Santa Catarina – Parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde (SES), Fundação de Apoio ao HEMOSC/CEPON (FAHECE) e Corpo de Bombeiros Militar (CBMSC), permitiu a utilização pioneira de sangue total no serviço aeromédico realizado pelo Batalhão de Operações Aéreas (BOA) e pelo Grupo de Resposta Aérea de Urgência (GRAU) do SAMU.
A equipe de saúde leva a bordo dos Arcanjos bolsas de sangue total de baixa titulação, para que em casos de emergência, na cena ou durante o transporte, possam ser realizadas transfusões de sangue nos pacientes, aumentando a possibilidade de sobrevida.
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O projeto iniciou em setembro de 2021, quando a médica de voo Daíse Esswein Müller e enfermeira de voo Euseli de Assis Batista reuniram-se com Muriel Mazziero, bioquímica responsável do HEMOSC (Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina), para tratar de possível parceria para o fornecimento de sangue total de baixa titulação ao serviço aeromédico.
O HEMOSC, após realizar pesquisas e estudos sobre o assunto para entender os requisitos deste tipo de fornecimento, julgou viável sua implementação. Em dezembro de 2021 houve uma palestra com o Dr. Mark Yazer, da Universidade de Pittsburgh (EUA), referência mundial no assunto.
Na oportunidade, iniciaram-se os trabalhos para concretizar o fornecimento e a parceria. Foram necessárias várias reuniões entre os profissionais envolvidos para orientação, alinhamento de condutas e definições de responsabilidades. Assim, o HEMOSC passou a produzir novamente bolsas de sangue total para viabilizar esse atendimento no ambiente pré-hospitalar.
Em julho de 2022, o transporte de sangue nos Arcanjos foi implantado por meio do termo de cooperação assinado entre o HEMOSC-Florianópolis e o BOA/GRAU-SC. Pelo acordo, o HEMOSC fornece 2 bolsas de sangue total O positivo com baixo título de hemolisina ou O negativo, conforme a disponibilidade do estoque.
As bolsas são armazenadas na sede do BOA e acondicionadas em conservadora indicada pelo HEMOSC e vigilância sanitária, com controle rigoroso de temperatura. O transporte para as ocorrências é feito em recipiente térmico específico e seguro, que mantém temperatura de 5ºC, desenvolvido pela empresa brasileira Stable Tech. Opcionalmente, o Stable LifeBox possui controle de temperatura e geoposicionamento.
Conforme o protocolo, antes da transfusão, é realizada uma primeira amostra de sangue do paciente para análise futura. Com sua chegada no hospital de referência, será dado prosseguimento ao atendimento e serão realizados os testes transfusionais obrigatórios na legislação e toda a rastreabilidade do processo será garantida.
As responsabilidades de cada unidade estão descritas no termo de cooperação assinado entre as instituições. As orientações técnicas referentes aos procedimentos hemoterápicos são realizadas pelo HEMOSC, sempre levando em consideração o que indica a Portaria de Consolidação nº 05 de 2017 e RDC 34 de 2014 e demais padrões de qualidade que o HEMOSC é certificado.
Atendimentos
No dia 24 de Julho de 2022 a equipe de saúde do Arcanjo realizou a primeira transfusão de sangue em um homem, vítima de ferimento por arma branca no tórax, no município de Orleans.
Ainda em 2022, o Arcanjo 01 atendeu outra ocorrência envolvendo uma motocicleta e um caminhão na BR-282, município de Santo Amaro da Imperatriz. Diante do estado grave da vítima, politraumatizada, em parada cardiorrespiratória (PCR) e choque hipovolêmico, a equipe de saúde do Arcanjo fez a utilização de sangue. A vítima teve sua PCR revertida e foi conduzida com vida ao hospital regional de São José.
Até o encerramento desta matéria, 09 vítimas receberam a transfusão e seis sobreviveram.
Pioneiros
No Brasil, além de Santa Catarina, este serviço de transfusões fora do ambiente hospitalar foi implantado no município de Bragança Paulista, em São Paulo, que utiliza bolsas de sangue em ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e, também no estado do Paraná, que iniciou recentemente projeto piloto no serviço aeromédico da SESA/SAMU, Base de Maringá.