O Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar do Estado de São Paulo (GRPAe), que atua com os helicópteros Águias, é treinado para apoiar as atividades da PM e agilizar o trabalho dos que estão em terra. Criado em 15 de agosto de 1984, as equipes do Águia contabilizam muitas missões especiais, com participação em atividades de policiamento urbano, trânsito, choque, ambiental, rodoviário, Corpo de Bombeiros e outras diversas missões em prol da população, incluindo transporte de órgãos para transplante.
Onde não há visibilidade na área para o resgate de pessoas perdidas em matas, por exemplo, é acionado o Águia da PM, assim como em casos de perseguição de foragidos. Por meio de rádio, a comunicação se faz ágil entre equipes aérea e terrestre.
Em uma das vezes em que o Águia esteve em Araraquara/SP no último mês, a equipe da revista kappa e portal k3 acompanhou os trabalhos e conversou com integrantes do Grupamento. A cidade de Araraquara e região são atendidas pela Base de Radiopatrulha Aérea de Ribeirão Preto, responsável pelas 93 cidades do 3º Comando de Policiamento do Interior, região nordeste do estado de São Paulo.
Todas as ocorrências são registradas por uma central, denominada Solo Águia, que dependendo da gravidade dos chamados, passa para a equipe da aeronave, sempre composta por dois comandantes de voo e dois ou três oficiais tripulantes.
Estas equipes estão sempre preparadas para qualquer caso de emergência, inclusive com equipamentos especiais para auxílio em contenção de incêndios e primeiros socorros em resgates de acidentados e afogados.
“Nós só não temos ainda o trabalho de aeromédico, que já existe na capital e em Campinas, onde uma equipe de médicos e enfermeiros plantonistas está sempre de prontidão para atender casos de socorros em acidentes, afogamentos. Mas vamos receber estes serviços também. Esse é o futuro do trabalho da nossa corporação, agilizar o processo de atendimento ao cidadão”, diz o capitão PM Ivan, um dos comandantes do Águia de Ribeirão Preto.
Ele ressalta que, apesar de não dispor de equipe médica, eles têm condições de, em poucos minutos, levar um médico ou bombeiro até os locais das ocorrências. “Trabalhamos com emergências. Em caso de ocorrência, soa o alarme da central e em dois minutos consigo decolar com equipe pronta. Para atender as cidades da região é a mesma coisa, pois de Ribeirão Preto a Araraquara consigo chegar em 20 minutos”, aponta.
O capitão Ivan conta que, em caso de muitas ocorrências ao mesmo tempo na área de cobertura, é preciso priorizar a gravidade de cada caso. “Nós também podemos pedir o auxílio da aeronave de outro comando, pois todos no estado trabalhamos em conjunto”, afirma. Da mesma forma, eles trabalham em operações agendadas pela Polícia Militar, como a que foi realizada em Araraquara no dia 25 de outubro, em busca de foragidos da Justiça.
Para tornar-se um integrante da Patrulha Aérea, é preciso ser oficial da Polícia Militar ou Civil e prestar concurso específico. Integrado à equipe, este novo oficial irá receber todo o treinamento exigido que é feito na capital, na Escola de Aviação da PM.
TREINAMENTO – Os oficiais do Águia têm treinamento de primeiros-socorros e estão sempre prontos para o caso de precisar pousar a aeronave para auxílio à equipe que está em terra. Hoje o departamento conta com 487 profissionais, 93 pilotos e copilotos, 10 bases no interior e uma na capital, 24 helicópteros, dos quais 21 são Esquilos e 2 Schweizer, 1 EC 135, além de quatro aviões para o atendimento de todo o estado de São Paulo.
De acordo com integrantes do grupamento, o helicóptero Águia está no máximo a 15 minutos de distância de 85% da população do estado, o que equivale a 35 milhões de pessoas. São equipes que trabalham em esquemas de plantão 24 horas por dia, treinadas para atender desde incêndios urbanos e florestais, até o transporte de órgãos para transplante. Somente no ano passado, o Grupamento Aéreo fez 14 transportes de órgãos para transplante e 6.266 resgates em todo o estado.
Entre as milhares de missões vitoriosas registradas, se destacam, entre as mais recentes, as enchentes em Santa Catariana, em 2008, em São Luís do Paraitinga, em 2010, e na região serrana do Rio de Janeiro, em 2011. Além da capital paulista, as aeronaves ficam instaladas nas bases de São José dos Campos, Campinas, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto, Praia Grande, Sorocaba, Presidente Prudente, Piracicaba e Araçatuba.
CASO MARCANTE – O capitão Ivan diz que os eventos que mais ficam gravados na memória dos integrantes são os de salvamento, como um caso que aconteceu há seis meses, na cidade de Viradouro (SP). Eles saíram em patrulha em uma mata ciliar com córregos nas buscas de um senhor que estava desaparecido havia dois dias. “Ele era de São Paulo, estava em viagem com a família e tinha saído para pescar.
Começamos a descer o helicóptero próximo onde ele havia desaparecido e o localizamos na margem do córrego, só com a cabeça e o braço para fora da água. Comunicamos à equipe terrestre que havíamos achado o corpo, foi quando ele mexeu o braço em nossa direção. Foi muito gratificante resgatá-lo com vida”, relembra o capitão Ivan. Neste caso, o helicóptero pousou e a equipe do Águia auxiliou o Corpo de Bombeiros no resgate da vítima.
SÉRIE DE TEVÊ – O trabalho do Águia já virou série brasileira de TV a cabo. O canal Discovery produziu uma série de oito capítulos mostrando o dia a dia da corporação, no resgate de vítimas e perseguição de foragidos da lei. Os episódios são exibidos pelo canal todas as quartas-feiras, às 22h20, e mostram cenas impressionantes com voos rasantes e salvamentos bem-sucedidos.
Fonte: Portal K3