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Alex Mena Barreto

48º Conferência Anual de Aviação de Segurança Pública – APSCON 2018, realizada em Louisville, Kentucky/EUA

EUA – No mês de julho de 2018, a Airborne Public Safety Association – APSA, antiga Airborne Law Enforcement Association – ALEA, realizou em julho/2018 sua 48º Conferência Anual – APSCON 2018, na cidade de Louisville, em Kentucky/EUA.

APSCON 2018 teve mais de 100 estandes de expositores e 800 membros participantes do evento.Esta é a primeira conferência com a nova denominação APSA, que surgiu da fusão da Airborne Law Enforcement Association – ALEA com a Helicopter Rescue & Response Association – HRRA, focada em operadores e integrantes que atuam em missões de busca e salvamento. A mudança é parte de um esforço da associação para englobar todas as unidades de aviação da área de segurança pública.

Como forma de sedimentar a fusão, foi lançado um concurso entre os associados para definir um novo logo para a nova associação Airborne Public Safety Association – APSA. O logo vencedor do concurso foi o apresentado pelo Capitão PMESP Alex Mena Barreto, associado a mais de cinco anos da APSA, que foi contemplado com uma viagem para participar da APSCON 2018.

Isso mesmo, o novo logo da Airborne Public Safety Association – APSA é “made in Brazil”, fruto de um trabalho conjunto de toda equipe do site Piloto Policial, em especial do Thiago Pedrezani.

Novo logo da Airborne Public Safety Association - APSA “made in Brazil”, fruto de um trabalho conjunto de toda equipe do site Piloto Policial, em especial do Thiago Pedrezani.

Como foi a Conferência?

A conferência praticamente define o padrão de excelência da aviação de segurança pública no campo de equipamentos, além de proporcionar oportunidades de participação de painéis e treinamentos ministrados por especialistas.

O pavilhão de exposições é um local onde se pode conferir as mais recentes tecnologias de em “estado de arte” para aviação de segurança pública, além da excelente oportunidade de troca de experiências e informações com participantes de praticamente todo mundo.

A APSCON 2018 teve mais de 100 estandes de expositores e 800 membros participantes do evento.

APSCON 2018 teve mais de 100 estandes de expositores e 800 membros participantes do evento.

Foram oferecidos aos participantes diversos cursos focados nas mais diversas temáticas, como por exemplo Airborne Thermographer Certification Course, Aviation Safety Management Systems & Human Factors Course, Aviation Safety Officer Course, Aviation Unit Manager Course, Fixed-Wing Operations Course, Flight Instructor Refresher/Train-the-Trainer Course e Unmanned Aircraft Systems (UAS) Operations Course.

Paralela a programação de cursos, ocorreram diversos painéis com assuntos diversos durante o evento, tendo ao todo cinco programações simultâneas para o participante escolher, conforme programação da APSCON 2018.

Painéis

Dentro da possibilidade de agenda, tendo em vista que são cinco programações simultâneas, escolhi os seguintes painéis:

What is the Future of Public Safety Aviation?
Moderado por Donald L. Shinnamon, policial aposentado do Departamento de Polícia de Port Saint Lucie, e tendo como mesa de debate composta por Daniel Schwarzbach, Diretor Executivo da APSA, Steve Roussell, do Departamento de Polícia de Los Angeles e Presidente da APSA , Charles McFarland, do departamento de Polícia de San Diego e Casey Ping, da STAR Flight de Austin/TX.

What is the Future of Public Safety Aviation?

Safety Symposium
Moderado por Bryan Smith, Gerente de Safety da APSA, e tendo como participantes da mesa de debates Chris Hecht, do Departamento de Segurança Pública do Arizona, Dan Reese, membro aposentado da CALFIRE e John Cooper, do Departamento de Polícia de Columbus.

Safety Symposium Moderado por Bryan Smith, Gerente de Safety da APSA, e tendo como participantes da mesa de debates Chris Hecht, do Departamento de Segurança Pública do Arizona, Dan Reese, membro aposentado da CALFIRE e John Cooper, do Departamento de Polícia de Columbus.

Aircraft Positioning for Tactical Air Operations (Night Operations for Public Safety Aircraft), apresentado por Richard Bookbinder, da California Highway Patrol.

Airborne Use of Force – Lessons Learned (Homeland Security), apresentado por Mike Peck, da empresa Paladin Resources Group, Inc.

Thermal Imagery Tactics (Night Operations for Public Safety Operations), apresentado por Kevin Neeley, da California Highway Patrol.

Public Safety Aviation Unit Commanders Roundtable (Unit Management), moderado por Steve Roussell, do Departamento de Polícia de Los Angeles e Presidente da APSA.

Destaques da Exposição

Como não poderia deixar de ser, os grandes expositores da feira foram os fabricantes de aeronaves, com destaque especial para Bell Helicopters, Airbus Helicopters, Leonardo Helicopters, MD Helicopters e o novo player do mercado Kopter Group. Destaque também para os estandes das empresas customizadoras de aeronaves Metro Aviation e Aerobrigham.

Participação da empresa brasileira TSA, de tecnologia e suprimentos em aviação, com um estande de exposição na APSCON 2018Digno de nota também foi a participação da empresa brasileira TSA, de tecnologia e suprimentos em aviação, com um estande de exposição na APSCON 2018.

O estande da Bell Helicopters teve como grande destaque a exposição do Bell 429 da polícia do condado de Nassau/NY, em sua configuração multimissão, com glass cockpit, kit aeromédico, estação de monitoramento do sistema imageador e farol de busca Trakkabeam.

O estande da Bell Helicopters teve como grande destaque a exposição do Bell 429 da polícia do condado de Nassau/NY, em sua configuração multimissão, com glass cockpit, kit aeromédico, estação de monitoramento do sistema imageador e farol de busca Trakkabeam.

A Airbus Helicopter teve como destaque a aeronave H125 do condado de Seminole/FL, configurado com gancho para carga externa, guincho elétrico, sistema de imageador termal e farol de busca Trakkabeam.

O grande diferencial da aeronave é a customização realizada pela empresa Metro Aviation para a atividade de segurança pública.

A Airbus Helicopter teve como destaque a aeronave H125 do condado de Seminole/FL.

Tal customização inclui um sistema de cameras e de gravação de imagem, com camera grande angula e holofote no suporte do guincho elétrico, camera no cone de cauda e no cockpit.

Os pilotos podem a qualquer momento escolher qual imagem será exibida em um dos três painéis de LCD e todas as imagens são gravadas para posterior debriefing ou análise do voo ou da operação.

Aeronave H125 do condado de Seminole/FL, configurado com gancho para carga externa, guincho elétrico, sistema de imageador termal e farol de busca Trakkabeam.

Outro destaque da customização interessante é a pintura do cone de cauda com tinta cerâmica, capaz de suportar temperaturas de até 1.000 graus Celsius e resistente a choque térmico. Essa é a primeira aeronave policial equipada com tal proteção.

A Leonardo levou para seu estande como destaque o novo AW119 do Departamento de Polícia de Proteção Ambiental de Nova York, completamente customizado e equipado com farol de busca Trakkabeam, FLIR, flutuadores de emergência, alto falantes externos, gancho para carga externa, entre outros equipamentos.

A Leonardo levou para seu estande como destaque o novo AW119 do Departamento de Polícia de Proteção Ambiental de Nova York.

Uma das novidades da feira foi a presença do novo player do mercado de aeronaves, a empresa suiça Kopter (nova denominação da empresa Marenco), que teve como destaque em seu estade o mock up do seu novo helicóptero monomotor SH09, com proposta de configuração para aviação de segurança pública.

Estande do novo player do mercado de aeronaves, a empresa suiça Kopter (nova denominação da empresa Marenco)

A nova aeronave exibiu o cockpit com aviônicos e eletrônicos Garmin-3000H, com capacidade para IFR, com acesso a cartas de helicópteros VFR / IFR, incluindo capacidade de aproximação WAAS / SBAS, ILS, tecnologia de visão sintética e integração sem fio com tablet e/ou celulares.

O novo helicóptero monomotor está previsto para ter sua primeira entrega no segundo semestre de 2019 e atualmente possui uma carteira de pedidos de 34 aeronaves, 29 pré-contratos e mais de 100 cartas de intenção de compra.

Grata surpresa foi descobrir que o atual Vice Presidente Executivo de Clientes da Kopter, Christian Gras, foi um antigo Diretor da Helibras e um brasileiro de coração, e que em conversa declarou que a empresa Kopter tem grande interesse e projetos para o marcado brasileiro, em especial para o segmento de segurança pública.

Destaques do Evento

O evento mais disputado e concorrido é o jantar oferecido pela FLIR, onde é feita a apresentação do FLIR Vision Awards, basicamente o “oscar” da aviação de segurança pública.

Os melhores videos e ocorrências com a utilização de imageadores embarcados são premiados em categorias como: melhor ocorrência, melhor perseguição, melhor ocorrência com cães, entre outras, onde o prêmio é uma generosa doação em dinheiro a uma instituição de caridade indicada pelos ganhadores.

Evento muito divertido e simplesmente imperdível!

FLIR Vision Awards, o "Oscar" da aviação de segurança pública.

APSA Awards

Categoria Safety Award, a APSA premiou o representante da ANAC do Brasil, Marcelo Guerrante.

Durante suas conferências anuais, a Airborne Public Safety Association – APSA também premia alguns indicados pelo seus esforços e/ou ações que enalteceram o profissionalismo e o avanço da segurança pública.

Neste ano na categoria Safety Award, a APSA premiou o representante da ANAC do Brasil, Marcelo Guerrante, que também estava presente no evento e orgulhosamente representou o Brasil junto ao evento.

Impressoes do evento

A primeira conferência de aviação de segurança pública nos Estados Unidos foi realizada em 1971, sendo desde então regularmente organizada todos os anos.

A título de curiosidade, a cidade de Louisville recebeu em 2018 o evento pela segunda vez, por ter sido anfitriã em 1983.

Com tamanha experiência e expertise, a APSCON é simplesmente um evento imperdível e que oferece a oportunidade de conhecer e se relacionar com integrantes da aviação de segurança pública a nível mundial, bem como empresas do que há de melhor para o segmento.

A próxima ASPCON está programada para ocorrer em julho, na cidade de Omaha, em Nebraska/EUA. Maiores informações sobre a Airborne Public Safety Association – APSA podem ser encontradas www.publicsafetyaviation.org

APSCon 2019

A gestão estratégica da Aviação de Segurança Pública paulista baseada no conceito de Organização em Rede

Esse trabalho monográfico produzido pelo Cap PMESP Alex Mena Barreto no programa de Mestrado Profissional em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública da Polícia Militar de São Paulo, em 2016, tratou de assunto relevante e importante para a gestão estratégica da Aviação de Segurança Pública.

A organização em rede não impõe alterações organizacionais, mas fundamentalmente, foca na reorganização de processos. Importante salientar que o engajamento dos gestores nesse modelo é questão chave para o seu sucesso, pois precisará compartilhar, cooperar, disponibilizar ações estratégicas e saber atuar de forma integrada e colaborativa.

Sabemos que o modelo integrado na gestão apresenta resultados mais eficientes, pois sem alterar estruturas organizacionais e tirar delas suas atribuições específicas, esse modelo pode ser muito útil na formação de pilotos, mecânicos, contratação de serviços e aquisição de bens (seguro, manutenção, treinamento, EPI, equipamentos de salvamento, combustível, veículos, aeronaves, etc).

Por exemplo, se determinada organização possui estrutura consolidada nessa atividade financeira e orçamentária, e faz seus processos, por que não incluir neles as aeronaves das outras organizações? Afinal o recurso é oriundo do mesmo lugar. Assim, evita-se o retrabalho e o desperdício. Temos exemplos de organizações voando e outras paradas por problemas em processos.

Assim, esse trabalho produzido pelo Cap PM Mena Barreto pode ajudá-lo a pensar em organização em rede e tornar seus processos produtivos mais eficientes.

Boa Leitura!

A gestão estratégica da Aviação de Segurança Pública paulista baseada no conceito de Organização em Rede

 

Cap PMESP ALEX MENA BARRETO – Autor

A gestão estratégica da Aviação de Segurança Pública paulista baseada no conceito de organização em rede é um trabalho que tem por objetivo delinear uma doutrina de melhores práticas de administração organizacional das unidades de aviação policial no Estado de São Paulo, visando a aprimorar os métodos de administração e gestão da Polícia Militar, cujos reflexos serão identificados na melhoria da prestação de seus serviços à população.

operacaoteresopolis
Tripulações das aeronaves mobilizadas pela Força Nacional de Segurança Pública – Operação Redentor/RJ – 2011

Para tal, analisa a evolução dos conceitos e práticas da organização por rede e efetua análise comparativa com outros métodos de gestão e a evolução verificada neste tipo de administração.

O trabalho apresenta a importância de organização em rede, com a participação dos órgãos de segurança pública e de defesa civil nas esferas federal, estadual e municipal, bem como órgãos reguladores, dentre outros, relacionados à atividade de Aviação de Segurança Pública e de Defesa Civil.

Busca ainda validar a hipótese com um estudo da formação básica de pilotos do GRPAe, como case de que a implantação de uma política de organização em rede resultará num significativo aprimoramento nas práticas gerenciais do processo e trará, além dos benefícios pretendidos, uma significativa economia de recursos e um aumento da eficiência na prestação de serviços.

O trabalho é concluído com a apresentação de propostas de implantação de projetos futuros, com suporte em referencial teórico pesquisado.


Baixe a Monografia

A gestão estratégica da Aviação de Segurança Pública paulista baseada no conceito de Organização em Rede


 

Equipe da Base de Presidente Prudente recebe Menção Honrosa da Câmara Municipal de Bastos

São Paulo – Nesta semana, policiais militares da Base de Radiopatrulha Aérea de Presidente Prudente, interior de São Paulo, foram agraciados com uma Menção Honrosa concedida pela Câmara Municipal de Bastos.

A honraria foi concedida devido ao transporte realizado pela equipe do Águia 20 do Sr. Fumio Moniwa, de 75 anos, até a capital paulista no dia 28 de junho de 2016. Fumio necessitava com urgência passar por transplante de rim em São Paulo.

Receberam a Menção Honrosa das mãos do Sr. Fumio Moniwa, o Capitão PM Mena Barreto, Capitão PM Silva Costa e o Cabo PM Neves, tripulantes do Águia 20.

Cabo PM Neves recebendo Moção Honrosa das mãos do Sr. Fumio.
Cabo PM Neves recebendo Menção Honrosa das mãos do Sr. Fumio.

Corrida contra o tempo

Fumio Moniwa, de 74 anos, estava na lista de transplantes desde 2010 e recebeu no dia 28/06/2016, às 10h00, uma ligação do Hospital do Rim e Hipertensão, situado na Rua Borges Lagoa, 960 – Vila Clementino, dizendo que tinham um rim para ele e era compatível.

Contudo ele precisava sair da sua casa, em Bastos e chegar no hospital em São Paulo antes das 17:00 para iniciar os procedimentos cirúrgicos. Caso não conseguisse, seria acionado o próximo paciente compatível da fila. A Base de Radiopatrulha Aérea de Presidente Prudente, ao tomar conhecimento do fato, prontamente se ofereceu para realizar essa missão e decolaram do Aeroporto de Presidente Prudente com destino ao 8º Distrito Naval da Marinha do Brasil, situado próximo ao Hospital do Rim.

A duração do voo foi de 2:20 e foram percorridos mais de 515 Km. O Sr. Moniwa chegou as 17h10 no Hospital, passou pela triagem e a cirurgia estava programada para começar as 19h00.

Nessa semana ele entregou pessoalmente a Menção Honrosa a Equipe do Águia 20 que efetuou seu transporte.

 

A Aviação dos Bombeiros de Minas: Sinergia e competência

Em visita a Belo Horizonte, o site Piloto Policial teve a grata satisfação de visitar e conhecer duas Organizações de Aviação de Segurança Pública (OASP) de Minas Gerais, o BOA do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e o NOA da Polícia Civil de Minas Gerais.

Além da oportunidade ímpar de conhecer pessoalmente velhos conhecidos do mundo virtual, tive contato com muita coisa interessante em termos de soluções e acontecimentos que podem servir de exemplo para outras OASP do Brasil.

Nessa segunda parte da reportagem falaremos sobre o Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, o BOA.

BOA/CBMMG – Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

BOA/CBMMG – Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

Aos moldes da Polícias Militar e Civil, o BOA também tem suas instalações no Aeroporto de Pampulha, em Belo Horizonte. Criado em 2006, o BOA completou no dia 07 de novembro de 2013 sete anos de operação em apoio a comunidade mineira, voando um média de 800 horas por ano, já tendo registrado mais de 2.500 pessoas transportadas, sendo um número muito maior de pessoas atendidas mas não transportadas por via aérea por questões operacionais ou de ordem clínica.

O BOA surgiu da necessidade de agilizar o atendimento à população mineira, tendo em vista a extensão territorial do Estado, que apesar de possuir a mesma área da França, o CBMMG está presente em apenas 50 dos 853 municípios de Minas Gerais.

Atualmente, o BOA conta com uma frota de 02 (dois) helicópteros AS350B2 VEMD e um avião Cessna 210L Centurion, todos com o já famoso e tradicional nome de chamada “Arcanjo”.

Atualmente, o BOA conta com uma frota de dois helicópteros AS350B2 VEMD e um avião Cessna 210L Centurion, todos com o já famoso e tradicional nome de chamada “Arcanjo”.

A novidade em relação a frota do BOA é a aquisição de novos helicópteros biturbinas médios Eurocopter EC145, a serem entregues ainda no primeiro semestre de 2014. Com as novas aeronaves o BOA espera aumentar a sua capacidade operacional e a sua gama de missões, em especial no que se refere ao transporte inter-hospitalar entre as cidades do interior para a capital de Minas, que poderá ser feito a partir de agora em condições IFR, além de missões visuais noturnas fora da Área de Controle Terminal de Tráfego Aéreo de BH.

Apesar do relativo pouco tempo de operações, os Arcanjos já fazem parte do cenário cotidiano do Estado de Minas Gerais com suas atuações em missões de resgate aeromédico, transporte inter-hospitalar, transporte de órgãos e combate a incêndio.

Apesar de Belo Horizonte ser a sexta maior cidade populosa do Brasil, as maiores demandas operacionais do BOA são no entorno da cidade e principalmente nas rodovias do estado. Diferentemente do modelo de resgate aeromédico de São Paulo, o tempo médio até um local de ocorrência dura entre 30 e 40 minutos de voo, contra cerca de 15 a 20 minutos em São Paulo.

A equipe médica que tripula as aeronaves do BOA são integrantes do SAMU e operam em conjunto por força de convênio, sendo basicamente um médico e um enfermeiro que permanecem de serviço junto ao hangar para casos de acionamento.

Uma tripulação “normal” para atendimento de ocorrência aeromédica é composta de dois pilotos, um tripulante operacional do CBM, um médico e um enfermeiro, ambos do SAMU. Em caso de ocorrências mais graves e que a aeronave será a primeira guarnição a chegar ao local,  a tripulação é somada com mais um tripulante operacional.

