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Salvamento

BAPM/SC realiza salvamento em Jaraguá do Sul

O resgate de um operário da construção civil, que se feriu após a queda de uma parede, atraiu a atenção dos moradores do bairro Baependi, em 08/10/10, em Jaraguá do Sul. O helicóptero Águia da Polícia Militar de Joinville precisou resgatar o pedreiro Valdir Almeida, 54 anos, do oitavo andar de um prédio em construção, na rua Bertha Kassner. Ele foi levado para o Hospital São José e não corre risco de morte.

Águia de Ribeirão Preto resgata homem que caiu em penhasco

Um homem, ainda não identificado, ficou ferido depois de cair em um penhasco, entre os bairros Pacaembu e Jardim Gonzaga, São Carlos, na tarde desta sexta-feira (10/09/2010). O helicóptero Águia 8 da Base de Radiopatrulha Aérea de Ribeirão Preto precisou ser acionado para fazer o resgate, que durou cerca de quatro horas.

Mountain Rescue Association

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Mountain Rescue Association (ou Associação de Resgate em Montanhas) é uma organização dedicada a salvar vidas em resgates e treinamentos de segurança em montanhas.

AS350B3 bate recorde de altitude em salvamento

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Três alpinistas espanhóis foram resgatados com sucesso por um AS350 B3 da Fishtail Air de um local com 6.900 metros de altitude, através da técnica de “longline”, em que a vítima é suspensa na extremidade de uma corda longa para infiltração / extração em terrenos de difícil acesso.

Operações de Salvamento – Equipamentos Metálicos (Parte 2)

ADRIANI JOSÉ DE SOUZA

INTRODUÇÃO

Trataremos na segunda parte deste artigo sobre outro gênero de equipamentos metálicos, os DESCENSORES METÁLICOS, os quais se apresentam como fundamentais para a execução de uma técnica de descida por cordas, das mais treinadas pelas equipes de salvamento em altura na Aviação de Segurança Pública – o Rapel.

Devido às características da região em que cada equipe está situada, a demanda de salvamento pode exigir treinamento em número e qualidade acima do rotineiro. Por isso, é fundamental que os profissionais estejam abertos e habituados às novas técnicas de descida, com a utilização de novos equipamentos, que facilitem a operação e a tornem mais segura. Vale sempre lembrar que o cenário dessas operações exige sempre muita destreza e conhecimento dos riscos envolvidos.

Apresentamos a seguir os principais DESCENSORES METÁLICOS utilizados, tanto por profissionais da área esportiva, como da área de salvamento em altura:

OITO

Também chamado de Freio Oito, trata-se de um dos mais antigos e conhecidos mecanismos de frenagem. É um freio bastante difundido durante a formação de bombeiros militares e corporações especializadas. Sua função, como a de qualquer modo de frenagem, é diminuir o esforço que se faz ao descer pela corda. Isso é feito devido ao atrito que a corda faz com os orifícios (olhais) do oito.

Pode ser confeccionado em aço, alumínio ou duralumínio, além de possuir uma variedade muito grande de formatos e cores. Os mais usuais são o convencional e o de salvamento (com orelhas). Comparando-se os dois verificamos que o oito com orelhas tem melhor dissipação de calor, e suas orelhas não permitem a formação do nó “boca de lobo”, muito temido durante um rapel. Alguns modelos de oito com orelhas tem um orifício (ou olhal) central que permite que uma vítima seja conectada ao equipamento com segurança.

A técnica de passar a corda pelo equipamento é simples:

Vantagens: É um descensor muito versátil, de baixo custo, de uso simples e bastante durável.  Desvantagens: Provoca torções excessivas na corda, dissipa mal o calor provocado pelo atrito, não permite a graduação do atrito, e sua instalação na corda exige que seja desconectado (ou desclipado), momentaneamente, do mosquetão.

Cuidados: Por se tratar de um equipamento metálico é necessário que sejam observados todos os cuidados citados em nosso último artigo. Contudo a inspeção visual minuciosa e diária é obrigatória, visto que, após várias descidas podem ocorrer desgastes visíveis na pintura e nas paredes do oito de duralumínio e de alumínio, os quais podem condenar a sua utilização. Não há como definir a sua vida útil, no entanto, é necessário que o profissional tenha controle de tempo de utilização. Por isso orientamos a substituição após 05 (cinco) anos de uso constante, ou, quando verificado o desgaste excessivo em suas paredes.

