- Anúncio -

Europa – Em combinação com a propulsão elétrica, as aeronaves capazes de decolar e pousar na vertical (eVTOLElectric Vertical Take-Off and Landing) têm o potencial de reduzir a pegada ambiental da aviação em termos de emissões e ruído. Eles estão sendo propostos para atender vários desafios que os ambientes urbanos enfrentam, incluindo a prestação de cuidados médicos a pessoas doentes ou feridas.

Tradicionalmente, a assistência médica por via aérea dependia dos helicópteros e aviões. Isso poderá ser complementado em breve por aeronaves eVTOL, realizando voos para missões aeromédicas em áreas urbanas. Em 2020/2021, a EASA (European Union Aviation Safety Agency) realizou consulta pública sobre classificação dos possíveis serviços médicos que poderiam ser realizados por eVTOL, por ordem de utilidade:

  • Transporte de enfermos para um hospital de referência;
  • Entrega de suprimentos médicos;
  • Transporte de equipamentos ou órgãos;
  • Transporte de equipes de saúde para onde o enfermo está, mesmo que a condução seja realizada de ambulância terrestre; e
  • Gerenciamento de desastres.
Airbus e o Serviço de Ambulância Aérea da Noruega unem esforços para desenvolver o eVTOL aeromédico.

A realização de resgate aéreo e assistência aeromédica com eVTOL permite que as equipes de saúde realizem suas missões em áreas densamente povoadas. A EASA propôs um projeto de “vertiportos“, onde essas aeronaves podem pousar. São mais fáceis de integrar nos centros das cidades, fazendo uso de locais não apenas no topo de edifícios altos, mas também em outras áreas designadas onde a assistência pode se tornar necessária.

Segundo pesquisa da EASA, existem cinco razões principais para utilizar o eVTOL em missões aeromédicas: tempo resposta menor; ruído reduzido; emissões mais baixas; automação e acessibilidade, pois espera-se que seja mecanicamente menos complexa, e tenha custos de aquisição e manutenção mais acessíveis.

Desafios para serviços aeromédicos com eVTOL

Fazer uso de eVTOL para táxis aéreos é uma coisa, usá-los para serviços aeromédicos significa que algumas questões adicionais precisam ser abordadas para tornar isso viável. Além do piloto e do passageiro (enfermo), existem outros desafios, como a necessidade de transportar a equipe de saúde, bem como equipamentos médicos, exigindo que o eVTOL precise carregar mais peso e ser maior.

Chinesa EHang junta-se ao Projeto Ambular de iniciativa da ICAO para desenvolver ambulância aérea eVTOL

Além disso, o eVTOL partirá de uma base operacional aeromédica e deverá ter alcance suficiente para realizar suas missões. Um estudo alemão propôs 150 km como um alcance mínimo útil. Além disso, o eVTOL precisará ter energia suficiente para várias decolagens e pousos, normalmente as fases que consomem mais energia dos sistemas.

O eVTOL aeromédico precisará estar disponível dia e noite, a fim de maximizar a utilidade da aeronave. Para isso, precisará ter equipamentos adequados de visão noturna, estar preparado para voar em todas as condições climáticas, pousar e decolar de locais desconhecidos, considerando o desempenho da aeronave, tamanho, terreno e obstáculos.

EASA na vanguarda

A Europa lidera o caminho a nível mundial no domínio da criação de quadro regulamentar para garantir que a eVTOL possa realizar com segurança as missões previstas. A EASA e a Comissão Europeia foram as primeiras a introduzir requisitos técnicos e regras operacionais para fabricantes, operadores, pilotos e projetistas de infraestruturas. A definição de regras permitirá que os fabricantes e a indústria invistam nesta nova tecnologia em benefício dos enfermos.

Projetos eVTOL aeromédico em andamento

Além do Projeto Ambular de iniciativa da ICAO para desenvolver ambulância aérea eVTOL, a Airbus Helicopters, em parceria com a Norwegian Air Ambulance Foundation, desenvolvem o protótipo CityAirbus (eVTOL). O serviço de resgate aéreo ADAC Luftrettung também possui estudo de viabilidade com eVTOL aeromédico tripulado.

No Brasil, as empresas Helisul Aviação e Embraer desenvolvem projetos para uso dessas aeronaves no transporte de passageiros. A Associação Brasileira de Operações Aeromédicas (ABOA) acompanha e estuda o desenvolvimento do setor, que inclui o uso dessas aeronaves no transporte de enfermos, sangue e órgãos para transplante.

ADAC Luftrettung da Alemanha apresenta o primeiro estudo de viabilidade com multicópteros tripulados para o serviço de resgate. Foto: Divulgação

Transporte de sangue

A ADAC alemã já realiza em parceria com o Serviço de Transfusão de Sangue da Cruz Vermelha Alemã o transporte de sangue, medicamentos e tecidos com drones. A cooperação é baseada em um projeto de pesquisa conjunto no Hospital Universitário de Ulm, no qual mais de 300 voos de drones ocorreram entre o banco de sangue DRK e o departamento de cirurgia do Hospital Universitário nos últimos dois anos.

A partir de um escritório de operações, os pilotos remotos controlam o drone entre o banco de sangue e o hospital. Devido à proximidade direta com os locais de pouso do hospital e do tráfego aéreo regular das equipes de resgate, altas demandas são colocadas nos pilotos remotos da MediCargo.  Eles monitoram constantemente o drone que voa automaticamente, bem como o espaço aéreo nas proximidades.

Os pilotos acompanham uma tela semelhante a um radar e avaliam as distâncias verticais e horizontais para aeronaves tripuladas, bem como as diferentes velocidades e altitudes. Procedimentos de voo especificados e treinamento regular garantem o mais alto nível de segurança.

Para atender aos requisitos, todos os pilotos remotos da MediCargo são treinados em aviação tripulada e possuem uma licença de voo tripulado (EASA FCL ou licença de voo esportivo). Além disso, cumprem requisitos legais e tem as licenças de drones A1/A3 e A2 de acordo com o regulamento da EASA.

- Anúncio -