A configuração de cabine utilizada pelo BOA para embarque de vítima é baseado no kit de maca na longitudinal homologada pelo fabricante. Logicamente, a realidade e experiência operacional do dia a dia do BOA acabou por requer algumas “adaptações técnicas” muito interessantes.

A configuração de cabine utilizada pelo BOA para embarque de vítima é baseado no kit de maca na longitudinal homologada pelo fabricante. Logicamente, a realidade e experiência operacional do dia a dia do BOA acabou por requer algumas “adaptações técnicas” muito interessantes.

A maca utilizada é um modelo composto todo em alumínio, ao contrario do modelo original com forro de couro sintético.

O BOA também adaptou um pequeno banco de alumínio junto a extremidade da maca onde é posicionada a cabeça da vítima, de modo que o médico consiga prosseguir em seu atendimento durante o voo e mesmo assim permaneça todo o tempo ancorado no cinto de segurança de três pontos da aeronave.

O BOA também adaptou um pequeno banco de alumínio junto a extremidade da maca onde é posicionada a cabeça da vítima, de modo que o médico consiga prosseguir em seu atendimento durante o voo e mesmo assim permaneça todo o tempo ancorado no cinto de segurança de três pontos da aeronave.

Solução bastante interessante, frente outras soluções em que a ancoragem da equipe médica é feita através de cintos tipo “rabo de macaco”.

Dessa forma, todas as fases do voo de uma missão aeromédica do BOA/MG são realizadas com portas fechadas, configuração de maca homologada e ancoragem com cintos três pontas para toda a tripulação.

Logicamente, tal opção de configuração de cabine tem alguns inconvenientes, principalmente em questões operacionais.

Solução bastante interessante, frente outras soluções em que a ancoragem da equipe médica é feita através de cintos tipo “rabo de macaco”. Dessa forma, todas as fases do voo de uma missão aeromédica do BOA/MG são realizadas com portas fechadas, configuração de maca homologada e ancoragem com cintos três pontas para toda a tripulação.

O principal inconveniente operacional reside no fato que de a instalação da maca longitudinal requer a retirada do banco do copiloto e seus comandos de voo no local da ocorrência. Tal modelo é similar ao realizado em ocorrências de apoio aeromédico da CHP – California Highway Patrol americana, e não leva mais do que cinco minutos para sua configuração completa.

Outro aspecto inconveniente é a questão da falta de espaço na cabine, quando do embarque da vítima. Consequência disso, parte da tripulação permanece em solo no local da ocorrência, sendo que a aeronave retorna ao local para reembarque ou prossegue por via terrestre para o hospital para onde a vítima será transportada.

Como suas ocorrências são em regra em rodovias e fora de centros urbanos, bem como a rede de hospitais serem bem distribuídas geograficamente, tal retorno e reembarque acaba sendo deveras facilitado.

A atuação do BOA não se resume só aos atendimentos aeromédicos de emergência, mas eles também são muito atuantes em missões de transporte e remoção interhospitalar. Em suma, a  unidade tem uma atuação muito próxima e atuante junto ao serviço de saúde mineiro.

Ingresso dos Tripulantes

O ingresso de pilotos se dá por meio de concurso interno para oficiais. Os aprovados passam pela formação aeronáutica (PP e PC) em escola civil credenciada contratada por licitação pública, além de frequentarem o Curso de Comandante de Operações Aéreas.

Os tripulantes operacionais também são selecionados em concurso interno que os habilitam a frequentar o Curso de Tripulantes Operacionais no próprio BOA.

Além de receber tripulantes de co-irmãs, o BOA/MG tem um convênio operacional com a PMMG e PCMG, através dos quais compartilham a formação de tripulações, tais como as equipes de apoio de solo e pilotos de avião e helicóptero.

Atualmente, o BOA/MG conta com 18 pilotos, 15 Tripulantes Operacionais, 7 Mecânicos e 7 TASA.

Já os médicos e enfermeiros que tripulam as aeronaves são do SAMU e são selecionados por critérios estabelecidos conjuntamente. Todos passam por instrução de nivelamento, que conta com manobras de desembarque através de diversas técnicas, segurança operacional, CRM, etc. As equipes são fixas e se necessários revezam entre si. Tal curso é pré-requisito para a equipe médica voar no BOA/MG.

Desde 2013 o BOA possui a EFAER- Escola de Formação Aeronáutica, que está capacitada para a realização de diversos cursos, dentre eles o PPH, INVH, Ground School, etc. A ascenção técnica dos pilotos está prevista no MGO da unidade, que estabelece os parâmetros necessários para que os pilotos possam se programar e se orientar com vistas aos seus objetivos. A ascenção técnica se dá conforme as demandas operacionais futuras da unidade, permitindo ao oficial a tranquilidade e a segurança de ascender em plenas condições à nova função.

Todos os comandantes de aeronave do BOA/MG passam por cursos de emergência, sendo que está sendo planejado uma nova reciclagem ainda para o ano de 2014.

Manuais

O BOA elaborou seu MGO em 2009 e ele vem sendo atualizado desde então. O documento foi desenvolvido com a colaboração de todos os integrantes da unidade, que trouxeram suas vivências na aviação e na atividade bombeiro militar e dessa forma enriquecendo a qualidade do documento produzido.

Já em relação ao MGSO, o mesmo ainda encontra-se em fase de desenvolvimento, com seus parâmetros e instrumentos de mensuração sendo lapidados com vistas ao novo patamar necessário ao voo IFR, que certamente  exigirá um nível de preparação e planejamento bastante superiores aos atualmente aplicados.

O BOA é uma unidade com pouco tempo de existência mas que busca manter suas atividades em alto nível de segurança e qualidade. Para isto foi fundamental o apoio de diversos órgãos e pessoas, dentre os quais pode-se citar a PMMG, PCMG, SAMU-BH e Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Minas Gerais.

Assim como em todos os grupamentos desta natureza, a possibilidade de fazer a diferença na vida das pessoas é um grande motivo de orgulho para suas tripulações. A possibilidade de levar a vítima uma possibilidade de sobrevivência até então impossível após um acidente ou coisa do gênero é ainda impressiona.

A frase repetida por todos na unidade exprime o diferencial do BOA/MG:

“Pessoas são como águas, crescem porque se encontram.”

A capacidade agregadora, típica do povo mineiro, trabalhando em conjunto e dividindo os louros dos bons serviços é motivo de orgulho no BOA. Também há união quando nem tudo ocorre conforme o desejado.

Cada integrante do BOA/MG responde com o seu melhor e assim são responsáveis pela sobrevida das milhares de vítimas socorridas pelos Arcanjos mineiros, que são certamente motivo de orgulho de toda a sociedade mineira.

Veja a galeria de fotos da visita:

Texto e fotos: Alex Mena Barreto para o Piloto Policial.

A Aviação da Polícia Civil de Minas: Sinergia e competência

Em visita a Belo Horizonte, o site Piloto Policial teve a grata satisfação de visitar e conhecer duas Organizações de Aviação de Segurança Pública de Minas Gerais, o BOA do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais e o NOA da Polícia Civil de Minas Gerais.

Além da oportunidade ímpar de conhecer pessoalmente velhos conhecidos do mundo virtual, muitas coisas interessantes foram vistas, principalmente algumas soluções e acontecimentos que podem servir de exemplo para outras Organizações de Aviação de Segurança Pública (OASP) do Brasil.

Nessa reportagem falaremos um pouco sobre o NOA da Polícia Civil.

 – NOA/PCMG – Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil de Minas Gerais

O Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil de Minas Gerais está instalado desde 2000 em um bonito hangar no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.

Atualmente o NOA tem uma frota de seis aeronaves, sendo dois helicópteros AS350B2 Esquilo, um avião Bandeirante e três aviões monomotores.

Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil de Minas Gerais.

Em relação as aeronaves de asa fixa, em sua maioria adquiridas de apreensões de operações de repreensão ao narcotráfico, diversos problemas em relação a questões judiciais e burocráticas afetam sobremaneira a disponibilidade operacional das mesmas.

Em relação aos helicópteros, os dois AS350B2 Carcarás estão em plena operação.

A OASP da Polícia Civil de Minas Gerais foi criada em 1989 com a aquisição de um Bell Jet Ranger, na vigência da então CAA – Coordenação de Apoio Aéreo. Atualmente possui a denominação de NOA – Núcleo de Operações Aéreas, criando recentemente, em 26/09/13, através da Resolução Nº 7.155 do Chefe da Polícia Civil de Minas Gerais.

Atualmente, o NOA voa uma média de 40 horas por mês e seu portfólio de missões atendidas são as de demanda policial, como chamadas de  emergências em apoio a unidades em solo e as operações programadas em apoios as Delegacias Regionais.

Além disso, o NOA também atua em apoio ao sistema “MG Transplante de órgãos” e ao resgate de vítimas em acidentes diversos, resultado de  um Convênio de Cooperação Técnica firmado com o BOA – Batalhão de Operações Aéreas do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais.

Visão interna do hangar do Núcleo de Operações Aéreas da Polícia Civil de Minas Gerais

O ingresso no NOA como  piloto ou tripulante operacional ocorre através de concurso interno anual, onde o candidato deve possuir Certificado de Médico Aeronáutico, estar a mais de 03 anos na instituição e ter 10 ou mais anos a serem trabalhados. Todos os integrantes do NOA são investigadores de polícia, que assumem as diversas funções internas como cargo em comissão.

A equipe de pilotos do NOA é de 06 pilotos de helicóptero, sendo 02 comandantes  e 04 copilotos e 04 pilotos de avião (02 comandantes e 02 copilotos).

O treinamento dos pilotos segue uma programação semanal, limitada a 2 horas de voo por mês para cada piloto. Os cheques iniciais, recheques e treinamento de emergência são realizados na EFAI, pagos pelos pilotos e posteriormente reembolsados pelo Estado no valor empregado.

Os mecânicos são policiais que já possuíam os cursos na área e atuam como gerentes e fiscais de contrato, levando em consideração que toda a manutenção das aeronaves  é terceirizada, mesmo as “menores”. O  Setor de Apoio as Manutenções apenas efetua e controla os arquivos das manutenções e inspeções de todos os tipos.

O NOA está em processo de homologação de sua escola de aviação junto a ANAC, e atualmente utiliza da estrutura do BOA, através de um Convênio de Cooperação Técnica, para todos os assuntos referentes a instrução e formação de tripulação, de pilotos a tripulantes operacionais.

Esse Convênio de Cooperação Técnica abrange tanto a parte de formação e treinamento de pessoal como também o aspecto operacional.

Isso envolve a possibilidade de Comandantes de Aeronaves do Corpo de Bombeiros operar as aeronaves de NOA, bem como copilotos da Polícia Civil tripularem as aeronaves do Corpo de Bombeiros. Dessa forma, ambas as OASP minimizam suas carências de recursos humanos e consegue de forma eficaz promover o intercâmbio de conhecimento e a ascensão profissional de seus quadros.

No aspecto operacional, o referido convênio ainda prevê o compartilhamento de missões, permitindo que o NOA efetue missões de resgate aeromédico através dos Bombeiros, sendo estes possuidores de convênios com o SAMU/BH. Dessa forma, toda operação aeromédica realizada pelo NOA é composta de 01 tripulante operacional (PC ou BM), 01 enfermeiro e um médico SAMU.

Outra medida derivada de tal convênio foi a realização de um curso de formação de tripulantes operacionais integrado, com alunos do NOA e do BOA. Os primeiros tripulantes operacionais participantes de um curso nesses moldes se formaram em Janeiro de 2013.

Placa de homenagem alusiva ao primeiro curso de tripulantes operacionais em conjunto com o Corpo de Bombeiros

Na parte de Segurança de Voo, o NOA possui MGSO e Manual de Operações com descrição de seus procedimentos operacionais.  Contudo, devido a uma recente mudança na Lei Orgânica da Polícia Civil de Minas, ambos os documentos estão sob análise do Departamento Jurídico da Polícia Civil para aprovação.

A seção de Segurança de Voo do NOA realiza reuniões quinzenais, possui procedimentos de controle de RELPREVs, programas de passeio de FOD e pessoal habilitado com curso de SGSO PSAC da ANAC e EC Prevenção SIPAer.

Questões urgentes de segurança são sempre discutidas através de reuniões DIÁRIAS, nomeadas de “Ordem do Dia”, bem como, através de briefing e debriefing compulsórios das missões, além é claro dos encontros quinzenais.

Recentemente, o NOA desenvolveu um programa de acompanhamento psicológico, onde foram realizadas avaliações individuais do efetivo do NOA, e o profissional pode confeccionar um mapa da unidade. Tal mapa está sendo acompanhado e em breve será realizado novos testes para verificar as mudanças e resultados do programa.

Esse projeto foi realizado graciosamente por um profissional psicólogo que não faz parte dos quadros da Polícia Civil. Dessa forma, na próxima seleção para integrantes do NOA, foi solicitada a abertura de uma vaga para um profissional da área de psicologia e assim a unidade terá um profissional diariamente na base.

Veja as fotos e coisas interessantes do NOA/PCMG:

Texto e fotos: Alex Mena Barreto para o Piloto Policial.

Atendimento de ocorrência com aeronave nos EUA

Depois de ter passado uma temporada de estudos e visitas a diversas unidades aéreas policias nos EUA (Los Angeles Police Department, Los Angeles Sheriff Department, Fresno County Sheriff, San Diego Police Department, 3 bases da California Highway Patrol, East Bay Regional Park District, entre outras), muitos me perguntam como é que eles atuam na atividade de aviação de segurança pública.

Ao explicar que o conceito de apoio aéreo americano é completamente diferente do brasileiro, fica difícil de entender o porquê.

O foco americano é ter uma aeronave voando sempre, seja ela um avião ou um helicóptero, para prover apoio as equipes de terra, com o máximo de tecnologia embarcada, serve como fator de maximizar o potencial do atuação operacional com o mínimo possível de pessoal.

Apenas para exemplo, a polícia municipal de Los Angeles (LAPD) mantém aeronaves permanentemente no ar e apoiam TODAS as ocorrências (leia o artigo da visita aqui), e em Fresno County Sheriff (leia o artigo da visita aqui) o efetivo “normal” de uma base operacional com um helicóptero disponível é de DOIS policiais de serviço, não tem telefonista, abastecedor, porteiro, nada, apenas o piloto, o TFO e mais ninguém de serviço!

E mesmo assim a eficiência de apoio operacional deles é surpreendente. Em relação a esse aspecto, recentemente achei um vídeo da San Juan County Sheriff’s Office Air Support Unit que exemplifica bem esse aspecto.

O vídeo foi gravado de uma câmera montada sobre o capacete do Tatical Flight Officer (equivalente ao nosso Comandante de Operações) e mostra um apoio aéreo da aeronave desde o seu início. Dá para ver o TFO tomando nota da ocorrência, inserindo o endereço da ocorrência no moving map, o deslocamento para o local e a forma como eles usam intensamente o imageador da aeronave mesmo de dia. Já no local do apoio, consegue-se visualizar a ocorrência tanto pela janela quanto pelo imageador da aeronave.

No momento da chamada, a aeronave estava a cerca de 7 km da ocorrência e levou cerca de 1 minuto e 46 segundo para estar orbitando no local em apoio a equipe de terra. Isso é eficiência !

Veja o vídeo:

YouTube player

Texto: Alex Mena Barreto / Vídeo: San Juan County Sheriff’s Office Air Support Unit (facebook)

Federalismo Solidário e a Aviação de Segurança Pública – Uma Perspectiva Cooperativa

EDUARDO ALEXANDRE BENI
ALEX MENA BARRETO

Introdução

A solidariedade alcançou grande evidência nos dias atuais, sendo objeto de diversos estudos, especialmente pelo fato de a Constituição Federal de 1988 estabelecer como principal objetivo da República Federativa do Brasil, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

FERAL

A Constituição Federal possibilita a aplicação do princípio da solidariedade federativa na medida em que permite a criação de consórcios públicos e de convênios de cooperação entre os entes federados. Com isso, é possível a implementação das mais diversas políticas públicas, inclusive aquelas vinculadas ao desenvolvimento das atividades da Aviação de Segurança Pública.

Atualmente, as instituições policiais e de bombeiros militares utilizam aeronaves em suas atividades rotineiras. Uma das atividades que se destaca nos dias de hoje é a crescente integração entre elas, bem como a atuação conjunta em operações típicas de polícia e de defesa civil. Assim, é preciso programar políticas específicas para o setor, principalmente no campo da integração e cooperação entre as Organizações de Aviação de Segurança Pública (OASP), dentro do princípio da solidariedade federativa.

A atuação da Aviação de Segurança Pública nas ações humanitárias, bem como no combate à criminalidade, demonstram a possibilidade de integração entre os diversos órgãos do Poder Público e da sociedade civil em uma mesma ação, seja ela onde for.

Aviação de Segurança Pública e a lógica solidarista constitucional

A Constituição Federal de 1988 definiu as competências privativas, comuns e concorrentes, de forma que todos os entes da Federação devam colaborar para a execução das tarefas determinadas pela Constituição.

A Constituição Federal estabelece a segurança pública como um dever do Estado, direito e responsabilidade de todos e exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Para fazer cumprir esse dever a Constituição estabelece os seguintes órgãos: Polícias Federal, Rodoviária Federal e Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares, bem como os Corpos de Bombeiros Militares.

Importante salientar que a Constituição Federal organizou e integrou as diversas normas, mecanismos e órgãos que garantem a possibilidade do exercício do direito fundamental social à segurança pública, na medida em que também estabeleceu o direito à segurança como garantia fundamental individual e social, exigindo a prestação eficiente do Estado na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

No contexto da segurança pública, a modalidade aérea de atuação policial e de bombeiro, denominada Aviação de Segurança Pública, utiliza fundamentos legais do Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), bem como dos regulamentos da ANAC, porém essas normas tem aplicação limitada ao caso concreto.

Isso ocorre porque, através da analogia, conferiram às aeronaves destinadas ao serviço do Poder Público, as mesmas regras destinadas à aviação civil, conferido, em alguns casos, caráter de direito privado às aeronaves públicas.

Dessa maneira, para explicar a atividade aérea dos órgãos de segurança publica, não é conveniente a utilização do CBA, nem dos regulamentos da ANAC. Certamente, a previsão constitucional e infraconstitucional da atividade de radiopatrulhamento aéreo são os instrumentos legais que atualmente justificam o uso de aeronaves pela segurança pública.

Outra questão relevante para a Aviação de Segurança Pública são as ações realizadas nas atividades de Defesa Civil, participando das ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, destinadas a minimizar os impactos de desastres, auxiliando no restabelecimento da normalidade social.

Nessa visão federalista, a Aviação de Segurança Pública estabeleceu novos paradigmas. As Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, como regra geral, atuam conforme suas atribuições territoriais. Por sua vez, a Aviação de Segurança Pública, em certos casos, impõe ações extraterritorias. Essas atividades são melhores observadas quando uma polícia estadual atua com sua aeronave e tripulação em outro Estado da Federação, em uma ação humanitária ou em uma ação integrada de policiamento para redução de índices criminais.

Diante dessa nova realidade da Aviação de Segurança Pública, face às demandas sociais existentes nos diversos Estados, a cooperação passou a ser um dos atributos dessa atividade. A aviação, de forma geral, caracterizou-se pela “não obediência” aos limites territoriais e uso do espaço aéreo, visto que, desde seu início, gerou questionamentos sobre a soberania das nações e direito de propriedade, formatando novos conceitos.