Por ter várias desvantagens, há uma tendência em outros países de que seja progressivamente abandonado. No entanto, no Brasil é intensamente utilizado. No meio esportivo indica-se que o freio Oito seja utilizado para descidas não superiores a 25 metros em função das torções na corda, muito embora, sabemos que as equipes de salvamento realizam rapel, com o freio oito, em altura muito superior, justamente pela falta de cultura de utilização de equipamentos alternativos.

STOP / DRESLER

O dresler é um descensor autoblocante mais complexo, concebido originalmente para atividades de espeleologia. É composto por duas polias onde passa a corda sem ser torcida. Seu sistema de freio exige menos força de seu operador e pode ser travado com muita facilidade.

São vários os modelos e fabricantes. Há um modelo conhecido como STOP, o qual possui uma alavanca vermelha, onde o operador pressiona para descer e basta soltar a alavanca para que o mecanismo trave, cessando assim a descida. É importante salientar que a parada do STOP pode não ser imediata, podendo haver um ligeiro deslizamento, em função de alguns fatores como o diâmetro da corda e os desgastes do próprio mecanismo.

É um excelente equipamento que pode ser utilizado no lugar do oito, pois sua grande vantagem é a de diminuir os danos na corda, já que não provoca torções, além de liberar as duas mãos do operador após o travamento do mecanismo.

Normalmente é utilizado para descidas mais rápidas devido ao seu desenho, pois não torce, nem esquenta a corda. Indica-se para cordas com diâmetro entre 9 e 12 milímetros. Sua vida útil depende diretamente das condições e do ambiente em que é empregado. Sugerimos a sua substituição após 05 (cinco) anos de uso ou de armazenamento. Seus cuidados são os mesmos citados anteriormente para os demais equipamentos metálicos.

No meio esportivo utiliza-se o STOP para descidas entre 50 e 100 metros de altura. Possui certificação européia: CE – EN 341 Classe “A”.

RACK

Também conhecido como “freio de barras” é um descensor linear metálico com duas longas barras transversais e com 4 ou 5 barretes móveis em alumínio maciço ou aço inox, onde o atrito com a corda é feito através dos diversos “degraus da escadinha” do rack. Muito utilizado para atividades de espeleologia e em grandes abismos. Vários são os fabricantes e modelos.

Sua principal vantagem é de não torcer a corda, não necessitar ser desclipado da ancoragem para a passagem da corda, dissipando melhor o calor e permitindo a graduação do atrito da corda ao freio durante sua utilização (à medida que são aumentados ou diminuídos os barretes), ou seja, suas barras podem ser removidas ou adicionadas mesmo em plena utilização, a fim de aumentar ou diminuir o atrito.

Sua desvantagem é a de não liberar as mãos do operador para outras tarefas durante o salvamento, além de possuir um custo elevado. Mas trata-se de um equipamento moderno que é indicado para descidas acima de 100 metros de altura. Indica-se a sua utilização para cordas entre 9 e 13 milímetros.

ID

O ID é um descensor ou aparelho de segurança autoblocante para corda simples, para descer em corda e dar segurança a uma pessoa, com função antipânico.

O seu sistema autoblocante é formado pelo princípio mecânico de “came pivotante”, que aperta a corda e trava o utilizador se a alavanca do aparelho não for acionada. Possui também uma alavanca antipânico: blocagem do I’D® se o usuário aciona com força a alavanca.

Possui uma placa móvel com pastilha de segurança,  oferecendo as seguintes vantagens:

– risco de perda do aparelho limitado,
– instalação rápida da corda no aparelho,
– eficácia durante a passagem de fracionamentos,
– mordente antierro, para evitar um acidente devido a uma má montagem da corda no aparelho.

Sua desvantagem é o custo elevado.

Para uma utilização confortável do ID, durante uma descida, deve-se acionar simplesmente a alavanca, e o ajuste da velocidade de descida se faz apertando, mais ou menos, a ponta livre da corda com a mão.

O modelo D20L é indicado para cordas entre 11,5 e 13 milímetros.

GRIGRI

É um descensor utilizado basicamente na área esportiva, que automaticamente freia uma queda, através de um sistema de alavancas, em seu interior. O aparelho é clipado à cadeirinha através do mosquetão, e a corda é passada por dentro do aparelho, se quiser descer basta pressionar a alavanca do grigri, se você soltar a alavanca o dispositivo automaticamente trava o sistema e você não desce, é muito interessante para o caso de se querer parar na descida para tirar fotos ou curtir o visual.

