Segurança Operacional – Quem tem as respostas?

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BRYAN SMITH
Gerente de Segurança Operacional da ALEA

EXCLUSIVO PILOTO POLICIAL

Frequentemente, nossos esforços na Segurança Operacional estão focados principalmente em coletar e organizar dados. Quantas aeronaves sofreram acidentes? Quais os fatores contribuíram para o acidente?, etc. É muito fácil coletar esses números e compartilhá-los com uma observação: “Nunca faça isso !”.

Mas infelizmente, raramente um piloto comandando uma aeronave pensa se o que ele está fazendo é perigoso ou está indo contra a política de Segurança Operacional de sua unidade.

Portanto, a questão a ser feita deixa de ser: “O que o piloto fez?” para “Porque o piloto fez isso?”, ou melhor ainda “Porque ele pensou que isso seria uma boa ideia?”.

Essa é a questão mais complicada a ser respondida, e na maioria das vezes não é possível encontrar uma resposta apenas com os dados de segurança operacional. Para chegar a uma resposta à essas perguntas mais difíceis é necessário muita análise, experiência, treinamento e às vezes até mesmo um pouco de sorte.

Felizmente, existem grandes oportunidades de enfrentar esses desafios como, por exemplo, os Seminários de Segurança da ALEA (Airborne Law Enforcement Association).

Como Gerente de Segurança Operacional da ALEA, é importante reconhecer que eu não tenho todas as respostas. Entretanto, o mais importante é saber que dentro de um grupo seleto formado por pilotos, tripulantes e instrutores, NÓS podemos achar as respostas para as questões de segurança que precisam ser respondidas. Nós apenas precisamos aprender a “enxergar” essas informações quando estamos diante de uma oportunidade. Assim, acredito que o grupo aqui em San Diego realizou um enorme progresso nesse sentido.

Alguns dos principais pontos abordados nas palestras realizadas em San Diego envolve diretamente a Cultura Organizacional das nossas unidades de aviação.

Não importa quão precisos e satisfatórios sejam os indicadores de segurança operacional, as recomendações de segurança ou os planos de treinamento, se a unidade não tiver uma Cultura Organizacional saudável e um sistema de Cultura Justa, de nada adianta toda essa papelada.

Um dos assuntos discutidos foi a “Cultura Justa”. Cultura Justa é um sistema desenvolvido para auxiliar em como a administração de uma unidade aérea deve abordar a questão dos erros cometidos por suas tripulações.

Ela basicamente diz que os erros são inerentes da nossa condição humana, sendo assim um erro não intencional ou resultante de uma falha de treinamento deve ser tratado de forma diferenciada de um erro resultante de desrespeito intencional das regras ou norma, sendo que este sim requer uma punição tradicional.

O objetivo é que esse membro da tripulação permaneça na unidade nos precisamos reconhecer que a causa organizacional que gerou o erro ainda está lá, pois a punição não a removeu. Nós também queremos que as pessoas se sintam confortáveis em comunicar erros para que possam ser corrigidos com treinamentos.

Por exemplo, se um piloto tem medo de ser demitido ou punido por extrapolar acidentalmente os parâmetros da turbina durante a partida (“partida quente”), certamente ele não irá reportá-la. O dano pode no momento até passar despercebido, até ocorrer um próximo evento decorrente mais grave, tal como uma falha de motor em voo. Obviamente seria melhor que o piloto relatasse o incidente imediatamente.

Erros humanos podem ser minimizados, mas nunca podem ser descartados. O sistema de “Cultura Justa” reconhece que se colocamos humanos em nossas aeronaves, eles podem eventualmente errar. Assim, o sistema nos permite lidar com esses erros de uma maneira que os danos sejam minimizados, reduzindo as chances de que eles aconteçam novamente e mantendo todo o investimento já colocado nas pessoas.

A sugestão apresentada está disponível na integra no site da ALEA na forma de um kit de informações sobre SMS (Safety Managment System Tool Kit).

Outro assunto discutido foi “Desvios Autorizados” (“normalized deviation”). Mudanças repentinas e radicais na política de segurança de uma unidade resultam na maioria das vezes em normas muito restritivas, tornando nosso trabalho muito difícil, se não impossível.

Algumas vezes essas novas regras de segurança são implementadas, sabendo-se que ninguém irá segui-las. As regras parecem estar ali só para o comando dizer após um acidente: “Veja, eu mandei não fazerem isso”. Tal atitude faz com que todo o esforço em Segurança Operacional seja em vão, pois toda a responsabilidade das operações irá sempre recair sobre os pilotos.

Nossas políticas de Segurança Operacional devem ser bem pensadas. Elas devem basear-se nos inúmeros fatores que contribuem para que um acidente aconteça, e não apenas no erro final do piloto. Mais importante que isso, a política de Segurança Operacional da unidade deve ser projetada para atender os atuais objetivos da unidade ou o tipo e a forma de operação deve ser mudado para se atingir as metas de segurança.

Esse dois assuntos foram apenas um exemplo de como podemos obter valioso conhecimento quando reunimos pessoas com um objetivo comum de encontrar respostas às difíceis questões de Segurança Operacional.

Caso tenha alguma pergunta, sintam-se a vontade em contatar-me no email [email protected]

Fly safe brothers and sisters !


Bryan Smith, é piloto no Lee County Sheriff’s Office, em Fort Myers, Flórida/EUA, onde  opera uma aeronave Cessna T210L e helicópteros Eurocopter AS350BA/B2. Possui habilitação de Instrutor de Voo VFR/IFR e é responsável por todo o treinamento inicial e recorrente dos piloto e Tactical Flight Officer da unidade. Anteriormente, trabalhou como piloto no Gainesville Police Department (Flórida/EUA) e no Atlanta Police Department, ambos nos EUA.

Atualmente é Gerente do Segurança de Voo da ALEA e membro do Comitê de Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional da IHST (International Helicopter Safety Team). É formado em Administração de Segurança Pública.


Sobre a ALEA

A Airborne Law Enforcement Association – ALEA – é uma entidade sem fins lucrativos de ensino fundada em 1968 para apoiar e incentivar o uso de aeronaves em segurança pública. Atualmente conta com mais de 3.500 associados.

A ALEA promove além do networking entre seus associados, seminários educacionais e exposições de produtos aos seus membros.

Tem como missão apoiar, promover e alavancar a utilização segura e eficaz de aeronaves por agências governamentais de apoio a missões de segurança pública através de programas de formação, networking, treinamento e de representação institucional.

Para saber mais sobre a ALEA visite seu site ALEA.org

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