Sob um novo enfoque, especificamente sobre a atuação territorial das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, por serem órgãos instituídos no contexto estadual, as legislações infraconstitucionais conferem a esses órgãos, como regra geral, atuação na circunscrição de seus Estados.

Em contrapartida, a integração dos serviços policiais das Unidades Federativas com o objetivo da preservação da ordem pública é uma necessidade nacional.

Sobre isso, a Força Nacional de Segurança Pública foi criada para atender as necessidades emergenciais dos Estados, com base no princípio da solidariedade federativa. Da mesma maneira, a Lei Nº 11.473, de 10 de maio de 2007, dispõe sobre a cooperação federativa no âmbito da segurança pública.

Essa cooperação ocorre em caráter consensual, compreendendo operações conjuntas, transferências de recursos e desenvolvimento de atividades de capacitação e qualificação de profissionais. Ela ocorre no âmbito do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública, cujo desenvolvimento acontece sob a coordenação conjunta da União e do Ente convenente.

Diante disso, apesar do princípio da autonomia dos entes federados apresentar-se como sustentáculo da organização político-administrativa do Estado Brasileiro, as relações entre as esferas de governo não devem ocorrer de forma isolada, devem agir de maneira conjunta e de forma solidária, tanto pelas cooperações horizontais entre os entes federados, como pelas cooperações verticais estabelecidas entre o poder federal e os poderes federados.

Contudo, para que ocorra uma cooperação efetiva, há necessidade do fortalecimento da participação de cada um dos membros na ação governamental, de forma que todos sejam capazes de assumir responsabilidades, a fim de desempenhar eficientemente as ações que competem a cada um.

Para tanto, o federalismo solidário requer uma forma de coordenação resultante da realização de acordos intergovernamentais, a fim de possibilitar a aplicação de programas e financiamentos conjuntos, pois as políticas tendem a serem conduzidas por meio da atuação de mais de um nível de governo, de forma interdependente e coordenada. Este mecanismo de negociação baseia-se em uma decisão voluntária de todos os entes da Federação.

Na elaboração ou na implantação de políticas voltadas à segurança pública, segundo os preceitos constitucionais da cooperação e da solidariedade federativa, a participação dos estados é fundamental para que as relações entre os entes se firmem de maneira democrática.

No campo organizacional, a Constituição Federal de 1988, possibilitou a aplicação do princípio da solidariedade, quando permitiu a criação de consórcios públicos e convênios de cooperação entre os entes federados para a implementação das mais diversas políticas públicas. Assim, através da Lei No 11.107, de 6 de abril de 2005, regulamentada pelo Decreto No 6.017 de 17 de janeiro de 2007, é possível o desenvolvimento de consórcio público para as atividades de segurança pública, onde está inserida a Aviação de Segurança Pública.

Esse novo modelo de gestão compatibiliza o respeito à autonomia dos entes federados, fomentando uma maior interdependência e articulação entre eles. Em razão das grandes desigualdades regionais e as assimetrias existentes entre as administrações públicas da Federação, esse novo modelo possibilita a realização de objetivos de interesse comum, como, por exemplo, a gestão associada de serviços públicos.

Assim, programas relacionados à segurança pública são plenamente realizáveis na medida em que sejam concretizados com argumentos constitucionais solidaristas. O bem comum passa a ser então um fator importante para a integração dos órgãos de segurança pública e exigirá dos Estados uma atuação sistêmica na formatação desse modelo de gestão. Muito embora existam limitações jurídicas quanto ao emprego das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares fora de seus estados, elas não são peremptórias. Assim, nos casos de atuação cooperativa, mediante ação consensual entre os governos, o emprego extraterritorial é juridicamente possível e plenamente realizável.

Como resultado prático da atuação solidária e cooperativa do Estado, através de seus órgãos de segurança pública, seus vetores aéreos apresentaram e apresentam excelentes resultados na preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Modelos de operações conjuntas da Aviação de Segurança Pública sob o enfoque do federalismo solidário

Nesse contexto de atuação conjunta entre Estados da Federação, sob o ponto de vista do federalismo solidário, a Aviação de Segurança Pública tem sido usada em ações de defesa civil, como ocorrido em Santa Catarina (2008 e 2011) e no Rio de Janeiro (2011), e, recentemente, em ações de polícia ostensiva para redução de índices criminais em Alagoas (2012), reforçando a necessidade de integração, cooperação e padronização entre as OASP.

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A operação de defesa civil, com uso de aeronaves da Segurança Pública e das Forças Armadas, desencadeada no Vale e Alto Vale do Itajaí, no Estado de Santa Catarina, em novembro de 2008, denominada “Operação S.O.S Santa Catarina”, talvez tenha sido o marco operacional na atividade integrada da Aviação de Segurança Pública no Brasil.

Nessa operação, foram empregados 09 (nove) helicópteros e 04 (quatro) aviões das Forças Armadas e 17 (dezessete) aeronaves da segurança pública do Brasil.

Ao final, as aeronaves da Coordenadoria de Operações Aéreas, coordenada pelo Batalhão de Aviação da Polícia Militar de Santa Catarina, totalizaram 1.250 pessoas resgatadas, 11 vítimas fatais localizadas e transportadas, num total de 610,8 horas voadas em 733 missões, além, é claro, das toneladas de mantimentos, roupas e remédios transportados.

Em janeiro de 2011 foi a vez do Estado Rio de Janeiro decretar estado de calamidade pública nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Areal, região serrana do estado.

Assim, além da mobilização de forças terrestres no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e das Forças Armadas, diversas OASP também foram mobilizadas para o auxílio à região serrana do Rio de Janeiro. Esse apoio envolveu a aviação da Polícia Militar de São Paulo, das Secretarias de Segurança Pública dos Estados do Maranhão e do Paraná, além das Polícias Federal e Rodoviária Federal, do Departamento da Força Nacional de Segurança Pública (DFNSP) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA).

Novamente, no início do mês de setembro de 2011, enchentes atingiram municípios catarinenses, principalmente as regiões do Alto Vale e Vale do Itajaí a região de Itajaí, no Estado de Santa Catarina. Mais uma vez, para o apoio, foram mobilizadas pela SENASP, através do princípio de cooperação federativa, aeronaves da Aviação de Segurança Pública.

As operações com aeronaves das Forças Armadas e da Segurança Pública nos Estados de Santa Catarina (2008 e 2011) e no Estado do Rio de Janeiro (2011) apresentaram características semelhantes no que diz respeito à divisão das bases de apoio aéreo, ou seja, como regra geral, dependendo do órgão responsável pela operação das aeronaves, montou-se uma base específica.

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Interessante que, muito embora as aeronaves das Forças Armadas e da Segurança Pública estivessem sob a coordenação geral da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros Militar do respectivo Estado, a interação e a integração entre elas foi mínima, limitando-se apenas à comunicação entre as aeronaves durante o voo.

Esse modelo apartado das operações aéreas das Forças Armadas e da Segurança Pública, certamente, não é produtivo, nem eficiente. Nesse sentido, aspectos como distribuição de missões, delimitação de áreas de atuação e segurança operacional (segurança de voo), poderiam ensejar resultados mais eficientes, se fossem feitos de forma conjunta e coordenada.

A integração dos órgãos de aviação pública, dependendo da área atingida pela catástrofe, pode não ser possível, sendo necessária a divisão dos apoios em bases, entretanto, a comunicação e a integração devem existir no campo operacional, a fim de evitar o retrabalho como, por exemplo, a designação de duas aeronaves para o atendimento de uma mesma demanda.

No aspecto da segurança operacional essa integração deve ser fomentada, sob pena de ter que administrar uma nova tragédia em meio a uma situação de calamidade pública, como aconteceu em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro com o acidente do helicóptero do Exército Brasileiro.

Nesse contexto, muito embora a catástrofe natural possua caráter imprevisível, sabe-se também que as chuvas são sazonais e percebe-se que num lapso temporal de quatro anos foi necessário o apoio integrado das aeronaves da segurança pública nos Estados de Santa Catarina e do Rio de Janeiro.

Em outra realidade de atuação cooperativa, em 2012, ocorreu grande mobilização de aeronaves dos Estados da Federação, a fim de auxiliarem o Estado de Alagoas, especificamente os municípios de Maceió e Arapiraca, na redução dos homicídios dolosos nessas regiões, tendo em vista o lançamento do programa piloto denominado “Brasil Mais Seguro”.

Face os alarmantes índices de homídios dolosos por cem mil habitantes no Estado de Alagoas, o programa “Brasil Mais Seguro”, foi lançado através de parceria do Governo Federal, atuando na melhoria da investigação das mortes violentas; o fortalecimento do policiamento ostensivo e de proximidade (comunitário); e o controle de armas.

Diante da implantação do programa “Brasil Mais Seguro” e de todos seus atos decorrentes, o Ministério da Justiça, através da SENASP, solicitou aos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Paraná, Pará, Rio Grande do Norte, Bahia, Tocantins, Santa Catarina, Distrito Federal, além da Polícia Rodoviária Federal, apoio aeropolicial inédito para o combate à criminalidade em Alagoas.

Durante as operações aéreas do programa “Brasil Mais Seguro” foram empregadas 16 aeronaves. Nessa operação participaram 13 estados da Federação, o Distrito Federal, bem como a Polícia Rodoviária Federal.

As operações tiveram início em 26 de junho de 2012 e encerraram suas atividades em 11 de dezembro de 2012. No período de seis meses de mobilização das aeronaves, foram desenvolvidas 367 missões, em 488,1 horas de voo.

Seis meses após a implantação do programa “Brasil Mais Seguro”, o Estado de Alagoas registrou relevante redução no índice de crimes violentos com morte, alcançando a marca de 13,79%. Na capital Maceió, a taxa de redução de homicídio doloso foi ainda maior, 21,34% e em Arapiraca, 27,09%. Certamente, um resultado relevante e que reflete a importância da atuação integrada nas ações de polícia, porém ainda não satisfatória, pois os índices ainda continuam altos.

Com isso, pode-se concluir que não só o apoio das aeronaves da Aviação de Segurança Pública, mas também o apoio de forças terrestres no Estado de Alagoas ajudaram sobremaneira na redução desses índices criminais, promovendo a melhora na segurança dos cidadãos alagoanos e, consequentemente, fomentando a cooperação federativa em prol de um Brasil mais justo e solidário.

Esse é um novo modelo que surge no contexto nacional, pois, além das atuações conjuntas em missões humanitárias, coordenadas pela defesa civil, tem-se agora um modelo de atuação conjunta em ações de polícia, o que, evidentemente, auxiliará na redução dos índices criminais, melhorando a qualidade de vida de todos os cidadãos brasileiros.

Plano de Mobilização Nacional de Aeronaves e Tripulações de Segurança Pública

Como dito, concomitantemente ao lançamento do programa “Brasil Mais Seguro”, houve, como marco regulatório para a Aviação de Segurança Pública, a assinatura, pelo Ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, da portaria que dispõe sobre a implantação do Plano de Mobilização Nacional de Aeronaves e Tripulações de Segurança Pública para o auxílio na ocorrência de catástrofes ou desastres coletivos e prevenção ao delito e à violência.

Certamente, esse plano é de vital importância para o emprego da Aviação de Segurança Pública do Brasil e tem como principal objetivo, legitimar e facilitar o emprego de suas aeronaves e respectivas tripulações no apoio às Unidades da Federação que necessitarem desse apoio especializado.

As enchentes que ocorreram no Estado de Santa Catarina, em 2008 e 2011, e as fortes chuvas que assolaram a região serrana do Estado do Rio de Janeiro, no início de 2011, serviram de exemplo de mobilização de aeronaves e de tripulações de segurança pública para atuação conjunta em apoio às catástrofes. Entretanto, foi a operação policial desencadeada em Alagoas que fortaleceu a ideia de cooperação federativa, resultando na publicação da referida portaria.

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Assim, como exemplo da importância da mobilização de aeronaves, no dia 31 de outubro de 2012, durante a operação “Brasil Mais Seguro” no Estado de Alagoas, a aeronave “Pégasus 14” da Polícia Militar de Minas Gerais foi responsável pela prisão de cinco infratores da lei que realizaram roubo em estabelecimento comercial, entraram em confronto com policiais na cidade de Santa Luzia do Norte, roubaram uma embarcação e foram interceptados pelo helicóptero na Lagoa Mundaú. Essa aeronave, dentro do critério de rodízio, foi o 16º helicóptero mobilizado para a operação.

Com a publicação da Portaria No 1.302, de 29 de junho de 2012, as ações integradas em diferentes Estados da Federação, tanto para o apoio humanitário como para o apoio policial, serão realizadas com uma maior segurança jurídica, além de facilitar e dar melhor embasamento às futuras solicitações. Em contrapartida, conforme define a portaria, a adesão ao plano deverá ser consolidada através de termo de adesão entre o Ministério da Justiça e os Estados, bem como o Distrito Federal.

A portaria, dentre outras coisas, apresentou divisão de despesas, ficando assim definida: para a União as despesas com diárias, para o ente solicitante as despesas com combustível durante a operação e para o ente solicitado as despesas com o combustível dos traslados.

Importante salientar que a referida portaria, ao falar sobre as despesas, apenas citou os custos com pessoal (pagamento de diárias) e com combustível, entretanto, não aborda questões como o custo da hora de manutenção das aeronaves e o custo com seguro aeronáutico, o que, encarecem a operação.

Sobre a cobertura securitária das aeronaves, tripulações e terceiros na superfície, muito embora as aeronaves da Aviação de Segurança Pública tenham cobertura, conforme apólice de seguro, em todo território nacional, em caso de algum sinistro ocorrido em outro estado, em decorrência dessa mobilização, a portaria não estabelece de quem será o encargo do pagamento, conforme o caso, da franquia exigida.

Certamente, esse será um tema a ser debatido futuramente, pois na cooperação federativa é importante que haja equilíbrio nas despesas e custos, pois se a mobilização é feita pela União, a fim de auxiliar determinado estado, não é plausível que os maiores encargos fiquem para os estados solicitados. Nesse panorama, a União deveria assumir os encargos mais substancias, não só o pagamento de diárias para as tripulações.

Vê-se então a importância da portaria e de algumas questões que ainda necessitam de análise mais aprofundada, para que no futuro a pretendida mobilização não venha a se inviabilizar devido aos altos custos da aviação.

Modelos de Cooperações Técnicas entre Estados da Federação

Visando o incremento de ações operacionais aéreas recíprocas, bem como a formação de pilotos de aeronaves, a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul e a Polícia Militar do Estado de Santa Catarina, assinaram em 13 de agosto de 2012, o Termo de Cooperação Técnica No 13/2012, com vigência de 60 meses (2012 a 2017).

O instrumento é a formalização de uma parceria que já é uma realidade desde 2008, quando as duas instituições atuaram em conjunto no socorro e atendimento às vítimas das calamidades registradas no Estado de Santa Catarina, ou mesmo pela troca de experiências mútuas ao longo do tempo.

Com esse termo de cooperação serão incrementadas ações operacionais aéreas conjuntas para a prevenção e combate a criminalidade, bem como para a formação e o aperfeiçoamento aeronáutico de oficiais pilotos integrantes dos dois estados.

Evidente que esse modelo adotado entre os dois estados facilita sobremaneira o desenvolvimento de suas operações, tanto no que diz respeito à formação e treinamento de pilotos de avião e de helicópteros, como também na cooperação federativa em ações de polícia ostensiva.

Seguindo esse mesmo formato, a Secretária de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (SEGUP) e a Secretária de Justiça e Segurança Pública do Amapá (SEJUSP), por intermédio do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (GRAESP), também firmaram um Termo de Cooperação Técnica, em 02 de janeiro de 2013.

O presente termo tem como objeto a disponibilização, pelo GRAESP, de curso de capacitação (Estágio Administrativo Operacional) aos servidores do Estado do Amapá, por um período de 06 (seis) meses.

Essa cooperação entre os estados ainda prevê a possibilidade de transferência de recursos financeiros, vinculada à realização de convênio específico, discriminando as contrapartidas de cada ente cooperado.

Apesar desse termo prever a capacitação de tripulação, avança ao conferir obrigações gerais aos entes cooperados, como a possibilidade de parceria entre o SEGUP e SEJUSP para realização de operações conjuntas, envolvendo aeronaves e tripulações e integração dos órgãos nas operações de aeronaves.

O GRAESP do Estado do Pará possui, atualmente, quatro helicópteros, modelo AS350B2, um helicóptero, modelo EC130B4 e dois aviões, modelo AMT200 SO (Superximango), o que possibilitará realizar a pretendida capacitação dos pilotos do Amapá, tendo em vista que o mesmo possui unidade aérea integrada, denominado Grupo Tático Aéreo (GTA), porém não possui, atualmente, aeronaves alocadas para a atividade.

Dessa forma, o referido termo, manterá a proficiência dos pilotos do Amapá, até que seja adquirida aeronave para o estado, além de possibilitar maior integração entre os entes federados.

Assim, esses termos demonstram que é possível integrar-se sem a necessidade da intermediação ou participação da União, ficando claro que a cooperação direta entre os estados, dentro do princípio solidarista, é plenamente possível e trás muitos benefícios, pois as relações acordadas são comuns e isonômicas.

Para refletir

integracaoMuito já se fez para progredir, mas falta outro tanto a ser feito, e em diversos setores, notadamente o legal onde ainda pende a regulamentação do uso de aeronaves pelo Poder Público, conforme determina o CBA.

Uma vez entendida como política de Estado, a Segurança Pública, e sua aviação, mais que conveniente a busca, cada vez maior, de uma atuação integrada, favorecendo a cooperação federativa. Isso, evidentemente, vai ter reflexos na troca de experiências e procedimentos entre as tripulações, o que vem a ser extremamente salutar.

A aviação, mesmo integrando os órgãos de segurança pública do Brasil, possui características próprias e importantes para sua correta viabilização. Os seus meios não podem estar sujeitos aos mesmos requisitos e exigências das viaturas terrestres, o que causa sério desequilíbrio.

Nesse sentido, na Aviação de Segurança Pública, por ser uma atividade de alto custo e demandar investimentos para o seu desenvolvimento, torna-se ainda mais notória a necessidade de integração das OASP, de forma destacada, para a formação e o treinamento de tripulações. Barreiras jurídicas existem, mas a eficiência pela integração cooperativa gerará mais produtividade e um menor custo.

Pode-se verificar também que, muito mais do que se constituir em um excelente mecanismo de racionalização de recursos financeiros e humanos, o consórcio público apresenta-se como um eficaz instrumento para a efetivação do federalismo solidário e cooperativo adotado pela Constituição Federal. Seus efeitos viabilizam a execução de políticas públicas, com a gestão associada de serviços públicos, coadunando, dessa maneira, com os princípios da economicidade e da eficiência, orientadoras da Administração Pública.

Sobre a questão de atuação extraterritorial, observou-se que, apesar de existir limitações territoriais impostas à atuação das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, as normas vigentes possuem amparo legal. Esse alinhamento não podia ser diferente, face à imposição constitucional, relativa ao princípio da solidariedade federativa e da cooperação, que ampara a atuação de policiais e de bombeiros militares em outros estados.