Sua utilização é exclusiva para cordas de diâmetro entre 10 a 11 milímetros. É fabricado na França pela PETZL e tem certificação europeia CE.

ATC (Air Traffic Control)

É um descensor multiuso bastante utilizado também na área esportiva, que serve para rapel e segurança em escaladas. Exige cordas dinâmicas entre 10 e 11 milímetros. Os tipos mais conhecidos são o ATC original, conhecido como ATC; o ATC XP que possui um desenho diferente, com “dentes” que aumentam o poder de frenagem e o ATC GUIDE que, além dos dentes, possui um anel metálico usado para fazer ancoragens nas paradas.

Ideal para descidas de até 50 metros de altura. Trabalha como as placas e como os tubos Lowe, quando uma laçada da corda é enfiada pelo equipamento e clipada ao mosquetão, sendo a segurança dada pela quantidade de atrito com a corda que é criada por esse sistema. Custa um pouco mais que o oito, mas tem a vantagem de diminuir a torção da corda, podendo prolongar a vida útil desta.

Para fazer o transpasse do ATC, em primeiro lugar, deve-se dobrar a corda e fazer uma ponta dupla de aproximadamente 20 cm; em seguida deve-se passar a ponta dupla por um dos olhos do ATC; prender a alça do ATC juntamente com a alça da corda do mosquetão e por último trava-se o mosquetão.

PLACA STICHT

É outro mecanismo de frenagem utilizado na área esportiva para cordas dinâmicas com diâmetro entre 8 e 11 milímetros. Possui 1 ou 2 aberturas por onde a laçada da corda é passada, e esta fica presa ao mosquetão. Pode possuir uma mola, que tem a função de manter a placa a certa distância do mosquetão. Pode ser usado no rapel, mas o seu uso inicial foi para dar segurança nas escaladas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para finalizar este artigo é importante salientar que todos os profissionais de salvamento devem estar prontos para as mudanças, com a utilização de novos equipamentos e técnicas mais seguras. A busca pelo conhecimento e as pesquisas devem fazer parte da rotina de treinamentos.

Fato notório nas atividades esportivas, onde escaladores e demais montanhistas profissionais tornam-se fonte de informações preciosas ao nosso convívio. Não devemos ignorá-los, pois várias técnicas utilizadas atualmente vieram do meio esportivo. Sempre há um meio mais seguro e simples de se executar uma descida pela corda.

Reflita…

Bons voos e boas escaladas!!

Referências:

– MAS – Manual de Salvamento em Altura;
– MTB 26 – Manuais Técnicos do Corpo de  Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
– Catálogo Petzl;
– Catálogo Black Diamond;
www.gp.pro.br (Grupo Petrus);
– Catálogo Camp;
– Catálogo Kailash, e
– Catálogo Kong.

O autor é comandante de aeronave do GRPAe/SP e especialista em salvamento em altura.

Afogamento ocorre no momento que equipes do CEIOPAER/RN faziam simulação

Um início de afogamento aconteceu na praia do meio, no mesmo momento em que acontecia uma simulação de equipes do Centro Integrado de Operações Aéreas (CEIOPAER)/RN faziam simulação.

Resgate simulado chama atenção de veranistas no Litoral Norte/RS

Rio Grande do Sul – Uma simulação de salvamento com direito a helicóptero chamou a atenção dos veranistas de Tramandaí e Capão da Canoa nesta segunda-feira (28/12/09). Da areia, sob o sol do meio-dia e um calor de 30°C, uma multidão acompanhou o trabalho dos guarda-vidas, que comemoram o seu dia.

Barco de pesca naufraga em São Francisco do Sul/SC

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Seis pessoas que pescavam na manhã deste domingo (27DEZ09) em São Francisco do Sul, Norte de Santa Catarina, tiveram que ser resgatadas de helicóptero.

Operações de Salvamento – O que devemos saber sobre as cordas (Parte 2)

ADRIANI JOSÉ DE SOUZA

Conforme informado na primeira parte deste artigo, trataremos agora sobre outros conceitos fundamentais para a correta e mais adequada forma de utilização das CORDAS DE SALVAMENTO.

