MARCUS VINICIUS BARACHO DE SOUZA
Capitão da Polícia Militar de São Paulo
Imagine que uma rede de “Fast Food” produzisse os mais variados e sofisticados lanches, para que fossem consumidos, somente, por seus funcionários! Os clientes, ainda que desejassem, não teriam acesso aos produtos.
A situação acima, destaca uma hipótese absurda e que não faria sentido, pois, não haveria razão de existir uma empresa, se ela não atendesse os seus clientes. Ainda que pudesse se admitir, tal circunstância, seria razoável considerar que tais fregueses iriam procurar alternativas, ou outros restaurantes, para satisfazer suas necessidades!
Da mesma forma, devemos refletir sobre as nossas OASP e nos perguntar diariamente: Será que estamos atendendo as necessidades dos nossos usuários?
As OASP surgiram depois das organizações a que pertencem, decorrente de necessidades iminentes dessas instituições que atuam na Segurança Pública, nas mais variadas modalidades (Polícia, Bombeiros, Defesa Civil, Aeromédico, etc). Sendo assim, a existência de uma Organização Aérea de Segurança Pública, só tem sentido se estiver intimamente ligada ao atendimento das necessidades operacionais das Forças Públicas Terrestres, que lhe deram origem, potencializando serviços que já eram prestados à sociedade.
É necessário avaliar se ao longo dos anos, as OASP afastaram-se de sua incumbência, focando muito mais nas próprias necessidades, tratando de problemas exclusivamente ligados ao voo, sem considerar as expectativas de seus usuários!
Esse distanciamento pode levar a uma fragmentação da real missão das OASP, que não foram criadas para simplesmente voar, mas para compor esforços na árdua tarefa de proteger o cidadão.
Como consequência, pode ocorrer o isolamento da OASP, dentro de sua Instituição de origem, que já não conta mais com o serviço aéreo de segurança pública e às vezes nem sabe ao certo como utilizar ou incluír em seu planejamento estratégico.
Outra sequela é quando o seu usuário direto, começa a buscar outras opções como forma de suprir as demandas operacionais que possui, optando, por exemplo, pelo emprego de drones e até da iniciativa privada.
A maior ameaça à existência de uma OASP, pode ser ela mesma, na medida em que se afasta de sua principal missão e começa a se posicionar como uma Organização exclusivamente aérea.
Bons voos, com boa gestão!