronel PM Beni.

Equipe que recebeu o treinamento do OVN na primeira turma e que tem a responsabilidade de transferir o conhecimento aos demais tripulantes. Da esquerda para a direita: Maj Didier, Maj Chinelato, Ten Cel Ledwan, Cmt Kim Harris, Ten Martins, Representante da empresa, Cap Ricardo Faria, 3º Sgt Glauber, 3º Sgt Rosiane, Cap Sandro. Seguram a bandeira do Brasil 2º Sgt Ferreira e 2º Sgt Bertini.
Primeira turma da PM de Minas Gerais que recebeu o treinamento do OVN. Foto: PMMG.

Outra ferramenta é o drone, que está sendo testada no Brasil para missões de monitoramento de tráfico de drogas, monitoramento em locais de incêndio, inteligência, reintegração de posse, salvamento de pessoas afogadas lançando boias, busca de pessoas perdidas em mata e outros.

“Os equipamentos hoje utilizados, em sua maioria, são aqueles desenvolvidos para a atividade civil e não possuem requisitos militares nem mesmo sensores dedicados para o segmento de segurança pública. É uma tecnologia que gradativamente está sendo descoberta, da maneira que ela pode contribuir para as polícias, Corpo de Bombeiros, fiscalização ambiental, secretaria de saúde e outras organizações. Está claro que o drone é uma ferramenta de auxílio para aviação policial, mas ainda é preciso discutir mais sobre o tema. Os Estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo e Minas Gerais estão usando os drones em diversas situações. A Bahia, por sua vez, detém uma doutrina de operação inclusive ministrando cursos”, finaliza o Coronel PM Beni.

Em outubro de 2018 a Polícia Federal adquiriu os modelos DJi Inspire 2 e Matrice 200 por 186 mil euros. Os equipamentos podem chegar a distância de 2,5km do operador, suportar ventos de até 45km/h, são resistentes a poeira e são compatíveis com câmeras termais Flir Zenmuse. Já o estado do Espírito Santo comprou 15 unidades do DJi Matrice 210 com imageador térmico da Flir Zenmuse XT 30hz e câmera com zoom ótico de 30x. A transação foi de 586 mil euros nesse último caso.

São Paulo terá novo programa Olho de Águia 4.0 com uso de drones. Foto: Ascom SP.
Matéria originalmente veiculada na revista RotorHub, volume 13, número 2.

Uso de óculos de visão noturna em operações policiais aéreas

RICARDO GAMBARONI
Coronel da Polícia Militar de São Paulo

Esse trabalho monográfico foi apresentado no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO) da Polícia Militar do Estado de São Paulo em 2004 pelo então Cap PM Ricardo Gambaroni.

A pesquisa fala sobre o USO DE ÓCULOS DE VISÃO NOTURNA EM OPERAÇÕES POLICIAIS AÉREAS e abordou a evolução dos equipamentos usados no policiamento aéreo, dando ênfase ao surgimento e desenvolvimento dos chamados intensificadores de luz residual, ou óculos de visão noturna (OVN), seu emprego na aviação militar, policial e sua liberação para a aviação civil nos Estados Unidos.

Uso de óculos de visão noturna em operações policiais aéreas

O trabalho também aborda a fisiologia da visão no voo noturno, suas limitações e cuidados e detalha o funcionamento dos óculos de visão noturna, suas gerações, suas formas de emprego, seu uso complementarmente aos imageadores térmicos e quais as características técnicas que devem ser observadas para sua aquisição.

O objetivo da pesquisa foi demonstrar a eficiência dos OVN para poder delinear um programa de implantação e determinar o grau de segurança acrescido nas operações noturnas pelo seu uso.

Gambaroni concluiu a monografia, confirmando que os OVN aumentam a segurança e a operacionalidade das aeronaves policiais em emprego noturno; agregam eficiência, possibilitando emprego em situações antes inconcebíveis e possuem um custo compatível com o aumento da capacidade operacional das aeronaves.