Como sabemos, nas Corporações de Bombeiros Militares, Forças Policiais, Aviação de Segurança Pública e Forças Armadas, quando se trata de salvamento, são adquiridas as cordas semi-estáticas, com tecnologia Kernmantle, diâmetro de 12 ou 12.5 milímetros e carga de ruptura mínima de 4.000 kg.

A VIDA ÚTIL DAS CORDAS

A vida útil de uma corda não pode ser definida ou preestabelecida pelo tempo de uso. A sua duração depende de uma grande quantidade de variáveis, incluindo o cuidado individual, a freqüência de uso, os tipos de equipamentos utilizados, a velocidade de descida em rapel, a abrasão física, o clima, o tipo e intensidade de carga que é submetida, a degradação química, a exposição aos raios ultravioletas, entre outros.

Qualquer corda é vulnerável às forças destrutivas e pode apresentar falhas após ter sido descuidada ou submetida a condições extremas como cargas de impacto ou bordas afiadas (cantos vivos). A corda deve ser aposentada quando apresentar cortes, quando a abrasão tenha causado um desgaste significativo na capa, após uma queda forte (fator de queda maior que 0.25 em corda estática), quando existir suspeita de contaminação por agentes químicos ou em qualquer outra situação em que existam dúvidas a respeito.

Se todos os cuidados forem adotados, os usuários das cordas devem utilizar, como parâmetro, uma vida útil de 5 (cinco anos) para “aposentar” (descartar) uma corda de salvamento. Existem corporações que adotam tempo inferior a quatro anos. O mais importante é estar consciente que essa vida útil sempre dependerá das variáveis acima apresentadas.

CUIDADOS COM AS CORDAS

As cordas são construídas para suportarem grandes cargas de tração, entretanto, são sensíveis a corpos e superfícies abrasivas ou cortantes, a produtos químicos e aos raios solares.

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Modelo de bolsa para acondicionamento das cordas

É muito importante que se mantenha um registro da corda, pois não existe maneira não destrutiva de saber se a corda está boa ou não. Depende somente do responsável pelo uso conhecer sua corda e saber a quais esforços a mesma foi submetida. Nunca empreste sua corda; é aconselhável manter um registro com sua história.

Dessa forma os profissionais de salvamento em altura devem adotar os seguintes cuidados:

  • Evite superfícies abrasivas, não pise, não arraste e nem permita que a corda fique em contato com cantos vivos desprotegidos. Para tanto é essencial que sejam utilizados protetores de cordas específicos, vendidos no mercado, fabricados em borracha, couro ou pvc ;
  • Evite contato com graxa, solventes, combustíveis, produtos químicos de uma forma geral, pois os agentes químicos são os piores inimigos da corda. Gasolina, óleo, ácido de bateria, benzendo, tetracloreto de carbono e fenol (aquele dos limpadores com cheiro de pinho) podem debilitar e destruir a poliamida. Além disso, o concreto também possui alguns elementos destrutivos, por isso a corda não deve ser armazenada em piso de cimento;
  • Evite que a corda fique pressionada (“mordida”);
  • Não deixe a corda sob tensão por um período prolongado, nem tampouco a utilize para rebocar um carro ou para qualquer outro uso, senão aquele para o qual foi destinada;
  • Se houver necessidade de lavar a corda, utilize sabão neutro sem agentes químicos, nunca detergentes. Deixe-a secar ao ar livre, à sombra, em voltas frouxas, jamais ao sol, pois os raios ultravioletas danificam suas fibras.
  • Mantenha a corda limpa: as cordas também não devem ser armazenadas no chão, já que a sujeira pode danificá-las. Pequenas partículas de terra podem introduzir-se entre as fibras e na seqüência, quando for requerida a tensão à corda, podem cortar as fibras causando desgaste na capa e na alma. Pisar na corda com botas ou calçados sujos acelera e muito este processo.
  • Ao acondicionar a corda, dê preferência pelo acondicionamento em sacolas ou bolsas específicas, as quais têm diversas vantagens como proporcionar proteção à corda, facilidade de acondicionamento (bastando acomodar a corda no interior da sacola ou bolsa, sem qualquer cuidado especial), comodidade de transporte, além da garantia de que, uma vez lançada a sacola, não haverá risco de formação de cocas ou nós acidentais.

COMO INSPECIONAR UMA CORDA

As cordas de salvamento devem ser inspecionadas previamente em todas as situações em que houver necessidade de seu emprego.