Como já escrito nessas páginas em oportunidade anterior, a Aviação de Segurança Pública e de Defesa Civil no Brasil deixou de ser uma novidade ou um privilégio e passou a ser uma realidade, cruzando os céus, salvando vidas e protegendo o cidadão. Nesse momento, é preciso discutir esse novo formato de atuação conjunta e, assim, estar preparada para os grandes eventos que acontecerão em breve no Brasil.

Os autores, Major PM Eduardo Alexandre Beni e Capitão PM Alex Mena Barreto são pilotos da PMESP e editores do portal Piloto Policial.


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Relatório final de acidente aeronáutico com helicóptero aeromédico da Irlanda

Em 19/06/2012, um helicóptero EC135P2+ do Air Corps irlandês, estava designado para uma missão de remoção aeromédica de um paciente entre dois hospitais, quando em aproximação para  o pouso em um campo gramado para embarcar o paciente veio a colidir o rotor principal com cabos da rede elétrica.

Acidente com helicóptero EC135P2+ do Air Corps irlandês em missão de remoção aeromédica.

Após o impacto com os cabos, a aeronave prosseguiu para pouso, efetuando um pouso brusco no próprio gramado. Nenhum dos tripulantes da aeronave se feriram, mas a aeronave ficou seriamente danificada.

A investigação foi efetuada pelo Air Accident Investigation Unit Ireland (AAIU Ireland), que publicou o relatório final do mesmo em 04/04/2013.

A primeira observação interessante acerca da investigação é o tempo transcorrido entre o acidente e a publicação do relatório final: menos de um ano.

Seria uma estrondosa eficiência da AAIU irlandesa frente aos seus pares no Brasil e no mundo ?

Você se enganou, não é !

Analisando o relatório de investigação, rapidamente conclui-se o porquê de tanta eficiência e rapidez: disponibilidade de dados ! 

O que normalmente no Brasil configura como as principais fontes de informação para se entender a cinemática do acidente se constitui na observação do local do acidente, testemunhos e depoimentos, é substituído por informações precisas de equipamentos de última geração como sistema de monitoramento de posição da aeronave, gravador de dados de voo (Flight Data Recorder – FDR) e gravador de voz da cabine (Cockpit Voice Recorder – CVR).

Dados do sistema de monitoramento de posição da aeronave

Tais equipamentos apesar de já disponíveis no mercado, ainda são oferecidos como opcionais pelos fabricantes, dispensáveis pelos reguladores e vistos como despesa para os operadores.

Recentemente, o FAA publicou uma proposta de estudo para alteração de regras para operadores aeromédicos que caminha para a exigência mandatória exatamente dos equipamentos acima descritos.

Gráfico do gravador de dados de voo (Flight Data Recorder – FDR)

Interessante observar que mesmo que esses equipamentos demonstrem ser uma importante fonte de informação em caso de um acidente aeronáutico, com certeza sua maior importância se dará para subsidiar um banco de dados para a análise preventiva dos padrões de voo das tripulações, de modo a permitir a implementação de um programa de segurança proativa de garantia de qualidade operacional de voo (FOQA – Flight Operational Quality Assurance) similar aos utilizados atualmente pela empresas aéreas comerciais.


Acesse aqui o Relatório Final da investigação (em inglês)


Autor: Alex Mena Barreto / Fotos: Relatório de investigação da AAIU

Você está pronto para voar em um ambiente de risco?

Em Maio/2010, um helicóptero da polícia de Porto Rico em uma ocorrência de acompanhamento a um veículo foi atingida por disparos vindos do solo. O copiloto veio a falecer e outro tripulante ficou seriamente ferido.

Em Maio/2008, um helicóptero do Los Angeles County Sheriff’s Department foi atingido por dois disparos em uma missão de apoio a buscas a um assaltante. Ninguém se feriu.

Durante o Ano Novo de 1995, o helicóptero da polícia de Riverside foi chamado para atender uma ocorrência de disparos de arma de fogo , e ao chegar ao local identificou uma “festa” onde os indivíduos estavam efetuando disparos a esmo. A aeronave foi atingida pelos disparos, ferindo o copiloto e provocando vazamento de combustível.

Em Janeiro/2005, o helicóptero do Departamento de Polícia de Virgínia estava apoiando uma ocorrência de troca de tiros quando foi atingida quatro vezes tendo de realizar um pouso de emergência devido a vazamento de combustível.

Em outro caso, após apoiar um acompanhamento de um veículo, onde aparentemente o indivíduo estava se entregando, o helicóptero do San Bernardino County Sheriff’s Department foi alvejado pelo indivíduo. O piloto ficou gravemente ferido, a aeronave pousou com a assistência do TFO (Tactical Flight Officer, que não era piloto) e assim que em solo, o piloto veio a ficar inconsciente.

Em Outubro de 2009, a aeronave do GAM para Polícia Militar do Rio de Janeiro em apoio a uma incursão ao Morro do Macaco foi alvejada por vários disparos e começou a pegar fogo em voo. O piloto mesmo ferido tentou efetuar um pouso de emergência, mas a aeronave foi tomada pelas chamas. Dois tripulantes faleceram e outros dois ficaram seriamente feridos por queimaduras e/ou ferimentos de arma de fogo.

E você, está pronto para voar em um ambiente desses ?

ALTITUDE

Como a maioria das operações aéreas de apoio são efetuadas basicamente com o utilização da acuidade visual da tripulação, muito dificilmente a altitude da aeronave estará acima de 1000 pés AGL, mas em alguma necessidade específica (observar algum detalhe ou veículo) essa altitude pode se resumir a menos de 100 pés AGL.

O cálculo de alcance de uma arma de fogo depende de diversas variáveis, que incluem desde o tipo de munição usada, comprimento do cano, tipo de pólvora, peso do projétil e condições atmosféricas, entre outras.

Em uma pesquisa publicada no jornal da Association of Firearms Examiners and Toolmarks Examiners (AFTE) de autoria de Lucien C. Haag, em 1990, bem como o estudo publicado pelo Ballistics Section of South Africa Police de autoria do Capitão D. D. van Niekerk,em 1995, chegou-se aos seguintes dados de alcance de altitude:

Figura 1: Balística Vertical (pesquisa de publicada no jornal da Association os Firearms Examiners and Toolmarks Examiners (AFTE) em 1990, bem como o estudo publicado pelo Ballistics Section of South Africa Police,em 1995)

Diante de tais dados, verifica-se quão vulnerável uma aeronave policial permanece quando em apoio a uma ocorrência policial de ser atingida por disparos de arma de fogo.

ALCANCE

Segundo as pesquisas, o alcance máximo de uma arma de fogo se dá quando disparada em um angulo de 36 graus com o solo.

Apenas como referência, um projétil de 9mm tem um alcance aproximado de 1600 metros, e algumas munições de fuzis chegam a ter uma alcance acima do dobro dessa marca.

Na pesquisa (2), um projétil de fuzil AK-47 disparado em sua angulação ótima (36,26 graus) ao realizar sua trajetória balística atingiu uma altitude de 1.897 pés e atingiu o solo a mais de 1800 metros  de distância.

VELOCIDADE

A critério velocidade de uma aeronave deve sempre ser analisado pelos pilotos tendo em vistas a performance do equipamento através do diagrama de altura versus velocidade (“curva do homem morto”), bem como outros procedimentos de emergência, como falha do motor ou perda de um dos motores, perda do rotor de cauda, perda de hidráulico, entre outras características específicas de sua aeronave.

RAIO DE ÓRBITA

A utilização da trajetória circular em torno de um ponto específico é uma técnica de pilotagem muito utilizada na aviação policial em si, mas para ser efetiva  também se recomenda que a tripulação tenha em mente em diminuir seu tempo e tamanho de exposição ao perigo em solo.

A teoria é simples, uma aeronave a 1.000 pés de distância de uma ameaça é um alvo maior do que outra que esteja percorrendo um raio de 2.000 pés.

A distância ainda tem a influência da altura da aeronave. Por exemplo, a aeronave voando em uma altura de 600 pés AGL em uma trajetória de 1.000 pés de raio de um ponto, estará a uma distância de 1.166 pés do ponto.

Mantendo um raio maior de distância, a aeronave fica com a vantagem de ser uma alvo difícil de ser adquirido por um atirador com uma arma portátil. Só para ter um exemplo, um erro de visada de meio grau para um disparo em uma trajetória balística ascendente de 1.000 metros de altura causa um desvio de cerca de 50 metros do projétil.

COBERTURA e ABRIGO

Cobertura é a técnica de utilizar algum obstáculo que bloqueie os projéteis, enquanto que abrigo é a técnica de utilizar algum obstáculo que apenas esconda o alvo, mas não provê proteção.

A técnica de utilização de abrigo pode proporcional uma significativa vantagem psicológica em um ambiente hostil.  As tripulações devem sempre analisar o local de atuação buscando locais e trajetórias que provejam cobertura e abrigo caso necessário.

Um bom exemplo disso foi relatado pela tripulação da aeronave da LAPD que atuou no famoso roubo a banco de North Hollywood. Quando o suspeito voltava sua atenção e sua arma para a aeronave, o piloto aumentava a velocidade da aeronave, localizava sua posição e direção e então buscava abrigo atrás do prédio do banco e imediatamente reduzia a velocidade da aeronave.

Assim, o suspeito perdia a aeronave de vista e retornava sua atenção para as ruas, liberando a aeronave para efetuar uma novo órbita.

As tripulações devem sempre estar atentas e sempre analisar as características do local do apoio para em caso de necessidade utilizar tal técnica para proteção da tripulação.

PROTEÇÃO BALÍSTICA

Assim como a utilização de coletes de proteção balística por um policial, a proteção balística de uma aeronave policial deve ser considerada apenas como último recurso em um planejamento de operação.

Apenas no caso fortuito de todas as outras técnicas falharem, e os suspeitos consigam mirar e atingir a aeronave é que a proteção balística pode oferecer algum benefício. O grande problema desse benefício é o seu peso.

Os níveis de proteção balísticos a ser instalados em uma aeronave devem ser criteriosamente analisados pois nem  todos provem a proteção solicitada. Algumas proteções balísticas requerem a utilização de placas de cerâmica para uma eficiente proteção e mesmo assim um impacto direto ainda pode causar um trauma considerável devido a alta energia dos projéteis.

Assentos ou proteção de piso oferecem uma proteção balística de ameaças vindo de um ângulo limitado.  Já proteção balística para componentes críticos da aeronave, como motor, tanques de combustível, bombas e atuadores hidráulicas, componentes de transmissão, rotor de cauda, entre outros, são muito difíceis de serem instalados e serem efetivos, além de que outros componentes vitais de um helicóptero são impossíveis de serem protegidos, como as pás do rotor de cauda e do rotor principal.

Aeronaves de categoria leve são particularmente mais vulneráveis à projéteis. Mesmo que a proteção balística ofereça poucas vantagens, deve ser analisada sua utilização quando em operação em locais notadamente conhecidos como de alto risco. Em casos assim, melhor uma pequena vantagem de proteção do que nenhuma.

REGRA DOS 3  “S”

Para finalizar, uma consideração tática que deve ser sempre considerada por uma tripulação em uma missão policial com risco significativo ou desconhecido é a chamada “Regra dos 3 S”.

Mesmo sendo simples e fácil de ser lembrada, essa regra é uma ótima forma de minimizar o risco de sua aeronave seja atingida em uma missão. O que vem a ser a regra dos 3 S ?

Quanto em um ambiente de risco significativo ou desconhecido, estando abaixo de 3.000 AGL e a 3 milhas do suposto local da ameaça considere alterar seu rumo, altitude ou velocidade a cada 3 segundos.

Voando sempre em um perfil de voo sem padrão, a tripulação consegue fazer com que mirar em sua aeronave seja mais difícil, bem como predizer a sua trajetória de voo, tornando-se assim um alvo mais difícil de ser atingido.


Fonte: Air Beat Magazine, edição de Março/2012.

Artigo de Daniel L. Johnson, policial da LAPD aposentado. (tradução e adaptação Piloto Policial a partir do original em inglês)


Simulador de voo: Viabilizando o fundamental

ALEX MENA BARRETO

Alta tecnologia auxilia a equacionar os elevados custos de formação e manutenção do preparo de tripulações de helicópteros

Com o desenvolvimento e a confiabilidade da engenharia aeronáutica, notadamente nas últimas décadas, bem como a crescente complexidade dos sistemas, a questão dos fatores contribuintes em acidentes aeronáuticos voltou-se novamente para o ser humano, principalmente no quesito julgamento.

Analisando os dados do relatório produzido pela US JHSAT (Joint Helicopter Safety Analysis Team), onde, após a análise de 523 acidentes envolvendo essas aeronaves, pode-se observar que 84% dessas ocorrências envolve a questão de deficiente julgamento por parte da tripulação. No Brasil, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), mais de 50% dos acidentes na aviação civil tem como fator contribuinte o julgamento equivocado da tripulação. (FCA 58-1 Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira-2012).

Naturalmente, uma das principais ações recomendadas para mitigar esse risco envolve a revisão e o aperfeiçoamento do treinamento das tripulações. Contudo, um novo problema surge quando se analisa a situação sob a ótica do crescente custo e sofisticação das aeronaves, bem como o risco envolvido na instrução e treinamento prático. Apenas para se ter uma ideia, o mesmo relatório da US JHSAT aponta para a atividade de instrução e treinamento como a responsável por 22,8% dos acidentes.

Dados apresentados pela ALEA (Airborne Law Enforcement Association), durante recente seminário em San Diego, Califórnia, envolvendo a aviação policial norte-americana no período de 2008 à 2012, dão conta que dos 45 acidentes ocorridos no período, 14 foram em atividades de treinamento. Apesar de tais acidentes não envolverem vítimas fatais, este cenário torna o retorno sobre o investimento em treinamento nos moldes atuais completamente inviável. Com esse panorama, surgiu o impasse entre a necessidade de mais treinamento, frente ao custo e ao alto risco associado ao mesmo.

Demonstração do cenário de treinamento de “tiro embarcado”, com a utilização de um simulacro de AR-15 equipado com um sistema laser. Foto: American Eurocopter

Ciente disso, o mercado vislumbrou uma oportunidade para desenvolver novas soluções que atendessem essa necessidade dos operadores de helicópteros, em especial aos que utilizam-no em situações extremas.

Apesar de já serem há muito empregados para preparar pilotos em procedimentos de emergência, o uso de simuladores focados no treinamento de pilotos e tripulantes em complexos cenários multimissão ainda é uma novidade para operadores no Brasil.

Em recente visita aos Estados Unidos, tive a oportunidade de conhecer o simulador multimissão da subsidiária norte-americana de um dos grandes players mundiais da aviação de asas rotativas, a American Eurocopter, cujo Centro de Treinamento fica na cidade de Grand Praire, no Texas. Lá, a recepção ficou por conta da muito simpática e atenciosa senhora Tamara Tiger, sua diretora, e que, preliminarmente, passou as orientações acerca da visita às instalações da fábrica, ao próprio centro, sala de “debriefing” do simulador e, por último, do equipamento em si.

O Centro de Treinamento oferece uma enorme gama de cursos, aqui chamado de “top-down”, que inclui treinamento inicial teórico e prático para pilotos e mecânicos, além de treinamento de proficiência técnica anual, e outros tipos de cursos voltados na melhoria da segurança operacional como, por exemplo, Recuperação de Voo em Condições de Instrumento Inadvertidas (IIMC Recovery) e Treinamento NVG com Emergências Noturnas em Ambiente Urbano. A existência dessa nova e diferenciada gama de cursos só é possível com a utilização maciça de recursos tecnológicos, no caso, os simuladores de voo.

O Centro de Treinamento conta com dois simuladores; um, para a linha EC135/EC145; e, o outro, para a linha AS350. O primeiro é utilizado unicamente para o treinamento de pilotos e o segundo tem o diferencial de ser equipado com a cabine completa do AS350, podendo efetuar treinamento da tripulação completa, incluindo piloto, copiloto/TFO e tripulantes.

O simulador do AS350 tem aproximadamente dois anos e, atualmente, é o que de mais avançado existe. Toda a equipagem, tanto hardware quanto software, foi fornecida pela INDRA. A American Eurocopter vem aperfeiçoando o software para incluir novos conceitos de simulação e cenários de acordo com a necessidade do mercado aeromédico, policial, etc. É certificado pela Federal Aviation Agency (FAA) como “Full Flight Simulator Nível B”, podendo ser utilizado e reconhecido para programas de treinamento requeridos pelas FAR CFR Part 141 e 142.

O equipamento de hardware do simulador é “full motion”, com a novidade de ter os braços de sustentação operados eletricamente, o que proporciona baixos níveis de manutenção e índice de falhas, comparado ao tradicional sistema hidráulico.

O simulador conta com um campo de visão de 240º por 80º e uma plataforma completamente móvel. O sistema/software gráfico é de uma resolução e detalhismo impressionante e em alguns determinados cenários existe um retrabalho para criação de um ambiente 3D perfeito para simulação de pousos em áreas restritas onde, convenientemente, existem postes, muretas, árvores e tudo mais para “ajudar” o piloto.

A cabine é totalmente compatível com NVG e os controles de voo reagem com uma realidade impressionante para simulação de panes e procedimentos, como falha do sistema hidráulico e pousos corridos. Tem no cockpit toda a equipagem e aviônicos existentes em uma aeronave policial, como “moving map”, farol de busca, FLIR, rádios policiais, etc. Tudo isso responde de modo perfeito à simulação de um específico cenário, que pode ser configurável e alterado pelo instrutor.

A American Eurocopter está em fase de aperfeiçoamento do cenário de tiro embarcado, onde a aeronave efetua o apoio aéreo em uma ocorrência de um “sniper terrorista” no topo de um prédio estrategicamente localizado em uma região cheia de obstáculos. Com a utilização de um simulacro de AR-15 devidamente equipado com um sistema laser o tripulante pode efetuar “tiros embarcados”. Logicamente, não visa o aperfeiçoamento do tiro em si, mas a possibilidade de um treino beirando a realidade, envolvendo coordenação de cabine, condições meteorológicas variáveis, fraseologia e obstáculos. É simplesmente incrível.

Simulador equipado com a cabine completa do AS350, podendo efetuar o treinamento conjunto de toda tripulação, incluindo piloto, copiloto/TFO e tripulantes. Foto: Alex Mena Barreto

Ainda existem cenários de acidentes automobilísticos, com diversas opções próximas de áreas restritas para o pouso, especificamente detalhados e modelados em 3D com uma resolução fantástica. Além desses locais, todos os helipontos homologados, elevados ou não, são modelados e passíveis de pouso no simulador. Dessa forma, consegue-se efetuar um treinamento completo de missões aeromédicas, desde o acionamento, deslocamento para ocorrência, pouso e decolagem em área restrita, deslocamento para hospital, pouso em heliponto elevado e retorno para a base.

O simulador não conta, ainda, com a equipagem de guincho, mas é possível efetuar tal treinamento, e outros que envolvam carga externa, através de alterações pré-programadas no perfil do CG, que irá responder simulando para o piloto o comportamento da aeronave durante o içamento de uma vítima, captação de água com o bambi bucket, ou qualquer outra missão que envolva carga externa.