Atualmente, no Brasil, a aviação da Forças Armadas, o Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia Militar de Minas Gerais e o Grupamento Tático Aéreo de Sergipe já utilizam esse equipamento. Nos EUA, além do emprego militar, esse equipamento é muito utilizado pelas forças policiais e principalmente por operadores aeromédicos.

Águia 07 resgata criança afogada na Praia do Prumirim em Ubatuba

São Paulo – No final da tarde do dia 27/02 a equipe do helicóptero Águia 07 do Grupamento de Radiopatrulha Aérea, durante a operação verão no litoral norte, realizou salvamento de uma menina de 12 anos na Praia do Prumirim em Ubatuba, vítima de afogamento. Ela havia sido retirada da água pelos guarda-vidas e precisava de transporte urgente.

 Águia 07 resgate criança afogada em Ubatuba. Foto: Alexandre Napoli
Águia 07 resgate criança afogada em Ubatuba. Foto: Alexandre Napoli

A menina foi transportada pelo Águia 07 a um campo próximo ao Corpo de Bombeiros de Ubatuba e conduzida ao pronto socorro pela equipe do SAMU. A criança, acompanhada de sua mãe, foi deixada aos cuidados da equipe médica. Ela se recuperou do afogamento e passa bem.

O Cel PM Ricardo Gambaroni, Comandante Geral da PM, era um dos pilotos do helicóptero e participou do salvamento. Depois de ter realizado o salvamento, postou em sua página no Facebook uma mensagem de agradecimento e despedida:

Última missão da minha última Operação Verão!
Salvar vidas faz parte da rotina dos Águias, mas é sempre uma grande emoção fazer parte deste seleto grupo.
A Aviação Policial Militar e os Águias já fazem parte da história e do cotidiano do Estado de São Paulo!
Que nossos governantes continuem a dar apoio e meio a esse valioso instrumento de preservação de vidas em nosso Estado.
Vida longa à Aviação Policial Paulista!
Águias: Voar para Servir!

 Águia 07 resgate criança afogada em Ubatuba. Foto: Alexandre Napoli
Águia 07 resgate criança afogada em Ubatuba. Foto: Alexandre Napoli

Fotos: Alexandre Napoli.

Cel Ricardo Gambaroni é o novo Comandante Geral da PM de São Paulo

O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, anunciou nesta segunda-feira (5) o coronel Ricardo Gambaroni como comandante geral da Polícia Militar e Youssef Abou Chaim como delegado geral da Polícia Civil.

“Esperamos um trabalho cada vez mais unido entre as polícias, com um serviço de inteligência mais explorado e uma coordenação de atuação e operações em conjunto, para que possamos reduzir os índices de criminalidade”, afirmou Moraes.

Foto: Medalhística Militar Paulista
No dia 15 de agosto de 2014, o Grupamento de Radiopatrulha Aérea “João Negrão” comemorou seus 30 anos de existência. A despeito da Unidade ter só 30 anos, a aviação na PMESP tem mais de cem anos. O Coronel Ricardo Gambaroni, então Comandante do GRPAe, discursa, ostentando a medalha. Foto: Medalhística Militar Paulista

Chaim assume a Delegacia Geral em substituição a Luiz Maurício Souza Blazeck. Gambaroni substitui o coronel Benedito Roberto Meira no comando da PM. Blazeck e Meira haviam sido nomeados em novembro de 2012.

“Os dois são extremamente operacionais e possuem uma formação de liderança e gestão de crises. Chegamos aos dois nomes principalmente devido ao perfil profissional e intelectual de ambos”, disse o secretário.

O secretário ressaltou que os crimes contra o patrimônio serão combatidos com diversas medidas, como o reforço do policiamento preventivo e ostensivo com a presença da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e de unidades da Força Tática.

Moraes também anunciou que a Polícia Civil fará uma integração de informações sobre esses crimes, com dados de investigações do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital) e Demacro (da Macro São Paulo).