A inspeção deve ser visual em toda a sua extensão, observando os seguintes aspectos:

  • Qualquer irregularidade, caroço, emagrecimento da alma, encurtamento ou inconsistência;
  • Sinais de corte e abrasão, queimadura, traços de produtos químicos ou em que os fios da capa estejam desfiados (felpudos);
  • O ângulo formado pela corda realizando um semi-círculo com as mãos, devendo haver uma certa resistência e um raio constante em toda sua extensão;
  • Se há falcaça (acabamento das extremidades), se a capa encontra-se acumulada em algum dos chicotes ou se a alma saiu da capa.

Nos próximos artigos trataremos sobre outros equipamentos de salvamento em altura. Aguardem…

Referências

MAS (Manual de Salvamento em Altura)
Coletânea de Manuais Técnicos – MTB26-Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
Catálogos New England
Catálogos PMI
Catálogo Roca
Catálogo Sterling
Revista NUS, Barcelona, Espanha, 1993
Vertical Caving, Meredith e Martinez, Lyon Equipment, UK
Catálogo Black Diamond
Catálogo Edelweiss
Catálogo Beal
Catálogo Climb High
Catálogo REI.

O autor é Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo, comandante de aeronave do GRPAe/SP e especialista em salvamento em altura.

Quinta-feira agitada no BAPM/SC

Pela manhã :

Jovens são resgatados do Monte Crista, em Garuva

Três jovens foram resgatados pelos tripulantes do helicóptero Águia da Polícia Militar na manhã desta quinta-feira, no Monte Crista, em Garuva.

Henrique Araújo Souza, 18 anos, Bruno Passos Mira, 18 anos e Vinícius Diegues F. Colares, 17 anos, haviam subido o morro três dias antes para acampar. Mas com a chuva e o vento forte da noite de quarta-feira, eles não conseguiram descer.

Operação de salvamento com cesto em SP – atualizado

Duas crianças foram retiradas de dentro de uma casa no início da noite desta quarta-feira (16/12/09) na região do Jaraguá, na Zona Norte de São Paulo. Elas foram colocadas dentro de uma cesta e içadas pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar.

Operações de Salvamento – O que devemos saber sobre as cordas (Parte 1)

ADRIANI JOSÉ DE SOUZA

INTRODUÇÃO

Nas operações de salvamento com aeronaves da Aviação de Segurança Pública, há muito com que nos preocupar quanto aos equipamentos utilizados, a origem, especificações, certificações, utilização e cuidados diários.

Não é fato isolado quando se priorizam a técnica ao equipamento. São treinamentos sucessivos, repetidas vezes, em alguns casos exaustivamente, a fim de que o tripulante e o piloto estejam completamente seguros de todos os detalhes que envolvem o salvamento e possam realizá-lo, minimizando os riscos.

Em se tratando de salvamento em altura, através do helicóptero, os cuidados devem ser redobrados quanto às CORDAS DE SALVAMENTO.

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Operação de salvamento terrestre realizado pelo GRPAe em Cubatão/SP – 2009, utilizado a técnica do “Mac Guire” com exfiltração pelo gancho.

Trataremos neste artigo dos conceitos fundamentais sobre as cordas, principalmente daquelas utilizadas pelos aeronavegantes da Aviação de Segurança Pública, pois elas são o meio para cumprir a missão de salvamento.

As cordas representam o elemento básico do salvamento em altura, tanto que encontramos diversas literaturas internacionais que utilizam a expressão “resgate com cordas” (rope rescue). Na maior parte das vezes, a corda representa única via de acesso do tripulante à vítima ou a única ligação deste a um local seguro, razão pela qual merece atenção e cuidados especiais.

A matéria-prima e a forma como elas são construídas podem variar bastante, mas é o tipo de aplicação que definirá qual modelo é mais adequado em nossas operações.

1. A MATÉRIA-PRIMA DAS CORDAS

As cordas podem ser feitas de fibras naturais (algodão, juta, cânhamo, sisal, entre outras) ou fibras sintéticas.

cordas

Até os anos quarenta utilizavam-se fibras naturais, principalmente de cânhamo como a da figura acima a esquerda. A partir de 1950 começaram a adotar, para a fabricação das cordas, fibras sintéticas como a da figura acima a direita. Graças a utilização destes materiais tem sido possível desenvolver e aperfeiçoar, com objetivo de ampliar a gama de utilizações e a segurança, cordas dotadas de uma estrutura diferenciada, definindo assim, um modelo de fabricação que todas as indústrias respeitam.