Junto aos cenários voltados para as atividades aeromédica e policial, existem dois outros que são extremamente importantes em termos de segurança operacional: recuperação de entrada inadvertida de condições meteorológicas por instrumentos e “brownout”.

A cabine é compatível com sistema NVG. Foto: Alex Mena Barreto

As condições meteorológicas são completamente configuráveis durante o processo e o instrutor pode “guardar” o piloto a qualquer momento do voo, podendo assim efetuar um treinamento bem realístico de como recuperar a atitude da aeronave e sair das condições de voo IMC sem que ocorra a desorientação espacial do piloto. Para quem já iniciou a contagem de 178 segundos sabe da importância desse treinamento.

O treinamento de “brownout” também prevê alguns cenários específicos, e quando se efetua a aproximação da aeronave em um perfil de pouso inadequado para o local, a visão é obscurecida de maneira gradual e completa. Assustador, e não precisa nem dizer que nessa não teve jeito e “quebrei” a aeronave. Posteriormente  após o “briefing” pelo instrutor do perfil do pouso e da arremetida, percebe-se claramente a importância e a qualidade de um treinamento/simulação desses tipos de cenários.

O simulador ainda conta com uma estação/console para “debriefing”, onde todo o treinamento pode ser reproduzido ou acompanhado ao vivo, com todos os parâmetros de voo, meteorologia, áudio e imagem da cabine, possibilitando uma excelente base para a análise do treinamento, focando em aspectos de CRM, tomadas de decisões e procedimentos realizados.

Em resumo, poder treinar uma tripulação inteira, em cenários e ambientes voltados para as especificidades de missões críticas como aeromédicas, policial, tiro embarcado, entre outras, com uma realidade impressionante, e com a possibilidade de degradar todas as variáveis imagináveis em relação a panes técnicas e meteorologia, com recursos tecnológicos de ponta, sem expor a tripulação ou terceiros, e sem o risco de perda material, é impressionante. Se tal medida ainda não está nos planos dos gestores da aviação de segurança pública do Brasil, está na hora de “correr atrás do prejuízo”.

 

Autor: Alex Mena Barreto, Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo. É piloto e instrutor de helicóptero, cofundador e editor do site Piloto Policial. O presente artigo foi publicado na edição No. 131 da revista Tecnologia & Defesa.

Conheça as instalações da Bell Helicopter em Fort Worth, Texas

Alex Mena Barreto

Conheça um pouco o “Quartel General” da Bell Helicopter, em Fort Worth, Texas/EUA, local onde está o famoso portal “We train the world”.

Aceitando o convite recebido durante o ALEA Western Seminar em San Diego efetuei uma visita às instalações da Bell Helicopter na cidade de Fort Worth, no Texas/EUA.

As instalações da Bell Helicopter em Fort Worth contempla basicamente o Head Office, departamentos administrativos e de marketing, e principalmente o centro de treinamento da Bell.

A Bell ainda possui fábricas dos helicópteros da linha militar que está situada na cidade de Columbus, no Mississipi/EUA e Amarillo, no Texas/EUA, e a linha de helicópteros civis na cidade de Mirabel, no Canadá.

Fui recebido pela Gabriela Arredondo, do Departamento de Marketing e Vendas, e posteriormente por Luis Monsante, responsável pelo mercado da América Latina, que me guiou e apresentou toda as instalações da Bell, e em especial o centro de treinamento.

LINHA DE AERONAVES CIVIS

A linha civil da Bell atualmente conta com seis modelos, incluindo o renovado Bell 407GX, o novíssimo Bell 429 e já contando com o esperado Bell 525 Relentless (Implacável).

O Bell 407GX é a nova versão do 407 equipado com um impressionante “glass cockpit” provido pelo Garmin, o Garmin G1000H. Interessante observar a compatibilidade do sistema ao realizar a integração de opcionais da versão policial com as telas multifuncionais, como moving maps, imageadores térmicos etc.

O Bell 429 é um biturbina leve lançado em 2007 e certificado em 2009, e que segundo informações já tem 10 unidades comercializadas no Brasil. Essa aeronave foi desenvolvida em substituição ao antigo biturbina 427 e com o projeto focado para o mercado aeromédico. O Bell 429 tem um peso máximo de decolagem de 3,175 kg, mas diversas agências certificadoras mundiais já autorizaram um peso máximo de decolagem de 3,402 kg, inclusive o Brasil. Tal aumento de peso máximo de decolagem tornou-se um incrível diferencial em relação ao Bell 429.

O 525 Rentless é uma nova aeronave, na categoria de 8 toneladas (supermédio), prevista para fazer seu voo inaugural em 2013. Se o atual “glass cockpit”do 407GX com seu Garmin G1000H já chama a atenção, atualmente, o projeto do Bell 525 preve um “glass cockpit” com telas enormes e sensíveis ao toque (“touchscreen”) também da Garmin (modelo 5000H), além dos revolucionários controles de voo tipo “joystick” ao invés dos tradicionais cíclico e coletivo. Simplesmente um tsunami em questão de conceitos.

Além disso, a linha dos helicópteros Bell 412 em breve também irá passar por atualização, sendo prevista, entre outras coisas, a instalação de modernos aviônicos, incluindo a atualização de seu piloto automático, e “glass cockpit”, contudo sem data para seu lançamento. Tal atualização tornará o Bell 412EP extrememante competitivo no mercado de biturbinas médios (peso máximo de decolagem de 5.400kg), principalmente em razão de seu renomado conjunto de turbinas Pratt & Whitney PT6T-3D Twin Pac, que oferecem um TBO de 4 mil horas.

HUEY II

Conversando sobre os Huey II, no Brasil apelidados de “Caveirões” e vedetes no Rio de Janeiro, interessante a observação de que os mesmos não são fabricados a partir do zero, ou seja não existe um Huey II novo.

Os Huey II são “fabricados” a partir de uma célula antiga. Essa célula antiga passa por uma completa inspeção e assim está apta a receber o kit de modernização, que inclui tudo novo, desde cone de cauda, motorização, transmissões, controles de voo, cabeamento, etc.  Finalizada a modernização, a aeronave mantém sua data antiga de fabricação, contudo tem suas horas de voo zeradas.

A partir da necessidade do cliente, a Bell fornece três opções para a aquisição de um Huey II: o fornecimento somente do kit ao cliente que escolherá sua oficina de preferência para efetuar a inspeção / modernização; a realização da inspeção / modernização na célula antiga fornecida pelo cliente; ou o fornecimento da célula antiga já inspecionada e com a modernização.

Interessante observar, que enquanto a terceira opção (Huey II “novo”) custa em torno de US$ 5 milhões de dólares, a aquisição somente do kit de modernização custa em torno de US$ 1 milhão de dólares. Quem sabe uma grande opção para os antigos UH-1H da FAB que estão sendo doados para nações “amigas”.

BELL TRAINING ACADEMY

A Bell Training Academy é o local onde é provido todo o treinamento de técnicos, pilotos e mecânicos, para toda a linha de helicópteros civis da Bell, incluindo em seu programa simuladores, helicópteros “reais” preparados para os alunos porem a mão na graxa, e aeronaves para instrução de voo prática.

A estrutura é primorosa, talvez fruto de uma experiência de terem treinado mais de 120.000 alunos desde sua fundação até os dias de hoje.

A Bell também mantém um programa de treinamento com simuladores focado para operadores policiais. O simulador em si é um FTSD Nível 6 baseado no cockpit do Bell407, com as adaptações necessárias de software / hardware que envolvem rádios policiais, controle do FLIR, farol de busca e moving map, que interagem junto ao cenário simulado.

A cabine do simulador é voltada para a doutrina americana, ou seja, com a operação apenas de piloto e TFO, não prevendo a utilização de tripulantes operacionais.

As imagens do simulador são de alta qualidade com um amplo campo de visão, e como de costume possibilita a mudança da condições de meteorológicas durante o treinamento, bem como simular problemas técnicos/panes e seus consequentes procedimentos.

SIMULADOR DE MISSÕES POLICIAIS

O treinamento de missões policias é baseado em cenários, que estão continuamente em desenvolvimento, de situações reais, como perseguições a veículos suspeitos, buscas a pessoas perdidas, cerco a residência, roubo em andamento, etc.

Participei do cenário de solicitação de apoio para perseguição a um veículo, onde percebe-se uma grande preocupação da equipe na simulação de uma ocorrência real, desde o despacho da ocorrência, via rádio policial, para a viatura averiguar o veículo, até a solicitação inicial de apoio aéreo por parte do patrulheiro. A partir daí, é como uma situação real em que as viaturas perdem o veículo de vista e fica por conta da aeronave acompanhar e transmitir a posição do veículo para as equipes de terra.

A simulação também contempla algumas “pegadinhas” para o TFO/Comandante de Operações, como a existência de um grande acidente automobilístico após o veículo em fuga cruzar em alta velocidade um farol vermelho e até mesmo uma possível arma sendo atirada do veículo em um matagal. A “ocorrência” termina com o veículo sendo abandonado em uma área residencial e seus ocupantes fugindo a pé em direções opostas. Será que isso acontece na prática?

Além desse simulador, existe no centro de treinamento outros simuladores contemplando a linha das aeronaves 206, 407, 429, 412 e Huey II, mas voltados exclusivamente para o treinamento de procedimentos/emergências de voo.

Interessante observar a existência de um imenso hangar, com toda a linha de aeronaves Bell a disposição para instrução de pilotos e principalmente mecânicos, com uma organização primorosa, colocando a disposição dos alunos todo o ferramental necessário, manuais de voo e de manutenção juntos as respectivas aeronaves especialmente preparadas e funcionais para a instrução.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sem entrar em considerações acerca das capacidades técnicas das aeronaves da Bell Helicopter, a empresa tem uma preocupação primorosa e um imenso orgulho de seu pioneirismo na aviação de asa rotativa ao exibir em seu “lounge” o original da primeira certificação de um helicóptero civil do mundo.

Outro motivo de orgulho da empresa, e com razão, é de seu centro de treinamento (Bell Helicopter Training Academy), que já treinou mais de 120.000 pessoas de cerca de 120 diferentes países. Para externar tal orgulho, além de placas comemorativas nos corredores da empresa, no hangar principal existem um grande mural com os brasões das unidades aéreas do mundo todo que já passaram por lá. Muito bacana ver em terras estrangeiras brasões conhecidos, como do DOA/PRF e do GAM/RJ.

Confira:

Conheça a unidade de apoio aéreo do Fresno County Sheriff Department

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EXCLUSIVO PILOTO POLICIAL

Conheça um pouco da unidade Air Support Unit,  do Fresno County Sheriff Department, na Califórnia/EUA.

Fresno é uma cidade localizada na região central do estado da Califórnia, nos EUA. É conhecida por ter um clima quente e por ser uma importante região agrícola do estado da Califórnia.

O condado de Fresno, abrange além da cidade de Fresno, mais 48 cidades, cobrindo uma área de 15.585 quilômetros quadrados e uma população total de quase 1 milhão de habitantes.

O Departamento de Polícia do Condado de Fresno (Fresno County Sheriff Department) é responsável para efetuar o policiamento em toda área do condado, inclusive partilhando o policiamento de uma região da cidade de Fresno com o departamento de polícia da cidade (Fresno Police Department).

A unidade aérea do condado de Fresno está situada no aeroporto internacional Fresno Yosemite, de onde também operam as unidades aéreas de Fresno Police Department (operando um EC120B) e a California Highway Patrol – Central Base (operando AS350B3 e C206) .

A unidade Air Support Fresno County Sheriff iniciou suas operações em 1997, e atualmente opera duas aeronaves MD500E e um avião Cessna C206H, todos completamente equipados para operação policial.

Air Support Unit – Primeiras Impressões

Se podemos pensar numa unidade com vocação para atuação policial aos moldes brasileiros, esta unidade é o Air Support Fresno County Sheriff. Como se diz por aqui: caveira !

Os helicópteros MD500E operam na maioria do tempo sem as portas, o que alivia o peso da aeronave e não causa limitação operacional alguma. Eles levam armamento longo a bordo e estão aptos e acostumados a utilizarem em necessidade, principalmente, durante o apoio às patrulhas em terra em locais mais remotos e de difícil acesso, inclusive com o desembarque do Tactical Flight Officer para efetuar a detenção do suspeito.

Além do armamento individual dos tripulantes, no caso uma pistola calibre .45, ainda vai a bordo dois fuzis AR-15 com cano 10,5 polegadas, completamente equipados, com mira EO Tech 551, lanterna acoplada e laser TLR-2S, além da coronha retrátil padrão M4. Armamento para eventualidade nenhuma botar defeito !

A unidade opera sete dias por semanas com os helicóptero e com o avião somente nos dias de semanas. A unidade conta atualmente com 3 pilotos de helicópteros e 1 piloto de avião, além de 3 Observadores/TFO (1 Observador/TFO apto, mas que atua no serviço de patrulhamento).

A unidade segue o padrão americano de operação policial com tripulação somente com piloto e Observador/Tactical Flight Officer a bordo.

O avião Cessna C206H da unidade é completamente equipado para voos de patrulhamento, possuindo um poderoso sistema de imageamento Lockheed Martin Gyrocam DNV Day/Nightvision, que possibilita a captação de imagens para vigilância a cerca de 7.000 pés e cerca de 3NM, de maneira completamente velada e discreta.

Os helicópteros MD500E são equipados com sistema de imageamento térmico FLIR 8500, farol de busca Nightsun SX-16, suite completa de rádios policiais e moving map AeroComputers, além de terem seu cockpit completamente adaptado para utilização de óculos de visão noturna (NVG), equipamento este que é completamente operacional e necessário para a operação noturna da unidade.

Diferente de outras unidades americanas e similar ao Brasil, os equipamentos de FLIR e farol de busca somente são instalados na aeronave no período de operação noturno.

Outra diferencial da aeronave é seu custo operacional. Enquanto as outras unidades aéreas da região estão com suas operações aéreas sendo restringidas por questões orçamentárias, a unidade de Fresno County Sheriff consegue manter um ritmo de 6 horas de voo de patrulhamento diários. Para se ter uma idéia, apenas em questão de consumo de combustível, o helicóptero MD500E, com sua turbina Rolls Royce 250-C20B, consome cerca de 86 litros/hora.

Apesar de algumas limitações de desempenho, os helicóptero MD500E  frequentemente são acionados para realizar missões de salvamento na região montanhosa à oeste do condado, onde os topos mais elevados atingem mais de 13.000 pés.

A unidade mantém um contrato com uma empresa particular que mantém um mecânico/inspetor com dedicação exclusiva à unidade e é responsável por toda a manutenção dos helicópteros e do avião.

Alguns aspectos que chamaram a atenção:

A Califórnia é considerado o estado mais liberal dos EUA, mas criou um tremenda polêmica em legalizar a utilização da maconha para uso medicinal, criando a chamada Medical Marijuana. Basicamente, se você tiver uma receita médica você pode utilizá-la em centros terapêuticos, que por sua vez são autorizados a cultivar determinada quantidade da planta Cannabis.

Resultado: Fresno, por ser uma região agrícola, está infestada de plantações de maconha nos quintais das casas, onde uma planta de maconha chega a valer US$ 5 mil dólares, e criou-se um tremendo problema para fiscalizar se a maconha é legal ou ilegal.

Além da unidade aérea do Fresno County Sheriff, também compartilham do mesmo aeroporto a unidade aérea do Fresno Police Department e uma base da Califórnia Highway Patrol, e similar a alguns casos no Brasil, aparentemente, não existe uma política de cooperação entre as unidades, de forma que as operações, tempo de manutenção, horário de atuação se complementem. Logo, do mesmo jeito que existe três aeronaves operacionais, por questões técnicas de manutenção ou de efetivo reduzido, pode ocorrer das três aeronaves serem baixadas ao mesmo tempo, ou casos das três aeronaves serem acionadas para a mesma missão.

Como já observado em outras unidades, um fator que sempre me chama a atenção é a estrutura enxuta das unidades no quesito pessoal. Pois bem, na unidade de Fresno County Sheriff um turno de serviço normal é composto de DUAS pessoas, piloto e TFO. Sabe quantas pessoas mais de serviço em outras atividades, como telefonista, vigia, abastecedor, operador de rádio, motorista, apoio de solo, balizador, etc… Nenhum ! De serviço e para TODOS os serviços apenas DUAS pessoas. Algo inimaginável para mim até então…

Outra observação interessante e desconhecida até então é sobre o posicionamento da tripulação no MD500E, onde,  diferentemente das demais linhas de helicópteros, como Bell e Eurocopter, o 1P senta-se do lado esquerdo da cabine, enquanto que o TFO senta-se do lado direito da cabine.

Apesar de aparentemente não ter um motivo plausível ou técnico para tal fato, o interessante é que tal mudança facilita muito a atuação do piloto e da aeronave em missões de carga externa, onde o piloto fica em uma posição tremendamente mais confortável e ergonômica, se operando no lado direito. Interessante.

Veja a galeria de fotos da visita:

 

Texto e Fotos: Alex Mena Barreto para o site Piloto Policial.

Leia também:

Conheça a Unidade Aérea de Los Angeles Sheriff Department – LASD

Conheça um pouco da unidade que voa mais de 12.000 horas por ano,  Aero Bureau – Los Angeles County Sheriff’s Department – LASD, na Califórnia/EUA.

Em mais uma visita, tive a grata oportunidade de conhecer a unidade aérea do Los Angeles County Sheriff’s Department (LASD), também conhecido como Aero Bureau, cuja sede fica na cidade de Long Beach, na Califórnia/EUA.

Primeiro, vamos as diferenças e características culturais e estruturais dos Estados Unidos. Os estados americanos são divididos internamente em condados (chamados de  County). Os Estados Unidos possuem 50 Estados e um Distrito Federal, com Alasca, Havaí e alguns territórios do Caribe. Cada Estado possui constituição própria e autonomia na organização e operação de seus poderes.

As cidades  (municipalitiescities, townships ou towns, dependendo do Estado) que pertencem a determinado condado tem a opção de estruturar sua própria polícia, ou firmar uma espécie de acordo com o Sheriff Department do condado, onde o mesmo irá prover o serviço de policiamento em sua municipalidade. Existem outros detalhes e minúcias, mas a grosso modo essa é a diferença entre um Police Department e um Sheriff’s Department.

Voltando ao LASD, atualmente ela é a quarta maior agência de polícia dos Estados Unidos, ficando atrás do NYPD, Chicago PD e LAPD, sendo o maior Sheriff’s Department do país. Das 88 municipalidades do condado de Los Angeles, 42 tem “contrato” com o LASD.

Atualmente, conta com cerca de 18.000 funcionários, sendo 10 mil policiais (deputies) e os demais profissionais da área administrativa. O LASD cobre uma região de aproximadamente 8.210 quilômetros quadrados com uma população estimada de três milhões de pessoas.

O Air Bureau é a unidade aérea que presta apoio às unidades de terra em missões policiais, vigilância, busca e salvamento.

A unidade conta atualmente com 15 aeronaves Eurocopter AS350B2, sendo 12 recém adquiridas com VEMD e três AS350B2 antigos, e mais três aeronaves H-3 Sea King, que serão substituídas em breve por três aeronaves AS-332 Super Puma, recentemente adquiridas.

A unidade ainda conta com um avião King Air B200, utilizado basicamente para missões de transporte, e dois Cessna T210N, utilizados em missões de vigilância.