“Faremos um cruzamento de dados bem específico para as áreas onde houve aumento de crimes contra o patrimônio. Não só de ocorrências, mas de todo serviço de inteligência já realizado, desde detalhes das quadrilhas que atuam como características próprias de cada local de crime, para que possamos planejar novas operações”, destacou Moraes.

Moraes também anunciou Mágino Alves Barbosa Filho como secretário-adjunto e Olheno Ricardo de Souza Scucuglia como chefe de gabinete da Secretaria da Segurança Pública. Ambos membros do Ministério Público de São Paulo, Barbosa Filho foi secretário-adjunto de Moraes na Secretaria Municipal de Transportes. Scucuglia foi corregedor geral na Prefeitura de São Paulo.

Currículos

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Comandante Gambaroni

O coronel Gambaroni ingressou na corporação em 1981 e estava no Comando do Grupamento de Radiopatrulha Aérea (GRPAe). É piloto policial e pilota os águias as PM há mais de 20 anos. Ele é especializado em policiamento estratégico em diversas áreas, com atuação no Comando de Área Metropolitana 8 (CPA/M-8 – região de Osasco), Comando de Policiamento Metropolitano (CPM), Batalhão de Guarda Especial (hoje, parte da Corregedoria da PM), Comando do Corpo de Bombeiros (CCB), Batalhão de Guarda dos Palácios (atual Divisão de Segurança Física da Casa Militar) e Divisão de Tecnologia de Emergências (da Escola Superior de Bombeiros).

Gambaroni é formado pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco (APMBB) e piloto policial pela Escola Internacional de Aviação Policial da Inglaterra. O novo comandante geral possui também licenciatura plena em Educação Física pela Escola da PM (EEF), Bacharel em Direito pela USP, especialização em Combate a Incêndios Florestais pela Defesa Civil e Exército da França, além de mestrado e doutorado em Ciências Policiais pelo Centro de Altos Estudos de Segurança (CAES) da PM.

O novo delegado geral entrou na Polícia Civil em 1988 e possui experiência em investigação e gestão de crises. Ele foi diretor do DEIC (Departamento Estadual de Investigação Criminal), entre 2007 e 2009, e diretor do DEMACRO (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), entre 2011 e 2013. Desde então, atuava como diretor do DPPC (Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania).

Chaim já foi delegado também do Grupo Antissequestros, do GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), do GOE (Grupo de Operações Especiais) e do GER (Grupo Especial de Resgate). O novo delegado geral também é formado gerenciamento de crises pelo FBI (Federal Bureau of Investigation – agência federal de investigações dos Estados Unidos), em combate a sequestros pela Escola Italiana de Agentes de Polícia de Roma e tiro policial pelo SWAT (Special Weapons And Tactics – grupo de elite da polícia norte-americana).

Fonte: SSP, por Rodrigo Paneghine.

LAAD 2013: Grupamento Aéreo recebe homenagem da Helibras pelas 100 mil horas voadas

O Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo – GRPAe/SP recebeu durante a LAAD Defence e Security 2013 uma homenagem da Helibrás/Eurocopter.

O GRPAe da PM de SP atingiu a marca de 100 mil horas voadas desde a sua criação e por ser o maior operador policial e com a maior frota de helicópteros Helibras/Eurocopter na América Latina foi homenageado.

O GRPAe/SP possui uma frota de 21 helicópteros AS350 Esquilo, que equivale a cerca de 19% da frota deste tipo de aeronave que voam na segurança pública no Brasil. A homenagem foi entregue pelo Sr. Eduardo Marson, presidente da Helibras, ao Cel PM Ricardo Gambaroni, comandante do GRPAe. Essa homenagem faz parte das comemorações dos 35 anos de atividades da Helibras no Brasil.