Devido às características das fibras naturais, como a baixa resistência mecânica, sensibilidade a fungos, mofo, pouca uniformidade de qualidade e a relação desfavorável entre peso, volume e resistência, apenas cordas de fibras sintéticas devem ser utilizadas em operações de salvamento.

Dentre as fibras sintéticas, destacamos:

Poliolefinas (polipropileno e polietileno): são fibras que não absorvem água e são empregadas quando a propriedade de flutuar é importante, como por exemplo, no salvamento aquático. Porém, estas fibras se degradam rapidamente com a luz solar e, devido a sua baixa resistência à abrasão, pequena resistência a suportar choques e baixo ponto de fusão, são contra-indicadas para operações de salvamento em altura (proibidas para trabalhos sob carga).

Poliéster: as fibras de poliéster têm alta resistência quando úmidas, ponto de fusão em torno de 250ºC, boa resistência à abrasão, aos raios ultravioletas e a ácidos e outros produtos químicos, entretanto, não suportam forças de impacto ou cargas contínuas tão bem quanto as fibras de poliamida. São utilizadas em salvamento, misturadas com poliamida.

Kevlar: é uma fibra desenvolvida pela Dupont™, resistente a altas temperaturas e extremadamente forte, porém é muito susceptível a abrasão tanto interna quanto externa (as fibras são tão rígidas que se cortam entre si). Além disso, como não pode absorver impactos e quebrar-se quando dobrada, não deve ser usada em operações de salvamento.

Poliamida (nylon): o nylon do tipo 6.6 possui boa resistência à abrasão, em torno de 10% mais resistente à tração do que o poliéster, mas perde de 10 a 15% de sua resistência quando úmido, recuperando-a ao secar. Excelente resistência a forças de impacto. Esta é a fibra mais indicada para cordas de salvamento em altura.

2. COMO SÃO FABRICADAS AS CORDAS DE SALVAMENTO

Para a construção de uma corda, as fibras podem ser torcidas, trançadas ou dispostas sob a forma de capa e alma. As cordas destinadas a serviços de salvamento possuem capa e alma. A alma da corda é confeccionada por milhares de fibras e é responsável por cerca de 80% da resistência da corda. A capa recobre a alma, protegendo-a contra a abrasão e outros agentes agressivos, responde pelos 20% restantes da resistência da corda.

2.1 Tecnologia Kernmantle

As cordas de construção Kernmantle apresentam diversos tipos de alma e de capa. A alma da corda é confeccionada por milhares de fibras de nylon torcidas juntas, formando cordões. Estes cordões são torcidos em direções opostas, metade à direita e metade à esquerda, para que a corda seja neutra, isto é, não torça quando submetida a esforço.

A capa, geralmente colorida, é que proporciona a maioria das características de manuseio. Com referência a construção da capa, quanto maior for seu número de fios, maior será sua resistência a abrasão.

3. RESISTÊNCIA

Ao avaliar uma boa corda, um leigo pode imaginar que o único critério a ser considerado é a resistência para suportar cargas, porém sabemos que o fato de suportar grandes pesos não garante a integridade daquele que depende dela para realizar sua missão.
É necessário lembrar primeiramente que o corpo de uma pessoa em movimento, especialmente em queda livre, pode gerar uma força equivalente a centenas de quilos sobre um sistema que irá suportá-lo, e, portanto, não se pode ingenuamente considerar apenas o peso de uma pessoa para avaliar a resistência de uma corda.

Uma base utilizada como referência para avaliar a exigência de resistência de uma corda, por exemplo, se fundamenta nos padrões que são utilizados em determinados sistemas mecânicos, que usam como fator de segurança a resistência equivalente a cinco vezes a maior carga esperada em sua operação, ou seja, utiliza-se o fator 5:1. Isso dá uma boa margem de segurança, evitando acidentes que podem gerar prejuízos e até mesmo colocar vidas humanas em risco. Contudo esse fator não é adequado quando se trata de operações de salvamento, onde vidas humanas dependem da resistência das cordas

Para a segurança de bombeiros, socorristas, tripulantes e policiais o referido fator deve ser maior, já que estamos prevendo solicitações dinâmicas (corpos em queda) podendo ultrapassar a relação de 15:1, ou seja, ter uma resistência mínima quinze vezes maior que a carga esperada sobre o sistema.