Aqui um detalhe interessante, o Air Bureau efetuou a renovação de sua frota encomendando novas aeronaves e vendendo as que seriam substituídas, sendo que duas dessas aeronaves que operavam no LASD, atualmente operam em unidades aéreas no Brasil, mais especificamente no GRAESP/PA e no BOA/SC. Isso que é aeronave com vocação pública!

A unidade tem sua base central no aeroporto de Long Beach/CA, e outras duas bases destacadas, uma no aeroporto de Brackett e outra no aeroporto de Burbank, provendo assim uma melhor cobertura para as regiões leste e norte do condado.

A unidade conta com um efetivo de 73 funcionários, sendo 22 pilotos, 11 Tactical Flight Officer, 18 mecânicos/inspetores e os demais exercem funções administrativas para a unidade.

A unidade mantém uma operação 24/7, com as equipes trabalhando quatro turnos de 10 horas por semana, sendo que durante um turno de dez horas as tripulações voam aproximadamente seis horas por dia. O meta da unidade é ter três equipes por turno de serviço, mantendo sempre duas aeronaves em voo.

A unidade também apoia o Los Angeles County Fire Department em missões de salvamento terrestre e aquático com as aeronaves de grande porte H-3 Sea King e futuramente AS332 Super Puma.

A primeira aeronave AS332 Super Puma foi recebida recentemente e as tripulações já se encontram em treinamento de transição para a nova aeronave. Com a chegada das outras duas aeronaves, os antigos H-3 Sea King serão entregues para a marinha americana.

Normalmente tais aeronaves são despachadas para uma base avançada nas montanhas a leste de Los Angeles, e de lá são acionadas pelo centro de despacho do Los Angeles County Fire Department para todos os tipos de missões que envolva a necessidade de remoção rápida de vítimas na região. Para se ter uma ideia da demanda e da dificuldade desse tipo de operação, eles efetuam uma média de 50 salvamentos por ano e as montanhas atingem mais de 10 mil pés de altura.

A unidade voa uma média de 11.000 horas por ano nos helicópteros e 1.300 horas por ano nos aviões. As instalações da unidade em Long Beach são primorosas, sendo um prédio principal e três grandes hangares, sendo um exclusivo para a manutenção aeronáutica.

A unidade realiza nos helicópteros sua própria manutenção aeronáutica, e nos aviões a manutenção é feita por uma empresa contratada. A unidade conta com 10 mecânicos e 8 inspetores de manutenção aeronáutica contratados pela departamento com dedicação exclusiva á unidade. As aeronaves operadas pela unidade são praticamente todas novas, e são equipadas com a última geração de aviônicos e acessórios.

Todas as aeronaves AS350B2 são equipadas com moving maps AeroComputers, sistema de imageamento térmico FLIR 8500 com sistema de downlink Troll. As aeronaves são compatíveis e equipadas com sistema NVG (Night Vision Googles) e possuem ainda sistema EFIS da Cobham, com duas telas duas telas LCD que incluem: Primary Flight Display (PFD) e Multi-Function Display (MFD), WAAS GPS Receiver, sistema de alerta e monitoramento de terreno (HTAWS) e Flight Management System (FMS).

Outro detalhe interessante nas aeronaves é a configuração traseira da cabine, onde os bancos são individuais, com cinto de segurança de quatro pontos e fixados em dois trilhos corrediços. Muito operacional, seguro e confortável.

Como já foi dito, a unidade apresenta uma estrutura física primorosa, demonstrando uma organização e praticidade de saltar aos olhos, principalmente no aspecto das instalações onde se realiza a manutenção das aeronaves.

Na sala de operaçoes (aqui chamada de “Ready Room”) além dos diversos equipamentos de rádios policiais escaneando as diversas frequencias do departamento, há também um sistema de rastreamento das aeronaves baseados na API do Google Maps, onde está disponível online a posição e o situação de todas as aeronaves do departamento. Muito interessante para a questão de comando e controle da frota.

A unidade também conta com caminhões de suporte, tanto caminhões com configuração padrão para abastecimento das aeronaves com querosene de aviação, quanto um caminhão para prover apoio remoto de manutenção e reparo em uma configuração bastante interessante.

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Conheça a Unidade Aérea da Polícia de San Diego, Califórnia

Alex Mena Barreto

Você já viu uma perseguição a um blindado roubado ? Não! Então conheça a ABLE – San Diego Police Department Air Support Unit, da região sul da Califórnia, EUA. 

Durante o Western Region Safety Seminar, foi oferecido aos participantes um jantar nas instalações do San Diego Police Department Air Support Unit, onde foi possível conhecer as instalações da unidade, suas aeronaves e equipamentos, bem com um pouco de sua história e de sua forma de operação.

A unidade tem atualmente quatro aeronaves AS350B3 e duas aeronaves de asas fixas Cessna 182R, sendo também conhecida como ABLE, um acrônimo de AirBorne Law Enforcement, inclusive sendo esse seu designativo de chamada.

A unidade atualmente conta com um efetivo de nove pilotos e quatro TFO (Tactical Flight Officers), voa uma média de 3.800 horas/ano. Todos os pilotos e TFO da SDPD são, antes de tudo, patrulheiros experientes, antes de sua vinda para a atividade aérea.

A unidade foi criada em 1986, quando adquiriu seu primeiro helicóptero Bell, operando por cerca de vinte anos vários Bell 206 B3 e Bell 206 L4, também conhecido como Jet Ranger e Long Ranger, respectivamente. A unidade operou essas aeronaves até meados de 2006, quando renovou sua frota adquirindo as atuais aeronaves.

A unidade ABLE tem como característica principal de operação a filmagem de todas suas ocorrências atendidas através do sistema de câmera/imageamento térmico FLIR 8500, que a torna famosa pela infinidade de filmes de ocorrências reais. Tal procedimento, além de ser utilizado como prova processual, também é utilizado para debriefings operacionais das equipes de apoio aéreo e com as equipes em terra.

Essa vocação operacional é bem evidente na unidade, onde em suas paredes se visualiza diversas homenagens referenciando a quantidade de indivíduos detidos com o apoio das aeronaves ABLE. Outro detalhe dessa vocação, é o livro de ocorrências (ABLE LOG), onde todos os apoios e atendimentos das equipes são relatados em uma breve síntese e referenciada a identificação da gravação da ocorrência.

Uma das ocorrências mais incríveis da unidade foi o acompanhamento de um tanque blindado!! Em 1995, quando a unidade ainda operava com helicópteros Bell, a equipe recebeu um chamado para apoiar a ocorrência, onde um tanque M60, com mais de cinquenta toneladas, havia sido roubado do quartel da Guarda Nacional americana e estava em disparada pelas ruas da cidade.

Não acredita, então veja:

Os pilotos da unidade de San Diego tem uma grande reputação no meio policial americano como sendo especialistas na utilização das aeronaves em apoios táticos as equipes de solo. Um de seus pilotos, Officer Kevin Means, foi o palestrante do ALEA Western Seminar 2012 , onde falou sobre “Aircraft Positioning” (Posicionamento da Aeronave) no apoio policial, discorrendo sobre a importância da altitude em relação a utilização do FLIR/Câmera, tempo resposta da aeronave em visualizar o suspeito em relação ao tempo que o suspeito irá escutar a aeronave.

Apenas para ter noção da experiência do palestrante, Kevin Means (conheça sua empresa) começou a voar em 1967 na Marinha americana, está na unidade a mais de 20 anos, tendo mais de 12 mil horas de voo, incluindo mais de mil horas com a utilização de NVG e tem um livro publicado sobre o assunto (TACTICAL HELICOPTER MISSIONS: How to Fly Safe, Effective Airborne Law Enforcement Missions).

As atuais aeronaves AS350B3 possuem instalados um sistema da Primary Flight Display (PDF) System ICDS-8, da Sagem Avionics Inc., sistema câmera/imageamento térmico FLIR 8500 com gravador digital, radar altímetro, rádio policial Wulfsberg, sistema LoJack, moving map e duas monitores na estação do TFO.

A unidade também utiliza operacionalmente o sistema de Óculos de Visão Noturna (NVG) por toda a tripulação, bem como um binóculo estabilizado para ser utilizado pelo TFO.

Alguns pontos interessantes observados:

A manutenção dos helicópteros é feita quase que totalmente na própria unidade por dois mecânicos/inspetores contratados pelo departamento de polícia. Não existe a obrigação da realização das inspeções em oficina homologada, bastando apenas a certificação dos mecânicos/inspetores e do programa de manutenção do fabricante.

Por San Diego ser uma cidade litorânea, as tripulações obrigatoriamente voam com um colete tático, portando sistema HEED, flutuador individual, além de poder ser acoplado o cinto com o armamento individual do policial.

A unidade prevê alguns mínimos de operação policial em seu manual de operações muito interessantes. Basicamente, existe a área A (até 25NM do aeródromo base) e área B (além de 25 NM), e a partir daí se define os seguintes padrões:

Área A
– mínimos meteorológicos de 700 pés de teto e 2 NM de visibilidade horizontal (dia e noite);
– uso do NVG opcional;
– permitido o voo com somente um dos pilotos utilizando NVG.

Área B
– mínimos meteorológicos de 1000 pés de teto e 3 NM de visibilidade horizontal (dia e noite);
– uso obrigatório do NVG;
– obrigatória a utilização de NVG por ambos os pilotos, sendo opcional quando em sobrevoo de áreas urbanas bem iluminadas.

Além desses requisitos, é previsto a obrigatoriedade de equipamentos em perfeito funcionamento quando o voo é realizado em condições abaixo de 1000 pés de teto e 3 NM de visibilidade horizontal: giro direcional, indicador de atitude, iluminação do painel e sistema de navegação (VOR ou GPS).

Nota do autor:

Gostaria de agradecer o acolhimento e cortesia na ABLE Base, em especial ao Officer/TFO Elias Rodrigues, e ao simpático casal Kevin Means e Cyndi Means.

Uma radiografia da Unidade Aérea da Polícia de Los Angeles/EUA

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EXCLUSIVO PILOTO POLICIAL

Conheça um pouco da uma unidade que voa uma média de 50 horas por dia,  Air Support Division – Los Angeles Police Department, na Califórnia/EUA.

Durante o mês de Setembro/12, o site Piloto Policial teve a grata satisfação de visitar uma das mais faladas unidades de aviação policial do mundo: Los Angeles Police Department – Air Support Division e, assim, poder ver e contar um pouco de sua organização e operação.

Para aqueles que conhecem e acompanham a história e a operação dessa unidade aérea, a LAPD Air Support Division realmente voa mais de 18 mil horas por ano e, além disso, mantém no mínimo dois helicópteros voando no horários das 8:00h da manhã até aproximadamente 4:30h da madrugada, sendo que nos finais de semana são três aeronaves. Detalhe: a troca é no ar, três aeronaves voando, decolam mais três aeronaves para as demais retornarem para o descanso.

Se pudéssemos resumir a unidade em apenas uma palavra, ela seria: SIMPLES! Simples não em seu contexto depreciativo, mas em seu contexto de focar sempre na simplicidade dos processos. Apesar do tamanho colossal de sua operação, percebe-se nitidamente uma preocupação em manter-se focada em sua operacionalidade, sem criar muita burocracia ou demanda administrativa para as equipes. Até o lema traduz esse foco na operacionalidade: “The mission is the same, only the vehicle has changed.”

Pode parecer esquisito, mas é exatamente esse o contexto de operação das aeronaves. As equipes saem para efetuar patrulhamento e apoiar as viaturas em terra. Eles apoiam simplesmente todas as ocorrências.

O Departamento de Polícia da cidade de Los Angeles possui um efetivo de quase de 10 mil policiais e mais de 2 mil civis contratados. É responsável pelo patrulhamento de uma área de aproximadamente 1.300 km2, com uma população estimada de cerca de 3,8 milhões de habitantes. Atualmente é o terceiro maior departamento de polícia dos Estados Unidos, atrás apenas do NYPD e Chicago PD.

A LAPD ASD é atualmente a maior unidade aérea policial dos Estados Unidos e foi criada em 1956. Atualmente conta com uma frota de 19 helicópteros, sendo 14 AS350B2 e 5 Bell Jet Ranger, sendo esses últimos para missões secundárias e de treinamento. A unidade conta ainda com uma aeronave de asa fixa KingAir para missões de transporte.

O unidade possui atualmente 34 pilotos e 22 TFO (Tactical Flight Officer), sendo comandada atualmente pelo Captain Willian Sutton, que não é piloto, pois isso não é um requerimento funcional para ocupar tal cargo.

A LAPD ASD tem suas operações centralizadas no teto de um edifício público. Esse “heliponto” mede aproximadamente  180 por 60 metros, e está estrategicamente localizado perto do centro de comercial de Los Angeles. Ele é chamado de “Hooper Memorial Heliport”. Apesar de suas dimensões razoáveis, o heliponto tem uma operação bastante delicada, pois além do pouso/decolagem/estacionamento de cerca de 6 a 10 aeronaves, existe uma grande restrição devido a uma rede de alta tensão, algumas antenas e as edificações de hangar e torre ao redor do pátio de operação.

A LAPD ASD utiliza uma outra instalação no aeroporto de Van Nuys, onde, além de servir de base para a aeronave KingAir, serve como oficina de manutenção do helicópteros.

Toda a manutenção e inspeção dos helicópteros é efetuada pelo próprio efetivo de mecânicos/inspetores contratados pela unidade. Atualmente a unidade conta com 25 mecânicos/inspetores. O gerenciamento da frota é feito diariamente, sendo disponibilizada para as equipes operacionais um simples folha com a ordem de utilização das aeronaves apenas com seus prefixos.

Outro destaque acerca da manutenção é que ela é unificada com outros departamentos. Ou seja, a equipe de manutenção contratada, além de realizar a manutenção dos helicópteros da LAPD, também o fazem para os helicópteros do Fire Department e de outras unidades públicas.

As aeronaves AS350B2 são totalmente equipadas para a atividade policial, com farol de busca Spectrolab SX-16 Nightsun, moving map, sistema de imageamento térmico FLIR 8500, além de uma excelente suite de rádios policiais. As novas aeronaves AS350B2 VEMD também são equipadas com sistema EFIS da Chelton/Cobham, que inclui além das informações de voo e de rota, sistema GPS, sistema de alerta situacional com o terreno e sistema de visão sintética 3D.

Todo o cockpit da aeronave é adaptado para operação com óculos de visão noturna, mas tal equipamento só é utilizado em missões específicas, tendo em vista que a operação da unidade concentra-se mais na cidade de Los Angeles, onde a iluminação acaba inviabilizando a utilização do equipamento.

Duas aeronaves são equipadas com sistema de imageamento Cineflex V14 e sistema de downlink Troll. Tais aeronaves são utilizadas principalmente para as chamadas missões de surveillance, onde a aeronave faz o acompanhamento velado de um determinado “alvo”. Para se ter uma ideia do desempenho do equipamento, o mesmo teria a capacidade de identificar a placa de um veículo de uma altura de 10 mil pés.

As seleções para piloto e TFO são diferenciadas, sendo, inicialmente, requerido para pilotos a licença de piloto privado de helicóptero, e para ambos experiência de serviço operacional. Após cinco anos operando como TFO (Tactical Flight Officer), o policial também está apto a candidatar-se a seleção interna para piloto.

As tripulações são divididas em equipes, que trabalham por escala com 4 turnos de 10 horas por semana. Cada equipe tem dois Sergeants, que além de pilotos, são responsáveis por administrar os assuntos pertinentes a equipe e ao turno de serviço, como necessidade de um apoio diferenciado. Eles dividem as operações em patrulhamento normal (ASTRO – Air Support To Regular Operations) e missões especiais (SFS – Special Flight Section).

Para cada turno de serviço de 10 horas, cada piloto/TFO voa em média 5 horas/dia. Toda a coordenação de horários de voos, tripulação, PAXs e aeronaves é efetuada com o auxílio de um grande quadro branco, que é alterado pelos próprios pilotos conforme as missões vão se desenvolvendo.

A operação da unidade segue o modelo americano, sendo efetuado o patrulhamento somente com o piloto e o TFO. Uma característica interessante é que o patrulhamento/apoio noturno é efetuado com o farol de busca desligado. Como é de se imaginar, o tempo resposta da aeronave para o local da ocorrência é extremamente baixo. Efetuamos o apoio a cerca de seis ocorrências, sendo que o maior tempo indicado pelo sistema de moving map foi de 3 minutos.

Ao chegar ao local de apoio, primeiro verifica-se o perímetro com o auxílio do FLIR e binóculo e somente depois é que o farol de busca é acionado. A razão para tal medida é evitar o alerta antecipado do suspeito.

As operações de patrulhamento são efetuadas normalmente a 700/800 pés AGL, tanto no período diurno quanto noturno. A unidade não determina mínimos meteorológicos e/ou operacionais, sendo utilizado o bom senso da tripulação. Tal fato chamou a atenção e questionando o Sergeant, líder da equipe, acerca disso, respondeu: “Nós somos uma equipe. Eu estou voando junto com meus homens. Conhecemos a família e filhos de todos, somos amigos. Eu sei quem está abusando. Eu apenas falo para eles: você está abusando, pega leve! Na maioria dos casos isso resolve”. Simples!

Apesar disso, existe na unidade uma estrutura de “safety” coordenada por dois Sergeants, que aparenta ser bastante atuante, pois na sua porta havia uma mensagem de alerta situacional com a data do dia da visita (colocar a foto).

Os pilotos efetuam treinamento de emergência/voos de cheques (“check rides”) com seus próprios instrutores a cada três meses e os TFOs são avaliados operacionalmente a cada seis meses.

Existe na unidade uma espécie de Torre de Controle. Em princípio, achei que seria uma espécie de Sala de Rádio ou Sala de Operações, como conhecemos em muitas unidades no Brasil, mas é bem diferente. O local serve apenas para coordenar a movimentação de pouso/decolagem do heliponto, bem como a movimentação de veículos. Existe a escuta de um rádio aeronáutico, onde é efetuada a coordenação das aeronaves, e a escuta de rádios policiais é secundária, apenas alguns de outras unidades policiais e departamentos, como California Highway Patrol. Não há alarmes! As tripulações efetivamente estão em seu horário de descanso. Por que? Simples, eles tem sempre aeronaves voando…

Para finalizar, talvez a resposta do questionamento mais importante. Como o Departamento de Polícia de Los Angeles vê, no aspecto orçamentário, a unidade de suporte aéreo, com suas 18 mil horas de voo anuais ?

Simples, o orçamento da unidade é desvinculado do orçamento do departamento de polícia. A unidade é custeada diretamente pela cidade de Los Angeles. A unidade é subordinada administrativa e operacionalmente ao departamento de polícia, mas com um orçamento completamente independente deste.

Confira as fotos:

 


Nota do autor:

Gostaria enormemente de agradecer a atenção e receptividade dispensada pelo Sergeant/Pilot Jean Salvodon quando de minha visita.

Be safe !


Texto e Fotos: Alex Mena Barreto para o site Piloto Policial.


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Conheça a Unidade Aérea de East Bay Regional Park District/EUA.