Homenagem de 100 mil horas de voo. Foto: Alex Mena Barreto
Homenagem de 100 mil horas de voo. Foto: Alex Mena Barreto

Tempo de Padronizar os Helicópteros Policiais

RICARDO GAMBARONI

Era uma vez o tempo em que o helicóptero policial no “estado-da-arte” era um Bell 47 equipado com um par de olhos e um rádio. Não mais. Hoje, as aeronaves policiais mais adequadas aproximam-se às aeronaves de combate em nível de sofisticação de equipamentos.

bell47

Uma missão policial típica com uma aeronave de alta tecnologia caracteriza-se pelo uso dos seguintes equipamentos:

a) um “pod” externo contendo um sistema de visão infravermelho;
b) uma câmera CCD colorida com alta capacidade de zoom ótico e digital;
c) um apontador laser;
d) um iluminador laser, possivelmente combinado com um intensificador de imagem (Óculos de Visão Noturna);
e) um sistema de congelamento de imagens para facilitar a visualização e coleta de detalhes, como uma placa de carro;
f) um sensor que mostre no mapa móvel para onde o sistema de busca por infravermelho e o farol de busca estão apontando e que permita também apontá-los na direção de um local escolhido no mapa, automaticamente;
g) um sistema de transmissão de imagens (downlink) que envie imagens, o qual já é considerado há tempos um equipamento mínimo de uma aeronave policial, só que contando hoje com outras “habilidades”, tais quais a transmissão de imagens para os veículos policias no local de ocorrências, mesmo em áreas urbanas onde há altos índices de interferência eletromagnética;
h) Mapas móveis digitais, que evoluíram para o que se chama Sistema de Gerenciamento de Missão, incluindo cartas aeronáuticas, guias de ruas e de estradas, tão detalhados quanto possível. Alguns possuem acoplamento com o FMS (Sistema de Gerenciamento de Vôo) a fim de permitir a navegação automática para o local;
i) O tradicional farol de busca permite integração com os sistemas de missão, sendo possível determinar o escaneamento de uma área, automaticamente, ou mantê-lo acoplado ao sensor infravermelho, apontando ambos sempre para a mesma posição;
j) Outro tipo de sensor que já é comum, mas tem sua capacidade aumentada com o tempo é o sistema de traqueamento de veículos roubados ou furtados, como os sistemas comerciais Lojack e Tracker. Consistem em transmissores escondidos no veículo e ativados quando um roubo ou furto é reportado, tendo a aeronave um receptor de tais sinais. Tal serviço, que pode ser subsidiado por empresas particulares, traz um grande retorno em localização e prevenção de tais delitos;
k) Sistemas múltiplos de radiocomunicação com interfaces mais fáceis de operar, que atualmente estão migrando para sistemas digitais truncalizados com capacidade de uso como telefonia móvel e ponto a ponto, dando capacidade ilimitada de comunicação;
l) alguns itens considerados de baixa tecnologia, como sistemas de alto-falantes e sirenes também são considerados úteis por grande parte das unidades aeropoliciais;
m) ainda, um helicóptero policial no chamado “estado-da-arte” deve ser capaz de operar com o uso de Óculos de Visão Noturna com informações da aeronave inseridas na imagem, como um HUD (Head up display) das aeronaves militares, além de um sistema que permite saber, no mapa móvel, para onde cada um dos tripulantes está olhando. Dando-se adequada atenção ao treinamento e aos procedimentos é muito mais fácil e seguro voar à noite com óculos de visão noturna do que sem eles;
n) alguns outros apetrechos tecnológicos em aeronaves policiais relacionados com a segurança de vôo são os detectores de obstáculo (Obstacle warning and collision avoidance systems), que incluem, além do usual TCAS, um sistema de detecção de fios e cabos de alta voltagem, e os assentos anti-crash, que protegem a cargas muito mais altas de impacto que os usuais.

Tais sistemas acima descritos, que parecem saídos de um filme policial de ficção científica, na realidade já estão em operação há alguns anos em muitas polícias do mundo, sendo que nos últimos nove anos houve uma gradual transferência de tecnologia dos equipamentos militares de operações especiais para as aeronaves policiais.

A cabine de pilotagem das modernas aeronaves policiais tem se transformado em locais altamente sofisticados em termos de comunicação, navegação e tecnologia de informação.