Se adotarmos 100 kg como valor de referência para o peso de uma pessoa, e quisermos adotar o fator 15:1, uma corda nova terá que ter uma resistência mínima à ruptura de 1.500 kg. Mas como existem outros fatores envolvidos na dinâmica da detenção de uma queda e nas características das cordas, internacionalmente o valor mínimo é de 2.000 kg.

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Operação de salvamento terrestre realizado pelo GRPAe em Cubatão/SP – 2009. Tripulante e vítima ancorados nas cordas, utilizando a técnica de “Mac Guire” com exfiltração pelo gancho.

Os americanos, através da N.F.P.A. (National Fire Protection Association), determinaram como carga de resgate o valor de 600 lbsf ou aproximadamente 270 kg, que considera dois homens pesados mais equipamentos. Como adotam um fator de segurança de 15:1, a norma americana 1983 da N.F.P.A. exige para as cordas de resgate (uso geral) uma resistência mínima a ruptura de 9.000 lbsf ou aproximadamente 40 kN (4.000 kg).

4. ABSORÇÃO DE IMPACTOS

Estar preso a uma corda de grande resistência não significa segurança para o tripulante. Imagine uma pessoa praticando “Bang-Jumping” (salto com cordas amarradas aos pés), utilizando cabos de aço no lugar de cabos elásticos. No momento em que o cabo de aço esticar e detiver abruptamente a queda da pessoa, o choque irá todo para o corpo dela provocando traumas internos muito sérios ou até mesmo desmembramentos de partes do corpo.

Portanto, além de resistente, a corda tem que ser capaz de amortecer o impacto da queda e preservar o corpo do tripulante. As cordas absorvem o impacto de uma queda com a elasticidade, funcionando como um colchão macio, desacelerando a queda gradativamente, mesmo que em uma fração de segundos.

Internacionalmente, as cordas de segurança são divididas em dois grupos básicos: dinâmicas e estáticas.

As cordas dinâmicas são construídas para oferecer uma maior elasticidade, projetadas especificamente para deter quedas de pessoas. Elas são mais populares no meio esportivo, por serem utilizadas há décadas na escalada esportiva. As cordas dinâmicas, dependendo do diâmetro e do fabricante, oferecem de 7% a 10% de elasticidade (teste de alongamento com uma carga de 80 kg). No limite da ruptura, elas podem chegar a 75% de alongamento (padrão N.F.P.A.).

As cordas estáticas devem ser chamadas mais apropriadamente de semi-estáticas, pois também oferecem elasticidade, mas com uma média de 3% de alongamento. Estas são as cordas mais utilizadas nas operações de salvamento com helicópteros, pois a principal fibra é a Poliamida (náilon), cujas características são a resistência à tração, resistência a choques e um ponto de fusão em torno de 250 °C (poliamida 6,6).

As melhores cordas semi-estáticas (pouco elásticas) utilizam alma (fibras internas) de poliamida e a capa (trama externa) de poliéster, que oferece uma alta resistência mecânica mesmo quando molhada, boa resistência a abrasão e razoável resistência a agentes químicos.

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Corda estática (observe a alma com os fios em paralelo) e Corda dinâmica (observe a alma com os fios trançados)

São por essas questões que as principais unidades de salvamento, nas Corporações de Bombeiros Militares, Forças Policiais, Aviação de Segurança Pública e Forças Armadas adquirem as cordas semi-estáticas, com tecnologia Kernmantle, diâmetro de 12 ou 12.5 milímetros e carga de ruptura mínima de 4.000 kg.

No próximo artigo trataremos dos cuidados com as cordas de salvamento, inspeção diária, diâmetro, cores e detalhes sobre sua vida útil. Aguardem…

Referências:

  • MAS (Manual de Salvamento em Altura), Coletânea de Manuais Técnicos – MTB26-Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo;
  • Catálogos New England;
  • Catálogos PMI;
  • Catálogo Roca;
  • Catálogo Sterling;
  • Revista NUS, Barcelona, Espanha, 1993;
  • Vertical Caving, Meredith e Martinez, Lyon Equipment, UK;
  • Catálogo Black Diamond;
  • Catálogo Edelweiss;
  • Catálogo Beal;
  • Catálogo Climb High, e
  • Catálogo REI.

O autor é oficial da Polícia Militar do Estado de São Paulo e especialista em salvamento em altura.

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