Conheça a Unidade Aérea de East Bay Regional Park District/EUA

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EXCLUSIVO PILOTO POLICIAL

Conheça a unidade aérea de Air Support Unit – East Bay Regional Park District – uma pequena grande unidade da região San Francisco, Califórnia/EUA.

A região da Baia da San Francisco é repleta de áreas de preservação permanente, sendo algumas abertas ao público na forma de parques para efetuar trilhas, piqueniques, caminhadas etc, e outras áreas de acesso proibido, onde protege dessa forma algum tipo de recurso natural, como lagos que abastecem a região com água potável ou regiões com vegetação preservada.

A grande dificuldade é que essas áreas são enormes e não contiguas, bem como pertecem a vários cidades e condados, mais especificamente aos condado de Contra Costa e Alameda. Sendo assim, optou-se por criar um departamento específico para cuidar dessa enorme região de parques, que incluem 65 parques com uma área de mais de 1750 square miles e mais de 1.900 quilometros de trihas abertas a visitação. Atualmente, o East Bay Park District é o maior sitema de parques regionais dos Estados Unidos e recebe anualmente aproximadamente 14 milhões de visitantes.

Com a criação do East Bay Park District, uma solução inteligente do departamento foi criar uma unidade aérea para efetuar o apoio a esse tipo de serviço de policiamento, vigilância e fiscalização.

A unidade aérea chama-se East Bay Park Police Air Support Unit e tem sua sede no aeroporto de Hayward, Califórnia/EUA, onde ocupa dois espaçosos hangares.

Atualmente a unidade opera dois helicópteros, um AS350B2 e um AS350B3, também conhecidos pelo designativo de “Eagle”.

As aeronaves da unidade são equipadas com sistema de imageamento térmico FLIR 8500, moving map Aerocomputer, farol de busca Night Sun SX-16 e completo sistema de comunicação policial. A aeronave AS350B3 também é equipada com sistema de comunicação via satélite e sistema EFIS da Chelton/Cobham.

A missão primordial da unidade é efetuar o patrulhamento da região dos parques, mas a unidade também efetua apoio a outros departamentos de policía da região que não dispõe de apoio aéreo ou que seu apoio aéreo é limitado.

Esse apoio aéreo a outras unidades e departamentos de polícia da região funciona como uma “cortesia”, não existe qualquer contrapartida por parte do departamento apoiado.

A unidade é bem enxuta, seguindo os moldes americanos, com  tripulação prevista de apenas piloto e  TFO (Tactical Flight Officer), operando em turnos diurnos de 10 horas de serviço, sete dias por semana, e operando em sobreaviso nos demais horários.

A unidade conta com um efetivo total de somente de 4 pessoas efetivas, sendo 3 pilotos comandantes de aeronave, um deles acumula a função de comandante da unidade, e um Tactical Flight Officer. A unidade ainda conta com outro Tactical Flight Officer treinado, mas que que trabalha no serviço operacional regular e pode ser acionado eventualmente em caso de necessidade.

A unidade ainda conta com apenas um  mecânico aeronáutico que também possui a habilitação de inspetor e realiza todas as manutenções e inspeções previstas pelo fabricante no próprio hangar da unidade. Tal mecânico, funcionário contratado, trabalha em tempo integral para o departamento .

Apesar de enxuta, a unidade está muito avançada em questões de doutrina operacional, pois possui seu Air Operations Standard Operating & Procedures Manual (Manual  de Procedimentos Operacionais de Operações Aérea), também chamado genericamente de “policy”, e estão em processo de implantação de um programa de Safety Management Sistem (SMS – ou SGSO – Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional, no Brasil).

Após a implementaçao do SMS, o projeto da unidade é submeter-se ao programa de certificação da ALEA, chamado de ALEAC.

Com relação  a parte de treinamento da unidade, além do recheque anual previsto pela regulamentação FAA, os pilotos realizam anualmente um treinamento de emergência da aeronave junto ao fabricante (American Eurocopter) e outro treinamento de emergência noturna, sendo assim, praticamente a cada seis meses intercalados o piloto passa por um treinamento de emergência da aeronave.

Além do treinamento, obrigatoriamente os pilotos devem participar anualmente de ao menos um seminário de segurança de voo realizado pela ALEA.

O treinamento de proeficiência das tripulações é efetuado todas as quartas-feiras, seguido de um planejamento próprio da unidade, onde, alternadamente, são realizadas missões de carga externa, pouso em áreas não preparadas, vôos com óculos de visão noturna (NVG), entre outros.

A unidade voa aproximadamente 1000 horas por ano e pode ser considerada multimissão. Além do patrulhamento e fiscalização das áreas dos parques, também efetua apoio a outros departamentos de polícias de cidades da região, missões de combate a incêndio, resgate aeromédico e carga externa.

Os tripulantes, obrigatoriamente, voam com colete tático que inclui flutuador individual de emergência, sistema HEED III e kit de primeiros socorros, além disso eles efetuam o treinamento de escape de aeronave submersa a cada dois anos.

Alguns detalhes interessantes a cerca da unidade:

Apesar da unidade estar apta e treinada para efetuar missões de resgate aeromédico, tal missão é aceita somente em último recurso. O sistema americano de resgate aeromédico prevê a existência de empresas privadas de resgate aeromédico e tal serviço é pago a elas pelas seguradoras. Caso o resgate aeromédico seja feito pela unidade, além da mesma não receber por isso, a empresa particular deixa de receber sua receita, e sempre acaba criando certo atrito e constrangimento.

As tripulações efetuam patrulhamento nos parques com o Bambi Bucket a bordo e pronto para utilização em caso de uma eventualidade. Apesar da proximidade com o mar, o clima da região é bem seco e a vegetação torna-se muito suscetível a incêndios, que se não controlados podem se alastrar e provocar uma tragédia.

Só para conhecimento, a maioria das construções e residências na região são feitas de madeira e outros materiais que não alvenaria, devido a potencialidade de terremotos na região. Só para ilustrar, em 1991, ocorreu um incêndio na região das colinas que fugiu ao controle dos bombeiros e atigiu um região habitada, destruindo mais de três mil residências e matando 25 pessoas.

Por serem de modelos diferentes, os helicopteros operam Bambi Buckets diferentes, o AS350B2 opera equipamento com capacidade de 545 litros e o B3 com o equipamento de 1225 litros. Uma bela diferença.

Um detalhe interessante na configuração da aeronave é uma vigia de auxílio ao piloto para executar missões com carga externa (aqui chamada de “long line”). É um acessório provido pela DART e particularmente nunca havia visto anteriormente. Lembrando sempre que a unidade conduz as missões de “long line” somente com um piloto a bordo.

A unidade conta com um veículo de apoio, tipo caminhonete, que também transporta um reservatório e bomba de combustível para transportar cerca de 300 litros de querosene. O detalhe interessante é que, com tal capacidade, o motorista do veículo não é obrigado a ter curso/habilitação de manuseio e operação de produtos perigosos (chamado de MOPP no Brasil e “Hazardous materials” nos EUA). Solução bastante interessante para uma unidade que tem um efetivo bastante reduzido e assim possibilita a operação do veículo de apoio por qualquer motorista com habilitação comum.

Confira mais fotos:

 


Texto e fotos: Alex Mena Barreto, exclusivo para o site Piloto Policial.


Nota do autor:

Gostaria de agradecer a oportunidade da visita ao Sergeant Bill Probets, Piloto Chefe do ASU, que foi extremamente atencioso nas tratativas da visita; aos Officer/Pilots Doug Jackley e Kevin Iacovoni pela atenção e disponibilidade em mostrar e explicar o funcionamento de toda a unidade; e ao  Officer Gary Hirata pela cortesia  e apoio prestado.

Fun Meter Full !!


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Aviação de Estado: passado, presente e futuro

EDUARDO ALEXANDRE BENI
ALEX MENA BARRETO

Com mais de três décadas de existência, a Aviação de Segurança Pública e de Defesa Civil no Brasil engloba órgãos da administração pública federal, estadual e do Distrito Federal, como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militares e Civis e Corpos de Bombeiros Militares. Já são mais de 200 aeronaves, entre helicópteros e aviões, realizando, diuturnamente, diversas modalidades de operação, do policiamento ao resgate aeromédico.

Atualmente, a maior frota se encontra localizada no Distrito Federal, onde existem 37 aeronaves, seguido do Estado de São Paulo, com 33, e do Estado de Minas Gerais, com 17. Nesse escopo, os órgãos possuem em suas estruturas as Organizações de Aviação de Segurança Pública (OASP), denominadas de diversas maneiras, como, por exemplo, Centros Integrados de Operações Aéreas, Grupamentos Aéreos, Grupos Táticos Aéreos, Batalhões de Aviação, Grupamentos de Aviação Operacional, Batalhões de Operações Aéreas, Divisão de Operações Aéreas, etc. A maioria opera de forma integrada.

Mesmo com a atual dimensão da frota e com a diversidade das OASP frente a todas e tantas demandas existentes, é preciso entender alguns problemas enfrentados e que refletem diretamente nas suas operacionalidades, além da precária segurança jurídica nas atividades realizadas pelos órgãos de segurança pública.

COMEÇO E CRESCIMENTO

O emprego de helicóptero na atividade policial teve início no Estado do Rio de Janeiro, com a criação da Assessoria Aeropolicial, em 1971, mas foi em São Paulo que esse serviço ganhou destaque e consolidou-se com a criação do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar e o Serviço Aerotático da Polícia Civil, em 1984. Nos anos seguintes, a Polícia Militar de Minas Gerais (1987) e a do Rio Grande do Sul (1989) seguiram o mesmo caminho. Gradativamente, os demais estados implantaram a aviação como modalidade de policiamento e de resgate.

Desde cedo, ficou clara a necessidade de organizar e integrar a Aviação de Segurança Pública dentro de um contexto nacional. Assim, diversos esforços foram feitos como a realização do 1º Encontro de Aviação Policial do Mercosul, em novembro de 1998, em Porto Alegre (RS), e do 1º Fórum Internacional de Operadores de Helicópteros em Segurança Pública e Defesa Civil, em novembro de 2001, na cidade de São Paulo (SP).

Nessa época discutia-se muito a importância das aeronaves na segurança pública e, a todo momento, buscavam-se referências em outros países, como os Estados Unidos, para corroborar e justificar a importância do helicóptero no policiamento e no resgate aeromédico. Ainda hoje, alguns estados ainda estão nessa fase de convencimento das autoridades governamentais, porém, outros, discutem assuntos voltados à gestão, à desconcentração de suas operações, aumento da frota com aeronaves bimotoras, uso de óculos de visão noturna, etc, o que demonstra uma dessimetria entre as OASP. Apesar desses esforços para mostrar a importância do vetor aéreo na segurança pública, bem como a criação de conceitos de padronização e integração nas operações, foi através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), criada em 1997, que muitas ações nesse sentido começaram a ser executadas.

Assim, em 2004, diante das competências atribuídas à SENASP, foi dada a partida para a uniformização do serviço de aviação de segurança pública no Brasil, sendo lançado o Programa da Aviação de Segurança Pública (PAvSegP). Esse processo pode ser dividido em três etapas. A primeira aconteceu de 2004 a 2007, culminando com os Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro. A segunda se deu logo após os jogos, em 2008, com a ativação da Comissão de Aviação de Segurança Pública (CavSeg) e do Conselho Nacional de Aviação de Segurança Pública (CONAV). No final de 2011, como a extinção do CONAV, por ato do Ministério da Justiça, veio a terceira, com a criação do Grupo de Trabalho de Aviação em Segurança Pública.

Apesar dessa aparente instabilidade na gestão, a sensibilização política, voltada para a importância da atividade aérea e o consequente investimento financeiro federal no setor, junto ao empenho de profissionais abnegados, foram fundamentais para a universalização da atividade aérea de segurança pública e defesa civil na maioria dos estados brasileiros. Para se ter uma idéia do crescimento experimentado, desde 2004, foram criadas mais de vinte OASP, praticamente dobrando o número de organizações existentes.

Quanto aos investimentos, de 2004 a 2011, foram repassados, pela SENASP, cerca de R$ 189 milhões em recursos federais aos estados. No período que compreende à primeira etapa foram investidos cerca de R$ 41 milhões, principalmente na aquisição de aeronaves para os Jogos Panamericanos. Depois, entre 2008 a 2011, aconteceu o maior investimento federal na Aviação de Segurança Pública, cerca de R$ 148 milhões em novos meios e algo em torno de R$ 4,4 milhões em capacitação, treinamento e fomento com a realização de quatro fóruns. Isso resultou, de 2004 a 2011, na compra de 32 aeronaves. Também foi criado o Dia Nacional da Aviação de Segurança Pública, em 29 de junho, dia em que se comemora São Pedro, padroeiro do Estado do Rio Grande do Sul. Foi instituída ainda a Medalha do Mérito da Aviação de Segurança Pública “Major Ibes Carlos Pacheco”, oficial da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, patrono do Centro de Formação Aeropolicial (CFAer), e regulamentada a Canção da Aviação de Segurança Pública, com letra do coronel RR da Brigada Militar José Hilário Ayalla Retamozzo.

No final de 2011, o Conselho Gestor do Fundo Nacional de Segurança Pública (CGFNSP) aprovou investimentos para a Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública, para obtenção de aeronaves, treinamento e capacitação de tripulações, contração de seguro aeronáutico, manutenção e compra de combustível, num total superior a R$ 92 milhões. Desses, R$ 23 milhões serão para a Polícia Rodoviária Federal, R$ 38 milhões para a Polícia Federal e R$ 31 milhões para a Força Nacional de Segurança Pública. Com essa nova realidade de expansão, com vários estados iniciando suas operações aéreas nesse campo e visando os grandes eventos que acontecerão no Brasil nos próximos anos, restam apenas três estados que ainda não contemplam OASP com alocação de aeronaves: Paraíba, Roraima e Amapá. O Estado do Amapá possui o Grupamento Tático Aéreo (GTA) e operou aeronave locada por um bom tempo e agora estão aguardado a aquisição de uma.

INTEGRAÇÃO

Mesmo tendo sido esse crescimento um passo monumental para a consolidação dessa aviação, no entanto, diversos processos importantes e presentes nos planejamentos iniciais ainda permanecem com futuro não tão cristalino, como a adequação da legislação aeronáutica, formação e capacitação, processos de seleção, mobilização, padronização administrativa e de procedimentos, desenvolvimento da consciência para a segurança operacional, etc.

No panorama de investimento federal e de mobilização administrativa e operacional, baseada no princípio da solidariedade federativa, a Comissão de Aviação de Segurança Pública organizou o 1º Fórum Nacional de Aviação de Segurança Pública, em Brasília (2008) que, dentre outras coisas, discutiu a criação do Conselho Nacional de Aviação de Segurança Pública (CONAV), com representantes de todos os estados e do Distrito Federal, por meio de suas Polícias Militares e Civis, Corpos de Bombeiros Militares, e as Polícias Federal e Rodoviária Federal. Posteriormente, aconteceram outros, em Santa Catarina (2009), na Bahia (2010), e em Goiás (2010).

O CONAV foi um grande impulso que favoreceu a integração entre as OASP, com a realização de fóruns e encontros para a difusão de conhecimento, tecnologia e vivências positivas e a discussão acerca da estruturação de um sistema nacional do setor que, inclusive, contou com a participação inédita de outros órgãos, como a Receita Federal, Departamento de Trânsito do Distrito Federal (DETRAN/DF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Contudo, essa iniciativa democrática não durou muito tempo.

Diversas frentes estratégicas foram abertas, sendo as mais importantes a nomeação de um integrante do CONAV para ser membro do Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA) e o esforço para a elaboração e a aprovação de um Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) sobre a Aviação de Estado, com a designação de membro junto à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).

Ainda nesse período foram apresentados pela CavSeg e CONAV vários projetos, dentre eles, o Programa Nacional de Apoio ao Reaparelhamento e à Modernização das OASP – PRONAvSeg; Projeto de Constituição de Consórcio Público Interfederativo de Segurança Pública – CISP; Plano Nacional de Mobilização de Aeronaves – PLANAMA – COPA 2014, entretanto, em 2011, o CONAV foi extinto e montou-se um grupo de trabalho com o objetivo de analisar todos os atos praticados até então e debater sobre a criação de órgão colegiado, integrante da estrutura do Ministério da Justiça, para tratar do tema.

Na prática, será a recriação daquele conselho. Porém, como consequência direta da extinção do CONAV, o 5º Fórum Nacional de Aviação de Segurança Pública, programado para 16 a 20 de novembro de 2011, em São Luiz (MA), em parceria com o Governo do Estado do Maranhão, foi cancelado. Dessa forma, o CONAV deixou de ser membro do CNPAA e foram paralisadas as ações iniciadas pelo CONAV e pela ANAC para a publicação do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil sobre a Aviação de Estado (Aviação Pública).

O PROBLEMA DA REGULAMENTAÇÃO

É importante assinalar que a segurança jurídica das operações aéreas estaduais é algo que não se resolve com a publicação de um regulamento brasileiro da aviação civil. Por ser bem mais complexo do que aparenta, ainda se está distante de uma real solução. Talvez, o melhor equacionamento seria a busca de uma legislação que incluísse no ordenamento jurídico essa atividade aérea de Estado.

Para entender melhor, após a criação das primeiras unidades de aviação das polícias e dos bombeiros, houve a necessidade de buscar junto ao então Departamento de Aviação Civil (DAC) subsídios legais que permitissem a adequação do potencial da aviação com os objetivos dessa nova atividade, o que foi feito através de regulamentos (instrumentos normativos não primários), pois a legislação aeronáutica era, e ainda é, omissa com relação a esse emprego de aeronaves.

Ao longo de mais de 30 anos, foram publicadas uma dezena de regulamentos, o que possibilitou aparente segurança jurídica para a atividade, mas sabidamente insuficiente. Para se ter uma idéia, em 1992, onde a lei deveria dispor, a Aviação de Segurança Pública era regulada pela NSMA 58-91 (Norma de Sistema do Ministério da Aeronáutica) e somente permitia às organizações policiais o emprego de helicópteros.

Nesse sentido, os regulamentos anteriores proibiam as OASP operarem aeronaves de combate ou versões militares de aeronaves civis. Igualmente, o atual regulamento expedido pela ANAC, também contém essa restrição. Todavia, por questões de segurança pública, as Polícias Civil e Militar do Estado do Rio de Janeiro operam aeronaves com características militares. O detalhe, é que voam com uma autorização especial expedida pela ANAC.

O Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer) diz que são aeronaves militares as utilizadas pelas Forças Armadas, mas não proíbe às demais forças o uso de versões militares de aeronaves civis na segurança pública. Assim, não poderia o regulamento inovar a lei, com tal proibição. Com a criação da ANAC, por sinal, as coisas se complicaram ainda mais, pois junto à conhecida deficiência normativa, se discute a competência legal da agência para regulamentar a Aviação de Segurança Pública ou, de forma mais abrangente, a Aviação de Estado. A aeronave é um meio para que a atividade de segurança pública possa alcançar seu fim, que é servir e proteger o cidadão. A ANAC poderia, com base na legislação em vigor, interferir nos aspectos do registro e aeronavegabilidade e habilitação das tripulações, mas não na operação.

