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RICARDO GAMBARONI

Se a Polícia como instituição formou-se com o próprio surgimento das sociedades organizadas, não é de se surpreender que a hoje denominada Aviação Policial tem suas raízes muito próximas ao próprio surgimento da aviação.

No presente artigo, buscamos traçar um breve histórico dessas raízes, delineando o uso da aviação com o propósito de auxiliar policiais a cumprirem seus deveres. Tal tarefa, contudo, não é fácil, em virtude da escassez de dados do surgimento dessa modalidade de apoio policial, bem como de seu uso, nos anos iniciais, como apoio aéreo a forças de caráter eminentemente militar ou paramilitar, como é o caso não somente das polícias estaduais brasileiras, como também em diversos países da Europa e América, como a Gendarmerie Francesa, a Guarda Civil Espanhola, as Gendarmerias Argentina e Belga (Rijkswacht), os Carabinieri Italianos, etc.

Visando não alongar e diversificar sobremaneira o presente trabalho, o emprego de aeronaves policiais será focado unicamente em atividade típica de policiamento e ou salvamento de vidas, sendo excluídos aqui os pontos da história da Aviação relacionados à fase em que a Aviação das forças policiais tivessem finalidade voltada para o campo bélico. Mesmo assim, serão citados os exemplos mais marcantes em terreno pátrio. Também será dada ênfase ao desenvolvimento e surgimentos dos equipamentos de uso policial aéreo, ferramentas essas que tornaram o uso da plataforma de observação aérea um ideal veículo para a preservação da lei e ordem.

No início

O primeiro uso registrado de emprego de aeronave em missão policial ocorreu em 1914 na cidade norte-americana de Miami, no Estado da Flórida. Naquela ocasião, um hidroavião Curtiss Modelo F estava realizando vôos turísticos sobre as águas claras da Flórida ao custo de US$ 10 por pessoa. O modelo Curtiss era especialmente adequado a tal tarefa, pois possuía a rara capacidade, para a época, de dispor de quatro lugares, incluído o piloto! Com seu ponto de decolagem estrategicamente localizado próximo ao luxuoso Hotel Miami Royal Palms parecia que os negócios fluíam bem para Harold F. McCormick, proprietário da aeronave.

Contudo, um fato estava destinado a colocar tal operação na história: o furto de uma soma vultosa de jóias do cofre do próprio Hotel Miami Royal Palms, aparentemente por um funcionário, que desapareceu após o evento criminoso. Investigações levaram a acreditar ter o funcionário, um dos porteiros, empreendido fuga com destino à Bermuda a bordo de um vapor. Com a concordância do proprietário e do piloto do Curtiss, a policia utilizou da aeronave para interceptar o vapor, previamente avisado, via Morse, do intento.

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