Os peritos internacionais em tecnologia apontam que tal área ainda tende a acelerar seu desenvolvimento, uma vez que cada fabricante está adicionando novas capacidades aos equipamentos existentes, integrando-os com outros, tornando-os mais leves e eficientes, com, às vezes, uma redução de custos de aquisição.

Um exemplo é a substituição dos Faróis de Busca Spectrolab SX-5 e SX-16 (como os do GRPAe de São Paulo) pelo modelo NightSun 2 que é mais leve, potente e ágil, além de ter possibilidade de integração com os demais sistemas de busca da aeronave, como visto.

Nenhum helicóptero até hoje foi concebido, desde o projeto inicial, para ser um helicóptero policial. Assim, todos os helicópteros em uso pela Aviação Policial são modelos adaptados do mercado de aviação geral. No geral, os fabricantes de helicópteros tem mantido o foco de produzir aeronaves básicas, deixando a questão de integração de sistemas de missão policial para empresas especializadas, como McAlpine e Specialist Aviation Services no Reino Unido e Heli-Dyne nos Estados Unidos.

Por exemplo, no final de 2004, a Polícia de Luxemburgo comprou um MD902 que foi modificado pela Hely-Dyne, com a instalação e certificação de sensores, aviônicos e comunicação digital, permitindo uma eficiente recepção, análise e disseminação de informação e imagem, além de uma total compatibilidade com o uso de OVN. O sensor infravermelho dessa aeronave é o L3-Wescam modelo MX-15, com sistema de geodirecionamento integrado com o mapa móvel.

Ele possui um visor digital de alta definição na cabine e sistema de imagem com capacidade de transmissão e gravação. Sistemas adicionais incluem o Nightsun SX-16 com filtro Infravermelho escamoteável (para operações com OVN) e ponteira laser também com indicação no mapa móvel, sistema de direcionamento acoplado entre o farol de busca e o imageador térmico, luzes de pouso direcionáveis e compatíveis com OVN, protetor contra cabos, tanque de combustível auxiliar, alto-falantes de alta potência, além de instalações para operações especiais, como rapel e fast rope.

Demandas específicas como a vista anteriormente faz com que as soluções se tornem complexas e os custos, infalivelmente, subam à estratosfera. Assim, há uma demanda por um certo grau de padronização nas aeronaves policiais e seus equipamentos de missão. Isso já ocorre, sendo seu exemplo principal o modelo Robinson R44 Police, que é hoje, em todo mundo, a única aeronave policial já configurada de fábrica, vindo com todos os equipamentos já instalados, com ênfase no baixo peso total e volume reduzido.

Os equipamentos padrão do R44 Police são: Infravermelho FLIR Mark II, com sistema de giroestabilização e zoom de 7x no sistema de visão diurna CCD; Farol de Busca Spectrolab SX-5E, pequeno mas capaz de até 20 milhões de candelas de luminosidade, com o uso de uma lâmpada de 500 W de xenônio e um interior compatível com o pequeno tamanho da aeronave, possuindo um monitor de 10 polegadas escamoteável, a fim de não atrapalhar a visibilidade externa quando não em uso.

Além dos itens padronizados, o R44 Police pode receber uma série de opcionais que incluem: alto falantes e sirenes, sistema de downlink, mapa móvel e sistema Lojack.

A Eurocopter também tem dado passos importantes nesse sentido, com a criação de um pacote de sistemas de missão modular para os EC 135 e, no futuro, também para o EC 145. A idéia geral é de se criar uma frota de helicópteros que, a despeito da variedade de missões desempenhadas, serão ao menos 90% comuns em termos de equipamentos embarcados.

Os pacotes específicos de missão serão direcionados para os seguintes tipo de missão: Transporte aeromédico, Vigilância, Treinamento, Combate a Incêndios e Desastres Naturais, SAR, Transporte de Equipes Táticas e Transporte de Passageiros.