O CBAer ainda define os operadores e exploradores de aeronaves e o Estado não figura nem como permissionário ou concessionário de serviço aéreo público, muito menos como serviço aéreo privado. Acertadamente, a lei não incluiu o Estado como operador ou explorador de aeronave, pois na atividade de Aviação de Estado o serviço é originariamente público e, além de ser uma atividade essencial, atua em razão do interesse público e é realizado pela própria administração. Neste cenário, a ANAC tratou, por analogia, a Aviação de Segurança Pública como sendo um serviço aéreo, tratando as OASP como operadores civis, utilizando regulamentos para definir essas operações aéreas, as quais deveriam ser normatizadas por lei.

Toda essa problemática vem de 1967, quando o Decreto-Lei Nº 234 alterou o Código Brasileiro do Ar, de 1966. Até essa época as aeronaves eram classificadas em públicas (militares e aeronaves a serviço do Poder Público) e privadas (também impunha a condição de privada à aeronave pública que fosse utilizada no transporte aéreo comercial). Com a alteração, as aeronaves passaram a ser somente civis e militares, sendo consideradas civis as públicas e privadas. Os reflexos disso estão presentes nos dias atuais.

O Código Brasileiro de Aeronáutico de 1986, e o antecessor, foram tratados à luz dos preceitos instituídos pela Convenção sobre Aviação Civil Internacional e, não obstante tratar de norma de aplicação internacional, respeitaram, em parte, as regras instituídas por seu artigo 3º, que veda sua aplicabilidade às aeronaves de propriedades do governo, como aquelas usadas para serviços militares, alfandegários e policiais. Por todas essas questões jurídicas pendentes, tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei nº 2.103, de 1999, que propõe a inclusão da Aviação de Segurança Pública e Defesa Civil naquele código.

Paralelamente, uma proposta de Regulamento Brasileiro da Aviação Civil sobre a Aviação de Estado (Pública) foi iniciada em 2010 com a presença de um representante do CONAV na ANAC, a fim de auxiliar nessa nova regulamentação. Esse trabalho não foi o pioneiro, pois ao logo desses anos, todos os regulamentos publicados tiveram participação efetiva de integrantes da Aviação de Segurança Pública. Mas, dessa feita, foi algo diferente na medida em que foi elaborado um regulamento próprio para a Aviação de Estado, ou seja, deixou de ser uma simples subparte, para ser específico, contendo doze subpartes e quatro apêndices.

Essa proposta conseguiu ser abrangente, pois incluiu todas as operações aéreas especiais realizadas pela administração pública, definidas pela lei como serviço do Poder Público, integrando os regulamentos publicados pela ANAC, criando um novo sistema. Isso durou nove meses e houve uma participação efetiva dos membros do CONAV, ANAC, Receita Federal, DETRAN/DF, IBAMA, FUNAI e policiais e bombeiros de todos os estados que, individualmente, ofereceram suas contribuições. O resultado foi uma proposta denominada Regulamento Brasileiro da Aviação Civil – 90 e foi apresentado à SENASP e à ANAC no final de 2011.

Em razão da criação do Grupo de Trabalho na SENASP, essa proposta, então, está sob análise e não se sabe qual será o seu encaminhamento. A ANAC, preocupada em dar uma solução para o problema, designou uma comissão como responsável pela Aviação de Estado e iniciou discussão da proposta do RBAC 90, com visitas técnicas às OASP, para, futuramente, disponibilizá-la em audiência pública. Muito embora não seja a melhor solução, certamente será o regulamento mais abrangente e preciso já confeccionado sobre o assunto.

MODELO DE GESTÃO

No aspecto da formação das OASP recém-criadas, a SENASP teve e tem um papel fundamental na mobilização de efetivo, para prover a capacidade inicial de operação e os necessários intercâmbios. É uma atitude focada principalmente no aspecto de formação e capacitação aeronáutica.

Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

Não houve preocupação com a estruturação de um modelo sólido, capaz de prover a criação e, em seguida, o ensinamento de uma doutrina única de operação e, notadamente, de gestão administrativa, baseada nas melhores práticas das OASP já estruturadas e consolidadas. Diante disso, ainda é possível encontrar OASP com dificuldades para manter sua operação com uma disponibilidade constante, em decorrência de questões como, contratos de manutenção, seguro aeronáutico, aquisição de combustível, formação e qualificação de pessoal técnico, hangaragem, entre outras. Um foco ainda sensível são as operações. Se há modos integrados, conjuntos, compartilhados, independentes e até concorrentes, é preciso uma visão racional e discutida sobre modelos ideais do ponto de vista de gestão e de custo-benefício para a sociedade e o contribuinte.

Mesmo sem analisar o aspecto legal da competência, questões como a concentração de diversas OASP em uma determinada região, ante a carência completa em outras, devem ser colocadas em debate. Novos modelos de operações multifunção, redistribuições de bases operacionais, criação de órgãos reguladores para o despacho de aeronaves e uma maior integração na gestão da disponibilidade das aeronaves devem ser fomentados para uma maior racionalidade na prestação do serviço público com aeronaves.

Um caso que chama a atenção é o que o governo inglês está realizado com o Projeto de Serviço Nacional de Aviação Policial (Nacional Policie Air Service – NPAS). Apesar das resistências ao seu formato, os planos para o NPAS representam uma mudança radical na maneira como as forças policiais britânicas fornecem apoio aéreo. Ao invés de cada uma ter seu próprio helicóptero patrulhando a sua região, o novo serviço nacional será responsável por toda a Inglaterra e País de Gales e terá seu comando centralizado.

Diante disso, a demanda de operações conjuntas em missões de Defesa Civil, como ocorrido em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, reforça a necessidade de integração e padronização entre as OASP. Não é mais aceitável que uma mobilização de recursos e aeronaves para atender uma grande emergência, em qualquer lugar do País, exija um esforço maior do que abrir uma pasta e executar um plano de ação, que deve incluir também as Forças Armadas.

SEGURANÇA

No aspecto de segurança operacional, o apoio é feito com base na doutrina e experiência da aviação militar e civil que, longe de serem supérfluas, pecam por estarem distantes das especificidades inerentes às atividades das OASP, onde são exigidos os requisitos de ambas, por isso, possui característica única, qual seja: a missão deve ser cumprida, desde que garanta a integridade das pessoas e patrimônio no solo, da tripulação e da aeronave.

Ainda assim atua de modo predominantemente reativo aos acontecimentos. Por diversos anos, os índices de acidente na aviação de asas rotativas no Brasil foram elevados por força dos acidentes envolvendo aeronaves das OASP. Por conta da consequente e exorbitante elevação do seguro aeronáutico, houve uma reação por parte das OASP, com as maiores frotas, para que as seguradoras criassem critérios mais rígidos para segurar aeronaves, objetivando a redução de seus custos.

A implantação desses novos critérios, por parte das seguradoras, acabou de maneira indireta, padronizando uma série de exigências nas diversas OASP, como o mínimo de 500 horas de voo para o comandante de aeronave e procedimentos operacionais padrão. Em 2012, por exemplo, o seguro para as 29 aeronaves da Polícia Militar do Estado de São Paulo ultrapassou os R$ 7,5 milhões. Isso ocorre porque o seguro trabalha com três elementos essenciais: o risco, a mutualidade e a boa fé, e essa avaliação é feita considerando os aspectos nacionais e não só os regionais. Daí, a importância da segurança operacional ser tratada de forma global.

Ressente-se da falta de iniciativas contundentes e maturidade institucional para organizar, evoluir e difundir toda a bagagem e experiência colhidas nesses 30 anos de atividades, que se encontram espalhadas e fragmentadas por todas as OASP. Como complicador, desde 2007, a ANAC deixou de considerar, em suas estatísticas, os acidentes aeronáuticos envolvendo operações de segurança pública e defesa civil. Existem informações computadas pelo CENIPA, mas apenas envolvendo helicópteros, não se tendo uma informação precisa sobre os acidentes com aviões, o que implica em se ter um órgão central para controle e acompanhamento desses sinistros.

Como progresso, ressalta-se a ativação do IHST (International Helicopter Safety Team) e a implantação de metas e posturas agressivas, com o objetivo de reduzir os índices de acidentes com helicópteros em 80% até 2016. A iniciativa foi apoiada pelos maiores fabricantes e operadores no mundo, bem como pelo Brasil, através da ANAC, do CENIPA, Marinha (SIPAAerM) e diversos prestadores de serviço offshore. Vários operadores estrangeiros como a Maryland State Police, o Los Angeles County Fire Department e o Calgary Police Service já firmaram um compromisso formal com aquele objetivo. Em relação às OASP brasileiras, isso parece ser de completo desconhecimento da maioria delas, tamanha a inércia.

AVANÇOS À FRENTE

Se surgem demandas por situações passadas, o panorama futuro não deixa a desejar. Novas tecnologias, embarcadas ou não, prometem grandes desafios. Equipamentos como sensores de imageamento térmico, transmissão ao vivo de imagens e uso de óculos de visão noturna já estão impondo uma revolução na forma de atuação das aeronaves das OASP, dentre as quais, algumas, terão que procurar a mesma solução para um igual problema, correndo o risco de incorrer em dificuldades semelhantes já enfrentadas por outras, mais antigas, além de, na maioria das vezes, ser apenas um desperdício de energia.

Grandes experiências e conhecimentos já estão sendo obtidos na utilização de sensores de imageamento térmico e sistemas de transmissão de dados para centros de comando e controle. Sucessos de operações reais com aeronaves do

SAER/RJ, DOA-RF, GRPAe/SP e BAVOP/DF demonstram a valia da capacidade de proporcionar imagens ao vivo de acontecimentos sensíveis às autoridades com poder decisório. Desse modo, é notória a obrigatoriedade de tais sistemas nas OASP, o que, certamente, vai exigir muito preparo dos operadores.

Outra tecnologia embarcada de operação sensível são os óculos de visão noturna (OVN). A aviação militar, há muito tempo, emprega esses equipamentos. Na Aviação de Segurança Pública, somente o Grupo Tático Aéreo de Sergipe avançou nesse campo, mas diversas OASP, entre elas o GRPAe/SP e o GAM/RJ já previram esses meios para suas aeronaves. Enquanto ainda é inovação no Brasil, os OVN (NVG) são comuns nos Estados Unidos e na Europa. As OASP estadunidenses possuem mais de 10 anos de experiência em sua utilização e, lá, faz parte de recomendações do NTSB à FAA (Federal Aviation Agency) exigir o seu uso pelos operadores públicos.

Apesar das características de operações serem diferentes, aquela recomendação, baseada em acidentes, e a divulgação das primeiras experiências de um operador brasileiro com sistemas de imagens de visão noturna, irá chamar a atenção para o equipamento e suas vantagens para a segurança e desempenho. A ANAC ainda não dispõe de normas sobre OVN, muito embora já esteja previsto na proposta do Regulamento Brasileiro da Aviação Civil sobre Aviação de Estado (Aviação Pública).

Da mesma forma, o uso de veículos aéreos não tripulados (VANTs) em segurança pública e defesa civil, pede muito debate. As suas autonomias e custos, combinados com o desenvolvimento e portabilidade de sensores, fazem desses vetores grandes aliados em inúmeras ocasiões.

A aquisição e início de operações com VANTs pela Polícia Federal e pela Polícia Militar do Pará não suprimiram as dúvidas e paradigmas existentes como, por exemplo, quem irá gerir e operar o sistema de vôo? Será possível um VANT compartilhar o espaço aéreo com outras aeronaves tripuladas? Um VANT pode sobrevoar uma região habitada? O VANT irá substituir as aeronaves tripuladas das OASP? Enfim, uma miríade de incertezas que terão que ser resolvidas em breve.

Aliás, essas indagações remontam a algumas questões históricas, quais sejam: A polícia ou o bombeiro pode operar helicóptero? Será que o helicóptero tem função na atividade de segurança pública e de defesa civil? Será que a polícia ou o bombeiro terá capacidade de operar helicópteros? Os pilotos terão capacidade para voar a baixa altura sobre áreas urbanas? Poderão pousar em vias públicas? Contra fatos, não há argumentos; as OASP são uma realidade.

CONCLUSÃO

Muito se caminhou e se trabalhou para evoluir, mas muito ainda deve ser feito, tanto nos campos operacional, regulamentar, legal, gestão e segurança operacional, quanto na esfera política, onde a Aviação de Segurança Pública e de Defesa Civil, ou de forma mais abrangente, a Aviação de Estado, deve ser tratada como política de Estado, sem bandeiras, partidos ou grupos.

No campo operacional é importante que se incentive a integração e a troca de experiências entre as OASP, para que as tripulações possam conhecer e difundir as boas práticas, possibilitando voos mais seguros e a criação de procedimentos operacionais mais consistentes e padronizados.

Em termos de regulamentação, o que se busca é a segurança jurídica nas operações das OASP, pois na atividade aérea de segurança pública e defesa civil não há a possibilidade de desvinculação do risco, mas sim o gerenciamento dele e, daí, ser fundamental uma melhor definição das atribuições legais. O regulamento ou a lei que vier a tratar desse assunto deverá oferecer consistência a essas operações, sob pena de, em tempos não tão distantes, inviabilizar essa atividade.

Quanto à gestão e à segurança operacional, nessa nova estrutura que se consolida, espera-se do Governo Federal, a criação de um órgão coordenador central, para gerir e fomentar a Aviação de Estado, incentivando a difusão e integração das práticas administrativas, gestão de excelência, nos processos e nos modelos operacionais comprovados e focados na integração, na segurança e na racionalidade de recursos, e ser o gestor das necessidades e dos requisitos das OASP. Com isso criará padrões e, consequentemente, uma demanda em escala como forma de baratear a aquisição de produtos e a contratação de serviços aeronáuticos e tornar a operação mais segura.

As instituições policiais e os bombeiros militares tiveram vital participação na implantação do vetor aéreo em suas jornadas cotidianas, e esse sucesso é fruto da competência dessas corporações. Todavia, essa atividade agigantou-se e, hoje, outros órgãos estão utilizando a aeronave para maximizar seus resultados e atender o cidadão. Chegou-se, então, à chamada Aviação de Estado. Um órgão central com a responsabilidade de gerir esse novo modelo de aviação será o novo desafio. Uma possibilidade seria a criação do Departamento de Aviação de Estado na estrutura da Secretaria de Aviação Civil e, consequentemente, na ANAC. Isso traria mais consistência às políticas de Estado, pois estaria inserida dentro do contexto da aviação, interligada com todos os setores da administração pública, sendo plausível, efetivamente, implementar políticas específicas para o setor, desde a operação, formação, capacitação e infraestrutura, até as questões atinentes à aeronavegabilidade.

A Aviação de Segurança Pública e de Defesa Civil no Brasil deixou de ser uma novidade ou um privilégio e passou a ser uma realidade, cruzando os céus, salvando vidas e protegendo o cidadão e, nesse momento, é preciso discutir a nova aviação que se apresenta, a Aviação de Estado (Aviação Pública) e, assim, regulamentar o uso de aeronaves pelo Poder Público, como preconiza o CBAer.


Os autores, Major Eduardo Alexandre Beni e 1º Tenente Alex Mena Barreto são pilotos da PMESP. O presente artigo foi publicado na edição especial da revista Tecnologia & Defesa Segurança lançada durante a LAAD Security 2012.


O perigo do “Brownout” em uma missão de resgate aeromédico

ALEX MENA BARRETO

De todas as missões previstas como de Aviação de Segurança Pública, talvez a que envolva os maiores riscos de acidente, certamente, é o resgate aeromédico. A impossibilidade de prever certas variáveis durante o planejamento do voo é uma das maiores dificuldades para qualquer piloto, e que influi decisivamente em uma análise de gerenciamento de risco da operação.

Apenas para exemplificar, as variáveis refentes ao fatores meio e missão, podem ser:

  • Condições meteorológicas específicas do local do pouso desconhecidas;
  • Local de pouso não homologado e possivelmente desconhecido pelo piloto;
  • Quase certeza de pouso em uma área restrita;
  • Tempo exíguo para planejamento da missão, e sua consequente pressão;
  • Pouca margem para erros e atrasos na operação;
  • Possibilidade de operação em condições marginais de voo;
  • Presença de obstáculos, como: gruas, monumentos, postes, fios, telhas soltas, toldos, arbustos, árvores, tocos, pedras, lixo, bancas de jornal, estabelecimentos comerciais (vidraçarias, restaurantes, etc), feira livre, obras, etc;
  • Presença de transeuntes, automóveis, caminhões, ônibus, etc;
  • Presença de animais, como: cães e cavalos;
  • O local pode ser em declive ou aclive, fato de difícil observação no momento da avaliação do local de pouso;
  • Operação de pouso e decolagem predominantemente dentro da curva do “homem morto” (altura vs velocidade);
Pouso de um helicóptero Chinook do Exército Americano no Afeganistão (Tarin Kot, na província afegã de Uruzgan) em 9 de julho de 2009. (Foto: REUTERS / Tim Wimborne)

Analisando somente essas características da missão de resgate aeromédico, conclui-se que além da habilidade do piloto, vai estar à prova, principalmente, as suas decisões e seus julgamentos durante o voo em prol da segurança operacional da tripulação, da aeronave e dos terceiros na superfície. Talvez essas últimas, as maiores virtudes de um bom Comandante de Aeronave.

Quanto à segurança operacional, uma das avaliações e decisões mais importantes a serem tomadas é o local de pouso na ocorrência, pois uma avaliação visual da área, estando, inicialmente com a aeronave a 500 pés de altura e na sequência a 300 pés do solo, pode não revelar todas as caraterísticas desejáveis para um pouso seguro.

Uma das características, que não é perfeitamente possível de ser avaliada, e que não foi citada no rol de possibilidades de erro acima, é a quantidade de poeira que poderá ser levantada durante o pouso, podendo causar o que é conhecido como “brownout”.

Por definição, “brownout” é uma restrição de visibilidade do voo devido à poeira ou areia no ar, causando perda, por parte do piloto, das referências visuais externas necessárias para controlar a aeronave, consequente desorientação espacial, perda da consciência situacional, podendo levar a um acidente.

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Para se ter uma ideia, em recentes operações militares houve mais aeronaves americanas envolvidas em acidentes relacionados a “brownout” do que em todas as outras ameaças combinadas.

Em um artigo publicado pela revista Helitac, Nick Lappos cita algumas dicas úteis que podem ser aplicadas em missões de resgate aeromédico, visando evitar a ocorrência de “brownout” , sendo praticamente todas antecedidas do temido “se possível”:

  • Sempre levar em conta a possibilidade de ocorrer o “brownout” ao planejar o pouso;
  • Sempre que possível, decole e pouse contra o vento;
  • Se possível, faça sempre uma decolagem e pouso diretos (sem estabelecer o vôo pairado antes);
  • A reserva de potência é importante. Com pouca reserva, as chances de reverter uma manobra ou arremeter ficam comprometidas;
  • Se for possível, reconheça o local com antecedência, para se certificar que tem condições de realizar a decolagem direta e o pouso direto ou corrido (área livre de obstáculos, solo com poucas ondulações, etc);

A operação de resgate aeromédico é, por si só, uma missão arriscada e, portanto, o gerenciamento da missão é fundamental para o seu sucesso, pois como diz o bom e velho ditado: “Um piloto excepcional utiliza-se de seu conhecimento excepcional para evitar fazer uso de suas habilidades excepcionais“.

Bons voos !

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