MARCUS VINICIUS BARACHO DE SOUSA
Capitão PMESP – Cmt BRPAe de SJRP
Tenho vivido na aviação de segurança pública há dez anos, claro que assim como os demais setores da aviação, ser eficiente, seguro, e promover uma operação aérea sem desperdício de recursos e dinheiro, é também um desafio de quem administra esse setor.
Sei que as organizações segurança pública trabalham duro para manter suas aeronaves voando, mesmo aquelas que têm uma ou duas aeronaves, não estão menos preocupadas com o futuro e buscam aumentar suas frotas e efetivo, as que já se desenvolveram mais, continuam na caminhada do crescimento e precisam “mostrar serviço” e justificar o que foi investido pelo Estado, para motivar mais investimentos.
Nessa hora o administrador de uma Organização Aérea de Segurança Publica (vou chamar de OASP) depara-se com o dilema de mostrar aos governantes, seus comandantes, chefes, diretores, população e a si mesmo, que está fazendo valer cada centavo público investido na compra de helicópteros, aviões, infraestrutura aeronáutica, formação da força de trabalho e equipamentos. Não tem como negar que tudo na aviação é muito caro e muitas vezes a aquisição de uma aeronave pode sucumbir à compra de mais viaturas para o patrulhamento, por exemplo.
Na beira desse abismo de dúvidas, peço licença para sugerir uma opção, o que você acha de desenvolver indicadores de gestão para sua OASP?
Alguém pode questionar a utilidade dos indicadores de gestão (também conhecido como resultados, indicadores de desempenho…), mas eles vão dar a medição do desempenho da OASP. Uma Organização que tem indicadores apresenta um comprometimento com as boas práticas, voltadas para a valorização do investimento público. Os indicadores de gestão também permitem verificar o quanto as Organizações conseguem se diferenciar no setor em que atua, o quanto que conseguem cumprir seus planos e estratégias definidas.
Talvez o assunto pareça simples, mas a definição da medição do desempenho da OASP é complicada e com certeza vai variar de uma Organização para outra. A discussão começa em algo que parece muito claro, mas não é! Já se perguntou qual é o produto que a OASP oferece? Quem é seu cliente (usuário)? Qual é a sua missão? Quais são os fatores que vão influenciar o sucesso ou fracasso da sua Organização?
Acho que já citei isso em outros artigos, mas é comum associar o desempenho de uma OASP ao número de horas voadas em um determinado período. Pergunto de novo, não é a mesma coisa medir a eficiência de uma fábrica de carros pela quantidade de aço que gasta ao invés da quantidade de carros que produz? Voar mais significa ser eficiente ou estar se desenvolvendo?
Aumentar a frota de aeronaves também tem dado a falsa impressão de crescimento, mas dura pouco tempo essa sensação, pois, logo chegam as baixas de manutenção, falta de verbas públicas para suportar as despesas, vencimento de seguro das aeronaves, planejamento deficiente, mão de obra desqualificada e quando o administrador percebe, o hangar está cheio de aeronaves no chão. Sendo assim também não conseguirá cumprir a missão com a qual está comprometido.
Os desvios na correta avaliação do desempenho são vários e com certeza levam qualquer OASP a um desenvolvimento medíocre e que muitas vezes não chega a falir, porque os recursos públicos continuam a mantê-la.
Quero destacar que os indicadores devem se relacionar à estratégia facilitando o alinhamento das ações a serem tomadas. Podem ser amplos e focados na Organização como um todo, mas podem ser desenvolvidos para as áreas menores, sendo setoriais (departamentos, seções, Subunidades), e até bem específicos, chegando ao nível de execução e aplicação dos processos produtivos. Os indicadores contribuem para a realização das metas de cada setor, permitindo que a força de trabalho entenda o quanto contribui para a realização das estratégias da OASP, permitindo que cada indivíduo saiba a parte que lhe cabe dentro dessa Organização.
Com os indicadores de gestão o administrador poderá aferir o desempenho individual e organizacional, avaliando constantemente, neutralizando e corrigindo os efeitos da não conformidade. Facilita a prestação de contas junto aos Comandos, Governos e Chefias, incentivando a novos investimentos, promovendo uma administração moderna, participativa, eficiente e transparente.
Os indicadores podem ser aferidos em curto e longo prazo, permitindo ajustes constantes, já que identifica e antecipa problemas. Com os indicadores o administrador conseguirá perceber o que acontece no ambiente interno e externo em que atua, facilitando comparações e implantação de novas metas.
Estando o administrador de uma OASP convencido de que os indicadores de gestão vão facilitar o seu trabalho, a pergunta que fica é sobre quais e quantos indicadores devem ser criados para monitorar o desempenho da Organização? Sobre isso nós vamos conversar na próxima oportunidade.
Boa sorte!