MARCUS V. BARACHO DE SOUSA
Toda Organização está sujeita a algum tipo de problema no desenvolvimento de suas rotinas, seja na execução dos seus processos produtivos ou de apoio. A OASP no desenvolvimento das atividades aéreas de segurança pública também está sujeita ao que chamamos de não conformidades.
Definimos a não conformidade como sendo uma ocorrência (fato) que surge em desacordo com aquilo que se é esperado. Pode se manifestar em todos os níveis da Organização, em todas as fases dos processos produtivos, no desenvolvimento das rotinas e pode ser a causadora de resultados negativos, quando consideramos a prestação dos serviços da OASP. Um exemplo de não conformidade poderia ser um treinamento incompleto gerando vícios, ou um equipamento que é utilizado de forma incorreta, gerando danos ao patrimônio ou a pessoa.
Entendo que a maturidade das OASP no tratamento das não conformidades é o caminho para a redução desses eventos.
As não conformidades não devem ser vistas como algo desagradável, negativo e que deve ser escondido, mas sim como a oportunidade que a OASP tem de refinar as suas práticas em ato contínuo. Podemos aprender com nossos erros e até mesmo com os erros de outras Organizações que têm atividades semelhantes.
É comum a busca simples pelo “responsável”, quando algo não sai a contento na execução dos serviços operacionais ou administrativos de uma OASP, considerando esse método como suficiente para a solução do problema, porém, com o tempo o mesmo fato/ocorrência aparece novamente, envolvendo funcionários diferentes, comprometendo o trabalho organizacional.
Tão importante quanto neutralizar a não conformidade, é identificar a sua causa e atuar intensamente na correção definitiva, impedindo a repetição de práticas deformadas.
Não conformidades são alertas que a Organização recebe para revisar seus processos produtivos, atualizando e melhorando. Porém quando é tratada com desprezo pode se repetir indefinidamente até que contamine por definitivo a capacidade produtiva de uma OASP ou pelo menos sua imagem diante do usuário/cliente.
Apresentando um exemplo relacionado às OASP, imagine que ao soar o alarme para uma ocorrência seja comum tripulantes e pilotos caírem, escorregarem quando correm para a aeronave, resultando em lesões aos integrantes das equipes e atrasos na decolagem para o atendimento emergencial. Imputar responsabilidade à falta de atenção dos acidentados pode ser uma forma de tratar o problema, mas considerar o tipo de calçado utilizado pelos tripulantes, o piso liso ou a porta estreita, também pode ser uma forma mais ampla de tratar esse tipo de não conformidade. Trabalhar no aperfeiçoamento desses detalhes, pode resolver o problema definitivamente, tendo sua causa eliminada.
Importante destacar que a Organização deve assumir a responsabilidade na análise técnica das não conformidades, identificando suas causas e corrigindo ações que podem comprometer sua capacidade de oferecer uma boa prestação de serviço.
Incentive os integrantes da OASP a observarem e relatarem as não conformidades, inclusive com indicação de propostas para a sua correção. Assim o colaborador se sente valorizado e comprometido com a Organização.
Bons voos com boa gestão !
O Autor: MARCUS V. BARACHO DE SOUSA é Capitão da PMESP, atualmente é Chefe da Escola de Aviação do GRPAe. Formado pela APMBB em 1996 e bacharel em Direito, participou entre 1999 e 2000 da comissão de criação dos procedimentos operacionais padrão da PMESP. O autor possui Curso de Comandante de Operações e Piloto Policial, 2001; Curso de Gestão pela Qualidade, 2002; Curso Modelo de Gestão da Fundação Nacional da Qualidade, 2010; trabalhou na Seção de Doutrina do GRPAe desde 2002, coordenando treinamento, criação, atualização de POP e PAP; Foi relator dos Relatórios de Gestão do GRPAe para os prêmios Polícia Militar da Qualidade, ciclos 2003, 2005 a 2009, onde o GRPAe conquistou os certificados bronze e prata.