Sensor detecta tudo o que emite calor e e é usado contra crimes na floresta. Durante operação, sensor captou um garimpo de ouro. Um avião que enxerga tudo vai ajudar no combate aos crimes ambientais. Essa tecnologia capaz de rastrear áreas devastadas no meio da floresta já foi testada.
Cristina Serra e o repórter cinematográfico Lúcio Alves foram ao Sul do Pará acompanhar como funciona a tecnologia do sensor termal. Essa tecnologia já existe para fins militares e foi adaptada para combater crimes ambientais. O sensor capta, lá de cima, a presença de tudo o que emite calor no solo. Desde o motor de um equipamento até mesmo pessoas.
Na imensidão da Floresta Amazônica, uma arma passa a ser usada no combate ao desmatamento. São imagens que mais parecem uma radiografia. Retratos em preto e branco de crimes ambientais. As imagens são feitas por um equipamento especial: o sensor termal.
Ele é instalado no nariz de um avião, a serviço do Ibama. O sensor detecta tudo que emite calor. Veja no destaque: um pequeno ponto brilhante que se desloca lentamente é um trator, usado para arrastar toras de madeira. Essa tecnologia já é usada para o controle de fronteiras e para investigação de narcotráfico. Para o Ibama, a importância é combater crimes contra a floresta.
No Sudoeste do Pará, área do município de Novo Progresso, perto da BR-163, a Cuiabá-Santarém, uma das regiões de maior pressão de desmatamento no país. O sensor termal do avião consegue detectar áreas muito pequenas de desmatamento que o satélite não consegue perceber. Com essa localização mais precisa dos alvos, os fiscais conseguem fazer operações mais eficazes em terra.
Helicópteros, barreiras na estrada. O objetivo é chegar à área onde o trator foi localizado.
Na clareira, os fiscais encontram os troncos já cortados de madeiras nobres extraídas ilegalmente de um parque protegido por lei federal.
“Nós identificamos cerca de 400 metros cúbicos de madeira, ipê. Vale em torno de R$ 13 mil o metro cúbico”, declara Volney Zanardi Júnior, presidente do Ibama.
O sensor termal é uma novidade bem-vinda em uma estrutura considerada pelos ambientalistas insuficiente para proteger a floresta. O Ibama tem hoje 1.100 fiscais para cobrir todo o Brasil. A maioria dedicada aos mais de cinco milhões de quilômetros quadrados da Amazônia Legal. Mais da metade do território brasileiro.
Em 2012, foram desmatados 4.571 quilômetros quadrados. A FAB tem condições de usar simultaneamente em operações de fiscalização na Amazônia quatro aviões com o sensor termal, mas ainda não foi criado um padrão de como eles serão utilizados.
Durante a operação do último fim de semana, o sensor detectou um garimpo. As imagens mostram o acampamento. O garimpo abre uma ferida na mata.
A floresta nacional do Jamanxim é uma região de terra pública, uma unidade de conservação onde não é permitida qualquer atividade de exploração mineral. Foi justamente isso que os fiscais encontraram: um garimpo ilegal, que deixou um cenário de devastação.
É um garimpo de ouro. A água colorida de vermelho denuncia o uso de mercúrio. “É péssimo para o meio ambiente, extremamente poluente, até para a saúde dos garimpeiros que estão aqui executando esse trabalho”, diz Maria Luiza Gonçalves de Souza, coordenadora de operações de fiscalização do Ibama.
Oito garimpeiros foram presos em flagrante. Os agentes apreenderam espingardas, munição, equipamentos de rádio e até rojões, usados para avisar a chegada da polícia. Por isso, muitos garimpeiros e os operadores de motosserra conseguiram fugir.
Para acompanhar a operação, a equipe da TV Globo viajou em avião da Força Aérea Brasileira. O valor correspondente ao percurso será doado ao programa Fome Zero.
Fonte: G1 / Bom Dia Brasil