A inspiração para tal solução provavelmente veio do Reino Unido, através do desenvolvimento do chamado Helicóptero Policial Avançado, concebido pela McAlpine com base no EC135 e que está hoje em serviço com diversas unidades aeropoliciais naquele país. A característica mais marcante dessa aeronave é o pod ventral modular que, conectado à aeronave acomoda os equipamentos de visão térmica e farol de busca.

Em tal pod, contudo, não foram instalados os rádios policiais, de forma a permitir o uso da aeronave na missão policial básica sem o pod instalado, o que reduz em cerca de 500 kg o peso da aeronave. Esse equipamento modular, intercambiável em aeronaves devidamente preparadas pode tornar-se uma solução inteligente para frotas que desempenham múltiplas funções.


REFERÊNCIA

Este artigo é uma tradução adaptada, realizada por RICARDO GAMBARONI de matéria publicada pela Revista Defence Helicopter, vol 24, nº3, de Junho/Julho de 2005. A Defence Helicopter Magazine é a principal revista internacional para todos aqueles que voam na Aviação Pública. Esta publicação fornece uma qualidade incomparável de análise em profundidade de notícias, entrevistas, estratégias e avaliações atualizadas de equipamentos utilizados nos helicópteros das forças militares e de segurança pública no mundo.


História da Aviação Policial

RICARDO GAMBARONI

Se a Polícia como instituição formou-se com o próprio surgimento das sociedades organizadas, não é de se surpreender que a hoje denominada Aviação Policial tem suas raízes muito próximas ao próprio surgimento da aviação.

No presente artigo, buscamos traçar um breve histórico dessas raízes, delineando o uso da aviação com o propósito de auxiliar policiais a cumprirem seus deveres. Tal tarefa, contudo, não é fácil, em virtude da escassez de dados do surgimento dessa modalidade de apoio policial, bem como de seu uso, nos anos iniciais, como apoio aéreo a forças de caráter eminentemente militar ou paramilitar, como é o caso não somente das polícias estaduais brasileiras, como também em diversos países da Europa e América, como a Gendarmerie Francesa, a Guarda Civil Espanhola, as Gendarmerias Argentina e Belga (Rijkswacht), os Carabinieri Italianos, etc.

Visando não alongar e diversificar sobremaneira o presente trabalho, o emprego de aeronaves policiais será focado unicamente em atividade típica de policiamento e ou salvamento de vidas, sendo excluídos aqui os pontos da história da Aviação relacionados à fase em que a Aviação das forças policiais tivessem finalidade voltada para o campo bélico. Mesmo assim, serão citados os exemplos mais marcantes em terreno pátrio. Também será dada ênfase ao desenvolvimento e surgimentos dos equipamentos de uso policial aéreo, ferramentas essas que tornaram o uso da plataforma de observação aérea um ideal veículo para a preservação da lei e ordem.

No início

O primeiro uso registrado de emprego de aeronave em missão policial ocorreu em 1914 na cidade norte-americana de Miami, no Estado da Flórida. Naquela ocasião, um hidroavião Curtiss Modelo F estava realizando vôos turísticos sobre as águas claras da Flórida ao custo de US$ 10 por pessoa. O modelo Curtiss era especialmente adequado a tal tarefa, pois possuía a rara capacidade, para a época, de dispor de quatro lugares, incluído o piloto! Com seu ponto de decolagem estrategicamente localizado próximo ao luxuoso Hotel Miami Royal Palms parecia que os negócios fluíam bem para Harold F. McCormick, proprietário da aeronave.

Contudo, um fato estava destinado a colocar tal operação na história: o furto de uma soma vultosa de jóias do cofre do próprio Hotel Miami Royal Palms, aparentemente por um funcionário, que desapareceu após o evento criminoso. Investigações levaram a acreditar ter o funcionário, um dos porteiros, empreendido fuga com destino à Bermuda a bordo de um vapor. Com a concordância do proprietário e do piloto do Curtiss, a policia utilizou da aeronave para interceptar o vapor, previamente avisado, via Morse, do intento.

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